Go Rogue! escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 8
Capítulo 8 – Em algum planeta


Notas iniciais do capítulo

Sim, gente, Feli tem sardas! ♥ ♥ ♥ Pena que quase sempre ficam escondidas por causa da maquiagem. ♥



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Capítulo 8 – Em algum planeta

Jyn tentava se acalmar e afastar a sensação de pânico, que devia ser a única coisa a mantendo acordada além do estado preocupante de Cassian. Haviam escapado de Scarif no último segundo, mas ainda mais machucados. Agora Cassian estava inconsciente e com febre. Ele tinha desmaiado pela terceira vez após instruí-la sobre como pousar a nave no primeiro planeta aparentemente amistoso que encontraram. Não encontraram nenhum sinal de habitantes, Jyn não sabia dizer se isso era bom ou ruim, mas também não era um deserto, nem contava com a presença de animais gigantes ou perigosos, isso era bom.  A nave não estava nas melhores condições e havia caído no que parecia ser uma floresta, mas ainda era o melhor abrigo para eles ali. Jyn tentou contato pelo transmissor, mas ninguém respondeu, o que só serviu para aumentar sua angústia. Depois de tudo morreriam ali? Nem sabiam onde estavam! E pior! Se Cassian morresse ela ficaria sozinha. De novo! E talvez para sempre! Não, não podia deixar ele morrer, não queria que ele morresse, e depois daquele beijo que haviam trocado no elevador e do momento que viveram na praia antes da destruição milagrosamente arrastar uma nave para perto deles, Jyn sabia em algum lugar de seu coração que seu desespero para manter Cassian vivo ia muito além de apenas não ficar sozinha.

Desistiu do transmissor e olhou pela janela a chuva pesada que caía lá fora, pareciam estar numa clareira que se abria ao lado de uma grande floresta. Correu pela nave até encontrar um kit médico e se abaixou ao lado de Cassian no chão.

— Cassian! Cassian... – chamava afagando seu rosto na tentativa de despertá-lo – Cass! – Agora dava leves tapinhas em seu rosto – Você não pode morrer! Não pode ir depois de tudo isso!

Naquele momento Jyn queria chorar, por todos os amigos perdidos, pela dor horrível que percorria seu corpo de seus próprios ferimentos, pela possibilidade de Cassian não abrir mais os olhos. Jyn abriu a camisa do capitão, vendo o ferimento profundo causado pelo blaster quando ele fora atingido na torre, fora vários arranhões de quando ele caíra e pequenas queimaduras causadas pelo calor da explosão na praia. Jyn limpou todos os ferimentos e aplicou o bacta que encontrou no kit médico. O lado bom de Cassian estar inconsciente é que não poderia sentir o tratamento improvisado, certamente o contato do bacta com os ferimentos doeria muito. Mas Jyn ainda precisava dar um jeito na febre. Pegou a toalha pequena do kit médico e a molhou com água fria no banheiro, colocando-a na testa de Cassian. Olhou de novo para os machucados em seu torso. Não tinha habilidade suficiente para avaliar a gravidade da situação, mas tinha sérias suspeitas que ele tinha costelas quebradas. Precisava tentar contato com Yavin 4 de novo!

— Aqui é Jyn Erso! Não sei onde estamos, nem sei explicar muito bem o milagre que nos salvou, mas estamos vivos. Somos dois. Jyn Erso e o capitão Cassian Andor! Ele não está bem! Mandem ajuda! Se alguém estiver ouvindo e for capaz de nos localizar, mande ajuda urgentemente!

Ela desistiu mais uma vez, só silêncio e o som da chuva vinham em resposta. Voltou para perto de Cassian e se deixou cair no chão encostada na parede, sentindo a tristeza e o medo a tomarem outra vez, mas precisava mantê-lo vivo e cuidar de si mesma, essa seria a sua força agora. Removeu sua jaqueta, não sem dor, e puxou as mangas da camisa, que assim como a de Cassian tinha alguns rasgões, e viu machucados e queimaduras que ardiam. Não coseguiu reprimir um pequeno grito quando aplicou bacta. Não estava tão machucada quanto Cassian e sabia que a maior parte de sua dor era por exaustão física. Bebeu um pouco da garrafa de água potável que encontrou junto ao kit médico, deixando o líquido revigorar um pouco suas forças. Colocou sua jaqueta embaixo da cabeça de Cassian para amortecer o contato com o chão e o fez beber um pouco de água também, com todo o cuidado para não engasgá-lo. Molhou novamente o pano em sua testa e o observou até dormir encostada na parede sem perceber.

******

— Jyn Erso! Capitão Andor! Se estão na nave, respondam! Falamos da base de Yavin 4!

Jyn despertou assustada ao ouvir a voz de Mon Mothma. Olhou para Cassian e queria ver como ele estava, mas precisava responder. Percebeu que não chovia mais lá fora e estava escuro, apesar da luz de duas luas iluminar o planeta. Jyn se forçou a levantar e notou que estava um pouco mais forte, embora ainda com dor. Correu para se sentar na cadeira do piloto e pegar o rádio.

— Aqui é Jyn Erso!

— Jyn! Ainda bem – ouviu Mon Mothma dizer – Me descreva a situação – ela pedia com urgência na voz.

— Eu estou ferida, mas bem. Cassian está desacordado desde que aterrissamos aqui, muito machucado e com febre alta. Talvez ele tenha alguns ossos quebrados.

— Por que demorou a nos responder?

— Eu adormeci. Não sei por quanto tempo, mas estava claro e agora é noite.

— Cassian... Tenha certeza que ele está vivo – ela pediu com apreensão.

Jyn olhou para trás, sentindo o medo a tomar outra vez. Suspirou aliviada ao ver que o peito do capitão se movia e estava respirando.

— Ele está respirando.

— Isso é muito bom. Jyn, escute. Deve estar confusa, mas use toda a força que lhe restar para manter a calma. Nós localizamos a nave e sabemos onde estão. Nunca entenderemos como escaparam, mas graças à Força estão vivos! Há uma escolta e uma equipe médica em rota agora. Estarão com vocês em algumas horas. Mantenha contato, estaremos aqui até voltarem.

— Entendido.

Jyn voltou para o lado de Cassian, sentindo a pulsação em seu pescoço. O coração parecia bem, o ritmo e o som da respiração também. A febre havia baixado, mas não muito. Os ferimentos pareciam melhores, mas o tiro do blaster ainda era profundo. Aplicou mais bacta, e dessa vez Cassian reagiu com um gemido de dor, mas não chegou a acordar ou abrir os olhos. Se mexeu um pouco e ficou quieto outra vez. Jyn arrumou a camisa rasgada sobre ele, deixando o ombro machucado desprotegido, temia que o tecido grudasse no ferimento. Ficou sentada em silêncio por minutos agonizantes de ansiedade esperando a base dizer alguma coisa ou qualquer outra coisa acontecer.

— Jyn...

A voz era baixa e fraca, mas ele estava acordado!

— Estou aqui! – Jyn segurou sua mão, se voltando para ele, e sentindo-o apertar sua mão de volta – Cassian...

O capitão abriu os olhos confuso, analisando a nave e percebendo que continuava deitado no chão, apesar do tecido macio sob sua cabeça agora. Ele parecia sentir dor.

— Onde dói?

— Acho que quebrei algo – ele levou a mão livre às costelas.

— Fique quieto. A base nos achou, estão vindo nos buscar. Em algumas horas estarão aqui.

— Você...

— Estou bem, só sinto dor e um cansaço imenso, mas estou bem.

Ele fechou os olhos novamente e Jyn preocupou-se.

— Cass!

— Sinto frio – ele falou a olhando outra vez.

Seus olhos castanhos pareciam perdidos, como se ele estivesse sonhando, e Jyn não tinha certeza se ele havia entendido a situação em que estavam. Soltou a mão dele e tocou seu pescoço, ainda a febre, essa era a causa do frio.

— Você tá ardendo desde que caímos aqui. Diminuiu, mas não o suficiente, por isso tem frio. Fique quieto aí.

Jyn levantou-se e procurou por cobertores. Encontrou um no dormitório e o levou para Cassian. Após cobri-lo, ainda evitando o ferimento do blaster, seguiu até o transmissor.

— Yavin 4.

— Mon Mothma. Problemas, Jyn?

— Cassian acordou.

— Como está?

— Confuso, com dor, com febre e frio, e acho que acabou de perder a consciência de novo.

— Jyn – a mulher falou calmamente ao sentir o medo em sua voz – Vai ficar tudo bem, mas não se force mais do que pode, precisa descansar também.

— Farei o melhor que puder.

Voltou ao lugar de antes e Cassian de fato estava dormindo outra vez.

— Cass... Não pode ir depois de ter aguentado até aqui – dizia alisando os cabelos castanhos para trás.

Sem resposta. Molhou outra vez o pano em sua testa e o deslizou por algum tempo por seu rosto, pescoço e pelo peito, aquela febre precisava baixar! Jyn insistiu até sentir as pálpebras pesarem e o cansaço tomar seu corpo outra vez. Arrumou o tecido molhado na testa de Cassian de novo e deitou-se em cima do cobertor, que era grande o suficiente para acomodar os dois.

— Não me deixa sozinha, por favor – ela murmurou repousando a mão em cima dele, e dormiu outra vez o observando.

******

— Jyn Erso! Jyn Erso!

Ela abriu os olhos com a voz do lado de fora da nave, percebendo que o céu começava a clarear lá fora, devia ter apagado por horas. Se apoiou no braço para se erguer, e olhou para Cassian. Ele respirava. Ela tocou seu pescoço novamente, ainda com febre, mas muito menos.  O ferimento do blaster também parecia um pouco melhor. Sorriu com aquilo.

— Solicitamos que abra a nave.

— Jyn... Estejam vivos, por favor! – Ela ouviu a voz de Mon Mothma no transmissor – Jyn, a ajuda chegou, deixei-os entrar.

Jyn levantou-se, ignorando a dor nas pernas e apertou o botão que Cassian lhe ensinara que abriria a nave. Lá fora podia ver duas naves da Aliança Rebelde e dois grupos de pessoas, um deles de médicos, além de droids.

— Eu nem acredito que estão realmente vivos! – Alguém comentou lá de fora.

— Você está bem? – Um droid médico perguntou ao entrar na nave.

— Nem sei dizer.

— Sente dor?

— Cuidem dele primeiro, ele precisa, urgente!

Paramédicos entraram com duas macas e logo Cassian foi colocado em uma delas. Após alguma insistência Jyn aceitou ser carregada para fora também. Minutos depois estavam no espaço. Ela se recusou a dormir e descansar até que a deixassem ver Cassian. E somente quando o deitaram na cama em frente a sua ela respirou aliviada. Ele continuava dormindo, mas parecia mais relaxado e sem dor. Pode ver por um rasgado em sua camisa que um curativo selava o ferimento do blaster. Finalmente cedeu ao sono outra vez.

******

Uma mão suave acariciava seus cabelos. Jyn acordou, levantando a cabeça do colchão onde estava apoiada, percebendo que tinha dormido na cadeira do hospital ao lado da cama de Cassian. Quando chegaram a Yavin 4 haviam seguido direto ao centro médico, sido colocados em tanques de bacta, ela por poucas horas, Cassian por um dia inteiro e algumas horas mais. Três dias haviam passado e ela estava bem, ele seguia desacordado, até agora. Os olhos verdes brilharam de lágrimas de alegria por vê-lo acordado e Jyn levantou-se para sentar na beirada da cama. Cassian sorria para ela. O colchão estava erguido para ele ficar sentado.

— Cassian... – falou quando se uniram num longo abraço.

— Estou inteiro agora.

— Eu sei – ela sorriu.

Se afastaram e os dois olhares penetraram um no outro.

— Eu nunca tive tempo de dizer.

— O que? – Ela perguntou.

— Que eu adoro essas sardas no seu rosto.

— Nunca tinha percebido?

— Tinha, só não achei oportunidade pra comentar.

Ela sorriu e ficaram em silêncio por algum tempo, no qual Jyn o analisou. Cassian parecia bem e relaxado, o que o deixava ainda mais bonito do que Jyn se lembrava. Sem ferimentos ou marcas de sangue e poeira em seu rosto como antes, sem febre e sem dor. Ela estivera lá o tempo todo depois de receber alta no segundo dia no hospital, até mesmo o observando dormir no tanque de bacta enquanto os ferimentos lentamente desapareciam e os ossos eram consertados por completo. Também estava lá quando os médicos o devolveram ao quarto e removeram o monitor cardíaco e o soro. Um droid vinha de vez em quando ver como Cassian estava e perguntar se Jyn precisava de algo.

— O que aconteceu?

— Do que você se lembra?

— De você deitada do meu lado, é a última coisa que me lembro.

— Às vezes você parecia acordado quando estávamos chegando na base, mas não respondia quando eu falava com você.

— Eu não sei... Eu só me lembro de ter sonhado que Scarif podia ser só um sonho e que nada daquilo aconteceu realmente, e depois eu queria acordar, pra ter certeza de ainda estar vivo. Você estava lá.

Jyn esperou curiosa que ele falasse mais.

— Eu nunca deixaria você sozinha, Jyn.

— Achei que estivesse dormindo.

— Não o suficiente pra não te ouvir.

Jyn sorriu outra vez e aconteceu como no elevador, seus olhos se fecharam e seus lábios se tocaram antes que pudessem perceber. Um beijo calmo e simples, mas demorado e doce. Ao se afastarem Jyn beijou sua testa e afagou seus cabelos.

— Há quanto tempo acordou?

— Há meia hora eu acho. Um droid e um médico vieram me ver, levantaram o colchão, me trouxeram comida e água, e se eu continuar bem vou poder ir embora daqui em breve. E você?

— Eu fiquei algumas horas no bacta e você pouco mais de um dia, me deram alta ontem. Faz três dias que chegamos.

— Você não precisa ficar aqui, pode ficar nos meus aposentos na base.

— Não vou deixar você – falou segurando a mão dele e entrelaçando seus dedos, vendo Cassian lhe dar aquele sorriso que tanto amava.

Ele afastou um pouco para que Jyn pudesse sentar ao seu lado. Ela acomodou a cabeça em seu ombro e ele apoiou a cabeça na dela, de forma que Mon Mothma os encontrou dormindo de mãos dadas quando entrou no quarto do hospital minutos mais tarde. A mulher sorriu ao ver que o garotinho que ela salvara com 6 anos de idade finalmente encontrara uma outra pessoa para dividir sua vida. E como ela ia imaginar? Que essa pessoa seria justamente a rebelde filha de Galen Erso supostamente perigosa que fora presa pelo império e ainda havia tentado fugir ao ser libertada por Cassian e K-2SO. Eles não poderiam ser felizes para sempre, haviam nascido na guerra e a mulher podia sentir a determinação de ambos em lutar pela rebelião. Ficar sozinhos de novo era um risco que correriam constantemente dependendo dos caminhos pelos quais o futuro se desenrolasse, mas ela ainda estava feliz por vê-los calmos e felizes naquele momento, apesar da dor dos amigos perdidos em Scarif.

******

Cassian recebeu alta na tarde seguinte, com as condições de repousar e não fazer esforço por mais alguns dias. Jyn foi orientada da mesma forma. O capitão terminava de se arrumar quando Jyn o ajudou a calçar as botas e ele desceu da cama, se aproximando da rebelde e a puxando pela cintura.

— Mesmo com essas botas você ainda é bem pequena.

Ela riu.

— Melhor não me subestimar por isso, seu gigante.

— Não sou louco de fazer isso. Acabei de receber alta do hospital, não quero voltar pra ele.

Jyn riu graciosamente, e Cassian apreciou o momento, em todo o pouco tempo que passaram juntos, apesar de parecerem anos, não tivera a oportunidade de vê-la feliz e livre. A beijou de repente, e foi retribuído imediatamente. Os dois pares de mãos se entrelaçaram nos cabelos um do outro e separaram-se apenas quando o ar faltou.

— Prefiro fazer isso.

— É um bom conselho a seguir – ela respondeu.

Estavam indo embora quando Cassian encontrou um envelope lacrado em seu bolso, aproveitando que um droid entrara no quarto para questioná-lo.

— Mon Mothma o deixou aqui e nos pediu para enviar junto com suas coisas. Ela os encontrará lá fora. Disse para abrir o envelope o quanto antes – o droid falou antes de se retirar.

O casal se entreolhou e Cassian abriu o pacote com cuidado, encontrando um bilhete e um chip protegido numa capa de plástico.

— Eu acho que conheço esse chip!

Jyn estava curiosa, mas esperou diante da perturbação e alegria na voz de Cassian.

“Você lembra que ao reprogramar K-2SO os dados foram copiados na base e conectados com ele para back ups regulares? Espero que isso possa aliviar um pouco da dor que sentem pelos que perderam em Scarif. Encontraremos um droid reprogramado compatível para receber o chip. Desejo que melhorem o quanto antes.

Mon Mothma”

— Cass, o que ela quis dizer?

— Jyn! – Ele disse feliz – Isso... Isso é um chip com os dados de K-2 como você já sabe. Nós usamos um sistema que a cada algumas horas gravava as novas informações que K-2 processava. Se tivermos um novo droid, temos K-2 de volta!

Jyn sorriu e o abraçou, sendo retribuída com tamanha empolgação que Cassian a tirou do chão quando riram juntos.

— Também sinto falta daquele chato – ela sorriu.

— Assim que ele estiver ativo, já teremos três membros na nova tripulação.

— Três?

— Eu, K-2 e você. Eu não vou deixar você sozinha, Jyn. Nem deixá-la voltar pra vida que tinha antes. Você nunca mais vai ficar desamparada, nem se arriscar a cometer crimes pra sobreviver. Você vai aprender a pilotar naves e já é muito boa com armas. Eu tenho certeza que a aliança vai aceitar você como um dos mais nobres membros que já tiveram.

Os olhos verdes se encheram de lágrimas de felicidade e Jyn o beijou.

— Então você vai ficar comigo...

— Até o fim, querida.

Trocaram mais um sorriso e deixaram o quarto de mãos dadas para ir ao encontro de Mon Mothma.


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