Go Rogue! escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 7
Capítulo 7 – Uma nova esperança




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Capítulo 7 – Uma nova esperança

— Jyn Erso! Jyn Erso! - Os droids médicos chamavam enquanto corriam pelos corredores checando todo e qualquer lugar onde houvesse uma porta destrancada.

Mon Mothma fora visitar os dois sobreviventes da Rogue One no hospital da base de Yavin 4 ao saber que Jyn havia acordado depois de quatro dias, para descobrir que ela simplesmente sumira do quarto.

— Ela está em condições de andar? - Mon Mothma perguntou a um dos droids.

— Com algum esforço e dor, mas sim. Ela deve ter tentado e descoberto que podia.

— Há quanto tempo a viram pela última vez?

— Há uma hora. Ela acordou há duas, estava em observação.

Mon Mothma pensou por um tempo, observando os três droids que procuravam olharem em todos os quartos e algo lhe ocorreu.

— Já tentaram no quarto do capitão Cassian Andor?

— Não é permitido pacientes de alas diferentes ficarem em um quarto para apenas um. A situação dele é mais grave, o tiramos essa manhã do tanque de bacta. Ela estava melhor, por isso ficou em outro lugar. E como ela poderia saber onde deixamos o capitão Andor?

— Nada é impossível para Jyn.

Os três droids se entreolharam e seguiram para outro corredor, parando em uma das primeiras portas. Mon Mothma os seguiu. Quando a porta foi aberta os droids não podiam ficar menos indignados. Cassian dormia com uma máscara de oxigênio, soro e monitor cardíaco ligados nele. Ao seu lado, Jyn também estava adormecida com um braço por cima de Cassian. Mon Mothma sorriu, percebendo o cuidado dela para não tocar na mão com o soro, nem nos conectores do aparelho que monitorava o coração de Cassian.

— Não podemos acordar pacientes.

— Mas ela acabou de quebrar várias regras do hospital.

— Vamos chamar os médicos responsáveis pelos dois.

— Não - Mon Mothma interrompeu a discussão dos droids - Sem Jyn nenhum de nós viveria por muito mais tempo. Ela já perdeu muitos amigos nos últimos dias e já viveu sozinha por tempo suficiente. Deixem-na dispor do conforto emocional de que precisa. Eu tenho plena certeza que ela não vai prejudicar a recuperação de Cassian. Deixem-me falar com os médicos.

Os droids se entreolharam e saíram, ficando intrigados em como Mon Mothma convenceu os médicos a colocarem uma cama para Jyn no quarto de Cassian.

— Ele está respondendo bem depois que o tiramos do bacta. Vamos tirar as máquinas dele em breve se continuar assim. E vamos movê-la para a outra cama caso ela atrapalhe ou demore demais a acordar - uma médica explicou.

— Eu sei que ela não vai - Mon Mothma sorriu - Eu voltarei depois - ela disse antes de se retirar.

Jyn não tinha ideia de quanto tempo passara dormindo, mas estava um pouco consciente quando sentiu sua mão ser delicadamente afastada do peito de Cassian e a próxima coisa que notou foi que a camisa hospitalar dele estava sendo aberta. Ouviu alguma coisa sobre remover o monitor cardíaco dele, mas quando abriu os olhos os médicos e droids haviam saído. Ela olhou para Cassian, agora sem máscara, com a camisa fechada novamente e sem monitor, apenas com o soro. Sorriu por não a terem levado de volta para seu quarto e ao ver o rosto adormecido tão calmo do capitão. Jyn achava que a única vez que vira Cassian tão calmo, apesar de triste, fora no momento em que os dois aguardavam seu fim na praia. Beijou o rosto dele e deitou-se novamente. Ela tinha fugido de seu quarto quando os droids deram as costas, mesmo com a dor imensa em suas pernas, e deduzido rapidamente onde poderia estar Cassian. Entrou na primeira porta que viu ao pensar que seria avistada por um droid, e como se o destino a presenteasse ali estava Cassian. Cambaleou até o lado da cama que havia mais espaço, do lado oposto ao soro, e deitou ao lado dele, acomodando a cabeça ao lado de seu ombro e pondo um braço por cima dele, logo adormecendo de novo.

Verificou o quarto e notou uma cama a sua direita, que não estava ali antes, se perguntando como ela conseguira a concordância dos médicos e principalmente dos droids. Mas não queria sair de perto de Cassian, então virou-se para ele e dormiu novamente.

******

Jyn acordou com um beijo em sua testa e uma mão carinhosa afagando seu cabelo. Suspirou satisfeita. Não lembrava mais há tempos como era a sensação de sono e proteção juntos. Abriu os olhos e viu Cassian sorrindo para ela.

— Bom dia, Jyn – ele sussurrou.

Jyn sorriu de volta e Cassian se afastou um pouco para os dois se acomodarem melhor. Jyn deitou em seu ombro e sentiu o braço dele envolvê-la quando ela fez o mesmo, agora sem os fios do monitor para atrapalhá-la. Seus pés se tocaram no fim da cama, aumentando a sensação de conforto.

— Bom dia, Cassian.

Os dois se olharam e sorriram e não precisavam de nenhuma palavra naquele momento, só isso. Longos minutos se passaram assim, com Cassian acariciando seus cabelos, o abraço se tornando um pouco mais apertado e os dois olhares conectados como se fossem os únicos seres vivos restantes em todo o universo. Não era possível para eles explicar, mas tudo que haviam vivido juntos em poucos dias, presenciarem a destruição de Scarif e se abraçarem aguardando a morte juntos os havia deixado mais próximos do que haviam sido de qualquer pessoa desde a perda de seus pais.

— Eu consigo me lembrar de como escapamos, e que perdemos todo mundo – ele fez uma pausa silenciosa e triste – Mas como foi depois? Jyn, o que aconteceu?

— Eu acordei quando já estávamos no hiper espaço, e você tinha desmaiado na cadeira do piloto. Eu te acordei e cuidei de você. Estava péssimo.

Cassian estreitou os olhos e poucos segundos depois um brilho de reconhecimento os tomou.

— Eu me lembro. Eu lembro... De termos perdido a consciência juntos.

— Sim... Horas depois, eu não sei dizer quantas, eu acordei com alguém da base chamando no transmissor. Eu implorei por uma equipe médica e consegui pousar a nave com ajuda de alguém me dando instruções. Não lembro bem do que aconteceu depois. Muita gente perto de nós querendo ajudar, só não achei que você tivesse morrido porque tinha uma febre altíssima. A última coisa que me lembro é de ter pedido até desmaiar pra cuidarem de você primeiro.

Cassian não conseguiu deixar de sorrir com o cuidado dela. Ele conseguia se lembrar bem de quando estavam fugindo. A dor de seus ferimentos tinha atrapalhado sua concentração, mas aquilo ele lembrava bem. Na verdade nunca esqueceria. Os dois haviam se beijado no elevador. Jyn o olhara com preocupação em vista que ele nem conseguia andar sozinho. Ele por sua vez a olhava com carinho, finalmente aceitando que em algum momento dos últimos dias tinha se apaixonado por Jyn Erso. E simplesmente aconteceu. Seus rostos se aproximaram quando o elevador ficou escuro, e poderiam morrer se beijando que não perceberiam. Separaram-se apenas quando o som de guerra chegou mais alto aos seus ouvidos e as portas do elevador se abriram.

— Como ficamos, Jyn? - Perguntou antes que pudesse pensar.

— Cassian... - ela não soube o que dizer, mas sabia do que ele estava falando.

— Eu preciso de mais alguém pra pilotar a nave. Nunca deve haver na tripulação apenas um que saiba.

— Mas nunca pilotei antes. Serei mais útil com as armas.

— Você pousou a nave sozinha e nós dois estamos vivos, é um grande começo.

— Eu não sei como ia ser se você nunca tivesse me arrancado daquele carro de prisioneiros. Depois que Saw me deixou... Antes também. Eu não tinha nada pra fazer, só sobreviver. Eu nem tinha ideia de que esse tempo era só uma questão de tempo pra meu pai me enviar aquela mensagem. E agora que tudo acabou, eu realmente não tenho mais o que fazer com a minha vida além de sobreviver como antes e ajudar a rebelião no que for possível.

— Agora tem - Cassian lhe disse beijando sua testa.

E aconteceu de novo. Os dois olhares ficaram presos um ao outro e quando se deram conta Jyn apoiava as mãos em seu peito para alcançar seus lábios. Cassian sorriu com a diferença de altura, os 1,59 dela lutando para alcançar seus 1,78, e ele pensou que aquilo seria divertido se estivessem de pé e descalços em suas alturas reais. Por fim se uniram num toque suave e apaixonado, e ele agradeceu mentalmente por seus ferimentos não existirem mais. Não sabia quanto tempo passara desacordado, mas tinha certeza de em algum momento ter estado num tanque de bacta e antes de desmaiar junto com Jyn na nave tinha certeza de estar muito ferido e sentindo dores horríveis, mesmo com os cuidados dela. O beijo se tornou mais urgente, embora ainda cuidadoso e cheio do mais puro carinho, os dois pares de mãos se enlaçavam nos cabelos do outro num afago gentil e agradável. Suspiraram ao se afastarem e mantiveram os olhos fechados e suas testas unidas. Jyn fazia um afago com o polegar de sua testa para seu cabelo e Cassian pensou em como seria relaxante dormir sentindo aquilo. Ele por sua vez acariciava de leve as bochechas dela e Jyn virou o rosto, beijando a palma de sua mão esquerda, depois deitando em seu peito quando ele a abraçou e tornou a brincar com seu cabelo.

— Estou te machucando?

— Não. Acho que o bacta consertou tudo que podia doer. Ou talvez eu ainda esteja anestesiado. Jyn... Alguém por acaso nos viu deitados na mesma cama de hospital? Isso não é permitido.

— Não sei. Eu fugi pra cá quando os droids e médicos deram as costas.

— O que?!

— Eu acordei em outro quarto, em outro corredor. Me disseram que eu dormi por quatro dias. Isso foi durante a tarde. Se é de manhã, então você dormiu por cinco e eu estou aqui com você desde ontem. Há quanto tempo acordou?

— Alguns minutos antes de você.

Cassian riu.

— O que é engraçado?

— Os droids devem estar furiosos com você.

— Eu tenho certeza que sim, mas isso não importa. Algo deve ter acontecido enquanto dormíamos. Sua cama era a única aqui quando cheguei e você tinha uma máscara de oxigênio, monitor cardíaco e soro. Eu me lembro de ter acordado um pouco quando vieram tirar de você.

— Vamos perguntar depois. Jyn... Só nós estamos aqui?

Ela ficou em silêncio por mais tempo do que ele gostaria, e aquilo foi suficiente para seu coração se apertar. Jyn sentiu o movimento da respiração dele quando o capitão inspirou fundo ao finalmente ser atingido pela certeza que eles já tinham quando deixaram Scarif. Jyn afagou seu ombro em consolo e o olhou com tristeza. Cassian a olhou de volta e pode ver a dor nos olhos verdes, estava doendo nela também. Também eram seus amigos, há pouco tempo, muito pouco comparando com o tempo que ele conhecia alguns deles, mas eram. Jyn vivera sozinha, mesmo Saw Guerrera a havia deixado, ainda que para proteger sua vida. Cassian também, mas ao menos ele tivera K-2. A perda do droid também doía para os dois. E justamente agora que Jyn tinha pessoas ao seu lado, mesmo sendo um laço recente que ainda tinha muito a se fortalecer, perdera todos, restando apenas ele, Cassian.

— Eu não sei o que vamos fazer agora, Jyn. Mas seja o que for, eu quero você lá comigo.

— Até o fim – ela lhe respondeu antes de trocarem um selinho.

******

Passaram mais uma semana no hospital. Ainda que o bacta tivesse curado a maior parte de suas lesões, algumas ainda estavam presentes e os médicos queriam monitorá-los. Não importava o quanto eles mesmos movessem Jyn já adormecida para sua própria cama, quando iam verificar os pacientes à noite ela sempre estava junto com Cassian novamente. Eles perderam a cabeça por quatros dias com isso até desistirem, especialmente quando as leituras feitas por um dos droids constataram que a recuperação de ambos havia acelerado assustadoramente depois que os dois acordaram e se mantiveram no mesmo quarto.

Mon Mothma fora visitá-los novamente, agradecendo mil vezes pela missão realizada, transmitindo suas condolências pelos amigos perdidos, deixando claro que a princesa Leia recebera os planos, e após uma nova série de problemas envolvendo o sequestro da princesa, a Estrela da Morte fora devidamente destruída por Luke Skywalker, e os dois puderam respirar aliviados e um pouco consolados por todos os amigos perdidos, principalmente Jyn. A missão de Galen Erso, a missão dela, a missão dos Rogue One estava cumprida!

******

— Então essa á Rogue Two? – Jyn perguntou olhando a nave a sua frente, bem similar à primeira, mas maior.

— Sim – Cassian caminhou pelo interior da nave com Jyn, atentando-se a um embrulho em cima da cadeira do piloto.

Cassian abriu o pacote e se deparou com uma placa de bronze com letras marcadas, o título era “Rogue One”.

 

“Nessa tripulação lutaram grandes guerreiros que desistiram até mesmo de suas vidas pelo bem da Galáxia.

Nenhum deles será esquecido.

Que a força esteja com vocês, Rogue Two.

Pela Aliança Rebelde.”

 

Abaixo estavam os nomes de todos eles, todos, Chirrut, Baze, Bodhi, até o de K-2SO. Os nomes de Cassian e Jyn possuíam um brilho dourado, marcando-os como os únicos sobreviventes. Também havia um bilhete no pacote.

 

“Capitão Andor, pensamos que essa placa ficaria bem no interior de sua nave. Deixamos a seu critério onde irá fixá-la. Pense em um bom lugar, que não permita que sejam identificados facilmente caso algum possível inimigo veja o interior da nave, mas que possa sempre ser vista por vocês e por cada membro da nova tripulação.

Mon Mothma”

 

Uma pontada de tristeza percorreu o casal quando olharam novamente os nomes gravados na placa. Decidiram prendê-la no corredor pelo qual era preciso passar para ter acesso a todo o restante da nave, onde qualquer um da tripulação poderia ver desde que estivessem dentro da nave.

— E agora? – Jyn perguntou.

— Agora... Você já sabe pilotar naves, pilotou bem várias das nossas naves nos últimos quatro meses, aprendeu assustadoramente rápido. Ainda não pode pilotar por aí sozinha, mas está totalmente apta a me ajudar, e já temos alguns possíveis novos membros pra formar uma tripulação. Logo estará tudo certo e teremos novas missões. E temos o mais importante, o que você trouxe pra todos nós, Jyn... Esperança.

— O que nós trouxemos. Krennic teria me matado se você não estivesse lá. Nós teríamos morrido se K-2 não tivesse ficado pra trás. E tanto ele quanto nós não teríamos dado um passo, nem transmitido os dados se não fosse por Chirrut, Baze, Bodhi, e por todos os outros. Você conseguiu, Cass. Fez dez homens parecerem cem, e eu espero que a esperança que trouxemos ecoe pra sempre.

— E vai. Eu sei que vai, Jyn.

Os dois olhares ficaram presos novamente e os dois se abraçaram forte, fechando os olhos. Muitos segundos mais tarde trocaram um beijo, rápido, mas doce.

— Eu te amo, Estrelinha.

— Também te amo, Capitão.

Sorriram um para o outro.


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