Go Rogue! escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 21
Capítulo 21 – Maravilhosamente bela é a mente de uma criança




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Capítulo 21 – Maravilhosamente bela é a mente de uma criança

Estavam abraçados no chuveiro sentindo a água cair sobre eles. Cassian riu baixinho, Jyn achou adorável.

— Você sentiu?

— Ela chutou.

Jyn sorriu.

— Então você assumiu mesmo que é uma menina?

— O que K-2 falou faz sentido.

Jyn estava com cinco meses e meio de gravidez, o bebê tinha começado a se mexer há uma semana e pela primeira vez em muitíssimos anos ela vinha usando vestidos de novo conforme a gravidez avançava.

{Flash back}

— Agora que os dois estão capacitados para pilotar U-Wings e X-Wings isso pode abranger o horinzonte em muitas missões – Mon Mothma dizia a Cassian quando os três ficaram sozinhos na sala de reuniões – Claro que tudo tem que ser muito bem planejado dadas as novas condições de vocês.

— Nós entendemos – Cassian respondeu.

— Estamos estudando possíveis candidatos a novos tripulantes – Jyn interrompeu o que dizia ao sentir um pancada leve em seu ventre.

— Jyn – Cassian se voltou para ela preocupado.

— Está tudo bem, querida? – A líder da Aliança perguntou.

— Cassian, eu... – ela sentiu de novo e automaticamente levou sua mão ao local do movimento, sentindo algo empurrar sua mão, um pé ou uma mãozinha.

Ela riu e seus olhos brilharam.

— Jyn – ele tornou a chamar.

A resposta dela foi puxar a mão dele para o mesmo local. O capitão assumiu uma expressão de espanto ao sentir um pequeno chute em sua mão, depois conseguiu sorrir e seus olhos assumiram o mesmo brilho dos verdes de Jyn. O casal olhou sorridente para a ex-senadora, sem saberem exatamente o que falar.

— Parabéns, mamãe e papai – ela falou com um sorriso – Você me permite, Jyn?

— Sim.

A mão gentil da mulher mais velha tocou o local onde antes estavam as mãos dos dois e em poucos segundos o bebê se mexeu outra vez. Mon Mothma sorriu.

— Que a Força esteja com você, criança.

[Fim do flash back}

Jyn continuava trabalhando normalmente em suas tarefas na base de Yavin IV com Cassian, mas ele e K-2 faziam tudo para que ela se esforçasse o mínimo possível. Os dedos do marido afagavam suas costas em círculos suaves, e a sensação era ainda mais agradável na água. Jyn ficou de costas, apoiando-se contra ele, para que as mãos do capitão pudessem se juntar as suas em sua barriga.

— Olá, pequena – ele falou.

Jyn comprovou o comentário de um dos médicos do medbay, o bebê já ouvia sons, e reagia as suas vozes. Quando Cassian falou, o movimentou ficou mais agitado.

— Parece tão assustador às vezes. A minha vida foi... Guerra, perdas, prisões e fugas... Não tenho a mínima ideia de como cuidar de um bebê, mas eu a quero, quero muito. Não sei pôr em palavras, mas além de você, eu nunca desejei outra pessoa assim antes. Estou ansiosa pra conhecê-la.

— Eu nunca tive irmãos menores, nem vi de perto nenhum bebê ser criado, embora eu já tenha ajudado famílias com bebês em algumas missões. Às vezes parece assustador pra mim também. Pensar se vou ser capaz de ser um pai descente...

— Você é um marido inigualável, Cass. É claro que vai ser um bom pai. Mamãe uma vez disse que ninguém nunca sabe de tudo mesmo, que você precisa deixar que o seu bebê lhe ensine aos poucos.

— Por que ela te disse isso?

— Curiosidades de criança. Eu perguntei por que as mães sabiam fazer tudo pra cuidar dos filhos. Entre outras coisas, ela me falou isso.

— Então você não precisa ficar com medo também. Eu estou aqui, nós vamos fazer isso juntos – falou beijando seu rosto.

******

— Me surpreende que alguém tão... “Peculiar” como Jyn esteja vivendo uma gestação tão pacífica – K-2SO disse a Cassian – É uma opinião quase unanime no centro médico que gestantes ficam malucas de alguma forma em algum momento da gravidez. Apesar de que... Não é incomum ver Jyn assim quando ela decide que quer alcançar algo.

— Jyn pode ser temperamental e furiosa quando a situação exige ou quando se decide a fazer alguma coisa, mas no fundo sempre foi uma pessoa calma.

Os dois entraram no quarto e encontraram a rebelde dormindo.

— Talvez a criança seja parecida com você em temperamento.

— Por que acha isso? – Cassian perguntou enquanto fechava a porta, agora falavam mais baixo.

— Eu me informei com os droids e médicos do centro como você mandou. Me disseram que bebês também dormem durante a gestação, normalmente sincronizam com o horário de sono da mãe, ao menos até começarem a ficar maiores e ter menos espaço, se agitarem muito e até impedirem a mãe de dormir bem, mas Jyn sempre consegue adormecer depressa, o que indica um feto tranquilo.

— Talvez... Mas todo mundo nessa base tem sono acumulado de anos. Jyn passou a vida fugindo, em alerta, sendo perseguida por montanhas de pessoas, sendo presa, correndo... Dormir não está nas prioridades e privilégios de nenhum rebelde, muito menos nas dela. A guerra continua, mas as coisas estão relativamente calmas por enquanto, acho que ela está conseguindo aproveitar a oportunidade.

— O bebê precisa. Um dos médicos me informou que se ela não viver um período gestacional saudável pode afetar a criança por toda a vida dela. Se ela não dormir bem, a criança também vai ter sono leve e não vai ser de dormir muito.

— Eu sei que ela nunca vai abandonar a Rebelião, e ainda não sei como, mas vamos encontrar um caminho pra cuidar do nosso bebê e continuar lutando de alguma forma. Por enquanto, quero que ela descansse tanto quanto puder e desejar. Ela merece se sentir o melhor possível depois de tudo que aconteceu desde aquele dia em Lah’mú e é o mínimo que podemos fazer depois de tudo que ela fez pela Rebelião.

 Passados alguns minutos o droid saiu do quarto e Cassian sentou ao lado da esposa para observar o crepúsculo no céu. Despertou da distração quando a mão de Jyn segurou a sua. Olhou-a e trocaram um sorriso.

— Dormiu de tédio me esperando?

— Tédio não está nos meus planos, estava lendo sobre as naves e descobrindo algumas informações extras. Depois fiquei com sono. Devo ter apagado por uma hora – ela falou olhando pela janela.

Cassian tirou as botas e sentou do outro lado da cama, encostando-se na parede, fazendo Jyn deitar em seu colo e afagando os cabelos da rebelde.

— Durma mais um pouco. Vamos pro refeitório quando você acordar.

E ela assim o fez, adormecendo com um leve sorriso enquanto as mãos de Cassian passeavam por seu cabelo e sua barriga de sete meses. O capitão também sorria. Depois de todas as perdas e eventos tristes em sua vida, ele podia se sentir realmente orgulhoso e incrivelmente feliz por ter encontrado Jyn, sobrevivido a Scarif e ainda ser pai.

******

O cansaço se misturava com a alegria nos olhos de Jyn. Estava deitada com Cassian no quarto observando a bebê dormindo entre os cobertores em seu berço. Igualzinha a ela, os mesmos olhos e as mesmas sardas, quase uma cópia perfeita de Jyn, mas com cabelos castanho escuros como os de Cassian. Jyn riu.

— Ainda lembrando daquilo? – Ele perguntou rindo também.

— Eu nunca vou esquecer – respondeu enfatizando o “nunca” e rindo de novo.

A pequena Hope havia nascido seis horas atrás. Eles haviam sido visitados por Mon Mothma e Draven. Hope havia sorrido para a ex-senadora, que instantaneamente se apaixonou pela pequena, no entando a criança havia dado um grito e chorado terrivelmente quando o general Draven a segurou, parando apenas quando ele a devolveu para o pai. Jyn havia juntado todas as suas forças para não rir, o que ela fez no exato momento em que K-2 confirmou que Draven e Mon Mothma estavam longe o suficiente para não ouvi-la. Cassian tentou levar a situação a sério, mas acabou rindo junto com Jyn no final das contas. K-2 os repreendeu e acabou ganhando apenas uma nova troca de farpas com Jyn, na qual ela venceu mais uma vez.

— Minha esposa e minha filha com menos de um dia de vida detestam meu superior, eu nunca ia imaginar...

— Foi ele que começou.

Cassian riu baixinho e beijou os cabelos castanho claros. Era um fato bastante visível que Jyn e Draven não gostavam um do outro desde sempre, mas ambos mantinham uma relação de respeito ainda assim, especialmente depois que o general havia entendido que quando Jyn decidia algo, se pôr no caminho dela apenas traria mais problemas. E mesmo Mon Mothma concordava que Jyn até podia ter missões suicidas em mente de vez em quando, mas que era uma excelente estrategista e vinha recebendo treinamento com Cassian e outros rebeldes para além da função de piloto, integrar a inteligência da Aliança Rebelde.

— Vá dormir, querida. K-2 vai ficar por perto e vigiar Hope pra nós. Você ainda está cansada e dormiu pouco desde que ela nasceu.

— Você tem razão – Jyn respondeu num raro momento de rendição ao cansaço.

E todos esses momentos eram sempre com Cassian. Ela era forte e determinada e não havia sono ou exaustão que a impedisse de completar uma tarefa. Ele tabém era assim, mas Jyn tinha uma determinação feroz e muitas vezes ele precisava convencê-la a descansar, e nunca tinha falhado. Ela estava segura com ele, estava em casa, e sabia disso. O contrário também acontecia e Cassian simplesmente amava quando os dois paravam alguma tarefa dentro da nave ou em seu quarto na base para descansarem e ele adormecia no colo de Jyn quase instantaneamente quando ela começava a mexer em seu cabelo.

— Boa noite, Cass.

— Boa noite, Jyn.

Ele olhou mais uma vez para as estrelas do céu noturno no lado de fora da janela, depois para Hope, a qual Jyn também olhava. O rostinho fofo pacificamente adormecido. Cassian reduziu a iluminação do quarto e voltou a se acomdar ao lado de Jyn, puxando o cobertor sobre os dois e a abraçando pelas costas. Ela se aconchegou melhor nele, aproveitando a sensação de calor e proteção atrás dela e pondo sua mão sobre a dele em sua cintura. O sono chegou rapidamente e Jyn adormeceu logo depois de sentir um beijo suave em sua cabeça.

******

Era uma missão perigosa e urgente da Aliança, que precisava dos melhores agentes da inteligência e pilotos de X-Wings e U-Wings em campo. Uma missão na qual seus pais não poderiam levá-la. Num grande ato de bondade e genorisidade, a princesa Leia estava na base junto com seu irmão Luke, e ela e Mon Mothma se dispuseram totalmente a se revesar para cuidar da pequena Hope de oito anos. Era uma criança muito consciente e inteligente. Mesmo tão jovem e com a tristeza e a dor nublando seus olhos claros, ela passara seu tempo lendo manuais de aprendizado da Rebelião, observando os treinamentos com o mesmo brilho que surgiria nos olhos de seus pais, e até havia ganhado a chance de atirar uma vez em um alvo de treinamento com um blaster, às escondidas do general Draven. Jyn e Cassian a preparavam para tudo desde pequena, e ela aprendera a atirar recentemente para casos de emergência. Em outros momentos ela era simplesmente criança, comendo, dormindo, brincado ou ouvindo fascinada as histórias dos rebeldes, e também de Luke e Leia. Ela sabia da guerra, sabia o que havia lá fora, sabia sobre a história da Rogue One e do que estava acontecendo, mas conseguia ser mais feliz do que todos os rebeldes ali haviam sido desde a infância. Mesmo com as marcas da guerra e a batalha constante, Jyn e Cassian faziam o impossível para sua filha ser feliz e nunca deixar de acreditar na esperança e na Força, e eles vinham conseguindo desde seu nascimento.

— Foi uma missão perigosa de um mês. Sofremos baixas e você tem que aceitar que pode receber uma notícia ruim quando as naves pousarem daqui a pouco.

A menina segurou com força o cristal kyber purificado em seu pescoço e encarou Draven com um olhar que tinha o mesmo tom de desafio de Jyn e a mesma determinação de Cassian.

— A confiança vem dos dois lados – ela disse antes de se afastar para mais perto da entrada do hangar e olhar novamente o céu azul.

— Entendo que você tente conscientizar as crianças da dureza da vida para torná-las fortes e reduzir seu sofrimento desde cedo, mas deixe-a acreditar. E deixe-a chorar se assim for necessário – ele ouviu Mon Mothma chegar de repente – Hope não é apenas a esperança de uma nova vida para seus pais, mas um símbolo de esperança para todos nós. Há muitos anos recebemos órfãos de diversas áreas da galáxia, mas há mais tempo ainda nenhuma criança nasce na nossa base. Ela já tem oito anos. E é mais forte do que muitos homens que eu e você conhecemos durante nossas vidas. A morte caminha ao nosso lado e nos obriga a aceitar a constante presença de notícias ruins, mas acho que nos faria bem de vez em quando acreditarmos com a esperança de uma criança, mesmo que choremos depois.

O homem assentiu com a cabeça e ficou em silêncio olhando a criança. Era pequena para sua idade, como a mãe deveria ter sido, mas os rebeldes que a estavam ensinando a lutar haviam relatado ser tão habilidosa quanto os pais. Apesar da implicância com Jyn Erso, ele não tinha nada contra aquela pequena criança, e concordava com as palavras da mulher ruiva ao seu lado. Além de sentir uma pontada de orgulho. Não chegara a ser um pai para Cassian, mas fora parte de seu apoio quando o garoto chegou sozinho e destruído à base com seis anos de idade, e a menina a sua frente era filha do garotinho que ele acolhera entre seus aprendizes.

Alertas foram emitidos e droids, mecânicos e médicos se aproximaram do hangar. Luke e Leia também apareceram, segurando cada um uma mão de Hope. X-Wings e U-Wings invadiram os céus e em poucos minutos tinham pousado no hangar de Yavin IV, além da Millenniun Falcon. Pessoas e droids corriam para todos os lados verificando as tripulações e levando alguns pilotos em macas para dentro da base. Os olhos de Hope se moviam como um radar enlouquecido em busca de qualquer sinal de seus pais ou K-2, até que ela encontrou.

— Vai. Também quero saber se Han e Chewie estão bem.

A princesa ficou temporariamente sem reação diante de tamanha generosidade vinda de alguém com apenas oito anos. Hope podia muito bem querer que a princesa procurasse seus pais junto com ela.

— Eu volto logo – deu um beijo na bochecha da pequena e trocou um sorriso com ela.

Hope sorriu ao ver Leia correr para os braços de Han e os dois se prenderem em um forte abraço. Então Chewie correu para o casal e abraçou os dois ao mesmo tempo, arrancando risadas deles, e também de Hope e Luke. Mon Mothma havia se afastado para falar com um dos pilotos e Draven estava prestes a fazer o mesmo.

— Seja o que for que vai encontrar, seus pais são grandes guerreiros – ele disse a Hope.

— Guerras não fazem ninguém grande – ela respondeu de mãos dadas com Luke.

— Maravilhosamene bela é a mente de uma criança. Somos todos grandes rebeldes – Luke falou ao general, que não conhecia Yoda, e não tinha ideia de que história a menina ouvira aquelas palavras.

O homem assentiu, abrindo um pequeno sorriso para os dois e indo embora. Hope puxou Luke na direção de K-2 quando o avistou.

— Hope – o droid disse simplesmente.

— Papai e mamãe!

— Estão na nave.

— Estão bem? – Luke perguntou com urgência.

— Jyn ameaçou golpear qualquer droid que continuasse insistindo em levar ela e Cassian ao centro médico só porque eles têm alguns arranhões e hematomas.

Luke suspirou aliviado ao saber que os amigos estavam bem. Hope se soltou dele e entrou corendo na U-Wing aberta ao lado de K-2.

— Estão mesmo bem? Por que não estão com você?

— Aceitaram receber primeiros socorros na nave. Depois de um mês longe tudo que não querem é ficar presos no hospital.

Segundos depois o casal apareceu andando e sorridente. Jyn carregava a filha nos braços enquanto a pequena morria de rir e os pais a enchiam de beijos. Luke sorriu, verdadeiramente feliz que Hope pudesse ter ao menos um pouquinho da vida que todas as crianças na galáxia deveriam ter sem o Império.

******

Horas mais tarde K-2 saía do quarto da família sem fazer nem meio ruído quando os irmãos gêmeos passaram por ali.

— Como eles estão? – A princesa perguntou.

— Dormindo

— E Hope? – Luke quis saber.

O droid abriu um pouco mais a porta e o casal observou sorridente Jyn dormindo abraçada com Hope e Cassian abraçando as duas.


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Notas finais do capítulo

Alguém já teve a chance de ler o que Mon Mothma escreveu sobre Jyn no fim do novel de Rogue One? Ç.Ç Gente... Pra quem já tá super mega hiper na bad feito eu... Ainda mais depois de assistir o clipe de The only one that got away (Katy Perry + Diego Luna)... Esses escritos de Mon Mothma meterem um raio estelar mortal no meu coraçãozinho. Ç_Ç Mas vou deixar uma recomendação feliz aqui: Te amo y más, cantada por Diego Luna. Pertence à trilha sonora da animação "Livro da vida". Escutem em espanhol com ele cantando sozinho pra vocês verem que coisa tão linda!!! ♥ ♥ ♥



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