Descendentes escrita por Lori


Capítulo 2
Capítulo 1 - Descendentes


Notas iniciais do capítulo

Oie! Eu vim agradecer a CattySan por deixar aquele comentário fofo! Obrigada por acompanhar a fanfic. Obrigada também a quem favoritou e até aos leitores fantasmas!



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O vento soprava forte naquela noite chuvosa, as garotas dormiam tranquilamente e a rua estava deserta, nenhuma alma viva teria coragem de sair de casa em uma noite como aquela, exceto pelas almas vivas que causaram aquilo.

—Você é sem noção, sem noção, sem noção! -Alguém que aparentava ser um homem andava encapuzado pela noite tenebrosa.- E se alguém desconfiar de que essa tempestade não é normal?

—Larga de ser idiota! -Uma mulher alta e igualmente encapuzada surgiu das sombras e começou a caminhar embaixo da chuva com o homem.- Eles são humanos normais e hipócritas, que levam suas vidas tediosas como se fossem alienados! Sem contar que acreditam em qualquer coisa, desde que ela tenha uma explicação, e nesse caso, o homem do tempo é nossa explicação.

—Se todos os humanos são hipócritas, por que escolher humanos para essa tarefa? Ainda mais adolescentes! -O homem falou.

—Elas não são simples seres humanos Josh! Você sabe por que eu prefiro confiar essa tarefa para adolescentes? -A mulher perguntou e Josh fez que não com a cabeça.- Os adolescentes são rebeldes, só precisam se preocupar em passar na escola e se enturmar com os outros, um ou outro tem preocupações mais sérias. Por serem rebeldes e sem um futuro iminente, eles não são alienados, só seguem aquilo que realmente acreditam e não são tão fáceis de serem manipulados assim como os adultos.

—Mas continuam sendo seres humanos! -Josh tirou o capuz, revelou então, ser apenas um garotinho de, não mais que doze anos. Cabelos negros e bagunçados, pele pálida e olhos escuros. Sua altura era mediana.

—Você fala como se nós não fôssemos humanos Josh. -A mulher ia tirar o capuz mas parou por um instante.

—Nós até podemos ser, mas não somos seres humanos normais, nossas mentes são mais avançadas! -Josh defendeu seu ponto de vista. A mulher tirou o capuz e revelou ser uma figura conhecida. Seus cabelos negros e cacheados caíam sobre seus ombros. Sua pele morena estava encharcada, mas seus olhos negros continham um brilho incomum.

—Nós apenas somos mais preparados que eles. -A mulher parou em frente ao sobrado da família de lua e observou a janela do segundo andar.

—Já que insiste... Mas ainda acho que somos avançados! -Josh persistiu e a mulher riu.- O que vai fazer Molly?

—Como você diz... -Molly Montenegro, a bibliotecária sorriu e apontou em direção a janela.- Eu vou tornar a mente delas mais avançada!

***

O despertador tocou às sete e meia da manhã, as garotas levantaram em um susto e olharam bravas para Lua.

—Você acorda às sete e meia da manhã em um sábado? -Aria parecia furiosa. Seus cabelos castanhos escuros e compridos estavam bagunçados e seus olhos castanhos inchados. As bochechas bem rosadas estavam se destacando na pele branca.

—Que tipo de ser humano você é? -Maddie passou a mão no cabelo castanho que ia até um pouco abaixo dos ombros, estava ligeiramente bagunçado, mas podia ser facilmente reparado. Os olhos verdes estavam brilhantes e sua pele branca contrastava com as bochechas rosadas.

—O tipo de ser humano que tem uma vida e não pode desperdiçá-la dormindo! -Lua já estava de pé, prendia seus cabelos loiros e compridos em um rabo de cavalo e piscava seus olhos azuis brilhantes delicadamente. Sua pele pálida chegava a fazer reflexo na luz do sol da manhã que entrava pelas frestas da cortina.

—Desculpe madame ocupada, estou cansada demais pra isso! -Sophie cobriu os olhos castanhos com seus próprios cabelos ruivos e compridos, a pele branca também fez reflexo na luz do sol assim que Lua abriu as cortinas.

—Larguem de ser preguiçosas, Lua tem toda razão de acordar cedo! Vamos levantando! -Lily foi a última a se pronunciar, as garotas olharam para ela e riram ao perceberem que, apesar do que ela tinha acabado de dizer, a garota de traços asiáticos, com cabelos e olhos pretos continuava deitada. A pele pálida fazia reflexo, igual a de Lua e Sophie.- Que foi suas doidas? Já to de pé viu?

 

—Aham, sei! -Lua riu enquanto separava algumas roupas e as entregava para as garotas.- Vocês podem revezar pra tomar banho, tem dois banheiros que podemos usar, o do corredor e o do meu quarto.

—Eu vou ser a primeira a tomar banho! -Maddie se pronunciou.- No banheiro do corredor, pode ser?

—Tem toalhas na segunda gaveta, não esqueça de trancar a porta! -Lua sorriu para Maddie, a garota assentiu e saiu do quarto.

—Eu vou tomar banho depois da Maddie. -Sophie falou.

—Eu vou esperar a Lua terminar, aí eu tomo aqui mesmo! -Aria se pronunciou. Lily fez uma careta.

—Vou ter que esperar todas tomarem banho? -A garota de olhos puxados suspirou.

—Se você quiser, pode tomar banho no banheiro do quarto ao lado. -Lua disse.- Mas eu não garanto nada.

—Por que? -Lily questionou, as outras olharam para Lua.

—O quarto ao lado era o quarto da minha irmã mais velha, meus pais transformaram aquilo praticamente em um santuário! -Lua explicou e as garotas se assustaram.- É melhor você não usar as toalhas de lá, aqui, pode usar essa!

Lily agarrou a toalha que Lua pegou do armário e jogou pra ela, todas encararam a asiática, que levantou, respirou fundo e saiu do quarto em direção ao quarto da desaparecida irmã.

O caminho até o quarto foi maior do que realmente era. Lily tinha medo do que encontraria lá. Abriu a porta delicadamente e se deparou com o quarto mais rosa que já tinha visto na vida. Fechou a porta atrás de si e depositou a toalha e as roupas em cima da cama coberta com um lençol rosa choque, não importa o que aquilo era, ela não perderia a oportunidade de mexer naquelas coisas.

A asiática pegou um porta retrato com a foto de uma garota loira de olhos aparentemente verdes, a marca do porta retrato estava na escrivaninha, o que indicava que aquele local nunca havia sido tocado desde o desaparecimento da irmã de Lua. Lily tomou cuidado para colocar a foto no mesmo lugar que estava e já foi direto para o armário, abriu as portas e teve que se segurar para não tossir ou espirrar, o cheiro de naftalina era muito forte, mas parecia que aqueles vestidos nunca tinham sido movidos de lugar.

—Parece que a irmã desaparecida não tinha muitos planos de fugir. -Percebeu ao observar as roupas em perfeito estado.

Um por um, a asiática foi dedilhando os vestidos que estavam pendurados, pareciam como novos, exceto pelo cheiro de naftalina. As cores eram todas clarinhas e a maioria era rosa. Os sapatos pareciam de boneca, exceto por alguns saltos que deixavam qualquer uma parecendo uma verdadeira adulta. Sem delongas, a asiática deixou o armário e se voltou para a penteadeira, a escova de cabelos ainda tinha alguns fios dourados, o batom vermelho estava acabando e os perfumes estavam separados por marca. Lily observou as maquiagens e abriu algumas gavetas, todas pareciam novas.

A garota só voltou ao mundo real assim que ouviu um barulho de passos. Ela apressou-se em deixar tudo exatamente como estava, pegar a toalha e as roupas e entrar no banheiro, mas ao entrar levou um susto.

A pia estava repleta de coisas de maquiagem, uma foto gigante da irmã desaparecida estava estampada na parede de frente para o box do banheiro, colagens de bandas e cantores que faziam sucesso alguns anos atrás estavam espalhadas pelo espelho, junto com alguns adesivos de coração. Uma mochila escolar estava jogada no canto do banheiro.

—De acordo com a história, a garota foi pra escola e não voltou, quem vai pra escola sem a mochila? -Lily colocou suas coisas em cima da tampa da privada e foi até a mochila, abriu e retirou um dos cadernos. A letra era perfeitinha e estava tudo escrito com caneta rosa ou roxa, Lily foi até a página com o nome da aluna.- Luna Mirim. Nome bonito...

—Tão bonito quanto a dona dele! -Uma voz fez Lily despertar. Matthew Mirim, irmão de Lua estava na porta com seus cabelos loiros escuros e seus olhos azuis, ele era tão alto que Lily tinha que olhar bem pra cima.- Que eu saiba, você não deveria estar aqui.

—Eu vim tomar banho... -Lily tentou se explicar.

—Isso que você chama de banho? -Matthew apontou para a mochila de Luna.

—Eu só... -Lily olhou a mochila.- Você não acha estranho?

—Que minha irmã mais velha tenha ido pra escola de manhã e nunca mais tenha voltado? -Matthew falou irônico.- Tudo por causa de um maldito bibliotecário? Eu acho sim!

—Eu não estou falando disso! -Lily esbravejou.- Eu sinto muito pelo que aconteceu, mas não é isso!

—Então o que eu deveria achar tão estranho?

—O fato da sua irmã ter saído de manhã para ir para o colégio, mas não ter levado a mochila com os materiais! -Lily praticamente gritou, fazendo Matthew olhar para a mochila intrigado. Lua chegou no quarto acompanhada de Maddie.

—O que está acontecendo aqui? -A loira perguntou.- Matthew, quer fazer o favor de sair? A Lily precisa tomar banho!

—Eu já estava indo... -O garoto saiu do quarto, Lua se desculpou com Lily e saiu também, Maddie estava logo atrás, achando tudo muito estranho.

Lily tomou seu banho, apesar de ter sido estranho tomar banho com a foto gigante de uma garota desaparecida encarando você. Após todas tomarem seus banhos, desceram para tomar café, a mesa estava repleta de coisas deliciosas e as meninas aproveitaram bastante, exceto por Lily, que ainda estranhava a mochila no banheiro e o fato de ninguém ter percebido isso por anos, nem mesmo a polícia. Matthew encarou Lily por um segundo e se levantou.

 

—Pai, mãe! -Matthew foi até os dois, todos os presentes se viraram para ele.- Por que a mochila está no banheiro?

—Do que está falando? -A mãe de Lua perguntou.

—Não se faça de boba! Depois de todos esses anos você continua evitando esse assunto! -Matthew estava estressado e não se preocupava em esconder isso. Lua olhou assustada para Lily, provavelmente lembrando do fato do banheiro.

—Querido, agora não é hora! -O pai de Lua se intrometeu.

—Matthew tem razão pai! -Lua levantou-se também, Maddie e Lily começaram a conversar baixinho enquanto as outras prestavam atenção na briga.- Você nos disse que Luna foi pro colégio de manhã e não voltou, mas como ela foi pro colégio se a mochila dela está no banheiro?

—Como é que nós íamos saber? Não tinha nem notado a mochila! -A mãe tentou se defender.

—Mas a polícia veio aqui, investigou o local, obviamente eles perceberam! -Matthew estava quase gritando.

—Se perceberam, não falaram nada! -O pai de ambos estava mantendo a calma.

—Isso nem é tudo! Maquiagens abertas, pincéis espalhados pela pia. -Lua comentou e Matthew olhou pra ela.- Pai, não precisa ser super inteligente pra perceber que Luna saiu correndo. Ela nunca deixaria as coisas desorganizadas daquele jeito!

A mãe de Lua começou a chorar e seu marido foi abraçá-la. Lua e Matthew pareciam arrependidos, mas ambos se encararam e olharam para Lily e Maddie, que conversavam entre si e foram até as duas.

—Lily, preciso que me conte tudo que pensou hoje pela manhã quando entrou no quarto de Luna! -Lua pediu para a asiática, que assentiu sob os olhares de dúvida de Sophie e Aria.

—Eu percebi que o quarto jamais tinha sido tocado desde que ela sumiu, inclusive as roupas e maquiagens que aparentavam ser as favoritas dela. -Lily tomou um gole de suco.- Parece que ela não planejava fugir, e assim como você disse, parece que ela saiu correndo e largou as coisas lá.

—Foi só isso? -Matthew a encarou, a asiática assentiu. Quando Lua e seu irmão estavam se afastando para voltar a discussão, Maddie se pronunciou:

—Larguem de ser idiotas! -A castanha exclamou raivosa e os irmãos se viraram para ela. Matthew a encarou raivoso e a mesma corou, mas logo voltou ao normal.- Até parece que não perceberam.

—Não percebemos o que? -Matthew fez um sinal para que Maddie prosseguisse.

—As gavetas não estavam fechadas direito, o tapete estava meio dobrado, a porta do armário estava meio aberta. -Maddie fez como se estivesse contando com os dedos.- A não ser que a Lily tenha feito algo. -Lily negou com a cabeça.- Então isso só indica uma coisa; Luna Mirim estava procurando algo antes de desaparecer, algo importante, como ela não achou, ela saiu correndo para procurar no segundo lugar que ela mais confiava para guardar algo...

—A BIBLIOTECA! -Todos disseram em uníssono, inclusive Aria e Sophie que estavam prestando atenção na conversa. Em seguida, todos olharam para Maddie.

—Que foi? Eu sou mais inteligente do que pareço! -A castanha se gabou.

Após a briga e o café da manhã, Lua se despediu das novas colegas e pediu desculpas por tudo. As mesmas agradeceram Lua e sua família e foram de carona com Maddie de volta para suas devidas casas.

***

—Que tempo louco não? -Sophie exclamou observando o céu.- Ontem estava o maior temporal, hoje está um calor dos infernos!

—Nem me fale, estou derretendo. -Aria concordou, havia sobrado apenas elas e Maddie no carro, já que Lily havia acabado de descer do carro em sua devida casa.- Mas outra coisa que foi louca essa semana, foi a maneira como nos conhecemos!

—Isso é verdade, nós éramos colegas de classe que nem conversavam. -Maddie concordou.

—E em menos de vinte e quatro horas, já dormimos na casa de uma de nós e agora somos amigas! -Aria completou.

—Eu não diria amigas, Lua apenas nos ajudou durante a tempestade, somos apenas conhecidas. -Maddie observou e parou o carro em frente a casa de Sophie, um sobrado com um belo jardim.- Bela casa Sophie.

—Obrigada Maddie, te devo uma! -A ruiva se despediu e observou o carro partir. Assim que elas viraram a esquina, Sophie atravessou a rua.

A casa dela não era das mais feias, era um belo sobrado, e seria mais bela ainda se tivesse um jardim descente. O quintal de Sophie era apenas um terreno vazio e repleto de terra, com duas árvores que não passavam de um metro e estavam secas. Não era de se admirar, já que a família de Sophie não tinha muito tempo para cuidar do jardim, e nem muito dinheiro, mas Sophie ainda se envergonhava com isso, já que as casas ao redor tinham os mais belos jardins.

A ruiva entrou em casa e foi direto para seu quarto, sabia que seus pais não estavam em casa. Após checar seus emails e fazer uma lasanha de almoço, Sophie foi tirar um cochilo, sem saber o que as aguardava.

***

Já passava da meia noite quando Sophie acordou de seu "cochilo". Ventava muito, o que podia significar o início de mais um temporal.

A ruiva percebeu a presença dos carros de seus pais e imaginou que eles já estivessem dormindo. Dirigiu-se para a sacada de seu quarto e observou o jardim dos fundos. Começou a encarar as árvores secas, assim como o jardim da frente, Sophie sentiu como se estivesse desligada do mundo ao seu redor, apenas ela e a árvore estavam ali. Ela então imaginou aquela árvore como ela realmente deveria ser, grande e viva, o vento batia nos cabelos de Sophie. Como em um passe de mágica, a árvore começou a se mexer, mas não era com o vento. Sophie engoliu em seco e entrou em casa, fechando a porta da sacada em seguida.

***

Algumas horas antes...

Aria tinha acabado de chegar em casa, morava em um lugar simples com seus pais e seus dois irmãos mais novos.

—Cheguei! -A garota falou e pendurou seu casaco, seus irmãos surgiram do nada e jogaram água nela com a ajuda de uma arminha de plástico.- Parem com isso, essa roupa não é minha!

Os meninos saíram correndo e rindo e os pais de Aria apareceram.

—Aria! -A mãe da garota estava apavorada.- Você não estava aqui ontem, eu tinha planejado um jantar em família!

—Calma Eliza! -O pai de Aria, acalmou a esposa.- Nós temos algo importante pra te dizer Aria.

—Podem falar... -A garota estava nervosa.

—Estamos nos mudando querida! -Eliza veio e abraçou Aria, que fez uma cara estranha.- Pra uma casa gigante.

—Desde quando temos dinheiro pra essas mudanças? -Aria questionou.

—Desde que eu consegui uma promoção! Vamos nos mudar para a Austrália. -O pai de Aria comemorou e Eliza comemorou junto. Aria fez uma careta.- O que foi querida?

—Eu estou feliz por você pai. -Aria começou.- Mas eu não quero me mudar pra lá...

—Como não? -Eliza perguntou encarando a filha.- Você sempre reclama que aqui não tem amigos e nem consegue arranjar namorado. Até estranhei quando disse que ia passar a noite na casa de uma amiga.

—Exatamente mãe! Eu sempre fui muito complicada para arranjar amigos... -Aria continuou.- Mas ontem isso começou a mudar, conheci umas garotas que podem dar grandes amigas! Se eu me mudar agora, vou perder essas amizades e não sei se conseguirei encontrar novos amigos na Austrália.

—Não interessa, já está decidido, nos mudamos pra Austrália daqui uma semana! -O pai da garota deu o veredicto. Aria, que já não tinha um bom relacionamento com a família, se revoltou.

—Então é isso? Vocês só pensam no que é melhor pra vocês? -Aria questionou. Uma leve ventania começou a se formar lá fora.- Se esqueceram de que sou a filha de vocês? Vocês não dão a mínima pra minha opinião!

—Exatamente, você é nossa filha, enquanto viver embaixo do nosso teto, vai obedecer as nossas ordens! -Eliza falou.

—Por que vocês não me deixam cuidar da minha vida? Cuidem da vida de vocês, Puta que pariu! -Aria falou e sentiu uma mão em seu rosto, sua mãe havia lhe dado um tapa. A ventania começou a ficar mais forte.- Vocês não podem decidir o que é melhor pra mim!

A garota saiu de perto dos pais e entrou em seu quarto, lá, começou a quebrar vasos e quadros de família. Ouviu sua mãe a xingando. Nesse momento, a ventania ficou tão forte, que começou a bater portas e janelas, Aria ouviu algo quebrando no local em que seus pais estavam e sua mãe gritando, riu involuntariamente, até perceber que se sentia extremamente confortável com aquela ventania, abriu a janela de seu quarto o máximo que pôde e ficou sentindo o vento forte.

***

Atualmente...

Maddie chegou em casa com várias sacolas de compra, as deixou no carro, a mansão Strass era sempre lotada pelas festas de seu irmão, hoje não seria diferente. Henry estava em cima da mesa de jantar, dançando com duas garotas enquanto a música tocava extremamente alta.

—Henry, cadê nossos pais? -Maddie gritou, por conta da música alta.

—Viajando, é claro! -Henry desceu da mesa e ofereceu bebida para a irmã, que recusou.

—Vamos conversar ali na cozinha irmãozinho? -Maddie deu um sorriso irônico e puxou Henry pela gola da camisa sob os olhares de estranhamento das garotas. Ao chegar na cozinha, que estava igualmente lotada e com algo sendo cozido em uma enorme panela de pressão. O barulho era quase inaudível, o que permitiu Maddie falar normalmente.- Outra festa? Nem terminaram de limpar a bagunça da de semana passada!

—Que foi? Encontrou a camisinha que deixei no seu quarto? -O garoto sorriu e Maddie fez uma cara de nojo.- Tô brincando maninha! Pode ficar tranquila que nessa o pessoal vai se comportar e... -Mal terminou de falar e foi ouvido o barulho de algo se quebrando e todos gritando de felicidade.

Um garoto moreno e alto entrou na cozinha, ele carregava uma caixinha de música quebrada em pedaços, ao verem a caixinha quebrada, Maddie fez cara de espantada e Henry se lamentou mentalmente.

—Me dá isso aqui! -Maddie pegou os pedaços da caixa e acabou se cortando. Ela estava ficando nervosa. O fogo da panela aumentou e a pressão começou a surgir.- Eu não acredito nisso!

—Maddie, a gente pode comprar outra. -Henry passou as mãos no cabelo loiro claro e se desculpou com a irmã através dos olhos verdes claros.

—NÃO TEM COMO SUBSTITUIR ISSO! -Maddie gritou. A panela de pressão fazia cada vez mais barulho.- Você sempre faz as suas besteiras e sou sempre eu que tenta corrigir as suas merdas, mas isso não tem perdão! -O garoto não disse nada.- Era a única coisa que eu tinha! A única lembrança, a única chance...

—Eu sinto muito. -Foi tudo que Henry conseguiu dizer. Maddie estava chorando e ficou indignada. Bateu o pé com raiva, a panela de pressão explodiu e começou a pegar fogo. Algumas pessoas foram correndo apagar o fogo e Henry foi atrás da irmã que tinha saído.- Maddie, espera!

—VOCÊ É UM IDIOTA! -A caixa de som falhou e começou a sair faíscas. Logo começou a pegar fogo.- E dessa vez, eu não vou consertar suas besteiras...

Maddie subiu para seu quarto e trancou a porta, sentou na cama chorando e encarou os pedaços da caixinha de música. Percebeu que o dedo que havia cortado estava sangrando muito e fez um curativo. A caixinha era sua única chance de encontrar sua irmã mais velha, afinal, Lua não era a única com uma irmã desaparecida.

***

Lily havia chego em casa fazia horas, mas estava extremamente entediada, seus pais estavam no hospital fazendo companhia para sua avó, mas ela preferiu não ir. Desceu até a cozinha e abriu os armários. Encontrou diversos temperos de diversos lugares do mundo, uma vontade súbita de fazer algo novo.

Pegou uma panela e colocou água para ferver. Separou Açafrão, Tomilho, Cardamomo, Noz-Moscada, Baunilha, Macis, Absinto, alho, canela, gengibre e, para dar um toque extra, menta e hortelã! Era uma mistura arriscada, mas valia a pena, mesmo tendo 90% de chances de dar errado.

Picou o alho, as folhas de menta e hortelã, misturou todos os temperos em uma ordem exata, em quantidades exatas que simplesmente apareciam em sua mente. No final, deixou por um tempo no fogo, quando chegou a um ponto que ela considerava exato, pegou uma colher de madeira fina e mergulhou na mistura, depositando um pouquinho em sua mão e provando. Estava maravilhosa!

Lily se perguntou da onde tirou aquela ideia, mas no final, apenas sorriu e se orgulhou de si mesma.

***

Lua estava em seu quarto. Era tarde e ela não conseguia dormir, o vento continuava batendo forte na janela, apesar de não ser esse o motivo pela sua insônia.

A garota levantou da cama, calçou suas pantufas de unicórnio e foi até o quarto ao lado, o quarto de Luna. Ela entrou e foi direto para o banheiro, sem notar a presença de mais alguém ali.

Lua encarou a mochila no canto do banheiro e começou a chorar, caiu no chão e engatinhou até a mochila. A mochila estava aberta de quando Lily tinha mexido, Lua apenas começou a tirar os livros e cadernos de dentro dela. Obviamente os livros eram velhos, estavam lá a mais de cinco anos, mas Lua não perdeu a chance de ler as anotações de Luna em cada caderno, chorando cada vez mais. A chuva começou a cair em gotas pequenas. Lua encontrou o diário de Luna dentro da mochila, abriu-o e começou a leitura.

Hoje, Thomas me levou para passear no jardim da biblioteca durante a folga dele.

Lua não terminou. Jogou o diário longe e começou a chorar ainda mais, sentia falta da sua irmã mais velha.

—DESGRAÇADO! -Lua gritou, a chuva começou a cair mais forte. Uma figura feminina observava Lua da porta, mas ao ouvir o barulho de passos, a figura correu para a janela e a pulou.

—Lua... -Matthew entrou no quarto e foi direto para o banheiro.- Maninha, você precisa dormir.

—Eu não posso Matt! -Lua chorou mais ainda, mais chuva caía.- Se ela não tivesse conhecido aquele maldito bibliotecário, ainda estaria aqui com a gente!

—Eu sinto muito... -Matthew falou e ajoelhou-se ao lado da irmã, a abraçando forte.

—Matt... -Lua falou e encarou a bolsa.- Ainda tem algo na mochila...

Matthew encarou a irmã e a soltou, a mesma foi até a mochila da irmã e tirou o livro que estava dentro dela. Matthew foi até ela e se inclinou para ver.

—É um livro em latim. -Matthew reconheceu.

—Eu tenho um igual, mas é o volume I, este é o II. -Lua falou, suspirando.- Eu achei na biblioteca. -A garota abriu o livro e na primeira folha, ela e Matthew conseguiram ler muito bem; "Pertence a Thomas Hudson".- Aaahhh!!! -Lua gritou e largou o livro. Trovões se espalharam, as luzes piscaram e a chuva ficou tão forte que pareciam pedras caindo.- Foi tudo culpa dele!! ELE TIROU ELA DE NÓS!

Matthew Abraçou a irmã e começou a chorar junto, ambos ajoelhados no canto do banheiro, lamentando a perda da irmã mais velha.

 

***

—Você é meio doida né? -Josh falava enquanto Molly lia um livro.

—O que você quer agora? -Molly abaixou o livro e encarou o garoto.

—Como pôde transformar aquelas jovens sem futuro em seres com mentes avançadas? -Josh estava indignado.

—Josh, larga de ser burro! -Molly riu. O garoto fez uma careta.- Eu não as transformei em seres de mentes avançadas. -Josh fez cara de dúvida.- Elas mesmas se transformaram nisso quando recitaram o feitiço.

—Com o livro que você deu a elas!

—Mas de qualquer jeito, não fui eu que as transformei.

—Então o que fomos fazer lá? -O garoto encarou Molly com curiosidade.

—Eu fui transformá-las em descendentes!


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Notas finais do capítulo

Desculpe se o capítulo foi muito grande, me avisem se querem que eu diminua ou aumente os capítulos! Não tentem fazer essa receita em casa, vai dar merda! Saibam que eu amo comentários e respondo todos eles tá?



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