O Passado Sempre Presente. escrita por Tah Madeira


Capítulo 7
Capítulo 7




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/719856/chapter/7



Emília já está em seu quarto,  vê  a sua mala,  vai direto para o banho, deixa a água morna do chuveiro lavar seu corpo,  não quer pensar em nada, em ninguém, em nenhuma das situações que está vivendo, pensa em uma música, começa a cantar  mentalmente, assim mantém os pensamentos afastados.
Coloca o roupão macio,   seca os cabelos, e volta ao quarto, e seu olhos caem sobre a rosa, que sem lembrar deixou em cima da cama,  ela reluta e a pega, e faz o mesmo gesto anterior de levar ao rosto e cheirar  o suave perfume, quando fecha os olhos lembra de Bernardo, um sorriso boba sai de seus lábios, as imagens dela com ele repassam em sua cabeça, quem era aquele homem? Como se deixou levar tão rapidamente?  Leva oa dedos aos lábios ao relembrar o beijo trocado com ele, consegue sentir o gosto dele, e o toque dos cabelos dele em suas mãos,  nenhum homem a impactou tanto como ele,  mas seu lado racional tenta falar, mas é abafado pelas lembranças daquele breve momento, a dança, o toque, a tensão, os sorrisos... Novamente  seu telefone interrompe e ela volta a pisar em terra,  ele vê o número absurdo de chamadas da tia e resolve atender.
— Tia... - mas ela nem fala pois a tia a enche de indagações.
—Emília onde está?  Como some assim?  Você está bem?  — Emília levaria como mais um dos inúmeros telefonemas que recebeu desse modo da tia, mas ao ouvir o nome da mãe,  é ela quem corta a tia.— Vitória está preocupada com você...
—Um pouco tarde para essa preocupação não acha?
—Emília a sua mãe...
—Não tia, não irei falar dela...
—Mas minha sobrinha...
—Sem mas tia,  ela já causou bastante por hoje, como a senhora deve saber ela resolveu voltar em definitivo para casa,  diz ela para ser como antes, como se fosse possível.—Emília faz uma pausa, sente quase perder o controle, ela respira fundo e troca o assunto. — Eu estou bem,  estou em um hotel, amanhã ou depois devo voltar para casa.

 

—E porque não veio para cá, ficaria muito feliz em receber você.
—Sei que sim,  mas sei que Vitória iria se fazer presente aí também e quero um pouco de paz antes dessa batalha.
—Emília não diz assim, sua mãe não veio para guerrear, ela veio recuperar o tempo...
—Um pouco tarde tia, um pouco tarde, antes não tivesse me abandonado...
—Não foi assim,  Emília minha querida... Sua mãe ela…
—Tia, não gostaria mesmo de falar sobre ela, atendi sua ligação para que saiba que estou bem...
—Você nunca estará bem sem resolver essa parte da sua vida, mas  obrigada por me atender, e me avise se precisar de algo e quando for voltar.
—Sim eu  aviso.
As duas se despedem  e Emília tenta afugentar esses pensamentos, troca o roupão por uma confortável camisola,  e deitou, ao encostar a cabeça no travesseiro seus olhos se batem novamente na rosa,  ela estica a mão e toca as pétalas como se tocasse o rosto de Bernardo.

 

Bernardo não sabe o que aconteceu, mas estava travando uma luta interna dentro de si, aquele beijo que para ele poderia ser parte do seu plano, o fez refletir mais sobre o que tinha ido fazer,  está no mesmo local da noite anterior,  com os pensamentos longe, quando seu olhar encontra outro olhar, o mesmo olhos de antes, seu coração sem querer pulsa rápido,  ele levanta antes mesmo de pensar, vai até ela.

—Bom Dia senhorita Emília. —ele sorri mesmo sem querer ao vê-la ficar vermelha, ele estende a mão para ela.

—Bom dia senhor Bernardo. — sua mão encaixa perfeitamente na dele, sentiu uma corrente elétrica passar,  algo rápido, sabe que seu rosto está vermelho, recolhe a mão, e gesticula. —Por favor, sente-se.

—Obrigado,  dormiu bem? —ele queria saber se ele lhe roubou o sono assim como ela roubou o seu. Não sabe como mas ela ficou mais vermelha, e isso já era uma resposta.

—Sim dormi bem e o senhor? — ela devolve a pergunta.

—Sim também dormi bem ,  tive os sonhos roubados por uma moça com uma rosa, não sei quem é.

 

Ele sorri olhando em seus olhos, como ele conseguia a deixar assim, desconcertada em segundos? Ela não sabia responder.

 

O café ocorreu assim, entre galanteios, e troca de olhares,  firmaram um novo jantar para aquele mesmo dia.

 

Na mansão, Vitória timidamente andava pelos corredores da casa que mais foi feliz e triste, onde riu e chorou,  ouvia as risadas de Emília, ou a voz forte de Alberto, como amou e depois odiou aquele homem.  Sentimentos e lembranças tomam conta dela aquela manhã em um jardim onde cuidou de cada rosa,  era a sua paixão, muitas tardes ela passou ali ao lado de Emília, adoravam aqueles momentos delas duas juntas ali, foi em um desses momentos que a pequena e inocente Emília a fez refletir sobre o seu casamento. Ele podia ver claramente.

 

—Mamãe a senhora gostou?—a menina perguntou curiosa.

—Gostei do quê minha filha? —Vitória limpa o rosto suado da sua menina.

—Papai não deu seu presente? —ela pergunta baixinho,  como se alguém fosse ouvir.

—Que presente?— ela fica muda,  Vitória insiste — Diga Milly,  que presente que não estou sabendo?

Emília fica vermelha com vergonha por ter se dado conta de ter revelado a surpresa do pai,  Vitória sorri por ver a filha  se dar conta de seu pequeno deslize.

—Ah mamãe estraguei a surpresa do papai.—ela fala um pouco emburrada e com cara de choro. —Vitória vai até a filha e a pega no colo.

—Não fica assim, quando seu pai me dar o presente eu finjo surpresa. O que acha? —ela sorri para a filha a solta e pega uma rosa,  alcança para e filha — Dá para  a mamãe —assim a menina faz e Vitória esboça surpresa ao receber a rosa —O que acha, foi convincente minha cara. —a menina sorri e concorda, Vitória novamente a pega no colo e pede—Agora me conta que presente é esse.

 

— Foi um colar, com uma pedra verde e uma vermelhas em volta, eu quem escolhi, papai deixou, mas na conta a ele mamãe.

 

Vitória lembra que esperou ansiosamente pelo presente escolhido pela filha, o que nunca veio, então um dia se deu conta era traída,  Emília naquela tarde tinha seis anos,  tentou de todas as formas possíveis descobrir quem era a mulher, indagou Alberto que não admitia, disse que a história do colar era invenção da filha, mas Vitória não sossegou,  as brigas entre eles eram constante, começou a se medicar por conta própria, algumas vezes em que ele dizia ter uma reunião, misturava bebida e remédio, eram noites longas aquelas, mas sempre teve o cuidado de Emília nunca presenciar uma briga deles mas quase quatro anos depois em uma tarde que levou Emília para ver o pai, ao entrarem no prédio da empresa saia uma mulher com menino, que devia regular de idade com a filha, Emília aponta para a moça, quando Vitória vai repreender a filha Emília diz do colar que parecia o que ela tinha escolhido para a mãe certa vez.

 

Vitória engoliu a seco aquilo e a custo conseguiu saber quem era a mulher e onde morava. Sabia que ela tinha um filho dois anos mais velho que Emília  que há anos mantinha um caso com seu marido.

 

Neste momento está no chão do jardim,  a chuva que nem percebeu a molha toda,  Ariel gentilmente a chama, só percebe isso quando ele a levanta e a leva para dentro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Passado Sempre Presente." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.