O Passado Sempre Presente. escrita por Tah Madeira


Capítulo 6
Capítulo 6




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Ela dirige  um pouco sem rumo, tentando pôr as ideias no lugar, as lágrimas ela deixa cair livremente, pensa em ir para a casa dos tios, mas acaba desistindo não é uma boa ideia no momento, eles não seriam de grande ajuda no momento, seriam mais alguma coisa que ela iria precisar lidar, vai para um hotel, é o melhor que tem a fazer se afastar de todos e ficar só com seus problemas e lembranças, chegando lá, depois de resolver a pendência da reserva é levada ao quarto. Emília pega o telefone e decide ligar para casa, mas ao lembrar da mãe, desliga e liga para o celular de Ariel.

— Alô, seu Ariel… sim eu mesma, preciso de um favor do senhor, peça a Anita que arrume uma pequena mala para mim, só com algumas peças...— ela passa instruções do que irá precisar e o endereço de onde está.— E seu Ariel não preciso informar ao senhor que quero sigilo de onde estou, não diga a ninguém….não nem aos meus tios…. principalmente a ela., Vitória não precisa saber — ela tremeu um pouco ao ouvi-lo falar da mãe, ainda parecia surreal a volta dela — Você pode deixar na recepção, obrigada.

Agora com a parte prática resolvida, ela senta na cama, gostaria de ir tomar um banho e vê se tira toda aquela tensão dela, mas sem um muda de roupa para trocar fica impossível, seu telefone toca, ela nem o pega só olha no visor o nome da tia, até que demorou para ela ligar, mas ainda não quer atender, precisa digerir essa volta de Vitória e sabe que falar com Zilda não iria adiantar de nada nesse momento.

Ela ter voltado era uma coisa, mas ela ter voltado para a casa, querer impor a sua presença a qualquer custo era demais, era algo que ela não estava preparada e nem sabe se um dia estaria, a casa era da Vitória ela sabe disso, foi presente de casamento dos pais a ela, mas Emília também não iria sair, ela gostava muito de morar ali, das lembranças boas que ali tinha, foi Vitória quem deixou a casa uma vez que deixe de novo, não queria admitir mas nesse ponto era tão teimosa quanto a mãe.

Decide ir caminhar um pouco pela área do hotel, fica a beira da piscina, pede um vinho e fica degustando, ainda custa a acreditar que sua mãe está de volta e na sua casa, o que ela queria se instalando lá, não iria cair no papo furado de “estou voltando para casa para ser como era antes”, como se fosse tudo fácil ou rápido de esquecer, o vinho a faz relaxar e desanuviar um pouco os pensamentos, e ver outras coisas, a noite que apesar de tudo  pelo que está passando é linda, uma noite de céu estrelado com uma lua cheia, há uma música baixinha vinda da parte que dá acesso ao restaurante do hotel, há algumas pessoas ali, e seu olhar depara com um de um moço, tão solitário quanto ela, também parece distante, um cabeleira negra e revoltada, um barba que lhe dá um certo charme, um corpo que a camisa branca de botões demonstra ser um corpo atlético, não musculoso, mas de certo modo em forma, perde tanto tempo olhando e analisando o homem, que não percebe que ele a olha também, sente o rosto ficar vermelho, não sabe se pelo vinho, já que a garrafa está quase na metade, ou se por ter sido descoberta olhando insistentemente para ele, seus olhos deparam com aqueles olhos negros que tem a sensação de reconhecimento, ele acena com a cabeça, ela retribui com um sorriso tímido, tenta desviar o olhar, mas mesmo assim seguidamente se pega a olhar para ele, sente-se ser observada também, flertar neste momento era o que menos queria, quando foi a última vez que tinha beijado, saído com alguém, não lembra, teve uns poucos relacionamentos, nada sério, e desde que assumiu a empresa ficaram mais raros, então porque não aproveitar o momento, o que mais quer é se distrair, esquecer o que está passando e o que ainda pode vir acontecer.

Como que ouvindo os seus pensamentos o homem se levanta, com o seu copo e se aproxima da mesa dela, “esse tem atitude” ela pensa e gostando de tal ato, olhando-o assim, caminhando até ela, um calor percorreu o seu corpo, tenta disfarçar mas um sorriso escapa de seus lábios, o que é prontamente retribuído pelo homem.

一 Boa Noite, posso?一 ele estende a mão, apontando para a cadeira a frente dela, ela faz que sim, antes de sentar ele diz, estendendo a mão a ela.一 Prazer Bernardo Boldrin.
一Emília Beraldini一 ela estende a mão a ele, que a toma e depositou um suave beijo, ao sentir o toque dos lábios de Bernardo, novamente aquela onda de calor a atinge, aquele beijo tão rápido, pareceu levar uma eternidade, ainda mais que ele o faz a olhando o tempo todo.

Bernardo não pode deixar de pensar na sorte que teve ao ver Emília sentar à sua frente a beira da piscina, tinha chegado a cidade com o plano já traçado, a conhecia muito bem, cresceu ouvindo falar dela, era destino ao seu favor vê-la ali, mas não sabia que ela iria mexer tanto com ele, um simples olhar, daqueles olhos castanhos, por um momento o desmontou, mas logo se recompôs, e iria aproveitar a oportunidade de se aproximar dela, sabia que ela o olhava e faz o mesmo, e quanto mais olhava mais mexido ficava, Emília tinha uns traços suaves e forte ao mesmo tempo. Perguntou-se o que ela fazia ali sozinha, será se esperava alguém?, pelo tempo que ali estão, percebe que não, em muitos momentos enquanto a observa ela olhava para o nada, perdida em pensamentos.

Levantou-se de onde estava e foi até ela, percebeu a garrafa já na metade, após as devidas apresentações e um certo charme por parte dele, Bernardo senta.
ー Como não conhecer Emília Beraldini? ー ele repete o nome dela com um certo prazer.
ー O senhor me conhece ? ー Emília pergunta com curiosidade e graça.
ー E quem não conhece, a dona das Vinícolas Beraldini, que possui os melhores vinhos.
ーO senhor trabalha com vinhos também ?
ーNão sou só um apreciador ー ele sorri para ela, que retribui o sorriso.ー Empresário por profissão e fotógrafo por hobbyー o copo dele esvazia e Emília mostra a garrafa ele aceita e ela o serve, que logo toma um gole e suspiraー Como disse um dos melhores vinhos.

Os dois sorriem, uma agradável conversa acontece entre eles, eles nem percebem o tempo passar, Emília nem lembra de seus problemas, Bernardo esquecem quem está diante de si, em um momento o silêncio aparece, a música fica mais alta, eles observam que dois casais dançam e novamente sorriem um para o outro. Bernardo de súbito levanta e estende a mão a ela.
ーAceita dançar Emília.ーBernardo abre um enorme sorriso a ela que se contagia e sorri também, Emília resolve arriscar-se lhe dando a mão, e segura com firmeza em seu braço ao se levantar e sentir uma pequena tontura por causa do vinho, mas algo passageiro.

Ele a conduz gentilmente a um espaço melhor, mas não muito longe da mesa, Emília sente a mão dele levemente suada, e quente, Bernardo a puxa suavemente de encontro ao seu corpo, ela apoiou um braço sobre o ombro dele, que passa o braço em sua cintura, seu corpo todo se arrepia ao sentir a respiração dele bem próxima de seu ouvido, os passos começam lentamente, para lá e pra cá, a música pouco se faz ouvir só ouve as batidas de seu coração, o que estava acontecendo com ela, não podia ser só culpa do vinho, tinha uma tensão, um clima, até mesmo um desejo que com nenhum outro homem que conheceu sentiu isso em tão pouco tempo.

Bernardo se deixa levar pela música pelo momento, sente que já conhece Emília a muito tempo, não da forma que sempre ouviu falar dela, de uma maneira diferente, o calor toma conta dele, apesar de ser uma noite fresca.

ーQuando quiser paramosー Ele sussurra ao ouvido dela, Emília diz algo que ele não consegue ouvir, abaixa mais a cabeça para ouvi-la melhorー Hmm o que disse.
ーNão, está ótimo aqui.

Bernardo vira o rosto para ela, seus lábios ficam bem próximo, em um impulso ele a puxa e a beija, que fica sem reação, mas retribui o beijo, sua mão vai a nuca dele, e as de Bernardo ao seu rosto, ao se dar conta do que faz Emília para o beijo, Bernardo a mantém em seus braços, mesmo com a música rolando, eles não dançam mais, mas continuam um nos braços do outro se olhando.Emília ouve seu telefone tocar, isso a traz de volta para a realidade.

ーEu preciso ir ーDiz ela se soltando dos braços dele, indo até a mesa, percebe algumas ligações e mensagens, a principal de Ariel dizendo já ter deixado sua mala na recepção.
ー Algum problema? ーBernardo também volta a mesa, deixando seu corpo bem próximo ao dela, ela vira para ele e parece ter se transformado em outra mulher, o ar relaxado tinha ido embora.
ー Nenhum, só preciso ir mesmoー ela mostra um sorriso pouco convincente e vai se retirando quando ele a pega pela mão pega do jarro que tem a mesa uma rosa vermelha, ela pega a rosa, aspira o perfume e sai.


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