Já havia completado uma semana que Adrien estava preso provisoriamente, afastado do seu trabalho e das pessoas que mais gostava(além de ter que lidar com a imprensa o perseguindo).

O pior de tudo era a expectativa para o julgamento e ausência de Plagg.Sim,Adrien teve que entregar seu Miraculous á polícia quando foi revistado pela primeira vez antes de se tornar um detento.

Agora sentado em sua cela,o Agreste relembrava a luta que teve com aqueles médicos e último suspiro de Tom que ainda ecoava na sua cabeça como um lembrete constante da sua culpa naquela tragédia.Porém ainda havia uma faísca de esperança que aumentava gradativamente em Adrien,a esperança de provar sua inocência na audiência e falar a verdade abertamente a todos.

—Sr.Agreste.-Uma voz grave se fez presente dentro da cela, Interrompendo a reflexão do prisioneiro.- Você tem visita.

O loiro se levantou rapidamente um tanto surpreso,esperando que fosse seu advogado ou algum amigo.

Enquanto tinha suas mãos algemadas e era conduzido pelos corredores sujos e mal iluminados,Adrien tentava imaginar quem era a pessoa que o esperava...por mais que tentasse pensar em inúmeras pessoas, Marinette sempre vinha a sua mente..nutrindo ainda mais as suas expectativas.

No entanto assim que chegou a sala onde eram feita as visitas se deparou com uma visitante inesperada... Chloé.

Os fios de cabelos loiros que caiam sobre os ombros e olhos azuis quase arregalados eram marcantes e familiares,transmitindo um mix de sensações para o Agreste(Afinal não sabia se iria levar um esporro da prefeita de Paris ou um consolo da sua amiga de infância).Mas suas expectativas ruins logo se dissiparam quando um sorriso se desenhou nos lábios da mulher,que logo puxou Adrien para um forte abraço.

—Graças a Deus você está bem!-A mesma choramingou como nunca havia feito antes, enquanto mergulhava sua cabeça no ombro do amigo.-Achei que nunca mais te veria! Como você está?

—Nervoso e ansioso.-O detento respondeu correspondendo o gesto.

—Eu imagino…-Chloé respondeu com um suspiro,desfazendo o abraço e se sentando a frente do amigo.-Eu sei que pode ser estranho me ver aqui,mas depois que eu soube do que aconteceu com você eu não pude deixar de te ajudar.

—Ajudar?

—Sim...Eu vou ter que ser honesta, não acredito em uma palavra do que aqueles médicos disseram e nem em nenhuma acusação que fizeram a seu respeito.Tenho certeza que você não cometeu crime nenhum...Por isso eu vou te ajudar a sair daqui mais rápido.-A prefeita pediu pra que os seus seguranças particulares se retirassem do local e logo depois chamou o agente que conduziu Adrien,lhe entregando um pacote.

—O que é isso?-Adrien começou a estranhar aquela movimentação.

—Eu vou pagar todos os agentes dessa prisão pra te soltarem o mais rápido possível, também vou pagar uma juíza da minha confiança pra te julgar na audiência e reconhecer a sua inocência diante do tribunal.

—... Chloé..-O Agreste respirou fundo e se dirigiu a amiga com um tom mais sério.-Eu não quero ter que provar a minha inocência em um crime,cometendo outro.

—Mas isso vai facilitar as coisas pra você e também porque ninguém vai saber.

—Eu sei...Mas eu não quero que suje o seu nome por minha causa e nem quero fazer nada de errado antes do julgamento (e nem depois dele).O dia da audiência já está chegando e eu vou conseguir provar a minha inocência.

—Tem certeza Adrien?

—Absoluta,eu fui testemunha do que aconteceu...mas não matei ninguém,minha consciência está limpa quanto a isso.

—Você sabe que eu só quero te ajudar não sabe?

—Sei e agradeço,mas eu não posso me envolver nisso.

—Tudo bem então...pelo menos me deixe te ajudar de outra forma.

—Qual?

—Eu vou contratar o melhor advogado da França pra te defender...e nem adianta negar essa ajuda,eu quero você fora daqui o quanto antes entendeu bem?

—Sim senhora.

—Ótimo.-Chloé se levantou rapidamente da mesa e se despediu com um olhar preocupado.-Espero que dê tudo certo no julgamento.

—Vai dar sim...eu tenho certeza.-Adrien se despediu da amiga percebendo a tensão da mesma.

 Chloé dera um último abraço no amigo e saiu do local acompanhada de seus guardas, já Adrien se retirou da sala e foi conduzido até a sua cela...No entanto o seu trajeto fora interrompido por outro agente:

—Você ainda tem mais uma visita lhe aguardando.

Adrien ficou surpreso,mas não deixou de seguir a ordem do guarda, retornando para a sala.

Assim que se sentou novamente naquela mesa,a porta que se encontrava do outro lado da sala de abriu... revelando o outro visitante.

—Nathaniel?!-O Agreste não conteve a surpresa que teve ao ver o ruivo adentrar no local.

—Eu imaginei que se surpreenderia com a minha visita.-Nathaniel respondeu com um tom frio em sua voz.-Mas não se preocupe,eu não pretendo ficar muito tempo aqui…

—Que bom…-Adrien sussurrou revirando os olhos(afinal não suportava aquele homem e muito menos a sua presença).

—Vim aqui apenas te atualizar.

—Sobre o que?

—Sobre o que realmente te interessa... Marinette.-O ruivo parecia estar se divertindo ao ver reação de Adrien,que por sua vez parecia estar incomodado com aquela suposta provocação.-Sabe,nesses últimos dias ela tem andado muito abatida e com razão,afinal deve ser um choque confiar em alguém e logo depois esse alguém matar o seu pai...Realmente lastimável.-Nathaniel não tirava os olhos de Adrien,apenas esperando uma reação negativa do mesmo...Mas surpreendentemente sem receber resposta alguma.

—Mas enfim...Por conta de tudo o que aconteceu,a Mari não está em condições de continuar aqui na França e por isso ela pretende se mudar pra Shanghai depois do julgamento.

—Shanghai?!

—Sim.

—Porque?-Adrien tentava buscar alguma explicação pra essa mudança tão repentina de Marinette.

—A maioria da família dela mora lá pelo que eu soube...Pelo menos ela vai ficar longe de influências negativas.-Nathaniel em sua última frase encarou Adrien como se tivesse o acusando.-Afinal de contas ela precisa de boas companhias ao lado dela nesse momento tão difícil.

—Realmente....o Nino e Alya vão cuidar muito bem dela.

—Eu não tenho dúvidas disso,mas muitas coisas mudaram nessa semana em que você esteve preso...A Mari fez novas amizades, inclusive eu e ela viemos nos aproximando muito ultimamente.

—Eu percebi,pra você estar chamando ela de “Mari” já devem estar bem íntimos.-O agreste respondeu com um tom de deboche ao perceber as tentativas frustradas de Nathaniel de atingi-lo.

—Talvez,afinal muitas coisas podem mudar em uma semana não é mesmo?Seu caso é um grande exemplo disso.

—Achei que você só tivesse vindo aqui pra me atualizar…

—Eu resolvi ficar mais um pouco aqui pra ouvir você se manifestar sobre o assassinato e a acusação contra você,mas parece que você não parece nem se importar em dar uma explicação.

—E porque eu deveria?Eu não tenho que me justificar pra ninguém a não ser a juíza e a toda a família da Marinette, não preciso da sua “aprovação” pra me sentir menos culpado, você pode até ser bem próximo da Marinette...mas isso não faz de nós “amigos”.

—Olha cara...eu não quero intrigas tá legal?Eu sei que nós não somos tão chegados assim,mas pensamos da mesma forma em relação a Marinette e…

—Eu jamais pensaria da mesma forma que você,se acha mesmo que vai me fazer de idiota com esse papo de “paz e amor” tá muito enganado! Está bem visível que você só quer se aproveitar da fragilidade da Marinette para se aproximar e conseguir o que quer.

—E por acaso você sabe o que eu quero?

—Não...Mas tenho certeza que não é algo bom.

—E quem é você pra falar sobre bondade?Desconfia de mim quando quem está sendo acusado de assassinato é você?Isso parece ser bem contraditório…-O ruivo percebeu que Adrien começará a ficar cada vez mais incomodado com as suas provocações e não hesitou em continuar.-O que foi?Ficou chateado?Hahahhahaha...Desculpe por ser tão realista.

—Realista vai ser o soco que eu vou dar na sua cara!-Adrien tentou se desprender das algemas enquanto rangia os dentes e cerrava os punhos.

—Vá em frente!-Nathaniel inclinava o rosto na tentativa de provocar ainda mais o loiro.-Manda ver!!

O Agreste até tentaria outro golpe,mas pensou duas vezes antes de tomar aquela atitude “É isso que ele quer!Se eu fazer isso é capaz da minha pena aumentar por mal comportamento.”

—O que houve?Desistiu?

—Eu não vou fazer isso…-Adrien respondeu se afastando.

—Ficou com medo?-O ruivo perguntou ironicamente,irritando ainda mais o prisioneiro.-Eu realmente estava errado em relação a você... Alguém que não tem coragem de dar um soco em alguém não teria nem capacidade de matar uma mosca ,muito menos uma pessoa... Não é toa que seu pai se matou,ter um filho tão medroso e fraco deve ser uma grande decepção,seu pai foi um grande homem e é uma pena que você jamais chegará aos pés do que ele foi.

 Adrien respirou fundo e tentou ao máximo não se levantar daquela cadeira e atacar Nathaniel,apenas encarando-o friamente.

—Ué? Não vai dizer nada?-O ruivo se aproximou com um sorriso sarcástico.

—Eu não quero desperdiçar as minhas palavras com pessoas como você.

—Então é melhor guardá-las pro julgamento,porque vai precisar…-Nathaniel olhou o relógio de pulso e em seguida se levantou da mesa.-A conversa estava boa,mas eu tenho um compromisso com a Mari agora...Mas não se preocupe eu irei cuidar dela por você.-O mesmo se despediu aos risos e com um aceno repleto de ironia, até sair por completo do local.

—...Desgraçado…-O loiro murmurou rangendo os dentes,agora a sua vontade de provar sua inocência diante do tribunal aumentava cada vez mais.Ele sabia que não precisava provar absolutamente nada a Nathaniel,mas se preocupava como a forma que o mesmo pudesse influenciar Marinette e aos outros ao seu redor.

 O pior de tudo era saber que não poderia simplesmente se transformar em Chat noir e dar uma “lição" naquele cara,teria que esperar pelo dia do julgamento para poder fazer aquilo através da decisão da juíza e do júri.