Proibido para menores de 70 anos escrita por Gabi Wolf, Giovanna Wolf


Capítulo 8
Novos amigos?


Notas iniciais do capítulo

Voltamos pessoal! Queríamos agradecer pelo comentário da Wendy... Sério, você é incrível Wendy! Também gostaríamos de agradecer pelos favoritos e acompanhamentos: vocês fazem essa fic valer a pena!! :O



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In every life we have some trouble

But when you worry, you make it double

Don't worry, be happy

P.O.V Nicolas

Fomos dormir na casa do Manuel, que por sinal era uma baita de uma grande mansão. Tinha até colunas. De mármore. Parecia um sonho e por um momento quase perguntei a ele o que ele havia feito para ganhar tanto dinheiro assim.

Eu e Valentína infelizmente ficamos no mesmo quarto. Era horrível. Se ela não conversava comigo, me dava chutes, como se eu fosse uma bola de futebol ou algo do tipo.

Acordei no meio da noite naquela imensa cama de casal. Estava ainda com um pouquinho de fome, mas falei para o meu estômago esperar até o dia seguinte e voltei a dormir.

Era umas oito da manhã quando acordei com o barulho de pessoas conversando no andar de baixo. Desci as escadas e encontrei aquela garota- a neta do Manuel-sentada no grande sofá branco que ia de uma parede a outra. Ela estava no celular, e no modo como mexia os dedos, imaginei que estivesse mexendo em uma rede social ou conversando.

— Olá.- falei, de modo bem tímido.

— Oi.- ela respondeu.

— Qual é o seu nome?

— Camila.

Ela nem respondeu. Deveria falar o meu?

— O meu é Nicolas.

Nenhum “prazer em conhece-lo!” ou nem nada caloroso assim. Realmente, eu estava começando a achar que ela se parecia com o seu avô. Tanto o físico como a personalidade. Acho que encontraria dificuldades em conversar com ela. Mas... Quem se importa? Afinal, ela era uma garota. Garotas são chatas. Melosas. Bobas.

Entrei na enorme cozinha e vi vovô, Manuel e Tio Barnabé sentados, reunidos em uma grande mesa branca. Grande mesmo, como se ela fosse feita para o próprio presidente. E sob ela, havia um candelabro de cristal. Uau.

— Meu netinho! Como passou a noite?- vovô me recebeu, como sempre, o amor em pessoa. Ele me deu um beijo na testa.

— Bem... Eu acho... Valentina ficou me chutando a noite inteira.- reclamei, com um pouco de dor nas costas. Estava começando a parecer o vovô agora.

Manuel riu. Se ele achava tanta graça, por que ele não dormia com a Valentina? Apenas uma noite seria o suficiente para ele sentir a maior dor nas costas da vida dele. Garanto. Era assim mesmo.

Sentei-me na mesa e comecei a comer o que estava sob ela, enquanto ouvia as conversas do vovô com o resto da turma:

— Afinal, o que houve entre você e o Francisco, Manuel? - Tio Barnabé perguntou.

— Nada demais. Aquele velho astuto roubou a Filomena de mim e ainda levou a maior parte do meu dinheiro em um jogo de baralho. Aquele trapaceiro sem-vergonha...- Manuel bufou.- SÓ ISSO que ele me fez.

— Estou perguntando a mim mesmo se a Filomena continua do mesmo jeito sabe? – Barnabé disse.- Aposto que sim...

— Até você, passa cola?!?- Manuel parecia não acreditar no que havia ouvido.

— O que há de errado em apreciar uma bela mulher?

— Você fala como se estivesse falando de uma garrafa de vinho...- Manuel pegou um pedaço de pão e mergulhou na manteiga.- Elas são todas iguais. Te seduzem só para pegar o seu dinheiro e depois. Puf.... Somem.

Acho que me lembraria dessa lição.

— Nem todas são assim.- vovô suspirou.- Eu tive a mais bela esposa que um homem pode ter: carinhosa, cuidadosa.... Uma boa mãe e avó.

Um silêncio seguiu-se. Acho que pela cara que o vovô fez, todos sabíamos o quanto a vovó era importante para ele. Era transparente em seus olhos o amor por ela. E ele tinha razão: a vovó era a melhor avó do mundo. Pena que ela havia ido...

Decidi mudar de assunto, sabendo o quanto isso incomodava o vovô. Acho que lembrar dela, por mais que fosse agradável, ainda era uma dor para ele.

— Então, com quem falamos primeiro? A Filomena ou o Francisco? – Questionei, já farto de tanto comer.

— O Francisco mora mais próximo daqui.- Manuel falou ,mastigando um pão de batata tão delicado quanto um búfalo devora seu jantar.

—  Vamos lá então.- chamei.

$$$

— Acho que é o número 916 – Manuel comentou.- Estamos no 812.... Daqui a pouco estamos lá. Se estivéssemos de moto, já teríamos chegado.

— Eu não vou andar nessas coisas assassinas.- Vovô disse.

— Problema é seu. Agora vamos demorar mais, seu velho medroso.- Manuel bufou.

— É sempre bom esticar as pernas e andar um pouco. Com certeza é mais agradável, tenho de concordar com o Bento. E além do mais, você é péssimo na direção Manuel.- Barnabé riu, o sol refletido nos seus encaracolados cabelos grisalhos.

Enquanto uns discutiam com os outros, eu, Camila e Valentína ficamos para trás. Valentína caminhava saltitando, uma daquelas manias de menininhas dela. Já Camila estava a todo momento no celular.

— Então... O que você gosta de fazer Camila?- puxei assunto. Aquela caminhada estava me matando sob aquele sol.

Passamos por algumas casas bem simples, mas não tanto. Pareciam ser de um condomínio.

Ela mal respondeu. Vai ver não gostava de conversar.

— Olha, não olhe para mim. Não fale comigo. Não dirija o olhar para mim, Ok? – Ela ordenou.- Não estou nem aí para você. E na verdade, eu não queria estar nessa porcaria de passeio com alguém como você. Falou?

Eu estava literalmente sem palavras. Como ela era amigável.

— Falou...- murmurei e ela aumentou o ritmo de seus passos, me deixando para trás.

$$$

Quando estávamos quase chegando, senti uma enorme canseira. Estava morto e me sentia como um cangaceiro naquele sol de rachar. Não tinha dúvidas de que se eu colocasse um ovo naquele asfalto, ele iria fritar imediatamente. É, o sol de Minas Gerais era realmente rigoroso.

Não aguentei e decidi parar um pouco. Minha garganta estava totalmente seca. Acho que estava mais velho que o meu avô, que até aquele momento, não havia parado nem para respirar.

— O que houve Nicolas? - Valentína perguntou. Como se não bastasse.- Por que parou?

— Nada Valentina, nada.- respondi ríspido.- Me deixa.

— Vovô! O Nick parou.- Valentína anunciou para todo mundo ouvir. Ótimo. Agora eu era o fraquinho do grupo.

Vovô virou-se para trás e perguntou preocupado:

— Você está bem Nicolas?

— Estou vovô. Só um pouco cansado.- arfei.

— Já chegamos Manuel? – Barnabé perguntou.

— Acho que sim. Ou então, nos perdemos.

Só faltava essa. Nos perdemos.... Andamos tudo aquilo à toa?

Até que...

De repente, avistamos uma cena bastante curiosa. Dois vizinhos estavam brigando lá perto. Era uma situação um tanto cômica. Um gritava com o outro. Estavam apenas separados por um cerca de madeira:

— Seu velho tolo, será que não pode concertar o seu carro em outro lugar? – O vizinho parecendo mais novo indagou, irritado.

— O quê? – O vizinho mais velho não escutou. – O que você disse?

— Ah!! – o outro bufou.- Além de velho é surdo!

Percebi que o velhinho pegou uma mangueira do seu jardim e a apontou para o seu concorrente. Água espirrou para todas as direções. O vizinho estava ensopado:

— Olha o que você fez! Era minha roupa nova.

— O quê?

— Argh! Eu não aguento esse velho!- então entrou dentro de sua casa e bateu a porta com a maior força.

Todos paramos por um instante. Tio Barnabé sorriu. O cachimbo repousando em um canto da boca:
— Acho que esse é o Francisco.


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