Proibido para menores de 70 anos escrita por Gabi Wolf, Giovanna Wolf


Capítulo 2
Capítulo 1- Esqueçam a osteoporose botem para quebrar!


Notas iniciais do capítulo

E aí batuta?



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P.O.V Nicolas

Lembro-me muito bem que quando a vovó morreu, o vovô passou a ser a pessoa mais triste do mundo. Antes, ele me enchia de carinhos, contava-nos história- para mim e minha irmã Valentina- e fazia piadas.

Porém, apesar de tudo isso, nunca deixei de amar o vovô, e eu tinha certeza de que ele voltaria a ser o que ele era antes. Pelo menos, era o que eu esperava, antes de a mamãe e o papai o colocarem em um asilo que eles preferem chamar de “Lar de idosos”.

Por mais que a mamãe e o papai tivessem comentado algo sobre o novo lar do vovô, eu e Valentina nunca havíamos o visitado antes. Na verdade, não fazíamos ideia do que realmente era um lar de idosos... A mamãe e o papai faziam questão de dizer que era parecido com uma chácara, ou algo do tipo.... Diziam também que lá eram cheios de velhinhos que eram bem cuidados por moças bem jovens.

Mas, eu tinha a impressão de que eles estavam escondendo algo...

Então, em uma bela manhã de sexta-feira, Mamãe e papai levaram eu e Valentina para visita-lo no tal lar de idosos. E como amávamos o vovô, estávamos bem animados com a notícia, a nosso próprio modo e estávamos bem inquietos no banco traseiro do carro, contando os minutos para vê-lo novamente.

— Nós vamos poder nadar lá mamãe?- Valentina questionou, enquanto brincava com seu ursinho de pelúcia. Presente da vovó no aniversário dela de dois aninhos. Quando ela ainda babava em mim e não tinha quase nenhum dente útil.

— Não querida. Os velhinhos não podem nadar.- mamãe respondeu e vislumbrei seu reflexo no espelho retrovisor do carro, onde pude ver seus lábios sendo retocados por um batom vermelho escuro.

— Por que não? – Valentina insistiu, o que me irritou um pouco. Ela tinha uma mania bem tosca de fazer a mesma pergunta várias vezes...

— Por que não Valentina!- respondi.- Será que você não consegue entender um não?

— Nicolas! Não discuta com sua irmã!- mamãe me repreendeu. Por que ninguém naquela família me entendia depois que Valentina nasceu?!?

Nem me dei o trabalho de responder. Pus meus fones brancos no ouvido e apertei play em uma música qualquer no Itunes. Mal fechei os olhos e apaguei completamente. E como a viagem era longa, me serviu para tirar uma boa soneca.

— Nicolas acorda!- despertei com Valentina me chacoalhando.- Chegamos Nicolas! Chegamos!!

— Hm...-murmurei abrindo os olhos e retirando o cinto que estava envolto na minha cintura.- Já vou...

Saí do carro e me deparei realmente com uma velha casa cercada de um pouquinho de mato. Como Minas Gerais era infestado de verde, minha vista já havia mais do que acostumado com a cor. Mas ainda assim, morávamos um pouco distante da natureza, mais perto da cidade.

Porém, era uma casa consideravelmente grande ao meu ver. Tinha até uns cavalinhos de cenário, atrás da cerca...

Entramos juntos na casa e não demorou muito para sentirmos o cheiro de pomadas para assaduras e bolo de fubá. Só na sala de estar, estavam reunidos uns dez velhinhos, distribuídos nos sofás velhos assistindo futebol na velha TV que parecia ter sido doada ao local de tão velha.

— Olá?- Mamãe chamou.- Sra. Silva?

Poucos segundos depois, uma mulher toda vestida de branco- mas com uma cara bem longe de pertencer a um anjo- apareceu na nossa frente. Ela era um pouco rechonchuda e um pouco torrada, e tinha uma trança malfeita no cabelo. É...Talvez bem simpática, eu diria.

— Boa tarde Sra.Oliveira, como vai?- ela sorriu, gerando uma covinha no queixo. Em seguida se abaixou, como se estivesse falando com anões e não com crianças.- E vocês garotinhos lindos? São seus filhos Dona Silva?

— Não, somos os bisnetos dela!- respondi. Se estávamos com a minha mãe, era óbvio que éramos filhos dela, né?

Percebi que meu pai havia me beliscado com força nas costas, algo que ele fazia quando queria chamar a minha atenção:


— Olha a educação garoto! E fale bom dia para a Sra. Silva! – fiz um sorriso forçado, a mando dele, e em seguida ele acrescentou:- Desculpe os modos do meu filho...

— Tudo bem Sr. Oliveira.- ela riu. – Eu amo crianças, e tenho a certeza de que vamos nos dar muito bem.... Não é crianças? - E procurou uma aprovação no nosso olhar.

Respondi um sim meio desanimado, bem contrário do sim da Valentina e continuamos o nosso tour pela casa de idosos.

Passamos por velhinhas com bonecas, velhinhos resmungões e velhinhos fazendo sei lá o quê... Até finalmente entrarmos em uma área descoberta com algumas mesas e cadeiras, bem florida, onde encontramos o vovô sentado em uma delas, tomando um banho de sol.

A Sra. Silva entrou no local e conversou com o nosso avô, como se estivesse avisando ele que estávamos ali, mas tudo em plena voz baixa, como em um cochicho.

Então, ele virou a cabeça para trás, e ao nos ver, levantou-se depressa- como sua idade lhe permitia, aos lentos passos- e veio em nossa direção de braços abertos, anunciando previamente um abraço. Corri para abraça-lo:

— Vovô Bento!!- gritei.

O vovô beijou nossas cabeças e continuou abraçado conosco, até que nossa mãe veio na direção dele cumprimentando-o friamente:

— Oi pai.- ela simplesmente falou ao seu velho pai.

— Filha, quanto tempo...- ele suspirou, com um braço nos ombros de Valentina e outro braço nos meus ombros.- Veio finalmente trazer meus netos para me ver?!?

— Eles vão passar um tempo com você pai.- ela decretou, na pose de uma rainha, como se ela estivesse se dirigindo a um súdito. Como ela poderia ser tão rude com o vovô? - Eu e Vicente vamos viajar fora do país para negócios, entende? Precisamos de alguém que fique com eles. O senhor se incomoda?

— Por que meus tesouros me incomodariam? - vovô riu e sorri para ele. Ele sim sabia me tratar bem.- Parece que não os conhece realmente... São boas crianças, na verdade, digo que nem o menino mais comportado desse mundo se comporta tão bem quanto eles.

Mamãe deu um sorriso meio falso, como o do papai, que estava um pouco desconfortável com a situação. Havia algo que estava decidido: passaríamos um tempo com o vovô. E com esse motivo, mamãe deu ao vovô a lista que ela dava a todas as babás que cuidavam de Valentína- uma lista de alergias e deveres que ela tem- , uma enorme frescura na minha opinião...

E então, despreparados, acenamos para o carro da mamãe e papai. Com certeza para mim, ficar com o vovô era uma das melhores coisas da vida.


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