Proibido para menores de 70 anos escrita por Gabi Wolf, Giovanna Wolf


Capítulo 12
Projeto Fábrica dos sonhos


Notas iniciais do capítulo

Olá patota! Sentiram saudades?
Voltamos com mais um capítulo para comemorar um novo ano ;)



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P.O.V. Nicolas

Estávamos todos reunidos em uma grande mesa de uma sala de jantar na casa de Filomena. Havia várias xícaras sujas na pia e uma empregada lavava-as com a maior paciência possível. Se você achava que o Manuel era a pessoa mais rica do mundo, era porque você não conhecia a casa da Filomena.

— O plano é o seguinte: Cada um de nós tem chance de realizar um sonho que sempre quis na vida, mas nunca conseguiu.- Vovô Bento falou, como um capitão de um time de futebol americano, como eu frequentemente via naqueles filmes americanos.- Por isso, peço que pensem muito antes de fazerem isso, porque, cada um de nós possui apenas uma chance.

— Você não acha melhor anotar o que cada um quer em um papel? – Francisco sugeriu.- Não vou conseguir lembrar de tudo isso.

— Alguém tem um papel aí?- Manuel perguntou.

— Tem esse guardanapo aqui.- Filomena colocou o guardanapo no centro da mesa branca de mármore.

Tio Barnabé pegou o guardanapo e em seguida retirou uma caneta do bolso. Acho que era ele quem iria anotar as coisas.

— Mas, como vamos saber qual sonho vamos realizar primeiro? – Perguntei. Confuso. – Por ordem de idade?

— Não, meu garoto. Tive uma ideia melhor.- Barnabé anunciou.- Cada um escreva seu nome em um pedaço de um guardanapo, com letras bem pequenas, depois entregue-os a mim.

Todos fizeram o que Tio Barnabé havia pedido. Eu e Valentína estávamos quietos, imóveis, esperando no que aquilo iria dar.

Tio Barnabé recolheu os papéis e colocou todos em uma das suas mãos. Em uma das palmas amareladas. Em seguida, colocou a outra mão sobre aquela, fazendo uma espécie de caixinha improvisada. Ele ia sortear os nomes.

— O primeiro que eu tirar, terá o sonho realizado primeiro.- Tio Barnabé fez suspense. Revirei os olhos. Aqueles velhinhos eram demais.- O primeiro é ... Manuel!

— Eu?- Manuel estava radiante.

— Não, minha avó.- Camila respondeu o avô, sentada ao lado dele, mexendo novamente no celular. Não sei porque ela implicava tanto com ele, já que ela era idêntica ao avô.

— Mais educação menina.- Manuel bufou.

— Qual é o seu sonho Manuel? – vovô perguntou.

— Quero ir naquele número de circo, o RODA DA MORTE!

Ai... Era bem a cara de Manuel, não é? Fazer um número de circo... Se fosse eu teria escolhido outras coisas, como viajar para o estrangeiro, andar de elefante na Índia, comprar um pedaço da Disneylândia... Mas, tudo bem. Afinal, o sonho era dele mesmo.

Os outros velhinhos começaram a rir. Manuel franziu o cenho.

— O que houve? Vocês perguntaram meu sonho, não é?

— É que é bem a sua cara.- Francisco riu e depois encarou o companheiro com um olhar de desdém.

— Como assim, minha cara?!?- Manuel, colocando ambas as mãos na mesa, inclinou o rosto na direção de Francisco e depois apontou o dedo indicador para o mesmo. Lá vamos nós de novo...

Ainda bem que Tio Barnabé se levantou da cadeira e afastou os dois. Estavam a ponto de eclodir a terceira guerra mundial.

— Se vocês não pararem, vou ser obrigado a expulsá-los do grupo.- Barnabé advertiu-os.- Não estou para brincadeiras e nem para provocação de bebês babões.

Manuel bufou, se ajeitando novamente na cadeira. Ajeitou sua touca e a colocou novamente por cima de seus cabelos loiros claros. Já Francisco apenas continuou como estava, equilibrando o peso do corpo de um pé para o outro.

— Está decidido. Esse é o sonho de Manuel e ponto.- Filomena afirmou.- E faremos o possível para realiza-lo.

— Só porque é o sonho do Manuel.- Francisco soltou um resmungo quase inaudível.

Barnabé chacoalhou para a segunda vez as mãos. Retirou outro pedaço de papel. Nele havia o nome Filomena.

— YESS!- Filomena deu uma pequena comemoração.

— O sonho?- vovô perguntou.

— Cantar no The Voice Brasil.- ela parecia decidida. Queria ter a coragem que ela tinha para expor minha voz para milhares de brasileiros.

Barnabé anotou o sonho de Filomena em um papel e em seguida deu uma piscadela para a mesma:

— Parece que temos alguém que é corajosa aqui.- Percebi que Filomena havia ficado um pouco corada.- Vai se dar muito bem.

Filomena soltou um “obrigada! ”bem baixinho. Achei que Francisco iria ter um troço lá mesmo. Já que ele estava olhando bem feio para Barnabé. Vai ver eram ciúmes da sua velha amiga.

— A terceira pessoa mais sortuda do dia é... – Outro papel tirado.- Ora... É o Francisco.- O cachimbo caiu um pouco de lado. Tio Barnabé ergueu uma sobrancelha grisalha, surpreso.- Sonho?

— Quero ir a Las Vegas — Ele simplesmente disse.- Aproveitar o que eu nunca tive chance de fazer.

Tio Barnabé anotou no guardanapo. Aquela organização parecia infindável, como uma daquelas reuniões da minha escola...

O mesmo aconteceu duas vezes depois. O quarto retirado foi Tio Barnabé que falou que queria ir ao museu do Louvre em Paris. Logo em seguida, o último sonho foi do meu avô. E por isso, me forcei a prestar atenção no que ele iria falar. E ao contrário do que os outros tinham escolhido fazer, vovô simplesmente expôs seu sonho mais secreto:

— Ir aquela chácara, onde eu morava, com os meus netos.- Ele sorriu. Vovô era um homem simples, mas aquela atitude realmente havia ressaltado aquela característica dele. E não era só eu que me sentia assim, já que percebi que o resto parecia surpreso.

— Só isso?- Francisco estava incrédulo.- Ir a uma velha chácara mofada?

— Sim. Esse é o meu pedido.- eu sorri, orgulhoso do meu avô, enquanto ele terminava.- Quero ensinar meus netos a viver. A se comportarem como crianças de verdade. E por isso, peço apenas uma semana naquela chácara.... Ela me traz boas lembranças. Dos melhores tempos que eu já tive.

Ele havia estourado a boca do balão- expressão aprendida recentemente- e deixado todo mundo boquiaberto. Tio Barnabé fez um careta meio confusa, mas decidiu entender o pedido do amigo, anotando seu sonho no guardanapo.

Agora sim, a aventura iria começar.


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