Proibido para menores de 70 anos escrita por Gabi Wolf, Giovanna Wolf


Capítulo 11
Conhecendo Filomena


Notas iniciais do capítulo

Terceiro capítulo hoje, hein?? Obrigada por terem lido até aqui... Haja paciência né?!? :) Mas acho que isso é só por hoje!! Até mais :3



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P.O.V Nicolas

Depois do certo incidente da foto, encontrei o resto da turma na cozinha. Ambos sentados em uma mesa redonda, forrada por um forro florido. Sobre ela havia uma garrafa térmica de café quente. Eu ainda não entendia qual era a relação entre os velhinhos e o café. Aquela bebida tão forte.

Sentei-me meio desinteressado ao redor deles. Ainda estava pensando no que eu havia visto: no vovô quando era mais jovem. Aquilo havia mexido muito comigo. Será que aquela criancinha ainda existia ou era apenas uma velha lembrança do passado?

De qualquer maneira, eu não poderia saber.

Decidi esquecer aquele assunto e me focar novamente no presente. Afinal, teríamos vários sonhos para realizar e de um instante para um outro, comecei a me sentir como um gênio da lâmpada: distribuindo esperanças para todo mundo.

— Vou ligar para a Filomena. Vai ver ela está em casa.- Pude ver que Francisco pegou um celular novinho em folha do bolso da camisa. Vi ele mexer no visor touch. Ele entrou nos contatos e percebi que de repente ele apertou em um nome chamado “princesa”. Imaginei que ele gostava muito da Filomena. E não demorou muito para Manuel criticá-lo:

— É sério isso? – ele estava intrigado.- “Princesa”?

— Fique quieto Manuel.- Barnabé deu uma bengalada na cabeça do amigo, que colocou a mão no local atingido, como se tivesse com dor.- Quer estragar tudo?!?
Ri um pouco. Esses velhinhos era uma piada. Ouviu-se um barulho de discagem.

LIGAÇÃO ON

— Alô? – Uma voz feminina ouviu-se do outro lado da ligação.- Quem é?

— Quem fala é o Francisco.

— Francisco!!- a voz dela ficou mais robotizada e alta. Ela parecia ter gritado do outro lado da linha.- É você?!? Quanto tempo...

— Pois é...

— Não, desse jeito não! – Acho que ela estava falando com outra pessoa.- Eu quero outra cor. Isso! Assim está ótimo!

— Filomena, você está me escutando? - Francisco perguntou. Manuel reprimiu uma risada. Tio Barnabé pareceu atento, assim como o vovô.

— Claro amor.- Filomena respondeu.- Fale.

— Você está ocupada hoje a tarde? – Francisco indagou, com a mão segurando firmemente o celular, como se estivesse ansioso pela resposta.

###

Havíamos combinado de encontrar Filomena em uma academia perto de onde ela morava um pouco mais tarde depois das 13:00. Sinceramente, eu não sabia o que uma velhinha da idade que eu achava que ela tinha, estava fazendo em um lugar como aquele.

Entramos pelas portas de vidro na academia. Senti cheiro de borracha daqueles colchões fininhos e cheiro de cloro de piscina. Havia algumas pessoas malhando nos equipamentos sob o chão de borracha azul. Do lado oposto da parede estava um vidro que revelava duas piscinas de água azul clarinha e algumas pessoas nadando.

— Detesto academia.- Manuel reclamou. –Aqui só tem gente que quer emagrecer e não consegue... Essas pessoas que tem minhoca ao invés de célebro...

— É cérebro, sacou? -  Barnabé deu um peteleco na testa de Manuel.

Valentína riu.

— Essas pessoas que acham que sabem de tudo. –Barnabé murmurou.- São chatas, não são Valentína?

— É sim.- Valentína concordou, saltitando. Nossa, ela ria de tudo...

De repente, Francisco apontou para uma mulher de cabelos extremamente grisalhos que estava andando em uma esteira. Mal acreditei quando ele mencionou o nome Filomena. Quero dizer, se de costas ela parecia tão jovem- bem diferente das outras vovós que eu havia visto na vida- Imagina o rosto dela então...

Nos aproximamos dela. Ela mantinha um ritmo bem rápido e ao seu lado havia um personal trainer com uma espécie de cronômetro nas mãos. Ela deveria ser bem rica... E coloca rica nisso!

— Vinte e sete minutos!- o cara com o cabelo espetado vestido com roupa de academia, o personal trainer anunciou, sorrindo, orgulhoso de sua pupila.- Ótimo tempo Dona Filomena. Melhor do que da última vez.... Estamos melhorando.

— Pode me chamar de Filó, Marcos, afinal, nos conhecemos há muito tempo.- De repente, a tal de Filomena virou o corpo, depois de beber um pouco da garrafa de água.

Eu estava totalmente sem reação. Nunca havia visto alguém daquela idade tão conservada. Sério, ela tinha mais de 70 anos mesmo? Ou ela tinha a poção eterna da juventude?!? Com certeza, eu acho que era mais possível a segunda opção.

O ventilador levantou seus curtos cabelos grisalhos bem arrumados. Seu rosto definiu-se, com um belo contornado triangular no queixo. Ela tinha belos olhos azuis da cor do céu. A única coisa que faltava naquela imensidão azul eram as nuvens de algodão. Além disso, ela era bem estilosa e moderna. Acho que até a vovó- se ela estivesse aqui- ficaria com um pouquinho de ciúmes.

Quanto aos homens- os belos senhores que me acompanham- estavam literalmente babando. Menos o vovô, é claro, que era totalmente fiel a vovó. Como eu admirava meu vovô por isso.

— Filo-Filo-Filomena? – Francisco perguntou incrédulo. Parecia que havia visto algo celestial.

Manuel também não perdia para ele:

— Meupaiamadodocéu....- Manuel suspirou, retirando o pano de pirata preto que cobria seus longos cabelos aloirados.

— Isso sim é que é mulher.- Pela primeira vez ouvi Barnabé dizer algo com um pouco mais de entonação. Ele parecia bem empolgado. Tanto que até seu cachimbo caiu da boca, derramando um pó preto no chão. Eita.

— Meninos?- ela indagou. Além disso, ela tinha uma voz bem linda.- Estavam me procurando?

Depois que contamos o nosso plano, Filomena imediatamente decidiu se juntar a nós. Finalmente, o grupo estava pronto. Os vingadores da terceira idade estavam unidos...


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