O Aventureiro escrita por roberto145


Capítulo 1
I - Devaneio


Notas iniciais do capítulo

Eis o capítulo que inicia a épica jornada de Johann. Está preparado para acompanhá-la?



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      A neve lentamente caía do céu em um absoluto espetáculo de monotonia. Os flocos eram tão gélidos quanto o tédio que prostrava o garotinho frente à janela. Acostumado naquele período de férias a ler sobre histórias antigas de grandes heróis, como Sierdrig, de Kalos, o pequeno Johann trazia todas essas lendas à vida em sua imaginação. Esta escapulia para fora do Castelo Gladhelm, localizado próximo à rota 17, aventurando-se por toda a região, colecionando vitórias e glórias ao passar pelos ginásios e enfrentar perigos. Esse era seu destino e não ficar preso em um castelo com um bando de parentes, já todos velhos e enfadonhos, que nem sequer ligavam para ele.

     Johann era um menino de doze anos, terceiro filho de uma famosa família empreendedora no ramo de comunicação. Possivelmente seguiria nos negócios, mas jamais se tornaria o principal dono. Esta responsabilidade caberia ao mais velho dos irmãos. Talvez uma função de repórter como a de sua irmã. Porém, o garoto desejava mais. Muito mais, como se sua sede de aventura fosse mais dourada do que qualquer quantia de ouro.

     Na noite daquele mesmo dia, festivo para os Walstunn, Johann comia as linhas de uma das partes finais do livro sobre as aventuras do herói já citado. Lia com tanta intensidade que parecia vivenciar cada absurdo contido na lenda. Vivia com tanta intensidade que se via de frente ao dragão de cabeça azul, corpo vermelho e muitas escamas pontiagudas como espadas. Sentia com tanta intensidade, por fim, o sangue escaldante da criatura em suas mãos, queimando-as mesmo em temperatura abaixo de zero. Contudo, chegava o seu choque de realidade. Sua mãe o chamava para aquele que seria um dos jantares mais espetaculares de Kalos. As taças de ouro, os talheres de prata, a luz reluzente nos cristais, nada era igual ao que sua imaginação era capaz de criar, apenas inferior. E nela, o garoto distanciava cada vez mais dos assuntos chatos que as pessoas ao seu redor conversavam.

      Seu espírito não aguentava mais. E assim, naquela mesma noite, enquanto os demais focavam atenção apenas a assuntos banais, o garoto escapulia do imponente castelo de inverno da família. Nevava com moderada intensidade, fazendo com que a visão de Johann fosse ainda mais restringida. Não era um problema. Nem o frio que sentia em seus ossos, mesmo estando muito bem agasalhado. Seguiria, de qualquer forma, pois a imagem de Sierdrig que criara em sua cabeça se materializara como guia no meio daquela negritude. Resistia, assim, em sua caça ao dragão e glória.

     Não tardava para que chegasse a uma caverna, a toca do dragão! Adentrava naquele local sem imaginar os perigos que aquele lugar encerrava. E logo o medo, repelido pela sensação de coragem, logo retornava com o primeiro ruído das criaturas noturnas. Sierdrig sumia a sua frente, deixando-o só. Assustado, Johann sentia seu coração pulsar com tanta força que cessava por alguns segundos o frio cortante. Dava alguns passos para trás após escutar mais uma vez a música que as crianças da noite faziam. Corria, então, até a saída, mas logo se deparava com uma forte nevasca.

     Sem poder decidir o que fazer, Johann sentava de costas à gélida parede rochosa da caverna, abraçando suas pernas, enquanto os joelhos tocavam seu peito. Chorava copiosamente por ter deixado o seu lar. No entanto, como uma segunda consciência que surgia e tomava forma novamente do herói lendário, surgia uma estranha força que fazia o garoto olhar para a escuridão e se arriscar em direção à fantasia noturna. Pode-se chamar de loucura, ou coragem, ou até mesmo curiosidade, mas tal sensação fazia com que o menino desafiasse o medo e adentrasse cada vez mais na terra. Poderia não achar o coração de um dragão, mas certamente tocaria o do planeta.

     Não demorava muito para que o perigo aparecesse. Ele não viria de alguma criatura que saltaria de sua confortável zona, imergidas na segurança da escuridão. Não, elas estavam muito bem nelas e de nada adiantaria abandoná-la para correrem riscos. O perigo provinha do território. Cada vez mais íngreme, o solo da caverna deixava de ser diagonal para, finalmente, apresentar-se como uma fenda. Era uma queda de muitos metros, fazendo com que o garoto machucasse o tornozelo dolorosamente. A gravidade do ferimento não se tornara pior apenas por causa de Johann cair sobre uma espécie de cama de gravetos e muitas folhas. Passando a mão ao redor, sentia coisas ovaladas e bem lisas, como se a textura fosse de ouro bem polido. Era o suficiente para que um rugido ensurdecedor ecoasse por toda a caverna.


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Notas finais do capítulo

Feliz Natal e Ano Novo a todos. O próximo capítulo deve sair apenas no próximo ano (desculpem a piada ruim haha). Espero que tenham gostado e, caso contrário, desculpem-me por ter tomado seu tempo.

Obrigado e até a próxima!



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