O Aventureiro escrita por roberto145


Capítulo 2
II - Realidade




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Após o rugido, um pequeno segundo de silêncio fazia todo o corpo de Johann tremer. Então, um lança chamas retirava toda a escuridão, revelando o ser incrível à frente do garoto. Um Druddigon soltava suas baforadas uma atrás da outra, incessantemente. O fogo demonstrava toda a arquitetura da caverna. Possuía uma forma de abóboda, com muitas estalactites de diversos tamanhos, algumas sendo potencialmente lanças perigosas. Além disso, existiam mais de uma saída, porém ficavam à frente do paredão rochoso que o menino se encostava. Era rente a essa formação que o dragão irado fizera seu ninho, com um ovo de tonalidade dourada. Após muita demonstração de força, as chamas cessavam. Atônito, sem poder fazer nada, Johann apenas olhava para o nada escuro, mas sabia que dentro daquele manto negro havia uma criatura que sua imaginação fizera tornar-se real. Sentia a cada segundo um vento pesado e mau cheiroso ficar mais intenso, como se algo aproximasse dele.

—Noivern, use Dragon Pulse! - uma voz surgia de repente.

Uma luz azulada surgia próxima da saída à direita do paredão, iluminando por alguns segundos o local. Por um breve momento que se tornara eterno, Johann avistava os dentes afiados do dragão, como se fossem punhais bem afiados, a pouca distância de si. Escorria entre eles e a gengiva uma baba que certamente era a causa do mau odor. Druddigon era acertado pelo ataque anunciado, gerando uma onda que se propagava por todo o local, iluminando-o novamente. Dessa vez, o menino avistava uma treinadora à frente de uma criatura que se assemelhava a um gigantesco morcego.

—Acabe com ele! Boomburst!

Imerso na escuridão, o dragão colocava suas asas à frente de sua cabeça, como se fosse um equipamento de áudio. Não tardaria, em seguida, para que das protuberâncias de sua cabeça surgissem violentas ondas de ar que se sobrepunham, formando um novo e mais energético pulso. Sua frequência era tão alta que tornava impossível aos ouvidos humanos captá-lo, porém a sua força era demonstrada ao elevar o alvo, Druddigon, até o alto, batendo-o violentamente nas estalactites. Algumas delas se quebravam, mas não conseguiam perfurar a couraça resistente da criatura. Por fim, ecoava por todo o local o choque do pesado corpo do pokémon selvagem ao chão.

—Heliolisk, ilumine com Flash! - era possível ouvir o som de uma pokéball se abrindo.

Logo uma forte luz imanava de onde vinha a voz. Possuía tanta intensidade que conseguia retirar as trevas de todo o salão, demonstrando no centro dele o dragão inconsciente e, à frente do paredão, o garoto atônito, com os braços sobre os olhos. A treinadora capturava Druddigon e logo se dirigia ao menino. Possuía uma expressão de não saber muito bem o que fazer.

—Oi... - ela se agachava, enquanto seu rosto tomava uma feição de tentar ser agradável. - Você está bem?

Johann, lentamente, retirava o braço de seus olhos de um verde bem raro. Parecia avistar um anjo após estar frente a frente com o demônio. Para aquele garotinho, ela era belíssima, e realmente era. Seus olhos possuíam um azul tão cristalino quanto o céu de um dia ensolarado e que era frequentemente sobreposto por mechas mais longas de cabelo castanho que escapavam da resistência das orelhas. Gentilmente, a jovem, que devia ter uns dezessete anos, retornava-as para junto das demais mechas, que possuíam um tamanho entre curto e médio. As mais longas atingiam a altura do pescoço e logo se difundiam para as laterais.

—Sim, estou... - apesar de não estar nem um pouco, o menino respondia afirmativamente. Não queria vacilar frente dela, embora sua demora em responder a pergunta e sua voz denunciassem a sua fraqueza naquele instante.

—Ótimo! - sorrindo, ela ajudava-o a levantar. - Antes de você me dizer o por quê de estar aqui, vamos dar um jeito nesse ovo primeiro!

Ela retirava mais uma pokéball do grosso casaco, arremessando-a para frente. Surgia da esfera uma incubadora feita unicamente para ovos de pokémon. Abrindo-a cuidadosamente, colocava aquela ovalada casca dourada dentro do objeto com igual zelo. Apesar de não lhe trazer nenhum benefício, já que queria apenas o Druddigon adulto, não poderia deixar seu filhote sem chances de nascer. Ao fim de todo o processo, retornava a incubadora para dentro da pokéball. Em seguida, saía daquele local com o menino, atingindo os primeiros níveis da caverna. Ainda nevava fortemente, restringindo-os a ficar na entrada.

—Mas afinal, o que você estava fazendo em um local como esse? - ao mesmo tempo em que demonstrava curiosidade, a treinadora retirava famosos chocolates de Kalos, dando uma barra a Johann e mordendo a outra.

—Eu... - ainda segurando a barra, ficava sem jeito ao ver aqueles belos olhos lhe encarando. Abaixava a cabeça para o doce. - Eu... Vim até aqui... Para enfrentar aquele Druddigon.

—Não me diga que você também é um treinador?! - surpresa, aqueles olhos ficavam ainda mais encantadores ao se tornarem maiores.

—Não... Não sou.

—Como assim? Você queria enfrentar um Druddigon sem um pokémon? - ainda mais surpresa com aquela nova resposta, a jovem rompia em risada. Johann ficava um pouco incomodado, achando aquilo uma zombaria. - Bom... Você é corajoso – a treinadora, recompondo-se da gargalhada, mas ainda com os olhos marejados, sorria dessa vez com carinho.

Ao observá-la, o garoto corava-se imediatamente. Ainda mais quando ela levava a mão até as pálpebras, tentando retirar as lágrimas. Assim, um silêncio se colocava entre os dois, era o tempo em que ela levava para se refazer da risada e do pensamento do que iria acontecer àquele menino se ela não tivesse chegado a tempo. Assustava-se com a hipótese. Em seguida, apresentava-se como a futura melhor Campeã de Kalos. Brunhild Dietrich, um nome que Johann iria escutar toda a vida segundo ela. Dizia com tanta convicção o que iria conquistar que animava demasiadamente o menino, reforçando neste o primeiro encontro que todos tem com o singelo amor. Após essa efusiva apresentação, ambos pareciam se relaxar, conversando com menos tensão que precede os encontros entre duas pessoas. Dessa forma, ambos nem percebiam o quanto a nevasca lá fora diminuía de intensidade.

O dia já se iniciava enquanto os dois, ainda na entrada da caverna, acabavam por dormir um encostado ao outro. Brunhild era a primeira a despertar. Lentamente, percebia que sua cabeça pendia sobre a do menino. Sorria gentilmente ao vê-lo adormecido. Talvez ele fosse um protótipo do irmão que nunca tivera. Aproveitaria, então, daquele tempo junto a ele o máximo que podia. Desse modo, colocava o braço direito em torno do pescoço dele, em uma posição mais confortável. As mechas castanhas de seu cabelo tocavam gentilmente as de mesmo coloração do garoto. Esquentava-o ainda mais com o seu longo casaco negro.


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