I'm With You escrita por Lune


Capítulo 2
Sakura


Notas iniciais do capítulo

E aí pessoas? Tudo bom? Aqui vai o próximo capítulo, está um pouco longo, mas espero que gostem! ♥



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Sasuke's Point of View

Abri o apartamento e entrei. E ela bem atrás de mim, encolhida, parecendo querer se esconder de si própria.

— Pode entrar. Fica à vontade. – Disse-lhe.

— E a sua família?

— Meus pais já morreram. – Confessei casualmente, ela arregalou um pouco os olhos – Mas não se preocupe, foi a muito tempo. – Ela sorriu compassiva. – Moro com meu irmão, mas ele está viajando. Somos só nós.

— Entendo.

Entrei no meu quarto e busquei algo que pudesse servi-la. Peguei uma camisa azul, que provavelmente a cobriria até as coxas, uma box e uma toalha limpa.

— Olha. Isso é o que tenho, se não se importar. É melhor você tomar um banho para relaxar, e no banheiro também vai encontrar tudo o necessário para cuidar disso aí. – Apontei com o olhar para sua maçã do rosto inchada e arroxeada, logo para seu lábio inferior ainda sangrando – Se quiser posso te ajudar, mas se eu fosse você não confiaria em minhas habilidades de enfermeiro. – E pela primeira vez ouvi sua risada ressoar, doce e contagiante.

— Pode deixar!

Afastei meu corpo e ela avançou. Passos antes de chegar ao banheiro ela vira e sussurra, quase em lágrimas novamente:

— Obrigada.

— Hm. – Sorrio de canto.

***

Estou deitado em minha cama repassando em minha cabeça os acontecimentos da noite. Se eu não tivesse chegado ali naquele momento, o que ele teria feito com ela?

Apenas imaginar me causa náuseas.

Ouço passos leves no corredor e saio do quarto. Procuro por ela e a encontro procurando a mim. Ficamos frente a frente e vejo quão bonita ela é. Sua pele branca não parece mais tão pálida e há um rubor pousado em suas bochechas. Seus olhos, apesar de esgotados, agora brilham. Seus lábios róseos sorriem para mim. E seu cabelo cor de rosa chama minha atenção. Com tudo o que aconteceu não tive tempo de reparar. A cor lhe cai muito bem.

Sem perceber levo a mão à suas madeixas e ela ri.

— Desculpe. – Digo ao perceber.

— Nada! Isso sempre acontece. As pessoas sempre tocam e perguntam se é tinta…, mas não. Nunca pintei meu cabelo.

— E nunca faça isso. - Lhe aconselho. “Isso o faz ainda mais especial. ” Penso comigo mesmo. Ela assente, em concordância.

— Er… Obrigada mesmo. – Ela diz nervosa. – Eu não sei mais o que dizer. Não sei o que teria feito se tivesse que me virar sozinha. Já aconteceu outras vezes, mas acho que esta foi a pior.

— Mais vezes? - Ela concorda com a cabeça. – Por que não me conta qual o seu lance com aquele cara? – Lhe peço. Então ando em direção a cozinha, ela me segue com o olhar. – Tem lasanha. Quer? – Vejo seus olhos brilharem e sua boca entreabrir. Não preciso de outra resposta.

— Não precisa se incomodar, mesmo. – A ignoro e continuo preparando tudo enquanto ela põe a mesa para nós dois, mesmo que um pouco perdida, sem saber onde achar os pratos e talheres, lhe indico e ela termina rápido.

Quando estamos sentados à mesa ela começa:

— O nome dele é Sasori. Meu namorado. – Ela estremece ao soltar esta palavra, mas continua – Não sei mais. Nos conhecemos há dois anos, na loja onde ele trabalhava. Fui comprar uns CDs, nós conversamos e acabei voltando lá algumas vezes naquela semana, e na semana seguinte. Então começamos a nos ver também em outros lugares, ele começou a frequentar a minha casa, e eu a dele. Conversávamos sobre tudo, fazíamos tudo juntos. Ele era meu apoio e eu era o dele. Estávamos completamente apaixonados, e durante aquele ano cada dia que passávamos juntos era maravilhoso. – Ela faz uma pausa enquanto respirava fundo para segurar as lágrimas – Até que ele perdeu o emprego na loja. – Mais uma pausa. Ela abraça a si mesma e enfia as unhas na própria pele. – Ele tinha uns amigos, que quando souberam que ele estava desempregado começaram a insistir que se ele os ajudasse com a venda de algumas drogas, ele ia ganhar dinheiro, que ia ser fácil, e que ele não ia estar envolvido se algo desse errado. – Neste momento ela não consegue mais se segurar e as lágrimas escorrem pesadas, carregadas de más lembranças. – Ele escondeu de mim, escondeu tudo de mim, mentia, me comprava presentes dizendo que estava ajudando um amigo numa oficina, era tudo mentira, era dinheiro sujo. – Seu rosto estava vermelho e inchado e ela parecia engasgar com as próprias palavras.

Levantei e fui até ela, me ajoelhei ao lado da cadeira onde ela estava sentada e desatei seus braços pousando-os sobre meus ombros, e ela apertou meu pescoço, relaxando em meu peito, mas ainda soluçando. Abracei-a ao mesmo tempo que acariciava seu cabelo, mas minha mente estava paralisada, não sabia o que fazer, o que dizer, como confortá-la. Tudo o que conseguia pensar é que devia ter batido mais naquele infeliz. Depois de alguns minutos ela me afirmou que poderia continuar.

— Não. Eu quero contar, preciso tirar isso de dentro do meu peito. – Assenti e ela seguiu:

— Há um ano descobri tudo, quando fui à casa dele e ele não estava. Procurei-o por 3 dias seguidos, estava desesperada, quando ele voltou e vendo o meu estado decidiu revelar que estava na cadeia. Tinha sido pego, e tinha sido preso. Só foi solto por não ter antecedentes criminais e nenhum parceiro tê-lo denunciado. E esse foi o dia que ele se perdeu completamente. Ele passou a confiar cegamente em seus amigos – E novamente quando se refere aos amigos de seu namorado, ela pronuncia a palavra como se sentisse um gosto amargo em sua boca. – Começou a colaborar mais com eles, levá-los para casa, financiar festas, e começou a usar as drogas junto com eles. Nem se preocupava mais em esconder de mim, e nos víamos cada vez com menos frequência, quando eu o procurava. E sempre que isso acontecia brigávamos, e todas as vezes que ameacei deixá-lo ele pediu desculpas, prometeu que iria ser para mim como era antigamente. – Ela aperta os olhos com força, e quase posso sentir sua dor. – Fui burra, porra, como fui burra. Ele nunca vai mudar! – Ela exclama, tentando convencer a si mesma. – Nunca! – Agora ela adota uma expressão séria, quase serena, mas seus lábios ainda tremem. – Há 3 meses. Foi quando fui até a casa dele e encontrei a ele junto com seus... colegas. E expulsei a todos de lá, então, claro, ele se irritou, brigamos e pela primeira vez, sob efeito de drogas, ele me agarrou, apertou meus braços e me jogou no chão. – Ela desliza a mão pelos braços, provavelmente onde ele a machucou. Mas esse tipo de ferida não permanece na pele, permanece no coração. – Fui embora, e dias depois, como uma tola, preocupada por ele, voltei até lá. Nos reconciliamos. Mas na próxima briga boba, a primeira coisa que ele fez foi me agredir, e foi quando me machuquei de verdade, cortando a coxa com cacos de vidro de um copo que ele tinha jogado no chão, antes de jogar a mim. Na mesma hora ele se arrependeu. E eu o amava, o amava tanto... Estávamos bem e ele me convidou para esta festa. Ficamos juntos no começo, dançamos juntos e eu senti que estava vivendo um flashback do ano anterior, estava feliz, reluzente. Até que ele começou a ir ao banheiro de vez enquanto, ir buscar uma coisa ou outra, e voltava cada vez mais alterado. Então decidi segui-lo até o banheiro, e ele estava lá, cheirando aquela porcaria. Gritei, reclamei, joguei tudo no chão. Tudo o que eu sentia era medo. Queria meu Sasori de volta. Não queria perdê-lo. Queria o Sasori que conheci naquela loja de música... Mas o perdi. O perdi para aquilo. O que eu fiz de errado? Me diz... – Ela tampou o rosto com as duas mãos, e eu tampei o meu, pressionando meu próprio rosto com os dedos, querendo extravasar o sentimento de impotência. – Ele perdeu a paciência e começou a me empurrar até a parede, socar meu rosto cada vez que eu gritava... E o perdi. Perdi o Sasori para sempre...

— Chega. – A interrompo abruptamente e ela me encara assustada. – Você não o perdeu, ele perdeu você. Você não pode voltar a ver esse imbecil. Ele se foi. O cara que você conheceu se foi, ele escolheu te deixar. Foi ele quem perdeu, não você... Ele que vá para o inferno! – Exclamo, já de pé, e chuto a cadeira onde estava sentado, ela cai longe.

Ela esfrega o rosto, e afasta os fios de cabelo molhados.

Eu respiro fundo e olho ao redor, quando me deparo com o relógio da cozinha. Já passam das 03:00 h da madrugada.

— Acho melhor irmos dormir. Você deve estar muito cansada. – Sugiro e ela concorda. – Pode dormir na minha cama, eu durmo na sala.

— Não! De jeito nenhum, por favor, eu já te incomodei demais. – Ela me implora, já de pé, caminhando para a sala. – Vou ficar aqui.

Eu bato o pé por alguns segundos e mordo o lábio, ponderando sobre a ideia.

— Tudo bem. – Respondo e ela sorri, não consigo me segurar e sorrio também.

Vou ao meu quarto e busco um travesseiro e algumas cobertas limpas, quando volto ela está recolhendo tudo, a louça e cadeira que derrubei, e coloca tudo na pia. Entrego tudo a ela. E ela agradece delicadamente.

Observo-a enquanto se aninha no sofá e volto para o meu quarto. Tomo um banho breve e deito. Meu corpo relaxa, mas sinto minha cabeça pesada, latejando incessantemente. Tardo pouco em adormecer.

***

Procuro-a na sala, na cozinha, no banheiro, no quarto do meu irmão. Ela não está. Nenhum rastro dela. “Não é possível que eu tenha imaginado tudo isso. ”

Quando volto à sala me dou conta, não há nada no sofá onde ela dormiu, mas no outro está tudo o que ela usou na noite anterior, minhas roupas, os cobertores. Tudo milimetricamente dobrado. Em cima, um bilhete:

“Bom dia! Espero que não fique chateado por eu ter ido embora. Não poderia ficar na sua casa por mais tempo. Tudo o que fiz foi te dar trabalho, e percebi que nem sei como você se chama. Eu agradeço por tudo o que fez por mim, mas preciso resolver meus problemas sozinha. Espero que nos encontremos novamente!

Ass.: Haruno, Sakura. ”

E com um vazio no peito, repito em voz alta:

— “Sakura”. 


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?
Se estiverem gostando comentem aqui, é muito importante para autores que, como eu, estão começando.

Um grande beijo ♥



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