Page 23 escrita por JM


Capítulo 12
XII - Red and Black


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!
Aqui está mais um capitulo pra vocês, e este aqui está....particularmente complicado e dramatico.
Antes de chegarmos a eles, no entanto, quero agradecer as queridas da Cath Locksley Mills, da ThammyMills e da Edilene Queen pelos comentarios no capitulo anterior. obrigaada por todo o carinho meninas, espero que gostem deste aqui também!

Booa leitura a todos!



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Preto. Essa era sua cor agora. A cor do luto e da perda. A cor do vazio. Vazia, era assim que ela se sentia por dentro. Depois de Daniel e Robin, ela pensara que o destino lhe daria uma trégua, mas esse fora um ledo engano.

Mais uma vez ela perdera alguém que amava. Uma vez mais teria que dar adeus a alguém. Novamente, teria que aceitar que alguém que ela amava não estava mais com ela. Aceitar que nunca mais teria o abraço de seu pai para conforta-la, nem seus sábios e bondosos conselhos. Não o teria mais em sua vida, e essa era uma realidade extremamente difícil e dolorosa de aceitar.

Agora lá estava ela, vestida preto dos pés a cabeça, olhando-se no espelho e se perguntando como ainda aguentava ficar de pé, como ainda tinha lágrimas para chorar, com seus olhos tão vermelhos e irritados como estavam. A saudade que sentia de seu pai já era imensa, mesmo que só fizessem algumas horas desde que voltara para casa e encontrara seu corpo sendo preparado para o funeral. Doía saber que ela não estivera com ele em seus últimos momentos. Era horrível não ter certeza sobre qual fora a causa de sua morte. Ela gostaria de ter se despedido, de ter tido tempo de dizer a Henry o quanto ela o amava, o quanto ele fora um ótimo pai, mas nem isso o destino lhe permitira fazer, arrancando a vida de seu pai sem que ela nem ao menos estivesse por perto.

Ouviu-se uma batida na porta, e a morena consentiu em voz baixa para que a pessoa entrasse. A porta se abriu e ela se viu encarando o rei Leopoldo, seu marido, com quem quase não conversava e de quem não sabia praticamente nada. A verdade era que, mesmo depois de quase três meses de casamento, ela e o rei continuavam a ser o que sempre foram, estranhos que eram obrigados a conviver por conta do laço do matrimonio.

— Vim saber como você está. Eu sei bem como é difícil perder alguém, então...- o rei parou de falar, sem saber se continuava ou não com seu discurso. A verdade era que, por mais que tentasse, ele não conseguia decifrar sua mais nova esposa. É claro que dava para perceber que ela estava sofrendo, os olhos inchados e vermelhos diziam isso, mas o fato era que ele não a conhecia verdadeiramente. Não sabia como ela estava lidando com a perda do pai, não sabia como ajuda-la a se sentir melhor. - ....se você precisar de qualquer coisa mande me avisar, está bem?

Diante das palavras do rei, Regina simplesmente assentiu e murmurou um  simples obrigada. Ela apreciava a delicadeza do rei em vir falar com ela em um momento tão difícil e doloroso como aquele, mas as palavras que ele dizia não eram as que o coração dela ansiava por ouvir.

Tudo que ela precisava naquele momento era de alguém que a abraçasse, que dissesse que aquela dor insuportável iria ao menos diminuir. Alguém que lhe prometesse que tudo ia ficar bem, e que ela não estava sozinha. Tudo que ela precisava, tudo que mais queria, era estar novamente nos braços de Robin. Era do abraço e das palavras dele que ela tinha necessidade, mas sabia perfeitamente bem que aquele era um pedido impossível, o que só tornava as coisas ainda piores do que já estavam.

Parecendo sem graça, sem saber o que fazer ou como agir, o rei saiu do quarto e fechou a porta atrás de si, dando a Regina o espaço para que ela chorasse sozinha. O que ele não percebeu, e que ninguém se deu conta aliás, era que ela não queria ficar sozinha com sua dor. Queria alguém ali, que a abraçasse e cuidasse dela. Mas como costumava acontecer, seu pedido não foi atendido.

—------

E lá estava ele novamente. Sentado na escadaria em que ele e Regina haviam comido pedaços de torta de maçã m seu primeiro passeio. Tudo ali o fazia se lembrar dela. As barracas que vendiam todo tipo de coisa, por entre as quais eles passaram circulando naquele dia...até mesmo a barraca onde tinham comprado os pedaços de torta continuava no mesmo lugar. Tudo, desde as barracas, até a escadaria e o cheiro de torta de maçã recém feita o faziam se lembrar de Regina, e Robin sentia seu coração se apertar.

Sentia muita falta dela. Por mais que tivesse raiva pelo que ela tinha feito, por mais que agora não restassem dúvidas de que ela o havia usado apenas para se divertir, a verdade era que o que mais doía nele era a saudade. Tinha saudade do que havia vivido com ela, saudade do som de sua voz, do gosto de seu beijo...tinha saudade do que eles poderiam ter vivido se ela não tivesse lhe virado as costas, se não tivesse escolhido se tornar Rainha.

Sim, era isso que ela era agora. A Rainha Regina. E ainda por cima estava grávida. Esperava um herdeiro do rei, enquanto o ladrão continuava exatamente onde estava, sofrendo e amargando o que acontecera. Quando ouvira os boatos sobre a gravidez dela, Robin havia se perguntado se esse filho poderia ser seu, e por um momento, chegou a se alegrar com a possibilidade. Logo em seguida, no entanto, como se um balde de água fria tivesse sido jogado contra seu corpo, o loiro se deu conta de que aquela era um possibilidade remota. Eles haviam tido apenas uma noite juntos, era muito pouco provável que aquele bebe fosse seu filho.

Enquanto estava ali, sentado naquela escadaria repleta de lembranças, Robin tentava entender o que sentia, mas a verdade era que seu coração e sua mente haviam se transformado em um emaranhado confuso, tudo estava embolado demais para que ele conseguisse decifrar o que era o que. É claro que ele ainda amava Regina. Continuava a ser completamente apaixonado por ela como fora desde o primeiro olhar que haviam trocado na taverna. Mas junto do amor, agora havia também raiva, ressentimento, mágoa...tudo junto e misturado, o que só tornava mais difícil para ele entender o que sentia.

O ladrão foi arrancado de seus devaneios pelo som dos cascos de cavalos e rodas de carruagem, que se aproximavam rapidamente de onde ele estava. Alguns segundos depois de tê-los ouvido, ele pode vê-los. Eram um grande conjunto de cavalos e carruagens abertas. Todos tão negros quanto à noite. Tratava-se de um cortejo fúnebre, mas quem havia morrido afinal?

As perguntas que rondavam na cabeça de Robin foram respondidas no instante seguinte, quando o cortejo se aproximou um pouco mais e seus olhos encontraram a figura de Regina. Ela estava sentada na primeira carruagem do cortejo, acompanhada por uma criança, que ele supôs ser a princesa Snow. O rei estava ali também, mas seu semblante era distante, como se a mente dele estivesse a quilômetros de distancia daquela despedida de um ente querido.

Os olhos do loiro se fixaram na figura altiva da morena que até pouco tempo atrás acreditara conhecer tão bem. Ela estava diferente, altiva e distante, parecia ter encarnado verdadeiramente a majestade que seu titulo lhe conferia. Estava coberta de preto dos pés a cabeça, e parecia observar tudo de longe, como se nada naquela situação fosse realmente importante, como se nada mais pudesse afeta-la.

— Quem foi que morreu? – o ladrão perguntou a um grupo de pessoas que estava próximo a ele, observando a passagem do cortejo fúnebre que desfilava pela rua.

— Foi o pai da Rainha, o príncipe Henry. Disseram que foi coisa de segundos. Fulminante. Nenhum médico ou curandeiro conseguiu salva-lo. – respondeu uma senhora, a pena nítida em seu tom de voz.

Ao ver aquela cena, Robin seu coração se apertar, compadecido com a dor da morena.  Conhecia Regina, sabia que toda aquela pose era apenas para esconder o quanto ela estava sofrendo. Enquanto o cortejo passava por ele, o ladrão sentiu um forte impulso de para-lo. De se aproximar de Regina, dar um abraço nela, dizer que sentia muito. Sabia o quanto ela era apegada ao pai, tinha certeza que aquela seria uma perda dura para ela lidar sozinha.

Tão logo esses pensamentos surgiram em sua mente, o loiro tratou de expulsa-los. Não. Ele não tinha nada que ter pena dela. Por mais que a morte de seu pai podia estar sendo dolorosa, ele não tinha mais nada a ver com o que acontecia com ela. Ela mesmo o tirara de sua vida, expulsara-o para se casar com o rei, então era nos braços do monarca que ela iria encontrar conforto, e não nos dele.

O cortejo seguiu seu curso, e em nenhum momento o olhar da Rainha se dirigiu aos súditos. Ela parecia estar ali apenas de corpo presente, enquanto sua mente estava muito, muito longe. Por mais que sua mente insistisse em dizer que ele já não tinha mais nada a ver com Regina, Robin não conseguia se obrigar a virar as costas e ir embora. Ao invés disso, ele ficou exatamente onde estava, os olhos pregados na figura da Rainha.

Ficou lá, parado na beira do caminho percorrido pelo cortejo. Ficou ali, observando-a se afastar e se perguntando por que toda aquela bagunça tinha acontecido em sua vida, se perguntando porque Regina não fora capaz de escolhe-lo. O ladrão não se moveu por muito tempo depois de o cortejo ter seguido em frente. Continuou ali, olhando a poeira assentar onde os cascos dos cavalos e as rodas das carruagens haviam passado. Por mais que o tempo passasse, no entanto, ele não conseguiu encontrar nenhuma resposta. Não descobriu nenhum caminho para seguir em frente.

—-------

— Você tem mesmo que ir? – a voz de Snow chegou aos ouvidos de Regina, e a morena, que estivera ajeitando as ultimas coisas dentro de sua mala, se virou para encarar a criança.

— Querida, nós já conversamos sobre isso não é? Seu irmãozinho está crescendo, e daqui a pouco vai ficar difícil para mim ter que subir todas essas enormes escadas do palácio. Além disso, o ar do campo fará bem pra mim, estou mesmo precisando descansar a cabeça depois de tudo que...- a Rainha interrompeu suas palavras, sem saber se teria coragem de continuar a falar.

A verdade era que aquela viagem era uma fuga. Regina estava fugindo de seu casamento fracassado e sem amor. Estava fugindo de suas responsabilidades como Rainha, que ela nunca pediu para ter. Fugia da falta que Robin fazia em sua vida, da saudade que tinha dele.

Agora já faziam praticamente cinco meses desde que ela o vira de perto pela ultima vez, e a cada dia parecia que a falta dele a consumia mais e mais. Era como morrer por dentro, como deixar uma casca vazia em seu lugar, e a morena simplesmente não aguentava mais aquilo. Talvez algum temo longe, mesmo que apenas por alguns meses, pudesse fazer bem a ela.

— Depois do que? – Snow voltou a questionar. Ela se apegara muito a Regina. Estava começando a vê-la como uma segunda mãe, e vê-la se afastar assim, tão de repente, era confuso e triste. Será que ela fizera alguma coisa errada e por isso Regina estava indo embora? Porque não gostava mais dela?

— Depois de eu ter perdido meu pai...- Regina começou a responder, sabendo perfeitamente bem que não era apenas da ausência de seu pai que ela estava fugindo. – Preciso de um tempo pra mim pequena. Preciso de um tempo longe tudo isso sabe? Mas prometo que volto antes que você possa se dar conta de que eu não estou aqui. Está bem assim? – falou por fim, aproximando-se da garota e dando um forte abraço nela. Se tinha alguém de quem ela sentiria falta, era daquela criança.

Depois daquela despedida, Regina terminou de arrumar suas coisas e desceu para os portões do castelo, onde uma bela carruagem a esperava. Mesmo que a carruagem fosse bonita, e certamente muito confortável, a morena sentiu seu estomago se contrair, o nervosismo que se acumulara nela finalmente vindo à tona. Nunca gostara muito daquelas carruagens, preferia andar a cavalo, onde poderia facilmente ver quem se aproximava. Eu seu estado, no entanto, uma viagem de tantas horas a cavalo não era recomendada, e ela acabara cedendo e aceitando fazer a travessia naquele veiculo enclausurado.

O rei não estava lá para se despedir dela. Ninguém estava na verdade. Mas Regina não se importou com isso. Não queria abraços falsos e lamentações por sua partida. Não iria ficar longe por tanto tempo assim no fim das contas, e sempre detestara despedidas, seja de quem fossem, elas eram sempre horríveis e dolorosas.

A rainha não olhou para trás quando entrou na carruagem e fechou a porta atrás de si. Não olhou pelas janelas, não observou as terras de seu reino passando ao seu redor. Manteve os olhos postos a frente, as mãos pousadas em sua barriga que começava a crescer, enquanto sua mente voava para longe, para junto de seus amados oceanos azuis que ela não fazia ideia de onde ou com quem estavam naquele momento.

Será que ele já o tinha esquecido? Será que Robin seguira em frente com sua vida, enquanto ela continuava presa em recordações? Será que ele fora embora, seguindo seu destino sem tê-la com ele, ou ainda estaria por aquelas terras com seu acampamento e seus amigos? As perguntas se multiplicavam na mente da morena, mas ela não conseguia encontrar nenhuma resposta.

Rumplestilskin havia dito a ela que com o tempo ela se acostumaria com a dor. Dissera que ficaria mais fácil com forma as luas passassem, mas a verdade era que ela já não sabia mais se aquelas palavras eram verdadeiras. Quanto mais o tempo passava, maior era a saudade, o peso da culpa pela decisão que tomara acabando por formar um nó constante em seu estomago.

Enquanto a carruagem sacolejava e as construções da cidade ficavam para trás, dando lugar a campos e plantações, Regina voltou a uma atividade que acabara se tornando seu consolo nos últimos tempos. Fechando os olhos, a morena se permitiu imaginar como seria se tudo fosse diferente. Como seria se ela não fosse a Rainha, mas apenas Regina. Como seria se estivesse com Robin novamente, e seu coração se aqueceu, incendiando-se com a imagem do ladrão que lhe roubara o coração e os pensamentos.

Os devaneios da morena foram interrompidos quando a carruagem parou seu movimento de forma abrupta, lançando o corpo dela para frente com o tranco. Em um gesto instintivo, Regina colocou os braços em volta da barriga, tentando proteger seu bebe do impacto.

— Mas o que está acontecendo? – ela ouviu o som de sua própria voz, mais assustada do que irritada, quando se levantou do chão e voltou a se sentar, fazendo o máximo para que sua respiração se normalizasse, sabia que ficar nervosa não faria bem ao seu filho.

Estava prestes a abrir a porta e sair da carruagem para descobrir o que causara aquela parada forçada, mas não foi preciso. A porta se escancarou no momento em que ela esticava a mão para a maçaneta, e diante dela apareceu um sujeito mal encarado com olhos de besouro e roupas elegantes.

— Ora, ora, ora, vejam só que bela preciosidade temos aqui! – falou o homem, parecendo devorar a morena com os olhos. – Esperávamos encontrar o velho Leopoldo, mas ao invés disso estamos diante da jovenzinha que ele tomou por esposa. Porque não desse da carruagem e vem conversar com a gente hein belezinha? -  continuou, seu tom de voz parecendo cada vez pior a cada segundo que passava.

— O que querem? – perguntou a morena, sem se deixar intimidar pelas palavras lascivas e grosseiras que ouvia. Em sua mão, ela sentiu a magia se agitar, crescendo rapidamente. Se ela se concentra-se o suficiente, sabia que poderia conjurar ao menos uma bola de fogo contra seus atacantes.

— Bom, nós esperávamos ter a cabeça de seu querido marido em uma bandeja de prata, mas como não será possível, acho que podemos ficar com você como premio de consolação...o que acha belezinha? – foi a resposta do homem, que sem esperar por uma resposta, agarrou o braço da rainha e a puxou para fora do veiculo, jogando-a sem nenhuma cerimonia no chão de terra.

Regina se levantou depressa, a raiva brilhado em seus olhos tão incandescente quanto brasa. O que aqueles mercenários estavam pensando? Que iriam captura-la e  transforma-la em algum tipo de escrava? Se essa era a sua intenção, ela iria mostrar a eles com quem realmente estavam lidando.

Tão logo se colocou de pé, Regina concentrou toda a sua energia para a palma de sua mão direita. Imaginou as chamas crescendo em sua mão e sentiu a energia fluir por seu corpo, exatamente como seu mentor a havia instruído. Como se ela fosse uma tocha humana, as chamas surgiram em sua mão, como se fossem a coisa mais natural do mundo. Ela sorriu, triunfante, e atirou a bola de fogo na direção de seus captores.

Seu sorriso murchou no instante seguinte, quando uma forte do a atingiu na barriga. Ela gritou de dor, dobrando o corpo enquanto os braços envolviam sua barriga. As forças lhe fugiram, e as pontadas aumentaram ainda mais. Ela tentou erguer o corpo, mas a dor era forte demais e suas pernas fraquejaram, tombando-a na grama novamente.

Os mercenários, que até aquele momento haviam se mantido um pouco afastados, com medo de que ela pudesse conjurar mais bolas de fogo em sua direção, voltaram a se aproximar, risos diabólicos brincando em seus lábios. Pareciam estar felizes em ver a morena sucumbir em meio a dor.

— Parece que suas magias acabaram, não é mesmo bruxa? – o homem que a tirara da carruagem voltou a se aproximar, erguendo Regina pelo braço em um gesto violento. Ela, por sua vez, voltou a gritar, sacudida pela dor que as pontadas na barriga provocavam. Tudo girava ao seu redor, e sua visão estava embaçada, era como se ela pudesse ver tudo em dobro.

A primeira flecha passou zunindo pelo ouvido direito da morena, mas ela mal pareceu se dar conta disso. O aperto em seu braço afrouxou, e ela tentou virar a cabeça para ver o que estava acontecendo. O movimento se mostrou um erro, já que logo em seguida uma forte tontura a atingiu e ela desabou no chão novamente, apoiando as mãos na grama fofa enquanto sentia seu estomago se revirar como o conteúdo agitado de um caldeirão fervente.

As pontadas, que por poucos segundos pareciam ter finalmente dado uma trégua, voltaram com força, e Regina tornou a gritar, desesperada para que aquele tormento terminasse. As lágrimas invadiram seus olhos, mas elas eram o menor de seus problemas no momento.

A visão da morena começou a escurecer, e ela deitou de lado, sem forças até mesmo para apoiar seu peso sobre os joelhos. A última coisa que ela viu antes que o breu a tomasse por completo foi um intenso azul, que reluzia preocupação. Um azul que ela achou que nunca mais veria ao vivo, e por um segundo maluco, seu coração se aqueceu, uma pequena fagulha de esperança em meio ao mar de desespero que sua vida se tornara nos últimos minutos.

—-----

Robin ouvira os gritos de Regina de longe. Primeiro pensara que aquilo era coisa de sua cabeça, que de tanto pensar nela começara a imaginar que ela estava perto dele, gritando por socorro. Mas depois...depois ele vira aquela cena horrível. Vira Regina aos gritos, jogada ao chão como um animal ferido.

Ele a viu se encolher, os braços apertando a barriga. Viu a expressão de dor e sofrimento que estava estampado naquele rosto de traços bonitos que tanto lhe turvavam os pensamentos, e seu coração se apertou, o medo do que poderia acontecer a ela, o medo de que podia perdê-la para sempre, se inflando dentro dele e o fazendo agir sem nem mesmo pensar no que estava fazendo.

Nada mais importava naquele momento. Nada do que fora dito entre eles parecia real ou relevante. Tudo que ele queria era acabar com aquele grupo de mercenários que estavam fazendo sua morena sofrer. Tudo em que ele conseguia pensar era em ajuda-la. Livra-la do perigo, livra-la de sua dor. Queria protege-la de tudo e de todos, e foi exatamente isso que fez.

As flechas voaram sem que Robin precisasse parar para estudar seu curso, em um movimento tão natural quanto andar ou falar, e atingiram seus alvos com extrema precisão.

Robin não esperou para ver o resultado de seus disparos. Não parou para olhar os corpos tombados. Não viu o sangue vermelho jorrar, manchando a grama verde com um líquido espesso e grudento, proveniente dos ferimentos que as flechas haviam aberto. Não. Seus olhos estavam voltados para a figura vestida de preto e roxo que jazia caída no chão, os olhos fechados e a respiração fraca.

O ladrão desmontou do cavalo e se aproximou da morena, se desesperando mais a cada passo que dava para perto dela. Regina estava fraca e desmaiada, o vestido preto se tingindo de vermelho com seu sangue.

Um instante se passou, e o loiro ficou onde estava, ajoelhado ao lado da mulher que amava, vendo a vida dela se esvair do corpo dela, sem saber o que fazer. Seus olhos se encheram de água, e ele a pegou nos braços com todo o cuidado que pode. Seu coração martelava, dolorido, como se fosse ele, e não ela, quem estivesse desmaiado e sangrando.

Ao vê-la daquela forma, tão frágil e desprotegida, tudo que havia acontecido meses atrás pareceu sumir de sua mente. A única coisa em que ele conseguia pensar é que não podia perdê-la, que não iria suportar assisti-la partindo. Tinha que fazer alguma coisa, acorda-la de alguma forma. Tinha que implorar para que ela escolhesse ficar, para que não fosse embora e o deixasse ali, apenas com sua lembrança, apenas com seu fantasma.

— Regina! Morena, por favor, não faz isso comigo. Regina, acorda! – falou, inicialmente baixinho, mas depois bem mais alto, colocando naquelas palavras todo o seu coração, esperando e rogando para que fosse suficiente para desperta-la.

Ao contrario do que suas vãs esperanças pensaram, Regina não esboçou nenhuma reação ao seu chamado. Permaneceu inerte, lívida, a cor desaparecendo de seu rosto com uma rapidez assustadora.

— Não, não, não. Você não pode ir desse jeito. Não pode me deixar aqui, eu...não posso te perder. Não consigo te dizer adeus. Eu...eu amo você! Regina, por favor! Acorda! – Robin tentou de novo, aproximando seu rosto do dela, sentindo a frieza que exalava da pele dela contra a sua.

— Robin? – a morena perguntou em um fio de voz, ainda de olhos fechados. Parte dela acreditava que se tratava de um sonho. Um sonho maravilhoso o qual ela estava nos braços de Robin novamente, que escutava ele dizer que a amava, e se fosse esse o caso, não queria acordar. Nunca mais.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam??
Espero muuito que tenham gostado, e estou louca para ler os reviews de vocês!

Antes de me despedir, vou deixar aqui link e sinopse para um novo projeto meu, uma outra fic que vou escrever simultaneamente a esta daqui. Espero ve-los por lá também!

Amores Perdidos:
Sinopse: Dizem que alguns tipos de amor conseguem sobreviver ao tempo. Dizem que alguns corações se reconhecem, mesmo que a memória não se lembre.
Robin e Regina vivem um amor desse tipo. Por séculos, eles viveram um amor amaldiçoado. Quando tudo parecia estar finalmente se acertando, a vida, cruel como só ela consegue ser, dava uma rasteira, tirando-os de perto um do outro, e o ciclo, a busca, se reiniciava.
Em todas as suas inúmeras vidas, a memória do que haviam vivido sempre esteve presente, agindo como um farol entre os amantes perdidos.

Anos se passaram, e por mais que procure, Robin não consegue encontrar Regina. Quando o reencontro finalmente acontece, ela esta diferente.
Nada é mais como era antes.
Ela não se lembra de nada, não se lembra dele ou do que eles viveram.
Será o amor deles suficiente para lutar contra o esquecimento? Ou será que o ciclo vicioso de amor e perda finalmente terminou?
Link: https://fanfiction.com.br/historia/722338/Amores_Perdidos/

Agora sim eu me despeço, hahaha
Beijooos e até o próximo capitulo!