Maison in Paris escrita por Leticia Vicce


Capítulo 9
Sofrimento


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas queridas!!
Cá estou eu mais uma vez atrasada com o capítulo, já faz um bom tempo que não tenho aparecido. Peço mil desculpas por isso, mas fiz uma cirurgia, estive muito cansada e trabalhando demais, então, não fiquem bravos com meu sumiço.
Gostaria de pedir por favor pra que quem estiver acompanhando, comente e me dê sua opinião, é muito importante pra mim receber um incentivo que quase não ando tendo, isso me faz ficar um pouco desanimada sobre postar..
Bom, tenham um boa leitura e mais uma vez peço: COMENTEEEM rsrs



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Meados de 1935

Os indícios de que a primavera chegava ao fim na cidade luz estavam por todas as partes. A estação das flores partia para ceder lugar ao verão que despontava.

Por um breve período, Emmett e Rosalie passaram a crer que grande parte de seus problemas, incluindo o maior deles, Royce King, haviam sido deixados de lado, mas com a nova estação surgiram também consequências da afronta de Emmett para com o rapaz milionário.

Henry Brown sempre fora grande amigo dos Cullen, um dos maiores investidores e detentores de ações nas indústrias automobilísticas da família, era um senhor de idade avançada, conheceu Carlilse através do pai dele, já que o Cullen mais velho fora um funcionário de uma de suas inúmeras fazendas espalhadas ao redor de Paris. O anúncio da morte daquele senhor caiu como uma bomba nos braços de Carlisle, já que o mesmo era um dos porta-vozes da diretoria da empresa e seria de grande ajuda na última reunião do conselho para decidirem o destino de seu filho mais velho nas indústrias.

Apenas oito meses haviam se passado desde o AVC que sofrera, estava ainda com uma saúde debilitada, não poderia voltar a presidir as indústrias tão cedo. Caso Emmett fosse “julgado” incapaz pelo conselho, sua única alternativa seria eleger Edward para ocupar o cargo, o que implicaria em ter de pedir ao filho que abandonasse seu tão amado curso de medicinanmedicina universidade de Paris. Caso o filho negasse, o maior acionista depois de Carlilse é quem assumiria a presidência, e isso significa que Royce King é quem bateria o martelo para toda e qualquer decisão das indústrias, um grande risco para os negócios dos Cullen.

Naquele dia díspar, as empresas não abriram suas portas, era feriado de Pentecoste, os funcionários haviam sido dispensados para que pudessem descansar e passar algum tempo com suas famílias.

Emmett como vinha fazendo nos últimos dias, mais uma vez, passara a noite em claro pensando no King e no que sua presença em Paris lhe causou. Pensou em quais os motivos ele poderia ter para ainda estar na cidade após tantos meses que se sucederam a sua chegada, gostaria de pensar que sua noiva não fora o motivo, mas sua mente o traía e sempre lhe apresentava essa possibilidade.

O homem estava sentado na varanda de seu quarto admirando mais um amanhecer, não tinha ânimo para se levantar e fazer qualquer outra coisa, sua vida estava baseando-se apenas em seu ódio por Royce e a destruição eminente que estava por vir. Já cansado, deixou a cabeça cair para trás fechando com força os olhos, buscando alternativas para sair daquela situação em que tinha se envolvido, sem sequer olhar, puxou um cigarro do maço já quase vazio e o acendeu levando a boca e puxando uma longa tragada. Estava distraído, a mente longe vagava por dias felizes em que sua vida não havia sido virada de pernas para o ar, sentiu uma mão tocar o ombro coberto por um grosso suéter de lã, já que mesmo com a entrada do verão, os ventos frios continuavam a soprar.

—Filho, bom dia! – Esme desejou depositando um beijo na bochecha direita do filho mais velho.

—Bom dia mãe. – Ele respondeu sem olhá-la, encarava os portões centrais da casa onde Albert estava a receber os pães e leite que chegavam todas as manhãs para o preparo do café.

—Vejo que está a mais uma noite sem dormir, e me arrisco a dizer que já fumou dezenas desses. – A mulher apontou para o cigarro que pendia entre os dedos do filho.

Emmett suspirou cansado, apagou o cigarro que queimava e já estava quase no filtro, depositou-o sobre o cinzeiro abarrotado de cinzas e bitucas queimadas. Seus dias estavam tão estressantes que fumar havia se tornado sem bálsamo particular, fosse em casa ou na empresa, sempre precisava tirar um tempo para se intoxicar com a inebriante fumaça que invadia seus pulmões e lhe garantia certa paz. Esme sempre de esguelha observava o filho definhando aos poucos, sofrendo por antecipação, nem mesma Rosalie e sua vivacidade eram capazes de fazê-lo voltar a ser o que era e como era.

—Estou cansado. – Ele declarou sem ainda observar a mãe.

—Então vá dormir querido, tenho certeza que assim que acordar estará melhor.

—Não é físico. – Pela primeira vez em dias ele admitia a alguém o quanto estava frustrado e esgotado devidos aos últimos acontecimentos.

Sem prever a reação do filho, Esme o puxou pela mão e sentou-se na cama do quarto iluminado, Emmett recostou a cabeça no colo da mãe e fez algo que surpreendeu a matriarca Cullen, chorou copiosamente enquanto era ninado por ela, até que adormeceu enquanto Esme cantava uma canção de ninar que há muito não cantava, desde que seus filhos eram crianças assustadas com tempestades. A mulher ficou por um longo tempo a acarinhar os cabelos negros do filho, o coração estava apertado no peito vendo o tão indomável rapaz deixando-se dominar pela tristeza.

As horas foram passando lentamente, Esme não se moveu um milímetro sequer, deixou que o filho descansasse toda a sobrecarga que vinha levando sozinho, em seu colo de mãe. O observava atentamente procurando meios para ajuda-lo, para livrar seu menino das demasiadas dores do mundo. Todas as vezes que pensava no homem que causar tanto transtorno à sua família o maldizia, pensava em como a bíblia e a palavra de Deus pediam para que perdoasse seus inimigos, mas não conseguia se sentir bem sabendo o que aquele homem vinha causando a seu filho, fazendo-o atravessar um mar de sofrimento e julgamentos enganosos.

Na suíte principal, Carlisle acabara de acordar, tateou o espaço ao lado do seu na cama buscando pela esposa, mas apenas o que encontrou foram lençóis amarrotados e frios. Alarmado, ele a chamou, pensou que pudesse estar no banheiro, foi até o cômodo e não a encontrou, vestiu um casaco grosso e saiu a procura-la, passou pelo quarto de Edward vendo as luzes acesas imaginou que ela pudesse estar lá, surpreendeu-se ao abrir a porta e ver seu caçula ainda com óculos de grau debruçado sobre grossos livros numa escrivaninha pouco iluminada no canto do quarto.

—Edward, filho, levante. Venha, deite-se na cama. – Carlisle pediu chacoalhando o filho mais novo.

Edward abriu os olhos ainda grogue, acenou positivamente para o pai e se deixou ser conduzido pelo mesmo até sua cama, jogou-se no colchão macio sem nem mesmo retirar os óculos. Carlisle aproximou-se do filho tirando os óculos e ajeitando algumas cobertas por sobre o corpo do rapaz, sorriu ao constatar como tinha orgulho de seu filho, na verdade, tinha muito orgulho dos dois rapazes que ele e Esme criaram com tanto amor.

O homem saiu do quarto apagando as luzes e seguiu pelo extenso corredor em busca da esposa, andou até o quarto do filho mais velho, suspirou cansado antes de abrir a porta e dar de cara com sua esposa ninando um homem tão grande e que parecia tão triste e pesaroso.

—Querida, como ele está? – O patriarca perguntou sentando-se no espaço vazio ao lado da esposa, o filho mais velho encontrava-se em sono profundo deitado entre os dois.

—Carl, sinto que nosso filho não está bem. Há dias venho observado ele virando as noites em claro, durante o dia se enfia na sala da presidência da empresa e só sai ao anoitecer. Olhe na varanda, quantos maços vazios estão jogados por lá. – A mulher acenou para que o marido fosse até a varanda do quarto do filho, o que ele fez prontamente.

Seus olhos arderam em lágrimas ao ver a quantidade de cigarros que o rapaz estava consumindo, observou também a garrafa de whisky já quase vazia num canto mais escondido, o filho estava definhando aos poucos enquanto o King fazia de tudo para derrubá-lo. Carlisle pensou em como fora estúpido aceitar sociedade com aquele homem mesquinho e nojento, nada nunca havia vindo antes de sua família para ele, e naquele momento, graças a uma escolha errada sua, ele via seu filho mais velho desmoronar aos poucos.

Vendo a inércia do marido, Esme recostou a cabeça do filho num travesseiro macio, levantou-se da cama saindo com cuidado para não acordá-lo, puxou o braço do marido para que ele a olhasse, foi quando notou as grossas lágrimas do homem que ama lhe escorrendo pela face. Ambos se abraçaram deixando que a frustração e dor por terem de viver momentos tão difíceis se dispersassem em forma de lágrimas, choraram observando seu primogênito em um estado tão lastimável emocionalmente.

—Vamos Carl, vou falar com Olga e Carmen para saber como está o café e ligarei para Rose, ela poderá fazer mais por ele do que nós.

Carlisle assentiu e deixou o quarto antes dando uma última olhada em direção ao filho que ressonava baixinho, Esme caminhou até ele depositou um beijo sobre a têmpora direita e sussurrando um “Tudo ficará bem meu amor” ao ouvido do rapaz.

Ambos juntos e com feições abatidas caminharam em direção a cozinha onde Carmen e Olga mantinham uma conversa animada naquela manhã, ambas teriam o período da tarde e manhã do dia seguinte livres, já que todos os funcionários da casa ganharam folga, afinal, na manhã do dia seguinte seria a tão aguardada reunião de acionistas que decidiria o futuro dos Cullen.

—Bom dia Carmen, bom dia olga. – Carlisle fora o primeiro a entrar na cozinha e desejar as empregas um bom dia.

—Bom dia meninas. – Esme sorriu para elas, mas um sorriso fraco, o que não passou despercebido principalmente à Carmen, sua grande amiga. –Como está indo esse café? – Esme pediu com um olhar silente em direção a Carmen, sinalizando que logo conversariam.

Olga alheia a conversa que a patroa e Carmen mantinham, preparava os itens recém prontos em uma bandeja prateada para leva-los à mesa onde serviria o café da manhã dos patrões.

—Está quase tudo pronto, senhora. – Olga garantiu.

—Olga, me chame de Esme ou ficarei ofendida, nos conhecemos há muito tempo para que ainda me chame de senhora. – A matriarca pediu sorrindo.

—Claro, me desculpe Esme, é força do hábito. – A cozinheira sorriu e se retirou do cômodo indo em direção à sala de jantar, deixando apenas Esme , Carmen e Carlisle na cozinha.

Carlisle procurava avidamente por algum doce na enorme geladeira, já fazia alguns dias que seu médico o havia liberado para comer doces em pequenas quantidades e ele ainda não o havia feito, e como costumava dizer, “Em se tratando de doces, sou uma formiga Gigante”.

Olhando mais ao fundo, atrás de algumas verduras, Carlisle encontrou uma compota de pêssegos em calda, sua boca salivou já pensando no sabor doce atingindo seu paladar, sem mais delongas, pegou a compota e saiu em direção à mesa do café onde tomou seu lugar e esperou pelos demais.

Assim que o marido deixou a cozinha, Esme fez questão de colocar Carmen por dentro dos últimos acontecimentos, ela sabia que a amiga tinha um carinho muito grande por seus meninos, afinal, ela os conhecia desde que ainda viviam num bairro de classe mais baixa e eram vizinhas, nessa época, Carlilse se esforçava para terminar o curso de engenharia automobilística que com muito esforço conseguiu concluir e assim dar início ao seu império de carros. Esme presenciava a vida Carmen e do marido Eleazar, os dois não podiam ter filhos, por isso adotaram uma linda garotinha que hoje já era uma adolescente. A mulher sabia que as condições da família não eram das melhores, por isso  convidou Carmen para trabalhar em sua casa, e Carlisle, de bom coração, ofereceu um emprego a Eleazar em uma das fábricas como chefe de produção, assim o casal conseguiu se estabilizar, comprar uma residência própria e dar entrada nos papeis da adoção. Com boas condições, eles conseguiram adotar Anna, uma linda garotinha que tinha apenas alguns meses de vida quando se tornou parte daquela família.

Carmen manteve a expressão serena enquanto Esme lhe contava sobre o desenrolar dos fatos, mas quando soube da situação em que seu afilhado Emmett se encontrava, sua feição mudou radicalmente, preocupou-se com o estado que a amiga descreveu que ele estivera nos últimos dias.

—E a Rose, ela sabe? – Carmen perguntou sabendo que a noiva seria a única que poderia ajudá-lo.

—Não sei muito bem Carmen, não a vejo a alguns dias. Ela me ligou ontem perguntando se estava tudo bem, ao que parece ele ainda não a viu essa semana, tem ficado até tarde na empresa, viajou durante toda semana para as filiais e disse que está muito ocupado.

—Ela deve estar preocupada. Não seria o caso de você pedir para que ela venha vê-lo?

—Farei isso agora mesmo, com certeza a essa hora ela já está acordada.

Carmen assentiu observando Esme sair da cozinha em direção a sala de estar em busca do telefone para entrar em contato com a nora, ficou com o coração apertado pensando na situação em que Emmett se encontrava graças ao maldito King.

Na casa dos Hale, o clima era de calmaria, a família aproveitava o feriado para ficarem juntos. Jasper havia saído logo de manhã para buscar Alice em seu apartamento, ambos haviam ficado noivos, mas ainda não haviam dado a notícia à família, estavam esperando as águas turbulentas que se deram desde a chegada de Royce King e a reunião dos Cullen ter um resultado, para que apenas depois pudessem anunciar o noivado e a data do casamento.

Todos comiam alegremente, Alice contava aos sogros o quão feliz estava por estar ajudando Rosalie nas criações de novas coleções para a Maison, Jasper a observava com encantamento, sorria ao constatar como sua Alice era uma joia rara, capaz de amenizar o clima pesado que se estabelecera entre as famílias no último mês, fossem em jantares e encontros na casa dos Cullen ou em sua casa, ou fossem em saídas com os irmãos Cullen e os Hale.

Rosalie observava tudo silente, nos últimos dias mantinha-se sempre quieta e pensativa, efeito dos acontecimentos recentes. Pensava no noivo por grande parte do dia, em seu afastamento e em como o mesmo se afundava cada vez mais nos trabalhos da fábrica a fim de esquecer os problemas.

O telefone tocou alto interrompendo o assunto feliz de Alice, Hillary fez menção de se levantar para atender, mas Rosalie foi mais rápida e correu em direção ao aparelho esperando que fosse Emmett ao outro lado da linha.

—Alô. – Ela disse animada, deixando que sua excitação transparecesse na pequena palavra de saudação.

—Bom dia, eu gostaria de falar com a Rosalie. Aqui é Esme.

—Bom dia Esme, sou eu. – Rosalie respondeu agora preocupada, não sabia de um motivo para que a matriarca Cullen pudesse lhe ligar àquela hora, seu coração falhou uma batida pensando que algo poderia ter acontecido ao homem que ama.

—Como vai querida? – Esme pediu gentil.

—Estou bem e você?

—Estou bem, obrigada. Bom, não vou fazer rodeios, estou te ligando, pois, meu filho não está nada bem, e ao que pude perceber, ele não lhe falou nada sobre.

—Eu imaginei que ele não estivesse muito bem, mas ele me garantiu que era apenas por estar trabalhando demais. – A jovem disse fazendo uma careta, odiava que lhe omitissem fatos importantes.

—Eu não queria lhe preocupar, mas não sei mais o que fazer, estou assistindo meu filho definhar por culpa daquele maldito homem.

—Esme, eu sinto muito que eu seja o motivo disso tudo. – Rosalie disse pesarosa com a mão sobre o peito ao lado esquerdo numa tentativa vã de acalmar seu coração.

—Querida, nada disso é sua culpa, é apenas do tal Royce. – Esme suspirou. – Bem, eu gostaria de lhe fazer um pedido se não lhe for muito incômodo.

—Pode pedir o que quiser Esme, não será incômodo algum atendê-la.

—Eu gostaria que você viesse até aqui e falasse com ele. Talvez você consiga acalmá-lo.

—Nem precisa pedir, eu já estava mesmo pensando em ir. – Rosalie disse analisando a sala buscando com os olhos pela bolsa para que pudesse partir o mais rápido possível.

—Tudo bem, querida. Estarei lhe aguardando.

—Logo estarei aí, até mais. – A loira disse já colocando o telefone no gancho.

Assim a ligação fora finalizada, Rosalie suspirou audivelmente enquanto caminhava em direção a uma poltrona de estofado ver musgo e pegava sua bolsa para ir de encontro a mansão dos Cullen.

Harry vendo a filha vasculhar a bolsa logo se alarmou constatando que algo estava acontecendo de errado, tamanho nervosismo e pressa que emanava da garota.

—Vai sair? – O pai perguntou quando viu-a já quase na porta de entrada.

—Estou indo até a casa do Cullen. Esme me telefonou, parece que o Emm não está bem.

—Claro, vá vê-lo e mande lembranças minhas. – Harry pediu se levantando e indo em direção à filha, retirou os óculos escuros do rosto da garota e plantou um beijo doce na têmpora esquerda, logo em seguida entregou-lhe os óculos escuros e se postou na porta de entrada onde observava a loira sair com o conversível vermelho moderno recém-adquirido por ela.

Rosalie passou pelos portões de ferro escuros da casa dos Hale e buzinou para o pai acenando em seguida, observou a rua residencial calma e acelerou o máximo que pôde visando encontrar logo o noivo para ter melhores explicações sobre o que estava lhe acontecendo, e quem sabe de alguma forma poder ajudá-lo.

O trajeto teria sido rápido não fosse o desfile organizado no centro para comemoração do feriado de Pentecoste, o que obrigou Rose a tomar um caminho diferente, passando por bairros de classe mais baixa da cidade luz onde poderia cortar o desfile. Com alguns pouco minutos a mais do que teria gasto habitualmente, ela pôde visualizar os portões da imensa propriedade dos Cullen, assim que chegou retirou os óculos escuros colocando-os na cabeça, buzinou para Alfred abrir os portões, já que o mesmo se encontrava próximo ao jardim.

O fiel funcionário da família correu ao encontro da jovem dama e a saudou quando a mesma cruzou os portões estacionando o carro em frente a porta de madeira que dava acesso a parte interna da mansão. Esme já a esperava na porta quando ouviu o som buzina do lado de fora, correu para recepcioná-la. Ambas trocaram um abraço caloroso, em seguida a matriarca a guiou para dentro das dependências da casa.

—Ele está dormindo a algum tempo, estou muito preocupada, ele até chorou hoje mais cedo. – Esme declarou à nora com as mãos juntas sobre o peito com o coração apertado lembrando-se da cena e de ter seu filho sempre tão sorridente e brincalhão chorando em seu colo até adormecer.

—Fique tranquila, eu vou falar com ele e farei o meu melhor para que ele volte a ser o nosso Emm. – Rosalie piscou para a sogra e colocou-se a subir as escadas apressadamente, no caminho retirou as luvas de couro que usava e colocou-a no bolso da calça preta social que trajava.

Sem nem mesmo bater, ela adentrou o quarto do rapaz, observou-o ressonar por um longo tempo ainda posta sob a soleira da porta, em seguida caminhou lentamente para junto da cama, abaixou-se para que pudesse ficar da altura do rosto do jovem o encarando com os seus olhos azuis sempre tão vivos agora repletos de pura preocupação. Acarinhou a bochecha do jovem raspando as unhas pela barba espessa que começava a nascer e lhe beijou os lábios.

Alguns poucos minutos se passaram até que o homem abriu os olhos e encarou a imensidão azul à sua frente, ficaram assim por longos minutos enquanto o verde de seus olhos lia a alma da mulher que amava e constatava toda preocupação que lhe causara.

—Bom dia Emm. Vejo que precisamos conversar. – Ela disse após analisar o quarto e seus olhos passarem por duas garrafas de vinho e uma de whisky vazias e alguns maços de cigarro jogados na varanda que ela podia ver através da porta que permanecer aberta.

—Bom dia. – ele respondeu com olhar envergonhado.

—Emm, eu estou preocupada com você, seus pais e seu irmão também. Você não pode sofrer por antecedência por causa daquele patife, a reunião será amanhã, se quer sofrer, sofra depois de ter um resultado concreto, mas enquanto isso não acontece, você vai se levantar, tomar um banho, comer e nós vamos sair.

—Não quero sair Rose. – Emmett fez como um garotinho mimado e birrento, puxou as cobertas sobre a cabeça a fim de se esconder, assim arrancando uma doce gargalhada de sua amada.

—Quer sim, ande logo. – Ela pediu divertida. – Vá se arrumar agora Emmett, eu vou lá no quarto do seu irmão chamá-lo para sair conosco, Alice e Jasper também vão. Quem sabe não convencemos Edward a convidar Isabella, já que os dois tem estado tão próximos desde que ela começou a trabalhar lá na fábrica?! – Ela disse lembrando-se da menina tímida de quem se tornara amiga e pela qual o cunhado era apaixonado.

Exigiu que o noivo se levantasse logo e arrancou as cobertas de sobre o corpo grande do mesmo, ficando frustrada com sua inércia e falta de vontade, logo ele que sempre estava disposto a fazer o que fosse e a qualquer hora, sempre sendo o entusiasta da turma e organizador dos melhores encontros e passeios entre os amigos.

Com toda força que possuía, ela segurou-o pelo braço e tentou tirá-lo da cama em que estava, o que eu foi quase inútil, já que ele tinha o dobro de seu tamanho e possuía o dobro de sua força. Emmett nem sequer precisou fazer muita força, apenas puxou-a arrancando um gritinho dela que caiu sobre seu corpo, ficou devidamente presa em um abraço de urso enquanto ambos sorriam, aquele momento fez Emmett esquecer-se de tudo que estava sentindo e pensou em o quão tolo fora por tê-la afastado de sua vida nos últimos tempos, não permitindo que ela aliviasse um pouco do caos pelo qual ele vinha passando.

—Emm, isso é injusto, você é mais forte. – Ela birrou fazendo bico.

—E você é muito chata, senhora teimosia. – Ele retrucou sorrindo e em seguida a puxando para um beijo cheio de amor e carinho.

—Ok, ok, vamos parar com isso rapaz, temos um passeio a fazer e não aceito não como resposta. Agora levante-se e se arrume, melhore essa cara e livre-se desse cheiro de bar. – Ela pediu já se levantando de cima dele e tapando o nariz teatralmente.

Emmett revirou os olhos e fez o que ela pediu, ou melhor exigiu. Levantou-se e andou pesadamente até o banheiro, tirou a roupa que vestia e preparou-se para tomar um banho quente e relaxante, mas antes enrolou um toalha na cintura e voltou ao quarto onde Rosalie já havia separado uma roupa para ele e agora falava ao telefone, provavelmente com Jasper comunicando sobre o passeio.

Assim que a loira voltou a colocar o telefone no gancho o encarou ficando sem ar por um segundo observando os músculos que se destacavam na barriga definida do noivo,  logo em seguida desviou o olhar para os olhos do rapaz e sorriu travessa. Emmett revirou os olhos e abaixou-se na altura da cadeira em que ela estava sentada para beijá-la.

—Nós vamos sair sim, mas vamos de moto. – Ele disse lançando uma piscadela marota para a noiva e voltando ao banheiro para terminar sua higiene, deixou-a com os olhos brilhando para trás, afinal, era um grande sonho da jovem desfrutar de um passeio na Harley Davidson que Emmett havia comprado a alguns meses quando haviam acabado de se tornarem noivos oficialmente, mas eles nunca tiveram a oportunidade de usá-la.

Aproveitando enquanto o noivo se preparava, a loira caminhou até o quarto de Edward onde imaginou que o mesmo já estivesse acordado, devido aos sons que se podia ouvir mesmo do corredor. Rose bateu levemente na porta esperando que o cunhado a atendesse, o que fez rapidamente.

—Edward, bom dia! – Ela desejou sorrindo. – Arrume-se, iremos buscar Isabella para um passeio. – Ela pediu deixando o rapaz abobalhado ao ouvir o nome da garota por quem é apaixonado. – Se apresse. – Ela completou já dando as costas ao rapaz e se encaminhando novamente para o quarto do noivo com um sorriso no rosto, pensando na tarde e noite que os amigos passariam juntos, sem dúvidas seria um bálsamo para todos após os últimos acontecimentos tenebrosos.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, por favor, me digam o que acharam.
Até a próxima amores ♥



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