Crônicas de uma jornalista escrita por Andrew Ferris


Capítulo 8
Reencontro


Notas iniciais do capítulo

Desculpa aí a demora, estava sem celular, mas agora voltei com tudo para continuar a saga de Ellis Turler pelo universo do Batman.



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Assim que chego na delegacia, sigo todas as orientações do Batman, e nunca achei que pudesse dar tudo tão certo quando tinha mais chance de dar errado. Expliquei a situação para os policiais e entreguei a pasta que tinha todas as informações para prender meu editor, e não apenas ele, mas também uma série de pessoas em Metrópolis que estavam envolvidas no esquema do Máscara Negra. A manchete da semana era que uma jornalista tinha desmascarado um esquema de corrupção entre Metrópolis e Gotham City. Evitei ao máximo sair de casa nos dias posteriores, pois sabia que não seria fácil. As vendas de jornais do Planeta Diário diminuíram tragicamente depois do escândalo, e a condenação do Ben não melhorou a situação. Assim que recebeu sua sentença, voltei ao trabalho e descobri que respondia à outra pessoa a partir de então.
— Senhor White? Queria falar comigo? - Pergunto abrindo a porta de leve.
— Sim senhorita Turler, pode se sentar - Me aproximo da cadeira mas continuo em pé - Sei que esses últimos dias não tem sido fáceis. Na verdade, não tem sido fácil para nenhum de nós, mas saiba que não vou culpa-la por nada que aconteceu, você fez o que foi contratada para fazer, expor a verdade, e isso só já basta.
— Obrigada senhor - Agradeço coçando a nuca sem jeito.
— Sabe que essa história não terminou, não é?
— Imagino que sim.
— Por essa razão espero que não se importe se eu remanejar você para a minha equipe de redação. Você passará a trabalhar apenas no escritório, nada de sair por aí caçando aventuras - Aquela era a melhor notícia que eu recebera em muito tempo.
— Eu aceito - Declaro sem rodeios - Quando posso começar?
— Semana que vem. Dê uma folga a si mesma enquanto preparo o pessoal, ainda temos de superar essa crise - Ele pega sua xícara de café e beberica um pouco antes de se virar para a janela - Precisamos de sangue novo. Sabe o que quero dizer?
— Acho que sei.
— Você é uma mulher fantástica senhorita Turler, mas seu tempo já passou. A questão é arrumar alguém para ficar no seu lugar.
— Não precisa exagerar senhor White.
— Não é exagero. Depois do que fez é provável que ganhe outro Pullitzer - Ele sorri fingindo que aquilo poderia ser algo bom - Por isso quero sua ajuda.
— Senhor?
— Em duas semanas vou convocar uma lista de espera de trinta jovens que querem estagiar em nosso jornal. Quero que você escolha o melhor deles. Acha que pode fazer isso pelo seu jornal?
— Posso senhor, mas não sei se sou a pessoa certa para isso.
— É a melhor que eu conheço, isso deve servir.
— Então pode contar comigo.
— Excelente. Aproveite sua folga, visite sua mãe, ela ainda está viva, não é? - Recordo da última vez que tinha visto minha mãe. Não tinha sido nem um pouco agradável, exceto pelo sujeito que me salvara naquela noite.
— Está sim senhor - Depois de uma longa pausa olho pela janela - Até a próxima, senhor White.
— Até senhorita Turler - Quando chego em meu apartamento sinto o cheiro de jasmins e orquídeas na varanda. Tinha colocado aquilo para ver se melhorava o aspecto tenebroso que minha casa transmitia. Meus gatos se aproximam e lambem meus dedos antes de eu agarra-los e coloca-los em meu colo, fazendo um pouco de carinho enquanto observava algumas garrafas vazias de bebidas que eu escondia debaixo da pia. Não tinha ideia se minha mãe estava viva, mas já havia passado da hora de descobrir. Não, eu não queria voltar à Gotham, mas se eu recebesse uma carta dizendo que ela havia morrido eu iria me arrepender pelo resto da minha vida, então a escolha era bem óbvia. Não juntei muitas coisas, apenas roupas para três dias e no fundo da mala meu revólver. Estava na hora de encarar alguns demônios. Com o dinheiro que recebi ao final do processo comprei um carro, e é com ele que me dirijo à Gotham, a Cidade que por mais que eu odiasse, cotinuava me prendendo, me levando à ela, eu ainda tinha minhas raízes ali, estava presa àquele lugar quisesse eu ou não. Chego na ponte de acesso principal à cidade no começo da tarde e depois de parar para comer alguma coisa no meio da rua sigo para minha antiga casa. A cidade continuava a mesma coisa dos dias que passei ali, exceto por um ou outro caminhão rodando pelas ruas. Depois de parar o carro em frente à minha velha casa, me aproximo e bato na porta. Nada. Bato outra vez, nada de novo. Ligo para o telefone dela, mas só ouvia o chamado antes de cair na caixa de mensagens.
— Mãe, é a Ellis - Grito bem alto, mas tudo continua silencioso, então entro no meu carro e sigo para um bar longe dali pra pensar um pouco. Tomando um gole de meu uísque, começo a pensar no estado que minha mãe estaria depois de tanto tempo, será que tinha acontecido alguma coisa? Será que Crane tinha ido atrás dela querendo se vingar de mim? O que me afligia mais do que tudo isso era o Batman. Ele nunca mais tinha me procurado nem telefonado (embora eu pense que ele não seja de ligar), e embora isso talvez significasse que não havia mais ninguém na minha cola, por alguma razão não conseguia achar tão positivo. Ao sair do bar começo a passear pelas ruas da cidade na esperança de encontrar algum sinal da minha mãe não importava o que fosse, mas tudo que encontrava eram mulheres em esquinas, sendo mais grossas que conseguiam, então fui a uma delegacia para obter respostas.
— Com licença - Falo para um policial da recepção - Poderia le dar uma informação?
— A respeito de que? - Pergunta o jovem me olhando com desdém.
— Óbitos - Declaro com segurança.
— Ainda estamos contabilizando os números moça, e esses dados são confidenciais.
— Eu tenho que saber sobre uma pessoa apenas - Ele me encara incomodado antes de pegar uma prancheta e anotar algumas informações que fui passando para ele à medida que lembrava, então ele ficou alguns minutos mexendo em seu sistema antes de se dirigir à mim e me informar.
— Não tem ninguém com o sobrenome Turler nas estatísticas de homicídios, senhora - Respiro aliviada me levantando.
— Muito obrigada.
— Por nada - Responde sem entender direito o que acontecia - Volto ao meu carro e paro para pensar em tudo que tinha feito. Havia um lugar que poderia procurar minha mãe que sequer tinha passado pela minha cabeça. Paro em frente à boate que tinha encontrado minha mãe da primeira vez, espero a movimentação do local aumentar, então presto atenção em cada pessoa que entra e sai de lá, até que a movimentação cessa e eu decido subir a escada lateral do prédio. Depois de procurar em muitos quartos e vestiários fedendo a cachorro molhado, encontro algumas roupas deixadas a parte num canto e me visto com elas para não chamar atenção. Assim que desço na boate pela porta dos fundos, me aproximo do palco onde uma jovem de cabelos curtos pretos desfilava com charme e muito jogo de cintura, lavando os tolos ricos de gravata a babarem por ela. A jovem usava uma roupa bem ousada preta e uma tiara ridícula de gato, o que me fez dar uma pequena risada. Continuando meu passeio, encontrei uma mulher secando alguns pratos e decidi ajuda-la, até que começamos a conversar.
—Esses caras vem de fora - Afirmou a mulher - O pior tipo de gente. O novo chefe só está enchendo Gotham com o pior tipo.
— Pior do que antes?
— Pode parecer impossível, mas é a verdade. Esses escrotos não ligam para nós exceto para nos fazer de escravas. Viu Betsy? - Engoli em seco - É claro que não, ela foi levada para fora do país pelo porto há mais de um mês. É provável que aconteça o mesmo comigo mais cedo ou mais tarde.
— Alguém tem de parar esses filhos da puta - Afirmo sussurrando, o que a faz sorrir por um breve instante.
— Essa cidade tem dono, assim como nós sempre tivemos, por isso é fácil de aceitar.
— Se aceitarmos, Gotham vai continuar sendo a merda que é - Declaro entregando o último prato a ela.
— Aprendemos a ficar quietas depois do que aconteceu com a Turler - Sinto um aperto no coração - Receio que não a conheça, deve ter entrado há pouco tempo, não? Afinal, nunca te vi por aqui - Ela me encara desconfiada enquanto desvio o olhar para os guardas - Não se preocupe, não sou desse tipo, mas peço que tome cuidado com esse disfarce. Da última vez pagamos o preço por isso. Todas nós - Ela se vira e pega a pilha de pratos, se dirigindo ao armário do outro lado da boate. Intrigada, pego uma pilha de pratos e a sigo até o armário, ajudando-a a guarda-los.
— Não vai se livrar de mim com tanta facilidade - Abro um sorriso solidário.
— O que você quer? - Pergunta com seriedade.
— Quero encontrar minha mãe.
— E ela trabalha aqui - Afirma perplexa - Para alguém do seu calibre é difícil de acreditar.
— Turler. Meu nome é Ellis Turler - Depois de se acostumar com a minha presença, Erika Jenkins me levou ao porão da boate, onde algumas mulheres embalavam drogas. Num canto havia uma mulher que maquiava uma jovem que aparentava ser muito nova. Quando terminou seu trabalho e dispensou a menina, observei por um instante seus braços flácidos cheios de queimaduras em diferentes graus e cicatrizes de pancadas fortes. Erika se aproxima primeiro e abraça minha mãe. As duas deviam ser amigas.
— Está quase acabando - Avisa Erika soltando minha mãe - Trouxe algo que pode te alegrar um pouco.
— Pó? - Ela balança a cabeça em tom de desaprovação e me coloca de frente a minha mãe, que fica chocada e cobre a boca com as mãos cheias de rugas.
— Mãe, sou eu - Uma lágrima escorre de seus olhos, que rapidamente ela seca e me abraça sem dizer nada.
— Ellis, o que está fazendo aqui? - Pergunta incrédula como revelando que não tinha perdido nem um pouco de seu espírito materno.
— Estava te procurando - Abraço ela por um longo tempo, sem ligar para o fato de que todas as meninas ao redor haviam parado de trabalhar para nos observar.
— Eu sinto muito filha. Por tudo.
— Eu que sinto mãe. Não devia ter te abandonado quando aquilo aconteceu. Devia te ficado ao seu lado - Finalmente percebo que estou chorando - Tudo que aconteceu com você foi minha culpa.
— Assim como tudo o que irá acontecer - Declara um guarda se aproximando de nós com uma expressão prazerosa.

Estou de joelhos no andar de térreo da boate, que havia sido esvaziado e haviam apenas os seguranças e as mulheres que ali trabalhavam. Muitas delas choravam desesperadas, outras simplesmente choravam por medo ou revolta. Eu havia condenado todas elas.

— Ellis Turler. Os noticiários falaram muito de você, senhorita. Você fudeu bastante nossos negócios nos últimos meses - Declarou um homem de terno e cabelo loiro penteado para trás que não parecia um simples segurança. Vejo Erika à beira de um forno à nossa frente.
— Deixem elas em paz, seu assunto é comigo - Peço sem me deixar intimidar, embora meus batimentos estivessem extremamente acelerados.
— Isso é bem verdade - Afirma o sujeito com satisfação - O chefe está puto com você. Revelou o nome dele ao público, assim como os negócios que humilham de todas as maneiras possíveis os esquemas do velho Falconi. Você fez o chefe de palhaço e se tem uma coisa que ele não gosta é de ser comparado com palhaços.
— Se ele tirar o nariz vermelho ninguém vai comparar ele com palhaço - Declaro brindo um sorriso.
— Nós só deixamos suas querida mamãe viva por que sabíamos que viria atrás dela mais cedo ou mais tarde. Sabíamos que iria procura-la, então bastava deixa-la em um lugar onde pudessemos manter-nos vigilantes sobre ela dia e noite, ou seja, prende-la aqui o tempo todo até você dar as caras. Devo confessar que demorou bastante para alguém que ama tanto a mamãe, não acha Turler? - Um segurança puxa minha mãe pelo cabelo e a coloca de frente a um forno - Vamos jogar uma brincadeira bem interessante.
— Vai se fuder.
— Quer saber? Cansei. Vamos descobrir se a filha é tão boa quanto a mãe já foi. Tirem a roupa dela - Três seguranças altos se aproximam de mim, mas no instante que um deles segura meu punho eu retiro meu revólver do bolso e aponto para ele.
— Que tal essa surpresa?
— Seus idiotas. Não revistaram a vagabunda antes de trazê-la pra cá? - Os seguranças se afastam de mim e se entreolham envergonhados.
— Soltem a minha mãe e a senhora Jenkins agora. Deixem todas elas irem e depois conversamos.
— Solte essa arma - Ordena o homem - Solte a arma e liberamos a velha - Ele encar meu revólver - As duas velhas.
— Ela não tem coragem de atirar - Afirma o segurança mais próximo de mim - Ela não é como a gente. Jamais conseguiria fazer isso, nem mesmo pela mãe.
— Me provoca seu cretino - Aviso apontando para ele.
— Eu juro que vou matar essa velha lavadora de pratos se você não largar a porra da arma - Grita o loiro apontando o dedo para mim, mas Erika me encara e eu entendo o que tenho de fazer.
— Está bem - Assim que abaixo a arma, o guarda que segurava Erika despeja um líquido nela e a arremessa no fogo, seu corpo sendo queimado bem depressa em meio aos seus gritos desesperados implorando ajuda. Eu assisto a cena chocada, paralisada, então um ódio súbito invade meu corpo e eu disparo no segurança perto de mim, cujos miolos são despejados no chão pouco antes de sua cabeça grande e rechonchuda sem vida. Aponto a arma para o loiro e, com lágrimas nos olhos, vocifero:
— Larga minha mãe e deixa elas irem embora - Mas todos estavam sacando suas armas e começavam a bater nas garotas. De repente, a jovem com tiara de gato pula na direção de um segurança e o arremessa na adega dos fundos. Em seguida, ela agarra o segundo pelo colarinho e aperta sua garganta, girando ao seu redor para se proteger dos disparos, que acertavam o corpo jásem vida do sujeito. Ela se joga em cima de mais alguns, quebrando seus pescoços ou chutando-os com tanta força que caíam no chão desacordados. Alguns seguranças tentam me agarrar, mas atiro no primeiro. Infelizmnete um deles me agarra e me joga no chão, então a jovem de tiara pula na minha frente, o que me leva a jogar meu revólver em sua direção. Cheia de habilidade, ela atira nos três seguranças a minha volta antes de derrubar o loiro com uma rasteira.
— Você é um escroto de merda - Afirma a jovem mirando a arma para a cabeça do sujeito.
— E vocês não passam de um monte de putas imprestáveis sua cachorra - Ela aproxima a cabeça do rosto do loiro e lambe sua orelha.
— Cachorra não, gata - Ela se vira e atira em cheio em sua testa, ouvindo o barulho da queda com satisfação antes de seguir em minha direção e me ajudar a levantar.
— Tudo bem, senhorita Turler?
— Tudo...eu não sei o seu nome.
— Selina Kyle.
— Obrigado pela ajuda, senhorita Kyle.
— Não agradeça, ainda não acabou - Um grupo de gangsters invade a boate e começa a atirar para todos os lados, que é quando percebo que minha mãe estava se aproximando.
— Mãe, vem aqui - Um jovem se aproxima e atira em minha mãe pelas costas antes de arremessa-la no fogo, me olhando com frieza.
— Vamos embora - Grita Selina me puxando.Assim que saímos da boate, Selina começa a bater em alguns criminosos enquanto um jovem de roupa verde, vermelha e amarela se aproximava e esfacelava os bandidos com uma foice. Ele me empurra e derruba um bandido antes de quebrar seu braço. Mais criminosos surgem e começam a atirar no jovem que aparecera, que a essa altura lutava sozinho. Selina tinha desaparecido, o que me deixou preocupada, até que um carro preto estacionou e dele saiu a pessoa que eu menos esperava, Bruce Wayne.


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Notas finais do capítulo

Selina Kyle, Robin... Desse jeito nem eu aguento!!!



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