Crônicas de uma jornalista escrita por Andrew Ferris


Capítulo 7
Exposta


Notas iniciais do capítulo

Ellis Turler vai se meter em mais problemas ainda, como o próprio título já revela!!!



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     Depois de juntar minhas coisas, pego o primeiro táxi para a rodoviária, e ali aguardo a chegada de um ônibus para Metrópolis. A única sentada no banco próximo à placa onde fica a fila para a cidade durante o dia, com meus medos se intensificando a cada instante. O que tinha passado pela minha cabeça para voltar a Gotham e ainda por cima topar algo tão idiota quanto uma entrevista com um maníaco igual a Jonathan Crane? Tudo o que eu havia ganho com aquilo até então era a péssima experiência de ser cobaia do Espantalho e de ter aquelas memórias perturbadoras passando pelos meus pensamentos a todo instante e uma caça frenética à minha vida por eu supostamente saber de algo que ninguém mais sabia e poderia expor uma máfia inteira, mas eu não tinha ideia do que poderia ser isso, por que tudo o que Crane havia me falado era um nome, que aparentemente era o suficiente para causar essa confusão. Mesmo assim eu não me acovardaria e aquela matéria veria a luz do dia. Depois de dar uma olhada no meu celular e nas minhas anotações sobre a matéria para esquecer a alucinação com aqueles bandidos, pego uma garrafa de água na bolsa quando olho de relance para uma escada na plataforma do outro lado da rodoviária, e descia por ela um homem que parecia fazer de tudo para não ser visto. Usando uma touca e um casaco simples, ele me olha coml se eu fosse parte da paisagem, mas não restavam dúvidas para mim, aquele sujeito poderia muito bem ser um capanga do Máscara Negra. Por via das dúvidas fico de olho naquele sujeito, que atravessa cada uma das plataformas até chegar na plataforma onde eu estava e se dirigir em minha direção com uma das mãos no bolso. Colocando a mão na bolsa começo a segurar meu spray de pimenta com força, até que ele se aproxima de mim e tira a mão do bolos, revelando a mim uma passagem.
     - Boa noite moça, desculpe incomoda-la, poderia me dizer onde fica esse ônibus? - Largo o spray e me levanto para olhar a passagem direito.
     - Ah, fica do outro lado drssa mesma plataforma, e tem um ônibus com esse destino que vai sair bem agora - Aponto e ele logo entende.
     - Obrigado, vou correr para ver se chego a tempo - Ele corre na direção do ônibus, então me viro ainda em pé e paro em frente à placa do ônibus para Gotham suspirando aliviada. Estou tão paranoica que não consigo cer ninguém passar por mim sem pensar que a pessoa quer me matar. Nesses momentos você esquece que existem pessoas boas. Assim que me viro para frente achando graça na minha própria paranoia, o mesmo homem está parado na minha frente com uma expressão fria, apontando uma arma para a minha testa, e nesse momento eu gostaria de engolir minha saliva, mas sequer lembrava que isso existia.
     - Onde está o pen drive? - Pergunta com seriedade.
     - Não sei do que está falando - Grito desesperada.
     - Acha que eu estou brincando? Vou meter um tiro na sua cabeça, então me diz onde é que está a porra do pen drive.
     - Eu realmente não sei do que está falando - Confesso em meio ao choro, torcendo unicamente para que, quando ele atirasse na minha cabeça, eu não sentisse nada. Quando fecho os olhos escuto um disparo, mas permaneço de pé. Assim que abro os olhos, vejo que há um policial à minha frente, recuperando o fôlego enquanto olhava para o corpo imóvel e morto do criminoso no chão, então suspiro aliviada agradecendo infinitamente por dentro por estar salva.
     - Tudo bem, senhorita Turler?
     - Como sabe meu nome? - Pergunto sem compreender.
     - Ficou famosa. Tem muita gente querendo te ver morta - Eu olho em outra direção pensando naquela merda toda - Inclusive eu - Viro o rosto para o policial, que agora apontava a arma quente para mim, sorrindo com diversão.
     - Como assim? - Dou um passo para trás, e nesse exato instante, James Gordon aparece e derruba o policial de maneira rápida e eficiente. Jogando a arma longe, Gordon segura o policial pelo colarinho e bate nele até que desmaie, mas até isso acontecer seu colega já estava com o nariz quebrado.
     - Tudo bem, senhorita Turler?
     - Quer me ver morta também? - Grito indignada.
     - Não. Quero te ajudar. Estava desconfiado que Raimund fosse corrupto, por isso o segui até aqui.
     - Um policial que trabalha pra máfia de Gotham - Afirmo mais revoltada ainda.
     - Pior, este aqui trabalha pro Falconi.
     - Mas Falconi está preso - Protesto sem entender nada.
     - Isso não o impede de ter seguidores fieis e de possuir influência na cadeia. Os que ainda trabalham para ele com toda a certeza gostariam de pegar esse pen drive e divulgar seu conteúdo da pior maneira possível, uma maneira escandalosa o suficiente para forçar a polícia de Gotham a fazer o que eles querem. Derrubar esse novo chefe da máfia para que Falconi pudesse assumir outra vez.
     - Duvido que vá viver até o fim da semana - Declaro secando as lágrimas.
     - Não se preocupe. Em Metrópolis você tem influência. Pode publicar sua matéria à vontade, é o que tem de ser feito.
     - Mas e o Falconi?
     - Você não entendeu. Se você publicar o que vai acontecer é que todos terão notícia do que realmente está acontecendo. Se os bandidos publicarem irão manipular o que você escreveu para seus próprios fins - O ônibus chega e estaciona em frente a nós dois - Tome isso - Ele me entrega uma arma, e depois de certo receio eu pego - Pela lei não deveria, mas acredito que você esteja precisando mais do que eu.
     - Obrigada por tudo, tenente.
     - Não agradeça ainda. Isso está longe de acabar, por isso fique esperta.
     - Deixa comigo - Declaro determinada.
     - Boa sorte, Ellis - Depois de chegar na rodoviária de Metrópolis e, posteriormente, no meu apartamento, coloco a arma em cima da mesa da cozinha e a observo por alguns instantes antes de guardar minha coisas e tomar um banho rápido para tentar dormir, o que logicamente seria muito difícil. A verdade é que cada vez menos eu me enxergava dormindo. O medo consumia cada parte de mim, assim como a raiva. Não queria ver Gotham nunca mais na minha vida, mas podia sequer acordar viva na manhã seguinte. O que eu poderia fazer quanto a isso? Eu, uma simples jornalista, envolvida numa guerra do crime organizado e quase morta três vezes no mesmo dia, como eu poderia continuar vivendo assim? O pior era a alucinação de Crane, que voltava a perturbar meus pensamentos até mesmo enquanto eu tentava dormir. Passado algumas horas, e sem progresso nenhum no sono, me levanto e saco a arma, andando descalça até o banheiro para procurar algum comprimido que me fizesse dormir o máximo possível. Assim que pego a cartela, porém, ouço um ruído na cozinha e, destravando o sistema, caminho lentamente até a entrada da cozinha. Em seguida, olho de um lado para o outro procurando alguma coisa, acendendo a luz para enxergar melhor, mas não havia nada, então apago a luz ainda receosa. Quando saio da cozinha tomo um susto tão grande que termino disparando, mas por sorte não acerto meu alvo.
     - Me desculpa, Batman. Não queria ter feito isso, mas você sempre aparece assim pras pessoas.
     - Me desculpe você ter entrado sem avisar, mas quando vi que estava armada achei que pudesse ser outra pessoa - Ele checa a arma e me ajuda a levantar - Fico feliz por não ter precisado dela.
     - Se tivesse precisado pode apostar que teria usado.
     - Deu pra ver.
     - Batman - Chamo me sentando no sofá.
     - O que foi?
     - Não aguento mais viver desse jeito. Não consigo dormir, não consigo comer, não consigo viver e só passaram vinte e quatro horas. Não quero ter que viver desse jeito pra sempre.
     - E não terá, mas para isso a matéria tem de ser publicada.
     - Verdade. Amanhã mesmo vou editar essa merda e entregar ao meu chefe.
     - É sobre isso que vim falar, Ellis.
     - Como? Sobre meu chefe?
     - Sim, seu editor está na cozinha - Ando até lá incrédula, até ver que ele de fato estava, mas estava desacordado, com o rosto ensanguentado e a cabeça baixa, amarrado numa cadeira.
     - Como você fez isso?
     - Furtividade.
     - Sei. Por que bateu no meu editor?
     - Não consegue imaginar?
     - Não vai me dizer que ele é um corrupto, vai? Aí já é exagero - Comento revoltada.
     - Ele é um corrupto - Encaro o vigilante incrédula.
     - Quet que eu acredite que Ben é um criminoso e que trabalha para a máfia de Gotham?
     - Sim. Ele te usou para ir à Gotham coletar informações sobre o Espantalho, justamente por que queria saber onde morava a lealdade de Crane, mas não contava que você fosse descobrir mais do que ele queria.
     - Eu não vou acreditar nessa merda.
     - Pode não acreditar, mas querendo ou não vai ter de entregar isto para a polícia - Ele me entrega uma pasta cheia de documentos.
     - Pra que tudo isso?
     - Para colocar seu chefe atrás das grades em definitivo. São provas dos crimes dele e de seu envolvimento com a máfia. Faça como quiser, mas prometa que vai entregar a pasta para a polícia.
     - Eles não vão desconfiar eu ter achado todas essas coisas?
     - Não. Basta dizer que como ele não retornou suas ligações você decidiu ir ao escritório dele por que normalmente ele fica até bem tarde, e caso eles queiram analisar seu telefone, diga que devido a tudo que aconteceu, você achou mais seguro ligar de um telefone público.
     - Acha que você tem a resposta para tudo? - Pergunto indignada.
     - Se eu tivesse você nunca teria se envolvido nessa história.
     - Só uma pergunta, esta me ajudando tanto só para colocar mais bandidos atrás das grades?
     - Estou te ajudando por que é minha culpa você estar envolvida nessa história. Só vou parar de ajudar quando tiver certeza de que não irão mais te perturbar.
     - Eu acho que vai demorar - Declaro decepcionada.
     - Então vai ter que se acostumar com a minha presença.
     - Não preciso. De certa forma, você me parece familiar - Encaro Ben outra vez, imaginando como ele teria se metido nessa, e ao me virar Batman havia sumido completamente. Procuro na sala, no banheiro e no quarto, mas não havia ninguém além de mim e Ben. Quando volto à cozinha, porém, Ben não estava mais lá, assim como a cadeira que ele estava amarrado. Por mais apavorada que eu estivesse, havia algo no vigilante de Gotham que me trazia segurança, e por mais intimidador que fosse, estava começndo a gostar dele.


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Notas finais do capítulo

O que será que vai acontecer quando Ellis contar o que sabe?



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