Crônicas de uma jornalista escrita por Andrew Ferris


Capítulo 9
Consequências


Notas iniciais do capítulo

Robin! Bruce? Mulher-Gato? Ellis? Onde essa história vai parar?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/719094/chapter/9


     - Senhor Wayne? - Nos entreolhamos por um instante que parecia durar um século enquanto o jovem vigilante atrás de nós atacava os criminosos com toda sua brutalidade. Por um momento parecia que ele queria dizer alguma coisa, ele chega a abrir a boca, mas as palavras não saem, então ele simplesmente me empurra para dentro do carro e começa a espancar os criminosos. Com sua habilidade comparável somente com a de outro vigilante, Bruce desfere golpes tomando cuidado para que seu rosto não fosse visto pelos bandidos, usando principalmente rasteiras seguidas de fortes chutes que colocavam os indivíduos para dormir. Após um breve momento, ele encara um criminoso que perfura suas costas sem clemência, manchando deu terno na hora, então arranca a faca como se não tivesse sentido, e se aproxima lentamente do bandido, até que o vigilante arremessa sua lança sobre a cabeça de Wayne, acertando em cheio o peito do bandido. Depois de um grito mudo, Bruce encara o vigilante e o empurra para o chão assim que ele tenta pegar sua arma de volta. De longe já podia ouvir a sirene da polícia, e isso faz com que Bruce coloque o vigilante dentro do carro e o prende num cinto de segurança que mais parecia uma corrente, batendo a porta de trás com força antes de se sentar no banco da frente e gritar furioso:
     - Liga o carro - Em alguns segundos o carro sai da frente da casa noturna e adentra na cidade até deixar de parecer suspeito. Somente depois de meia hora o carro deixa de tomar um rumo aleatório e segue por uma estrada reta até um lado distante da cidade, parando em frente a uma cachoeira onde não havia mais estrada, apenas marcas de pneus grandes e uma vegetação extensa que escondia bem os arredores. Uma ponte é erguida e o carro passa por ela, atravessando a cachoeira e terminando no interior de uma caverna repleta de morcegos por todos os lados. Assim que o carro finalmente para e abro a porta, não consigo dizer nada, pois estava espantada. Havia uma coleção de carros pretos estilosos com design militar, além de muitos andares com caixas e vidraças, além de computadores de última geração e toneladas de equipamentos espalhados por todos os cantos. Depois da minha pausa estupefata, encaro o motorista perplexa. Era ninguém menos que o mordomo de Wayne, Alfred Pennyworth.
     - Espera, você estava dirigindo? Como é que o senhor consegue dirigir tão bem? - Olho de um lado para o outro cada vez mais confusa.
     - Trabalhei como motorista durante muitos anos, senhorita Turler - Atrás de nós, o vigilante caminha até um compartimento onde guardava seu uniforme, tirando a máscara e guardando sua lança, mas Bruce pega a arma e a arremessa no andar mais baixo.
     - O que você fez? - Pergunta com imperatividade.
     - Um simples "Obrigado Jason" bastaria - Comenta o jovem tirando a parte de cima de seu uniforme.
     - Obrigado pelo que exatamente?
     - Por salvar sua vida?
     - Salvar minha vida? Nada daquilo teria acontecido se você não tivesse sido tão imprudente.
     - Tinha gente precisando de ajuda, mas o Batman não iria aparecer para ajudar, só que eu não sou o Batman, ou até disso você já esqueceu? - Eles se encaram com ódio por alguns instantes.
     - Temos um código, Jason. Não ensinei tudo o que sabe para sair por aí matando as pessoas. Onze mortos, Jason - Esclareceu Bruce com veemência.
     - Onze bandidos mortos. O mundo vai me agradecer por isso.
     - A polícia vai atrás de você agora, ou acha que vão deixar barato?
     - O que acha que podem fazer contra mim?
     - Não ouse, Jason. Se tentar...quer saber? Cansei. Vou bloquear seu acesso à batcaverna. Você vai ficar duas semanas sem acesso ao uniforme para aprender a lição. Mais tarde coenversamos, agora pode subir.
     - Eu vou levar o uniforme - Afirma Jason sorrindo com arrogância.
     - Como é? Você vai retirar a porra desse uniforme ou eu vou ter que tirar ele pra você?
     - Tenta - Bruce cerra os dentes.
     - Você é uma criança ingrata, Todd.
     - E você é um péssimo pai, igual ao idiota do seu, que morreu igual a um covarde - Bruce desfere um golpe no rosto de Jason, dando uma joelhada em seguida e, posteriormente, acertando seu tronco com uma cotovelada. Por fim, Bruce acerta o jovem com um soco no canto do rosto, quando os efeitos dos golpes se refletem em suas atitudes. Jason fica tonto e se ajoelha no chão tentando manter o equilíbrio, que é quando Wayne dá um último soco, abrindo um ferimento um pouco acima do olho esquerdo.
     - Não vai fazer nada, Alfred? - Pergunto chocada.
     - Não é preciso. O patrão sabe se controlar - Quando penso que Jason vai apanhar ainda mais, Bruce geme de leve e solta o garoto, deixando ele ir embora sem dizer mais nada. Assim que Jason se retira, Alfred se aproxima com uma caixa de primeiros socorros e ajuda Bruxe a tirar a camisa e o colete que vestia por debaixo da roupa - Me perdoe patrão, achei que o colete funcionaria melhor para golpes a curta distância, mas não previ que o senhor fosse atrás do Jasob desse jeito.
     - Eu que fui burro. O colete não tem o mesmo efeito sem a armadura - Confessa Bruce expondo seu ferimento à faca que parecia ter sido profundo demais - A faca quebrou dentro do meu músculo lateral. Senti quando ele entortou a lâmina ao tentar arrancar para me esfaquear outra vez.
     - Diferente do senhor patrão, eu não vou mentir sobre meus métodos prazerosos. Isso aqui vai doer muito - Alfred e Bruce dão sorrisos leves antes de Alfred colocar um instrumento nas costas do bilionário, arrancando uma pequena parte da lâmina que tinha se prendido entre os músculos durante a facada. Ele coloca a ponta numa bandeja e começa a fechar o ferimento enquanto estou boquiaberta. Assim que Bruce veste outra camisa, uma branca com listras azuis, nos encaramos e ele sorri envergonhado.
     - É estranho ver um bilionário trabalhando.
     - É sério? Das milhões de coisas que poderia me dizer me vem com essa?
     - Sinto muito por sua mãe - Ele me abraça e começo a chorar sem entender direito o que estava pensando. Minha mãe tinha acabado de morrer depois de nosso reencontro e agora reencontro Bruce Wayne, o homem que conheci exatamente na frente daquela casa noturna, agora mais velho e experiente, e sabia de uma verdade que fazia mais sentido a cada instante.
     - Obrigada - Faço uma pausa ebgolindo o choro para encara-lo como a mulher que sempre fui - Você é o Batman.
     - E você não deveria saber disso - Mais tarde, assim que tomo um banho e me descanso um pouco no quarto que tinha ficado da última vez, resolvo me vestir e andar pela casa à procura de Wayne, mas termino encontrando outra pessoa.
     - Alfred! Ás vezes acho que você que mora aqui ao invés de Bruce - Ele me encara como se eu fosse burra e continua lavando a louça - Quem era aquele garoto?
     - Nosso prodígio. Robin. Um garoor ecelente se quer saber, mas impulsivo e arrogante demais.
     - Esqueceu o violento e inconsequente - Avisou Bruce entrando na coInha com um copo de café, fazendo uma careta ao se sentar. Dou um passo em sua direção oferecendo ajuda, mas desisto ao ver que ele continuava tão normal quanto antes.
     - Tem essas coisas também - Afirma Alfred suspirando - Mas queria fazê-lo parecer um prodígio maior.
     - Não acho que seja apropriado - Declara Bruce evidentemente chateado. Me sento ao seu lado, então Alfred enche minha xícara com chá e coloca um prato cheio de biscoitos à minha frente.
     - Obrigada.
     - Não há de que, senhorita.
     - Graças a ele você sabe a verdade - Afirma Bruce indignado.
     - Eu deveria estar falando nesse tom - Afirmo irritada - Você falou comigo umas milhares de vezes, me salvou outras tantas, me ajudou a expor o Máscara Negra e seu esquema corrupto em Metrópolis e age como se fosse um erro eu saber da verdade?
     - Sua vida não vai melhorar por saber que sou o Batman - Afirma Bruce ando uma olhada no jornal.
     - E a sua não vai melhorar se eu continuar sem saber - Alfred nos encara e sorri satisfeito antes de se retirar da cozinha - Me fale do seu aprendiz de Batman.
     - Robin. O nome dele é Robin. Seu nome verdadeiro é Jason Todd. Trabalhava para o Máscara Negra infiltrando-se em segredo para procurar o assassino de sua mãe. Ele trabalhava concertando os carros dos capangas do Máscara Negra, mas vivia sabotando-os também. Uma noite eu encurralei uns bandidos próximo à entrada da mecânica, quando percebi ele tinha acertado um criminoso com uma chave inglesa.
     - E você resolveu assim que ele seria seu pupilo? - Questiobo intrigada.
     - Tecnicamente eu o adotei. Ele é jovem, mas estava perdido. Perdeu os pais muito jovem, conversamos bastante antes de eu resolver adota-lo e trazê-lo para a mansão - Ele tenta continuar a beber seu café, mas não consegue e bate o punho na mesa com raiva - Sempre soube desse lado dele, mas achei - Ele não consegue terminar.
     - Achou que poderia doma-lo. Ensina-lo a ser algo melhor.
     - Sim, e pensou que poderia nos primeiros meses, até encontrar uma lança que ele treinava e usava em segredo.
     - Ele? - Começo a imaginar o que Jason teria feito com aquela arma.
     - Muitas vezes. Usou muiras vezes sem que eu soubesse, e toda vez que eu destruo uma dessas ele me aparece com outra.
     - Me parece que está fazendo o seu melhor - Levanto seu rosto para que me olhe nos olhos.
     - Mas não é o suficiente.
     - Qualquer coisa eu já conheci uma substituta temporária para ele. Tem uma mulher na boate que luta bem pra caralho.
     - Mulher-Gato. Estou atrás daquela bandida já tem algum tempo.
     - Bandida? Mas ela me salvou - Protesto indignada.
     - Ela tem essa mania. Esse é o problema. Salvar pessoas justifica matança? - Fico em silêncio engolindo minha saliva enquanto ele se levanta e me encara com pena - Vem comigo. Não aguento mais essa cozinha.
     Enquanto caminhamos pelo jardim da mansão, observo mais atentamente aquele homem com quem tinha sido tão grossa da última vez que o vi como bilionário e não como vigilante. Desta vez noto uma porção de cicatrizes em seu pescoço, nuca, e braços (hora ou outra a camisa ficava transparente), então começo a imaginar como ele suportava toda aquela dor.
     - Sei como é perder a mãe, Ellis. Eu perdi a minha da pior maneira possível, exatamente como você, ela morreu na minha frente, e eu não pude fazer nada além de assistir - Seguro sua mão e pela primeira vez em muito tempo me sinto segura.
     - A culpa é minha - Afirmo segurando as lágrimas - Se eu não tivesse aparecido nada jamais teria acontecido. Robin não teria dado as caras, as moças não teriam sido alvejadas, nem minha mãe.
     - Elas teriam morrido cedo ou tarde independentemente do que você fizesse. Aqueles homens teriam garantido isso. A única razão para aqueles homens não terem matado elas antes era por que você estava viva, e eles precisavam de todas vivas para atrair sua atenção. O Máscara Negra não perdoa, é sua marca principal. Quanto ao Jason, ele teria arrumado uma forma de me atingir, ele sempre arruma.
     - Mas ele não está errado. Você é o Batman, poderia ter nos ajudado.
     - Mas o Batman não é uma pessoa, é um símbolo, e símbolos precisam de marcas. Se eu quero ser mais do que um simples homem, preciso respeitar meu código, é isso que torna o Batman tão perigoso. O Robin serve justamente para isso, ser minha contraparte, o cara legal e colorido que aparece de dia. Eu monitorei ele enquanto se dirigia para a boate, mas esperava que agisse feito homem, que desse um jeito nos bandidos e salvasse todas as vida possíveis, não apenas as que considerasse relevantes ou dignas de serem salvas - Talvez ele esteja certo. Eu sou mesmo um péssimo pai.
     - Ele já é grande, Bruce. Não há nada que possa fazer para impedi-lo de tomar as próprias decisões.
     - Se ele não parar terei que entrega-lo ás autoridades, e não quero fazer isso.
     - Então é uma luta dupla que você trava.
     - Na verdade é uma luta tripla - Ficamos de frente um para o outro - Travo uma luta interna comigo mesmo para não misturar minha missão como Batman com meus sentimentos de Bruce Wayne, mas você tinha que se meter em confusão toda vez que eu estou por perto, não é?
     - Se não estivesse, não teríamos nos conhecido - Meu coração palpitava forte. Sentia meus dedos tremularem de leve enquanto nos aproximávamos.
     - Ironia do nosso caminho.
     - Agora é nosso caminho? - Questiono sorridente.
     - Não consigo tirar você da minha cabeça repórter encrenqueira - Ele me toma nos braços e damos um longo beijo, entrelaçando nossas línguas por algum tempo antes de pararmos e sorrirmos por alguns instantes antes de voltarmos a nos beijar, mas eu resolvo solta-lo e me afastar de seu corpo.
     - Hoje não, senhor Wayne. Hoje não é o dia certo.
     - Concordo - Sorrimos sem jeito um para o outro antes de nos separarmos. Embora não tenha visto para onde ele seguia, sabia exatamente atrás de quem ele estava indo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Em breve vocês terão um pouco mais da relação entre Jason Todd e Bruce Wayne, espero que tenham curtido esse primeiros momentos!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Crônicas de uma jornalista" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.