To Die With The Sun escrita por MutantProud


Capítulo 78
Capítulo 78 - Hogwarts não sabe guardar segredo




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           - Eu cheguei em uma conclusão! - Sophie exclamou ao entrar no escritório de Dumbledore.

 

            - Boa tarde, Sophie. - Dumbledore disse sorrindo para a ruiva que se aproximava de sua mesa. - Que conclusão você chegou?

 

             - Eu tenho todo o direito de saber qual é a primeira tarefa. - Sophie disse se sentando de frente para o diretor que agora olhava para ela com a sobrancelha esquerda levantada. 

 

              - E... por quê? 

 

              - Bem, eu quase morri quando o nome do Harry apareceu no Cálice. Eu posso morrer de verdade no dia da primeira tarefa e descobrir que ele vai enfrentar um dragão ou um monstro gigantesco. - Sophie comentou fazendo o diretor sorrir. - Não sorria, não tem graça.

 

                - Na verdade, estou sorrindo porque acabo de perceber que eu devia ter contratado os Potter como professor de adivinhação à muito tempo. - O diretor respondeu e continuou antes de Sophie entender o que ele estava dizendo. - Muito bem, faz sentido a sua conclusão. Então irei lhe contar. 

 

                 - Ótimo! - Sophie disse confiante. - Pode contar!

 

                  - Tem certeza que está preparada? - Dumbledore perguntou e observou com diversão a ruiva revirar os olhos e abanar as mãos.

 

                   - Diga logo, eu estou pronta. Até parece que será dragões mesmo. - Ela comentou sorrindo irônica.

 

                   - É. 

 

                   - ... Como assim "é"? - Ela perguntou perdendo o sorriso.

 

                    - A primeira tarefa, é um dragão mesmo. 

 

                    Sophie ficou em silêncio encarando o diretor.

 

                    - Eu acho que fiz algo muito ruim na minha outra vida. Muito ruim mesmo. - Sophie comentou colocando a mão na cabeça. - Ele vai ter que enfrentar um dragão? 

 

                     - Isso. - O diretor concordou. - Mas você não pode contar para o Harry ou para o sr.Diggory.

 

                      - Deus, me arrependi de ter perguntado. Está bem... não, não esta nada bem. Meu Deus, um maldito dragão?! Não podia ser... não sei, um outro bicho menos complicado? - Sophie perguntou exasperada. 

 

                      - O conselho por trás do Torneio que escolheu, minha cara. E acredite, comparado com os torneios do passado; dragões ainda é algo gentil. - Dumbledore disse pegando uma xícara de chá e bebendo. 

 

                        - Por que gostamos de jogos que podem nos matar? Nós somos masoquistas? - Sophie perguntou fazendo o diretor rir.

 

                         - Acho que é mais o gosto pela aventura que gostamos. - Dumbledore respondeu. - Mas agora que estamos no assunto do Torneio eu gostaria de discutir com você sobre algo relacionado com diversão.

 

                           - Diversão?

 

                           - Sim, sim. Você não acha que está faltando música nesse torneio? 

 

 

 

                       Sem dúvida nenhuma, este ano para Harry era o pior de todos. Os eventos da câmara secreta pareciam muito mais gentis comparados a este ano. Parecia um pesadelo eterno, principalmente depois que Rita Skeeter publicara seu artigo sobre o Torneio Tribruxo, que afinal não fora tanto uma notícia sobre o torneio, mas uma versão da vida de Harry extremamente pitoresca. Quase toda a primeira página fora ocupada por uma foto de Harry; o artigo (que continuava nas páginas dois, seis e sete) só falava no garoto, os nomes dos campeões da Beauxbatons e Durmstrang (errados) tinham sido espremidos na última linha do artigo, e Cedrico sequer fora mencionado.

 

                O artigo saíra havia dez dias e Harry ainda era assaltado por uma ardência de náusea e vergonha no estômago todas as vezes que pensava nele. Rita Skeeter pusera em sua boca uma porção de coisas que ele sequer lembrava ter dito na vida, muito menos no armário de vassouras.

 

                  “Acho que herdo a minha força dos meus pais, sei que eles teriam muito orgulho de mim se me vissem agora... é, às vezes à noite eu ainda choro a perda deles, não tenho vergonha de admitir... sei que nada me acontecerá de mal durante o torneio, porque eles estarão me protegendo...”

 

                 Mas Rita fizera mais do que transformar os “hums” dele em frases longas e piegas: entrevistara outras pessoas para saber o que pensavam dele.

 

                   “Harry finalmente encontrou carinho em Hogwarts. Seu amigo íntimo, Colin Creevey, diz que o garoto raramente é visto sem a companhia de Hermione Granger, uma linda menina nascida trouxa que, como Harry, é uma das primeiras alunas da escola.”

 

                   - Hum... aparentemente você e a Mione tem um relacionamento de acordo com Skeeter. Que feio, Harry, eu preferiria descobrir isso por você, não pelo Profeta Diário. - Charles brincou com o Potter mais novo após ter lido a matéria. - E ainda por cima o Colin é seu amigo íntimo?! Estou desapontado.

 

                     - Cala a boca, Charls. - Harry resmungou batendo de leve no ombro do amigo. - Isso é tão ridículo! E eu nem falei nada! Eu fiquei calado como o Erik pediu.

 

                      - Bem felizmente ela não colocou o nome da Sophie no meio. - Harriet comentou. 

 

                      - Por enquanto. Lembrem-se que ela ficará por perto durante todo o torneio. - Erik disse. - É só questão de tempo.

 

                       - Se a minha vida em Hogwarts já estava ruim este ano por conta do meu nome ter saído do cálice, agora com certeza vai piorar. - Harry disse irritado e triste ao mesmo tempo.

 

                  E ele estava certo pois do momento em que o artigo havia sido visto por toda Hogwarts, Harry teve que aturar colegas – principalmente os da Sonserina – que o citavam, caçoando, quando ele passava. 

                 Felizmente ele ainda tinha Mione, Erik, Charles, Harriet e Sophie ao lado dele mas ainda sim ele sentia falta do Rony. 

 

                   Ele realmente queria falar de novo com o amigo mas depois do artigo que Skeeter havia publicado, a crença de Rony para com ele ter posto realmente o nome no cálice havia se tornado incrivelmente maior. E para piorar, o ruivo agora estava achando também que Harry estava gostando muito de toda aquela atenção.

 

                  Hermione estava furiosa com os dois; ia de um para outro, tentando forçá-los a se falarem, mas Harry permanecia inflexível; só voltaria a falar com Rony se o amigo admitisse que ele não pusera o nome no Cálice de Fogo, e pedisse desculpas por tê-lo chamado de mentiroso.

 

               - Não fui eu que comecei. - Disse Harry teimosamente. - O problema é dele.

 

                - Você sente falta dele! - Tornou Hermione impaciente. - E eu sei que ele sente falta de você...

 

                 - Sinto falta dele? Eu não sinto falta dele...

 

               Agora, isto era uma enorme mentira. 

 

 

                 - Você está bem? Parece tão perdida esses dias. - Erik comentou para Sophie enquanto se sentavam em seu lugar de costume na aula de Aritmancia.

 

                   - Estou bem perdida em pensamentos mesmo. - Sophie respondeu com um suspiro.

 

                   - E por quê? - Erik perguntou.

 

                   Sophie olhou para os lados e depois se aproximou mais do rosto do alemão.

 

                     - Descobri qual é a primeira tarefa. - Sophie sussurrou para o amigo que arregalou os olhos. - É, essa reação sou eu todinha.

 

                    - E qual é? - Erik perguntou não escondendo sua curiosidade. - Você não pode simplesmente me soltar essa bomba e não me contar!

 

                     - Para uma pessoa que sempre controla suas emoções, você está sendo bem curioso. - Sophie comentou deixando o amigo com as bochechas vermelhas. - Muito bem, mas você não pode contar para ninguém.

 

                     - É claro que não vou contar para ninguém! Quem você acha que sou? Sirius? - Erik reclamou fazendo rir. - Vamos, me conta.

 

                       - Certo. São dragões. - Sophie disse bem baixo e ela teve certeza que as caras e bocas que Erik estava fazendo para ela naquele momento, foram as mesmas que ela mesma fez para o diretor.

 

                        - Dra... gões... uau... - Erik colocou as mãos no rosto. - Meu Deus... o Harry vai morrer.

 

                          - Ah, nossa, obrigada Erik. - Sophie disse irônica. - Nem estou preocupada. 

 

                         - Quero dizer... isso está acima do nível do Harry. Se brincar até mesmo do Cedrico! É loucura! Por que sempre procuramos as coisas mais perigosas e achamos divertidas? Somos masoquistas? - Erik perguntou e Sophie concordou. - E agora o que vamos...

 

                        - Muito bem, chega de conversas! Vamos continuar da onde paramos na aula passada. - ProfªVector cortou Erik e chamando toda a atenção dos alunos.

 

                          - Agora, fazemos a lição de aritmancia. - Sophie sussurrou sorrindo de lado. 

 

 

                    É uma coisa estranha, mas quando se está com medo de alguma coisa, e se daria tudo para retardar o tempo, ele tem o mau hábito de correr. Os dias que faltavam para a primeira tarefa pareciam passar como se alguém tivesse ajustado os relógios para trabalharem em velocidade dobrada. A sensação de pânico mal controlado que Harry tinha acompanhava-o para onde fosse, sempre presente como os comentários depreciativos sobre o artigo do Profeta Diário. 

                No sábado que antecedeu a primeira tarefa, todos os estudantes do terceiro ano, e acima, tiveram permissão para visitar o povoado de Hogsmeade. Hermione disse a Harry que lhe faria bem sair um pouco do castelo e o garoto não precisou de muita persuasão. 

 

            - Mas e o Rony? Você não quer ir com ele? 

 

         - Ah... bem... - Hermione ficou ligeiramente vermelha. - Pensei que a gente podia se encontrar com ele no Três Vassouras... 

 

           - Não. - Disse Harry em tom definitivo. 

 

          - Ah, Harry, isso é tão bobo... 

 

           - Eu vou, mas não quero me encontrar com o Rony, e vou usar a minha Capa da Invisibilidade. 

 

             - Ah, tudo bem, então... - Retorquiu Hermione -, mas odeio falar com você naquela capa, nunca sei se estou olhando para você ou não.

 

          Assim os dois foram para a sala comunal da Grifinória e encontraram o grupo bem vestidos e pareciam prestes a saírem também para Hogsmeade.

 

               - Hey! O que estão fazendo aqui ainda? - Sophie perguntou bagunçando o cabelo do irmão.

 

                   - Não vão para Hogsmeade? - Harriet perguntou arrumando a mochilha nas costas e Harry suspeitou que havia firewhiskeys ali.

 

                    - Sim, eu só vou pegar minha capa. - Harry respondeu e todos ficaram confusos.

 

                      - Sua capa da invisibilidade? Você está indo pro passeio ou para uma missão proibida altamente perigosa? - Charles perguntou franzindo a testa.

 

                       - Ele não quer se encontrar com o Rony. - Hermione respondeu se sentando na poltrona.

 

                        - Sério? Vai colocar a capa para não ver o Rony? Isso é ridículo, Harry. - Erik disse fazendo o garoto revirar os olhos. 

 

                         - Ou eu vou com a capa ou não vou. - Harry disse decidido.

 

                         - Hum... conheço esse tom. É o tom em que nenhuma outra sugestão vai fazer ele mudar de ideia. É uma coisa dos Potter. - Sophie disse. - Bem, divirtam-se. E... tenta esquecer que terça é o dia. - Piscou para o irmão que sorriu de lado. - Vamos clique!

 

                          E assim o grupo se despediu e saíram. Não demorou muito e Mione saiu da sala comunal com um Harry invisível.              

 

                          Harry se sentiu maravilhosamente livre sob a capa; observou os estudantes que passavam por eles na entrada do povoado, a maioria usando distintivos Apoie CEDRICO DIGGORY, mas, para variar, ninguém atirou piadas horríveis para ele nem citou aquele artigo idiota. 

 

                 - As pessoas não param de olhar para mim agora. - Reclamou Hermione, ao saírem mais tarde da Dedosdemel, comendo uma grande quantidade de bombons recheados de creme. - Acham que estou falando sozinha. 

 

                   - Então não mexa tanto os lábios. 

 

                    - Ah vai, por favor, tira um pouco a sua capa. Ninguém vai incomodar você aqui. 

 

                    - Ah, é? Então olha para trás.

 

                    Rita Skeeter e seu amigo fotógrafo acabavam de sair do bar Três Vassouras. Conversavam em voz baixa e passaram por Hermione sem olhar para a garota. Harry se encostou à parede da Dedosdemel para evitar que Rita Skeeter batesse nele com a bolsa de crocodilo.              Quando os dois se afastaram, Harry comentou:

 

                 - Ela está hospedada no povoado. Aposto como vai assistir à primeira tarefa. 

 

                 Ao dizer isso, seu estômago foi inundado por uma onda de pânico derretido. Mas não disse nada; ele e Hermione não tinham discutido muito o que o aguardava na primeira tarefa; tinha a sensação de que a amiga não queria pensar no assunto.

 

                           - Ela já foi embora. - Disse Hermione olhando através de Harry em direção à rua principal. - Por que não vamos tomar uma cerveja amanteigada no Três Vassouras? Está um pouco frio, não está? Você não precisa falar com o Rony! - Acrescentou com irritação, interpretando corretamente o silêncio dele.

 

                          O Três Vassouras estava lotado, principalmente com alunos de Hogwarts que aproveitavam a tarde livre, mas também com uma variedade de gente mágica que Harry raramente via em outro lugar. Ele imaginava que sendo Hogsmeade o único povoado inteiramente mágico da Grã-Bretanha constituía uma espécie de refúgio para gente como as bruxas, que não gostavam tanto de se disfarçar quanto os bruxos.

 

                           Era difícil caminhar entre muita gente com a Capa da Invisibilidade, pois se pisasse alguém sem querer, poderia provocar perguntas embaraçosas. Harry dirigiu-se com cautela a uma mesa vazia a um canto e Hermione foi comprar as bebidas. Quando atravessava o bar, Harry viu Rony sentado com Fred, Jorge e Lino Jordan. Resistindo ao impulso de dar um bom tranco na cabeça de Rony, ele finalmente chegou à mesa escolhida e se sentou. Hermione não demorou a se juntar a ele e lhe passou a cerveja por baixo da capa.

 

                   - Pareço uma idiota sentada aqui sozinha. - Resmungou ela. - Por sorte trouxe alguma coisa para fazer.

 

                      E a garota puxou um caderno em que andava mantendo um registro dos participantes do F.A.L.E. Harry viu os nomes dele e de Rony no alto de uma pequena lista. Parecia que fora há muito tempo que tinham se sentado para fazer aquelas predições, juntos, e Hermione aparecera e os nomeara secretário e tesoureiro. 

 

             - Sabe, talvez eu deva tentar fazer alguns habitantes do povoado participarem do F.A.L.E. - Disse Hermione pensativa, dando uma olhada no bar. 

 

                - É, certo. - Harry tomou um gole da cerveja amanteigada embaixo da capa. - Hermione quando é que você vai desistir dessa história de F.A.L.E.?

 

                   - Quando os elfos domésticos tiverem salários decentes e boas condições de trabalho! - Sibilou ela em resposta. - Sabe, eu estou começando a achar que chegou a hora de partir para uma ação mais direta. Como será que a gente chega à cozinha da escola?

 

                  - Não faço ideia. Pergunte para Sophie quando vê-la novamente. - Harry disse.

 

                    Hermione mergulhou num silêncio pensativo, enquanto Harry bebia a cerveja amanteigada, observando as pessoas no bar. Todas pareciam animadas e descontraídas. Ernesto Macmillan e Ana Abbott trocavam figurinhas dos Sapos de Chocolate em uma mesa próxima, os dois usando os distintivos Apoie CEDRICO DIGGORY nas capas. Perto da porta, Harry viu Cho e um grande grupo das colegas da Corvinal. Mas ela não usava o distintivo... isto o animou um pouquinho... 

 

          O que ele não daria para ser uma daquelas pessoas que riam e conversavam, sem nenhuma preocupação no mundo exceto o dever de casa! Imaginou como estaria se sentindo ali se o seu nome não tivesse sido escolhido pelo Cálice de Fogo. Primeiro não estaria usando a Capa da Invisibilidade, segundo, Rony estaria sentado com ele. Os três provavelmente estariam felizes imaginando que tarefa mortalmente perigosa os campeões das escolas iriam enfrentar na terça- feira. Ele estaria realmente ansioso para chegar a hora de assistir ao que quer que fosse... torcendo por Cedrico com todos os outros, sentado são e salvo no alto das arquibancadas... 

 

              Harry ficou imaginando como estariam se sentindo os outros campeões. Todas as vezes que via Cedrico ultimamente, o garoto estava cercado de admiradores e parecia nervoso, mas excitado. De vez em quando Harry via Fleur Delacour de relance nos corredores; tinha a mesma aparência de sempre, arrogante e imperturbável. E Krum simplesmente ficava sentado na biblioteca, examinando livros ou com Erik e o restante do grupo.

             Harry pensou em Remus, Sophie e Sirius, e o nó apertado e tenso em seu peito pareceu afrouxar um pouquinho. Lembrar dos três sempra fazia bem para ele, sempre lhe trazia paz pois ele sabia que eles estariam ali por ele. Então Harry pensou o quão triste seria passar pelas coisas que ele passou sem os três por perto. O quão triste seria não ter essa base sólida com ele...

 

                 - Olha, é Hagrid! - Disse Hermione.

 

             As costas da enorme cabeça peluda de Hagrid – graças a Deus ele abandonara o novo penteado – sobressaía na aglomeração. Harry se perguntou por que não o teria visto logo, já que seu amigo era tão grande, mas se levantando cautelosamente, viu que Hagrid estivera curvado, conversando com o Prof. Moody. Tinha o costumeiro canecão diante dele, mas Moody bebia da garrafa de bolso. Madame Rosmerta, a bonita dona do bar, não parecia estar gostando muito disso; olhava enviesado para Moody enquanto recolhia os copos das mesas ao redor dos dois homens. Talvez achasse que aquilo era um insulto ao seu quentão, mas Harry sabia a explicação. Moody contara à turma na última aula de Defesa Contra as Artes das Trevas que ele sempre preferia preparar sua comida e bebida, pois era muito fácil para bruxos das trevas envenenarem um copo momentaneamente descuidado.

 

                  Enquanto Harry observava, viu Hagrid e Moody se levantarem para sair. Ele acenou, depois se lembrou de que o amigo não podia vê-lo. Moody, porém, parou, seu olho mágico virado para o canto em que Harry estava. Ele deu um tapinha no meio das costas de Hagrid (não conseguindo alcançar seu ombro), murmurou alguma coisa e, em seguida, os dois tornaram a atravessar o bar em direção à mesa de Harry e Hermione.

 

                 - Tudo bem, Hermione? - Disse Hagrid em voz alta. 

 

                 - Olá. - Respondeu a garota sorrindo. 

 

                 Moody contornou a mesa mancando e se abaixou; Harry pensou que ele estava lendo o caderno do F.A.L.E., até ele murmurar:

 

                 - Bela capa, Potter. 

 

                 Harry encarou-o espantado. O pedaço que faltava do nariz de Moody era particularmente visível à curta distância. Moody sorriu. 

 

              - O seu olho... quero dizer, o senhor pode...? 

 

            - Claro, ele vê através de Capas da Invisibilidade. - Disse Moody baixinho. - E, às vezes, isso me tem sido útil, pode acreditar. 

 

           Hagrid estava sorrindo para Harry, também. Este sabia que o amigo não podia vê-lo, mas Moody obviamente dissera a Hagrid que o garoto estava ali. Hagrid se abaixou sob o pretexto de ler o caderno do F.A.L.E. também, e disse num sussurro tão baixo que somente Harry pôde ouvir. 

 

             - Harry, me encontre hoje à meia-noite na minha cabana. Use a capa. 

 

              Erguendo-se, falou em voz alta: 

 

             - Que bom ver você, Hermione. - Piscou e saiu. Moody acompanhou-o. 

 

              - Por que será que ele quer que eu vá encontrá-lo à meia-noite? - Perguntou Harry muito surpreso. 

 

              - Ele quer? – disse Hermione, parecendo espantada. - Que será que ele está aprontando? Não sei se você deve ir, Harry...

 

                - Eu vou com a capa. Nada vai me acontecer. - Harry respondeu sorrindo. 

 

                   Hermione sorriu e revirou os olhos. Nenhum dos dois viram Rony olhando para eles. 

 

 

                        - Então... Caím não tentou nada? - Sophie perguntou para Charles.

 

                      Eles estavam caminhando tranquilamente pela aldeia enquanto Erik havia ido com Harriet enviar um presente para o pai dela pois o aniversário do mesmo era hoje. 

 

                       - Não. Na verdade ele está quieto. As vezes eu pego ele me observando mas então ele sai andando sem dizer ou fazer nada. - Charles comentou. - Isso é bom, claro. Mas... 

 

                         - Você não está confiando nessas atitudes dele. - Sophie terminou. - Está totalmente certo em não confiar. Você não está andando sozinho, está?

 

                        - Não. Quando não estou com você, estou ou com o Erik ou Harriet. E... eu percebi que quando eu acabo em situações em que nenhum de vocês estão comigo...

 

                       - O que?

 

                        - Fred me segue quando nenhum de vocês não estão comigo. Ele espera que eu não o veja mas eu sempre vejo. - Charles disse sorrindo ao ver Sophie sorrir.

 

                       - É o nosso código. Não importa o que aconteça. Você nunca vai estar sozinho. - Sophie comentou abraçando o moreno de lado. - Sabe, hoje eu não estou afim de beber firewhiskey. 

 

                       - Eu também não. - Charles concordou. - Chocolate quente?

 

                        - Chocolate quente! 

 

                       O moreno animado de abaixou um pouco e Sophie subiu nas costas do mesmo. 

 

                      - Avante meu nobre cavaleiro! Avante! 

 

                 Às onze e meia daquela noite, Harry, que fingira ir se deitar mais cedo, jogou a Capa da Invisibilidade por cima do corpo e saiu sorrateiramente pela sala comunal. Ainda havia muitos colegas lá. Os irmãos Creevey tinham conseguido pôr as mãos em uma pilha de distintivos Apoie CEDRICO DIGGORY e estavam tentando enfeitiçá-los para fazê-los dizer, ao invés, Apoie HARRY POTTER. Até ali, porém, só tinham conseguido fazer os distintivos enguiçarem em POTTER FEDE. Harry passou por eles em direção ao buraco do retrato e esperou um minuto mais ou menos, de olho no relógio. Depois, Hermione abriu a Mulher Gorda pelo lado de fora conforme tinham planejado. Ele passou pela amiga murmurando “Obrigado!”, e saiu pelo castelo.

 

                No caminho para fora do castelo ele viu alguns alunos mais velhos passando, todos pareciam animados conversando sobre algo que Harry não conseguia entender. E ele havia passado pelo grupo também, os quatro pareciam ir para a sala comunal. Talvez Harry os encontraria acordados ainda. 

 

                  Os jardins estavam muito escuros. Harry desceu os gramados em direção às luzes que brilhavam na cabana de Hagrid. O interior da enorme carruagem da Beauxbatons também estava aceso; Harry podia ouvir Madame Maxime falando lá dentro, quando bateu na porta de Hagrid.

 

                - É você aí, Harry? - Sussurrou Hagrid, abrindo a porta e espiando para os lados.

 

                - Sou. - Disse Harry, entrando na cabana e tirando a capa de cima da cabeça. - Que é que está havendo?

 

                  - Tenho uma coisa para lhe mostrar.

 

                   Havia um ar de enorme excitação em Hagrid. Ele usava uma flor que lembrava uma alcachofra exagerada na botoeira. Parecia que tinha abandonado o uso da graxa de eixo, mas certamente tentara pentear os cabelos – dava para Harry ver os dentes partidos do pente presos neles. 

 

                 - Que é que você vai me mostrar? - Disse Harry cauteloso, se perguntando se os explosivins teriam posto ovos ou se Hagrid teria conseguido comprar outro enorme cão de três cabeças de algum estranho no bar.

 

                  - Venha comigo, fique quieto e coberto com a capa. - Disse Hagrid. - Não vamos levar Canino, ele não vai gostar...

 

                   - Está bem. - Harry respondeu cauteloso. - Mas você vai me dizer o que...

 

              Mas Hagrid não estava ouvindo; estava abrindo a porta da cabana e saindo. Harry correu para acompanhá-lo, mas descobriu, para sua grande surpresa, que Hagrid o levava para a carruagem da Beauxbatons.

 

              - Hagrid que...?

 

                Madame Maxime abriu-a. Usava um xale de seda envolvendo os ombros maciços. Ela sorriu quando viu Hagrid.

 

               - Ah, Agrrid... já está na horra? 

 

                - Bom suar. - Disse Hagrid, sorrindo para ela e estendendo a mão para ajudá-la a descer os degraus dourados.

 

                 Madame Maxime fechou a porta, Hagrid lhe ofereceu o braço, e os dois saíram contornando o picadeiro que guardava os gigantescos cavalos alados de Madame Maxime, e Harry, totalmente perplexo, correu para acompanhá-los. Será que Hagrid queria lhe mostrar Madame Maxime? Poderia vê-la quando quisesse... ela não era exatamente uma pessoa que passasse despercebida...

 

                   Mas parecia que Madame Maxime ia ter a mesma surpresa que Harry porque, passado algum tempo, ela disse em tom de brincadeira: 

 

               - Aonde é que você está me levando, Agrid? 

 

              - Você vai gostar. - Disse Hagrid rouco. - Vale a pena ver, confie em mim. Só que não pode sair por aí contando que eu lhe mostrei, certo? Não era para ninguém saber. 

 

                - Claro que não. - Disse Madame Maxime, batendo as longas pestanas negras.

 

                   Harry estava ficando cada vez mais enjoado com a cena na frente dele. Os dois pareciam dois pombos apaixonados loucos pelo acasalamento. 

 

                   Isso é uma coisa tão Sirius de se dizer.

 

                   Eles continuaram caminhando por um longo tempo. Harry estava realmente chegando a achar que Hagrid só queria lhe mostrar o encontro que ele estava tendo...

 

                Mas então – quando tinham se distanciado tanto ao longo do perímetro da Floresta que o castelo e o lago desapareceram de vista – Harry ouviu alguma coisa. Havia homens gritando adiante... depois ouviram um rugido ensurdecedor, de rachar os tímpanos...

 

                 Hagrid fez Madame Maxime dar a volta a um arvoredo e parou. Harry correu a se juntar aos dois – por uma fração de segundo achou que estava vendo fogueiras e homens que corriam em torno delas –, então seu queixo caiu.

 

             Dragões.

 

                 Quatro dragões adultos, enormes, de aspecto feroz empinavam-se nas patas traseiras, dentro de um cercado feito com grossas pranchas de madeira, rugindo e bufando – torrentes de fogo se erguiam quinze metros para o céu escuro de suas bocas abertas e cheias de dentes, no alto de pescoços esticados. Havia um azul-prateado com chifres longos e pontiagudos, que rosnava para os bruxos no chão e tentava mordê-los; outro de escamas lisas e verdes, que se contorcia e batia as patas com toda a força; um vermelho, com uma estranha franja de belas pontas de ouro ao redor do focinho, que soprava para o ar nuvens de fogo em forma de cogumelo; e um último negro e gigantesco, mais parecido com um lagarto do que os demais, que era o mais próximo.

 

                 No mínimo uns trinta bruxos, sete ou oito para cada dragão, tentavam controlá-los, puxando correntes presas a grossas tiras de couro em volta dos pescoços e das pernas dos bichos. Hipnotizado, Harry olhou bem para o alto e viu os olhos do dragão negro, com pupilas verticais como as de um gato, arregalados de medo ou de fúria, não saberia dizer qual... fazia um barulho terrível, um uivo penetrante...

 

                     - Fique aí, Hagrid! - Berrou um bruxo junto à cerca, puxando com força a corrente que segurava. - Eles podem cuspir fogo a uma distância de seis metros, sabe! Já vi este RaboCórneo chegar a doze!

 

                   - Ele não é lindo? - Perguntou Hagrid baixinho.

 

                   Harry estava chocado demais. Ele enfrentaria um dragão amanhã?! 

 

 

 

                     O grupo havia acabado de entrar na sala comunal da grifinória. Os únicos ali eram os irmãos Creevey que estavam caídos de sono em cima da mesa onde eles estavam tentando mudar o distintivo de Apoie CEDRICO DIGGORY para Apoie HARRY POTTER. 

 

                    - Tão fofos! - Harriet comentou sorrindo para os dois. 

 

                     - Pena que não fiquem quietos um minuto se quer. - Erik disse sorrindo.

 

                    - Falando em não ficar quieto... no caminho para cá eu escutei muitos alunos falando sobre essas duas coisas: Primeira tarefa e dragões. - Sophie disse e observou os três amigos evitarem olhar para ela. - Vou perguntar só uma vez. Erik, você contou para alguém?

 

                      - Eu só contei para o Charles. - Erik respondeu.

 

                      - E eu contei para a Harriet. - Charles disse.

 

                      - E eu contei para muitas, muitas, muitas pessoas. - Harriet disse fazendo Charles e Erik olharem para ela.

 

 

                        Sophie suspirou. 

 

                   Bruxos. Além de masoquistas. São fofoqueiros. 

 

 


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