To Die With The Sun escrita por MutantProud


Capítulo 77
Capítulo 77 - Antes da Primeira Tarefa


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que eu demorei muito mas gente, realmente foi difícil escrever esse capítulo! Fiquei muito sem inspiração maaas felizmente consegui finalmente terminar! E aqui está!



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          - Dumbledore isso é ridículo! Não pode deixar isso acontecer! - Sirius disse pela quinta vez naquela noite após ouvir sobre o ocorrido. - Ele é só um garoto!

 

            Após a crise de pânico de Sophie ela adormeceu nos braços de Remus. O Lupino levou ela para a sala do diretor onde agora estavam ele, Moody, Sirius, Dumbledore e Sophie que ainda dormia segura em seus braços. 

            Sirius estava andando de um lado para o outro enquanto Dumbledore estava sentado na sua enorme cadeira atrás de sua mesa, Moody estava sentado de frente para o diretor mas prestando atenção em Sirius e Remus estava no sofá com Sophie deitada em seu peito. 

 

                - Sirius, você sabe que por mais que eu queira tirar Harry do torneio, eu não posso. É algo que está muito além do meu poder. - Dumbledore respondeu calmamente a mesma resposta que havia dado para as quatro vezes que Sirius havia lhe falado. 

 

                 - Então é isso? Vamos deixar que ele vá para a primeira tarefa que eu já sei muito bem qual é para ser morto?! - Sirius disse alto, mais irritado.

                 - Sirius! - Remus repreendeu.

 

                 O Black olhou para o namorado e viu o mesmo agora olhando para Sophie que ainda dormia. Não precisou dizer mais nada, ele havia entendido. Suspirou e se aproximou da ruiva, se sentando no chão e a observando. 

 

                   - Desculpe. Só estou nervoso. - Sirius comentou olhando para Remus. 

 

                  - Eu disse que todo ano é uma dor no coração diferente. - Remus comentou acariciando o cabelo de Sophie. - Não podemos fazer mais nada para impedir o inevitável. Nos resta ficarmos do lado deles. Sophie precisa de nós, essas crises de pânico, ansiedade só vão piorar. E o Harry vai ter que aguentar uma fama indesejada novamente, Sirius. O Profeta Diário vai atacá-lo sem dó. 

 

                    - Remus tem razão. O que vocês devem fazer agora é se manterem unidos. - Dumbledore disse. - Eu ficarei de olho em Harry.

                     - E eu o ajudarei com algumas coisas relacionadas a tarefa sem lhe dizer. - Moody disse também. 

 

                      - E o que fazemos com... as crises da Sophie? - Sirius perguntou ainda olhando para a afilhada. 

 

                      - Conversarei com ela. - Dumbledore disse se levantando da cadeira e olhando com carinho para a garota. - Eu ajudarei ela a lidar com isso, eu prometo.

 

                        - Eu me sinto culpado. - Remus disse fazendo todos encararem ele. - Eu devia ter feito melhor. Se eu tivesse cuidado melhor dela...

 

                         - Remus! - Sirius o cortou segurando na mão do lupino. - Não diga besteiras! Você é o pai dessa garota, você a protegeu, cuidou dela e deu todo o seu amor. Não é culpa sua. 

 

                           - Você não pode impedir o que acontece na mente de uma pessoa, Remus. As crises dela não são um efeito do modo como você a cuidou. São um efeito das coisas que ela presenciou. A quase morte do Harry no terceiro ano dela, o maldição cruciatus no quarto ano, dementadores no quinto ano e neste ano ela viu, não só o corpo de alguém querida morta mas também o símbolo do medo no céu. No mesmo dia. - Dumbledore falou tocando no ombro do Lupin e depois colocando a mão no cabelo da ruiva. - Ela passou por provações terríveis e graças a você, ela está firme. Mas seu coração, está fragmentado. Não se culpe meu amigo.

 

                       Remus suspirou e olhou para afilhada dormindo. Abaixou a cabeça e lhe beijou a testa e depois deitou a cabeça no cabelo da ruiva, virando o rosto para que ninguém visse ele chorando por seu garota.

 

                     - Amanhã, podemos falar com o Harry? - Sirius perguntou dando privacidade para o lupino. 

 

                      - Sim, seria bom vocês conversarem com ele antes da notícia se espalhar pelo mundo bruxo. - Dumbledore disse se afastando de Remus e voltando a se sentar na cadeira. 

 

                       - Quem vai dar a notícia dos quatro campeões? - Moody perguntou em um meio rosnado.

 

                        - Rita Skeeter. 

 

 

 

 

                Quando Harry acordou no domingo de manhã, levou algum tempo para se lembrar da razão pela qual se sentia tão infeliz e preocupado. Então, a lembrança da noite anterior o engolfou. Ele se sentou e afastou as cortinas da cama, com a intenção de falar com Rony, forçar Rony a acreditar nele – mas encontrou a cama do amigo vazia; obviamente já fora tomar o café da manhã. 

         Harry se vestiu e desceu a escada circular para a sala comunal. A sala comunal estava vazia, tirando por uma única pessoa sentada no sofá de frente para a lareira e fazendo carinho em Aslan.

 

                     - Ei... - Ele disse se aproximando da irmã e se sentando ao lado dela. - Como... passou a noite?

 

                     - Bem. - Sophie respondeu sorrindo para o irmão. - Estou melhor, depois que você saiu com Cedrico ontem eu... me acalmei e fui dormir logo. 

 

                     Harry se sentiu imensamente melhor em saber que Sophie havia se acalmado após sua saída. 

 

                      - E você? Como está? - Ela perguntou.

 

                     - Não sei dizer. - Harry respondeu acariciando a juba de Aslan também. - Antes de chegar no dormitório ontem eu pensei que conseguiria passar por isso tendo Rony e Mione comigo... claro que você também mas... aparentemente Rony não acredita em mim. Ele acha que eu coloquei meu nome. - Harry disse triste. - E eu tenho medo do que a Mione pode achar também. Eu não quero participar deste torneio, Sophie. 

 

                     - E eu não quero que você participe dele mas... se tivesse alguma coisa que eu pudesse fazer, você sabe que eu faria. Eu faria um trato com Deus só para me colocar no seu lugar mas eu não posso. - Sophie disse tocando no cabelo grande e bagunçado do irmão. - Sinto muito sobre o Rony, mas eu garanto que ele vai perceber que está errado. 

 

                        - Acha mesmo? 

 

                        - Sim. - Ela respondeu beijando a testa de Harry. - Agora vamos comigo para sala de Dumbledore. Remus e Sirius já sabem e querem falar com você. 

 

                      Harry sentiu o coração se alegrar com a ideia de ver Remus e Sirius pois ele sabia com total certeza que os dois não achariam que ele havia colocado o nome no cálice. Os irmãos se levantaram e Aslan também, prontos para saírem.

 

                     - Soph...

 

                     - Sim? 

 

                     - Eu nunca deixaria você entrar nesse torneio. - Harry disse e Sophie sorriu. 

 

                    Eles partiram para a sala do diretor tomando cuidado para ninguém os ver. A última coisa que eles queriam era ter de aguentar os alunos em cima do Harry falando sobre o torneio. 

                     Felizmente todos estavam no Salão Principal tomando café da manhã então conseguiram chegar na sala do diretor facilmente. No meio do caminho, Aslan se afastou deles indo pra fora.

 

                    - Remus! Sirius! - Harry exclamou indo até os padrinhos e abraçando os dois que sorriram. - É tão bom ver vocês!

 

                    - É bom ver você também, Harry. Mas preferiria que fosse por razões diferentes. - Remus disse bagunçando o cabelo de Harry.

 

                     - Vocês não acham que eu coloquei...

 

                     - Ah por favor, você é louco que nem o seu pai mas não nesse nível. A gente sabe que não foi você. - Sirius comentou fazendo Harry sorrir e Sophie soltar uma risada baixa.

 

                       - Bom dia, Harry. - Dumbledore se fez presente assustando o garoto que nem havia percebido a presença do diretor. - Espero que tenha dormido bem.

 

                       - Ah, sim eu dormi. E bom dia, senhor. - Harry disse desajeitado. 

 

                       - Enquanto vocês três conversam, eu irei roubar a Sophie por alguns minutos para falar com ela também. - Dumbledore disse ficando ao lado da ruiva.

 

                       - O que eu fiz dessa vez? - Sophie perguntou fazendo o diretor rir. - Não ousem ir embora antes de se despedirem de mim, entendido? - Ela perguntou novamente agora para Remus e Sirius que acenaram com a cabeça. 

 

                     Assim que o diretor e Sophie saíram, Harry se voltou para os padrinhos.

 

                     - Como você está com tudo isso? - Remus perguntou se levantando da cadeira junto com Sirius e indo até o sofá da sala. Harry se sentou no meio deles.

 

                      - Não sei dizer. Assustado talvez mas ao mesmo tempo algo dentro de mim quer provar para todos que eu sou mais que uma cicatriz. Entendem? - Harry perguntou para os dois que concordaram. - Mas uma coisa que o professor Moody disse ontem não sai da minha cabeça.

 

                      - Que foi? - Sirius perguntou.

 

                      - Ele disse que talvez alguém tenha esperança que eu... morra. - Harry disse olhando para as mãos. 

 

                     Sirius e Remus se encararam e ficaram em silêncio. Era obvio que a pessoa que havia posto o nome do Harry o queria morto, mas a pior parte era que eles não sabiam quem havia posto. E provavelmente a pessoa continuaria escondida dos olhos deles o ano todo, talvez até mesmo para sempre.

 

                     - Karkaroff? - Sirius perguntou para Remus mas foi Harry que reagiu primeiro.

 

                     - O que tem ele? - O garoto perguntou confuso.

 

                     - Bem, ele foi um dos comensais da morte. - Remus disse pensativo. - Mas não acho que ele...

 

                      - Ora vamos, Remus! Ele é o único aqui realmente perigoso. - Sirius olhou para Harry. - Ele foi apanhado, esteve em Azkaban comigo, mas foi libertado. Aposto o que quiser que foi essa a razão de Dumbledore querer um auror em Hogwarts este ano, para ficar de olho nele. Moody foi quem pegou Karkaroff. Foi o primeiro que trancafiou em Azkaban.

 

                     - Karkaroff foi libertado? - Perguntou o garoto lentamente, seu cérebro parecia estar lutando para absorver mais uma informação chocante. - Por que foi que libertaram ele?

 

                      - Ele fez um acordo com o Ministério da Magia. - Disse Sirius amargurado. - Ele fez uma declaração admitindo que errara e então revelou nomes... e mandou uma porção de outras pessoas para Azkaban em lugar dele... ele não é muito popular por lá, isso eu posso afirmar. E desde que saiu, pelo que sei, tem ensinado Artes das Trevas a cada estudante que passa pela escola dele. Por isso tenha cuidado com o campeão de Durmstrang também.

 

                      - O campeão de Durmstrang é o Krum, Sirius. Amigo do Erik, lembra-se? - Remus disse mas Sirius não se importou com isso.

 

                      - Bem agora ele é o adversário do Harry. 

 

                      - Mas espera, você está dizendo que Karkaroff pôs meu nome no Cálice? Porque se fez isso, ele é realmente um bom ator. Parecia furioso com o acontecido. Queria me impedir de competir. - Harry disse mais pensativo ainda.

 

                      - Sabemos que ele é um bom ator - Respondeu Sirius - porque convenceu o Ministério da Magia a libertá-lo, não é?

 

                      - É claro que convenceu, ele ofereceu vários nomes para o Ministério incluindo o próprio filho do Bartô! - Remus disse ainda não acreditando que foi o Karkaroff. - É por isso que eu não acho que foi ele, Sirius. Você esteve em Azkaban, você ouviu muitos comensais planejarem matar Pettigrew por acharem que ele foi o culpado da "morte" de Voldemort. O que você acha que eles pensam do Karkaroff? Porque, não sei se você se lembra mas o Bartô mandou o próprio filho para Azkaban! Acha mesmo que o garoto não falou quem o mandou para a prisão para os outros colegas? 

 

                         - Espera, o sr.Crouch mandou o filho para Azkaban?? - Harry perguntou chocado.

 

                         - Ele planejava ser o novo Ministro da Magia naquele tempo, e realmente seria. Ele mandou muitos comensais para a prisão, incluindo eu mesmo. Ele tinha o amor do povo mas então Karkaroff falou sobre o filho dele, que era de fato um comensal da morte. Crouch não pensou duas vezes em mandar o garoto para a prisão. Ele sempre abominou arte das trevas. - Remus explicou a história. - Mas a notícia que o filho dele era um comensal se espalhou, e ninguém o queria como Ministro. Claro que ele ainda tem o respeito de muitos mas, não tem a confiança. 

 

                         - E isso seria o perdão perfeito para Karkaroff, Remus! Ele mata o Harry e caí nas graças dos ex-amigos de novo. Até mesmo do próprio Voldemort. - Sirius disse.

 

                         - Certo, isso faz sentido...

 

                        - E lembra-se no dia antes de irmos para King's Cross? A ligação do Amos para Arthur falando sobre o suposto ataque que ele havia sofrido? 

 

                      - O que, você acha que realmente alguém tentou atacar o Moody? - Remus perguntou intrigado. 

 

                     - Eu tenho a impressão que alguém tentou impedir ele de vir para Hogwarts.  Acho que alguém sabia que seria muito mais difícil agir com ele por perto. E ninguém vai investigar muito. Olho-Tonto andou ouvindo estranhos, vezes demais. Mas isto não significa que tenha se tornado incapaz de identificar a coisa verdadeira. Moody foi o melhor auror que o Ministério já teve e o nosso melhor comandante. - Sirius disse sério. 

 

                   - Então alguém realmente quer me matar...

 

                   - E digo mais! Berta Jorkins. - Sirius disse com os olhos brilhando. 

 

                   - A bruxa desaparecida? - Harry perguntou confuso.

 

                   - Exatamente... ela desapareceu na Albânia, e sem dúvida foi lá que diziam ter visto Voldemort pela última vez... e ela saberia que ia haver um Torneio Tribruxo, não é?

 

                    - É, mas... não é muito provável que ela tivesse dado de cara com Voldemort, ou é?

 

                    - Na verdade, é. - Remus disse entendendo onde Sirius queria chegar. - A Berta era... não muito inteligente. James, Sirius e eu conhecemos ela aqui em Hogwarts mesmo. Ela era alguns anos mais adiantada que a gente mas...

 

                      - Era uma idiota. - Sirius disse percebendo que Remus não chamaria a bruxa assim. - Muito bisbilhoteira, mas completamente desmiolada. Não é uma boa combinação, Harry. Eu diria que ela poderia ser facilmente atraída para uma arapuca.

 

                        - Então... então Voldemort poderia ter descoberto tudo sobre o torneio? É isso que você quer dizer?

 

                          - Faria sentido. - Remus disse. - Mas não acho que Karkaroff esteja por trás disso.

 

                          - Mas eu disse, seria o perdão...

 

                          - Eu sei que você disse, e eu não soube te responder porque realmente faria sentido se Karkaroff quisesse voltar para Voldemort. - Remus disse e viu tanto o afilhado quanto o namorado encararem ele confuso. - Você está se precipitando dizendo que ele quer voltar para Voldemort. Mas por que ele faria isso? Sirius, ele é o diretor de Durmstrang, ele é conhecido e muito respeitado na Bulgária e até mesmo em outras partes do mundo. Por que ele iria querer se juntar ao Voldemort? E mais, lembra de como os comensais ficaram ao ver a Marca Negra? 

 

                      - Com medo. 

 

                      - E por que ficaram com medo? 

 

                     - Porque eram traidores. Eles não mostraram real lealdade para Voldemort. - Sirius disse percebendo onde Remus havia chegado. - Karkaroff deve ter ficado com medo também.

 

                       Remus concordou com a cabeça. 

 

                       - Mas se não foi o Karkaroff, então quem foi? - Harry perguntou e nem Sirius ou Remus souberam responder. 

 

                    Nesse momento Dumbledore e Sophie voltaram.

 

                    - Conversaram? - Dumbledore perguntou. 

 

                   - Sim, e eu acho melhor você ir tomar café, Harry. - Remus disse bagunçando o cabelo do afilhado. 

 

                    - Remus tem razão, Harry. O café está delicioso. - Dumbledore disse sorrindo.

 

                   - Ok. Tchau, Moon, e tchau Pads! - Harry disse abraçando os dois novamente. - Até depois professor! - Disse para Dumbledore que lhe acenou com a cabeça. Então virou-se para a irmã. - Vem comigo?

 

                  - Só vou me despedir desses dois e depois eu vou. - Sophie disse e Harry concordou, saindo da sala. 

 

                   Assim que ele desceu a escada com a fênix ele deu de cara com Hermione.

 

                   - Olá! - Exclamou ela, estendendo uma pilha de torradas que carregava em um guardanapo. - Trouxe para você... quer dar uma volta?

 

                    - Claro. Como sabia que eu estava aqui? - Harry perguntou pegando as torradas. 

 

                    - Dumbledore e Sophie me disseram. Eu passei por eles que estavam conversando e perguntei de você, ai eles disseram. - Hermione explicou. - Então pensei que você não iria querer estar no Salão Principal depois de ontem e te trouxe as torradas. 

 

                   - Obrigado, acertou. - Disse agradecido. 

 

                   Os dois desceram, atravessaram depressa o saguão, sem olhar para o Salão Principal, e pouco depois estavam caminhando pelos jardins em direção ao lago, onde o navio de Durmstrang, ancorado, se refletia escuramente na água. Aslan estava andando pelo jardim naquele momento e quando viu Harry, ele correu na direção do Potter que aceitou sua companhia de bom grado.

 

                    Fazia uma manhã fria e os dois amigos não pararam de andar, comendo as torradas, enquanto Harry contava a Hermione exatamente o que acontecera depois que deixara a mesa da Grifinória, na noite anterior. Para seu imenso alívio, Hermione aceitou sua história sem duvidar.

 

                       - Bem, é claro que eu sabia que você não tinha se inscrito. - Disse a garota quando ele terminou de contar a cena na câmara vizinha ao Salão Principal. - A cara que você fez quando Dumbledore o chamou! Mas a pergunta é, quem inscreveu você? Porque, Moody tem razão, Harry... acho que nenhum estudante teria sido capaz de fazer isso... nunca teria sido capaz de enganar o Cálice de Fogo nem de anular o feitiço de Dumbledore...

 

                - Você viu o Rony? - Interrompeu-a Harry. 

 

              Hermione hesitou. 

 

                - Hum... vi... estava tomando café.

 

               - Ele ainda acha que eu me inscrevi? 

 

           - Bem... não, acho que não... não para valer. - Disse ela sem jeito. 

 

             - Que é que você está querendo dizer com esse não para valer?

 

                 - Ah, Harry, não está na cara? - Respondeu Hermione desesperada. - Ele está com ciúmes! 

 

             - Com ciúmes? - Repetiu o garoto sem acreditar. - Com ciúmes de quê? Será que ele quer fazer papel de babaca na frente da escola inteira?

 

              - Olha - Disse Hermione pacientemente -, é sempre você que recebe todas as atenções, você sabe que é. Sei que não é sua culpa. - Acrescentou ela depressa, vendo Harry abrir a boca, indignado. - Sei que você não quer isso... mas, bem... sabe, Rony tem todos aqueles irmãos competindo com ele em casa, e você é o melhor amigo dele e é realmente famoso, Rony é sempre deixado de lado quando as pessoas veem você, e ele aguenta isso sem reclamar, mas acho que mais essa vezinha foi demais...

 

               - Ótimo. - Disse Harry com amargura. - Realmente ótimo. Diga a ele que troco de lugar quando ele quiser. Diga a ele que o meu lugar está às ordens... gente olhando de boca aberta para a minha cicatriz para todo lado que vou... 

 

             - Não vou dizer nada a ele. - Falou Hermione com rispidez. - Diga você mesmo, é o único jeito de resolver isso.

 

            - Não vou correr atrás dele para fazer ele crescer! - Disse Harry, tão alto que várias corujas pousadas em uma árvore próxima levantaram voo assustadas. - Talvez ele acredite que não estou me divertindo quando me partirem o pescoço ou...

 

             - Isso não tem graça. - Disse Hermione baixinho. - Não tem a menor graça. - Ela parecia extremamente ansiosa. - Harry, estive pensando... você sabe o que precisamos fazer, não sabe? Depressa, assim que voltarmos ao castelo?

 

            - Sei, tacar no Rony um bom chute na b...

 

             - Praticar! 

 

 

 

                Sophie estava indo para o Salão Principal quando viu Harriet, Erik e Charles saindo de lá. A loira parecia estar a beira de matar alguém.

 

                   - Ei, eu estava indo atrás de vocês... - Sophie começou a falar mas Harriet a puxou pela mão levando ela pra longe do Salão, Erik e Charles seguindo logo atrás. - Woah tigre! O que você tem?? 

 

                     - Aquele idiota! Urgh! Como ele pode acreditar que você colocaria seu irmão no Torneio?? Ele é um idiota! - Harriet dizia não prestando atenção na amiga. - Ele acha que tudo é por dinheiro! 

 

                      - Harriet, minha amiga está falando de quem? - Sophie perguntou achando o jeito da amiga engraçado. Olhou para Erik e Charles e viu que os dois olhavam admirados para a loira.

 

                       - De quem mais seria se não do boçal do seu ex-namorado?! - Harriet rosnou parando de andar e se virando para Sophie. - Ele realmente acha que você colocou o Harry no torneio.

 

                        - O que? - Sophie perguntou surpresa e de olhos arregalados.

 

                      - Ele chegou na gente perguntando se sabíamos que você estava planejando colocar o Harry no torneio. - Charles disse cruzando os braços.

 

                        - E o que vocês disseram? - Sophie perguntou triste.

 

                        - Nada. Harriet deu um soco na cara do Fred e então saiu, seguimos ela. - Erik respondeu sorrindo orgulhoso para a loira. - A propósito, belo soco.

 

                        - Então vocês não pensam que eu...

 

                         - Pelo amor de Deus, Sophie Potter! Você enfrentou Voldemort pra proteger o Harry e ainda vive protegendo ele por essa escola. Nunca que você colocaria ele nesse torneio. - Harriet disse fazendo Sophie rir. 

 

                           - Vocês são os melhores amigos que eu poderia ter. Obrigada. - Sophie agradeceu com o coração aquecido.

 

                            - Bom. Agora vamos na cozinha porque eu realmente preciso de gelo na minha mão. Ela ta doendo. Ah, e você vai dizer tudo o que aconteceu ontem a noite. - Harriet disse puxando Sophie pela mão. 

 

                     A ruiva sorriu e pegou a mão de Charles e o moreno pegou a mão de Erik. Juntos foram para a cozinha.

 

 

                Se Harry pensou que as coisas iam melhorar uma vez que se acostumasse à ideia de ser campeão, o dia seguinte lhe provou que estava enganado. Ele não poderia evitar o resto da escola quando voltasse às aulas – e era visível que o resto da escola, tal como seus colegas da Grifinória, achava que Harry se inscrevera para o torneio. Ao contrário dos garotos de sua Casa, porém, os outros não pareciam estar bem impressionados. 

 

             Os da Lufa-Lufa, que normalmente conviviam em excelentes termos com os alunos da Grifinória, tinham se tornado bastante frios. Uma aula de Herbologia foi suficiente para demonstrar isso. Ficou claro que os alunos da Lufa-Lufa achavam que Harry roubara a glória do seu campeão; um sentimento talvez exagerado pelo fato de que a Lufa-Lufa raramente conquistava alguma glória. Ernesto MacMillan e Justino Finch-Fletchley, com quem Harry habitualmente se dava tão bem, não falaram com ele, embora os três estivessem reenvasando bulbos saltadores na mesma caixa – embora tivessem rido de modo bem desagradável quando um dos bulbos saltadores escapuliu da mão de Harry e bateu com força no rosto do garoto. Tampouco Rony estava falando com Harry. Hermione se sentou entre os dois, procurando a custo manter uma conversa, e embora os dois lhe respondessem normalmente, evitavam se olhar. Harry achou que até a Profª Sprout parecia estar distante com ele – mas, afinal, ela era a diretora da Lufa-Lufa.

 

             Em circunstâncias normais, o garoto teria ficado ansioso para ver Hagrid, mas a aula de Trato das Criaturas Mágicas significava também rever os alunos da Sonserina – a primeira vez que estaria cara a cara com eles desde que se tornara campeão. 

 

            Previsivelmente, Malfoy chegou à cabana de Hagrid com o conhecido sorriso desdenhoso atarraxado no rosto.

 

            - Ah, olha só, pessoal, é o campeão. - Disse ele a Crabbe e a Goyle no instante em que se aproximou de Harry o bastante para ser ouvido. - Trouxeram os cadernos de autógrafos? É melhor pedir um agora porque duvido que a gente vá vê-lo por muito tempo... metade dos campeões do Torneio Tribruxo morreram... quanto tempo você acha que vai durar, Potter? Aposto que só os primeiros dez minutos da primeira tarefa.

 

 

            Crabbe e Goyle deram risadas para agradá-lo, mas Malfoy teve que parar por aí, porque Hagrid surgiu dos fundos da cabana, segurando uma torre instável de caixas, cada uma contendo um enorme explosivim. Para horror da turma, Hagrid começou a explicar que a razão pela qual os bichos tinham andado se matando era o excesso de energia acumulada, e que a solução era cada aluno pôr uma coleira em um bicho e levá-lo para passear um pouco. A única vantagem desse plano foi distrair Malfoy completamente. 

 

               - Levar essa coisa para passear um pouco? - Repetiu ele enojado, olhando para dentro de uma das caixas. - E onde exatamente você quer que a gente amarre a coleira? No ferrão, no rabo explosivo desse treco? 

 

                - No meio. - Respondeu Hagrid, fazendo uma demonstração. – Hum... é, vocês talvez queiram calçar as luvas de couro de dragão, assim como uma precaução a mais. Harry, vem até aqui me ajudar com esse grandalhão...

 

               A verdadeira intenção de Hagrid, no entanto, era falar com Harry longe do restante da turma. 

 

            Ele esperou até todos terem se afastado com os explosivins, depois se virou para o garoto e disse, muito sério:

 

              - Então... você vai competir, Harry. No torneio. Campeão da escola. 

 

              - Um dos campeões. - Corrigiu-o Harry. 

 

           Os olhos de Hagrid, negros como besouros, pareciam muito ansiosos sob as sobrancelhas desgrenhadas.

 

              - Não faz ideia de quem o meteu nessa fria, Harry? 

 

              - Você acredita então que não fui eu que me inscrevi? - Perguntou Harry, escondendo com esforço o arroubo de gratidão que sentiu ao ouvir as palavras de Hagrid. 

 

              - Claro que acredito. - Resmungou Hagrid. - Você diz que não foi você e eu acredito em você, e Dumbledore acredita em você assim como Sophie. A sua cara quando Dumbledore chamou seu nome! Era óbvio que não foi você. E eu realmente fiquei preocupado com Sophie, o rosto estava mais branco que o normal.

 

                - Eu bem gostaria de saber quem foi. - Disse o garoto com amargura.

 

                Os dois olharam para os jardins; a turma agora andava espalhada por lá, toda ela em grande apuro. Os explosivins tinham alcançado uns noventa centímetros de comprimento e se tornado extremamente fortes. Já não eram sem casca e descolorados, tinham desenvolvido uma espécie de escudo acinzentado grosso e reluzente. Pareciam uma cruza de enormes escorpiões com caranguejos alongados – mas ainda não possuíam cabeças ou olhos reconhecíveis. Tinham-se tornado imensamente fortes e difíceis de controlar. 

 

              - Parece que eles estão se divertindo, não acha? - Comentou Hagrid alegremente. 

 

            Harry presumiu que ele estivesse se referindo aos explosivins, porque seus colegas certamente não estavam; de vez em quando, com um alarmante estampido, a cauda de um deles explodia, fazendo-o saltar vários metros à frente e mais de um aluno estava sendo arrastado de bruços enquanto tentava desesperadamente se levantar.

             - Ah, eu não sei, Harry. - Suspirou Hagrid de repente, voltando a encará-lo, com uma expressão preocupada no rosto. - Campeão da escola... parece que tudo acontece com você ou sua irmã, não é?

 

               O garoto não respondeu. É, parecia que tudo acontecia com ele... era mais ou menos o que Hermione dissera quando andavam pela margem do lago, e essa era a razão, segundo ela, pela qual Rony deixara de falar com ele. Sophie tinha sorte de ter Erik, Charles e Harriet. 

 

              Os dias que se seguiram foram alguns dos piores que Harry passara em Hogwarts. O mais próximo que ele chegara desse sentimento fora durante aqueles meses, no segundo ano, em que grande parte da escola suspeitara que era ele que atacava os colegas. Mas, então, Rony ficara do seu lado. Harry achava que poderia suportar a atitude do resto da escola se ao menos pudesse ter Rony outra vez como amigo, mas não ia tentar persuadi-lo a voltarem a se falar se ele não queria. Contudo, estava solitário com tanta animosidade ao redor dele. Claro que sua irmã estava com ele e muitas vezes Charles e Harriet tentavam animá-lo e muitas vezes Erik falava com ele sobre feitiços mas não era o grupo dele. 

 

                E ele podia entender a atitude do pessoal da Lufa-Lufa, mesmo que não lhe agradasse; tinham um campeão próprio para apoiar. Não esperara menos do que agressões verbais dos alunos da Sonserina – era muito impopular entre eles e sempre o fora, pois ajudara a Grifinória a derrotá-los muitas vezes, tanto no quadribol quanto no Campeonato Intercasas. Mas alimentara a esperança de que os colegas da Corvinal tivessem a bondade de apoiá-lo tanto quanto a Cedrico. Mas se enganara. A maioria dos alunos daquela Casa parecia pensar que estivera desesperado para conquistar um pouco mais de fama fazendo o Cálice de Fogo aceitar seu nome.

 

               Depois, havia ainda o fato de Cedrico se enquadrar muito melhor no papel de campeão do que ele. Excepcionalmente bonito, nariz reto, cabelos escuros e olhos cinzentos, era difícil dizer quem era o alvo de maior admiração ultimamente, se Cedrico ou Viktor Krum. Harry chegou a presenciar as mesmas garotas do sexto ano que se empenharam tanto para obter um autógrafo de Krum, suplicando a Cedrico para assinar suas mochilas na hora do almoço.

 

             E pra piorar, a Profª Sibila Trelawney andava predizendo sua morte com uma certeza ainda maior do que de costume, e ele estava se saindo tão mal nos Feitiços Convocatórios na aula do Prof. Flitwick que recebera dever de casa suplementar – a única pessoa a receber, à exceção de Neville.

 

                - Na realidade não é tão difícil assim. - Hermione tentou tranquilizá-lo quando saíam da sala de Flitwick, a garota fizera os objetos dispararem pela sala em sua direção a aula inteira, como se ela fosse uma espécie de ímã exótico para espanadores, cestas de papel e lunascópios. -Você simplesmente não se concentrou como devia...

 

                - E por que teria sido isso? - Perguntou Harry sombriamente, quando Cedrico Diggory passou por eles, cercado por um grande grupo de garotas que sorriam debilmente e olharam para Harry como se ele fosse um explosivim particularmente grande. - Mesmo assim, deixa para lá, não é? Dois tempos de Poções à espera da gente hoje à tarde...

 

                A aula de Poções sempre fora uma experiência terrível, mas ultimamente chegava quase a ser uma tortura. Ficar trancado em uma masmorra durante uma hora e meia com Snape e os alunos da Sonserina, todos decididos a castigar Harry o máximo por se atrever a ser campeão da escola, era a coisa mais desagradável que ele poderia imaginar. Já aturara uma sexta-feira, com Hermione sentada ao seu lado, entoando entre dentes “Não ligue, não ligue, não ligue”, e ele não conseguia ver por que esta seria melhor.

 

             Quando ele e a amiga chegaram à porta da masmorra de Snape depois do almoço, encontraram os alunos da Sonserina esperando à porta, cada um deles usando um distintivo no peito. Por um instante delirante, Harry pensou que fossem distintivos do F.A.L.E. – mas logo viu que todos continham a mesma mensagem em letras vermelhas luminosas, que brilhavam vivamente no corredor subterrâneo mal iluminado.

 

      Apoie CEDRICO DIGGORY – o VERDADEIRO campeão de Hogwarts.

 

 

              - Gostou, Potter? - Perguntou Malfoy em voz alta, quando Harry se aproximou. - E isso não é só o que eles fazem, olha só!

 

                 E apertou o distintivo contra o peito, a mensagem desapareceu e foi substituída por outra, que emitia uma luz verde:

 

POTTER FEDE

 

              - Seu amor pelo meu irmão fica mais esquisito a cada dia que passa, Malfoy. - Harry se virou e viu Sophie no pé da escada de braços cruzados.

 

                   Harry percebeu que Rony estava parado um pouco perto da ruiva com Dino e Simas do lado dele. Não estava rindo mas também não o-defendia. 

 

                - Ah, engraçadíssimo - Disse Hermione com sarcasmo a Pansy Parkinson e sua turma de garotas da Sonserina, que riam mais gostosamente do que quaisquer outros. -, é realmente engraçadíssimo.

 

                  - Quer um, Granger? - Perguntou Malfoy, fingindo não ver Sophie ali e oferecendo um distintivo a Hermione. - Tenho um monte. Mas não toque na minha mão agora, acabei de lavá-la, sabe, e não quero que uma sangue ruim a suje.

 

                    Uma parte da raiva que Harry vinha sentindo havia dias pareceu romper um dique em seu peito. Ele apanhou a varinha antes que conseguisse pensar no que estava fazendo e em poucos passos estava com ela no rosto de Malfoy. As pessoas em volta se afastaram correndo, recuaram pelo corredor. Para sua surpresa havia outra varinha ao lado da dele apontada para Malfoy também. 

 

                   Os dois Potter estavam sérios olhando no rosto do loiro que mostrava claramente que estava com medo.

 

                    - Não estamos na nossa melhor semana, Malfoy. Se eu fosse você, tomasse cuidado com as palavras. - Sophie disse com os dentes serrados. 

 

                     Ela guardou a varinha e abaixou a varinha do irmão. Harry olhou para ela, quase fazendo um pedido para deixá-lo atacar o Malfoy mas a ruiva sorriu.

 

                    - Vai lá pra cima. Erik está esperando por você. - Ela disse para ele. - Vai logo. 

 

                      - Snape...

 

                     - Eu lido com a criatura. Vai. 

 

                      Harry concordou ainda confuso e saiu sem olhar para Hermione, Rony ou qualquer outro aluno. Ao chegar no andar de cima viu Erik esperando por ele como a irmã havia dito.

 

                      - Hey! O que houve? - Harry perguntou quando se aproximou do alemão que colocou o braço em volta do ombro dele.

 

                      - Bagman é quem está chamando. Algumas fotos para o Ministério e a passagem das varinhas. - Erik respondeu. 

 

                       - Passagem das varinhas? - Harry perguntou.

 

                      - Uma verificação se as varinhas estão em perfeitas condições de funcionamento, sem problemas, entende, porque são os instrumentos mais importantes nas tarefas que vocês têm pela frente. - Erik disse e então parou a poucos metros de uma porta e o virou para olhar no olhos. - Preste atenção, as fotos vão para o Profeta Diário a encarregada será Rita Skeeter e você será a maior presa dela hoje. Você sabe um pouco dela?

 

                       - Sim... - Harry respondeu lembrando da conversa com Gui e Carlinhos sobre a mulher. - Ela que colocou a imagem de Charles sobre ser um herói sendo que...

 

                        - Ela não coloca ninguém como herói. Então você já sabe quem era o alvo do ataque dela. Ela pode querer fazer o mesmo com você então não fala nada. É melhor não falar nada do que ela mudar tudo o que disse. - Erik falou voltando-se a andar.

 

                       - Erik! - Harry chamou lhe ocorrendo algo que ele queria perguntar a bastante tempo. - O Charles ele não... está sofrendo pelas coisas que ela escreveu, está? 

 

                        - Antes do Torneio e os campeões serem ditos ele era apenas olhado com pena. Agora as pessoas já esqueceram daquilo. Ele está bem, Harry. Estamos tomando conta dele. - Erik respondeu e Harry se sentiu feliz por seu amigo. Pelo menos um deles estava bem. - Agora vamos! Você já está atrasado! 

 

                Harry sorriu e seguiu o alemão. Eles pararam em frente a porta, Erik bateu e depois o empurrou para dentro com um "boa sorte". 

 

                 Era uma sala de aula relativamente pequena; a maior parte das carteiras fora afastada para o fundo do aposento, deixando um amplo espaço no meio; três delas, no entanto, tinham sido enfileiradas lado a lado, diante do quadro-negro e cobertas com uma toalha de veludo. Cinco cadeiras tinham sido arrumadas atrás das mesas cobertas de veludo e Ludo Bagman estava sentado em uma delas conversando com uma bruxa que Harry nunca vira antes e que usava vestes carmim. 

 

        Viktor Krum estava em pé, pensativo, a um canto, como de costume, sem falar com ninguém. Cedrico e Fleur estavam entretidos conversando, a garota parecia muito mais feliz do que Harry a vira até então; não parava de jogar a cabeça para trás de modo que os cabelos longos e prateados refletissem a luz. Um homem barrigudo, segurando uma grande máquina fotográfica que soltava uma leve fumaça, observava Fleur pelo canto do olho.

 

            Bagman de repente viu Harry, levantou-se depressa e foi ao encontro do garoto.

 

             - Ah, aqui está ele. O campeão número quatro! Entre Harry, entre... não tem com o que se preocupar, é apenas a cerimônia de pesagem das varinhas, os outros juízes estão chegando. O perito está lá em cima com Dumbledore, agora. E depois vai haver uma pequena sessão de fotos. Esta é Rita Skeeter - Acrescentou, indicando com um gesto a bruxa de vestes carmim. -, está escrevendo um pequeno artigo sobre o torneio para o Profeta Diário...

 

               - Talvez não seja tão pequeno assim, Ludo. - Disse ela, com os olhos em Harry.

 

                Os cabelos da repórter estavam arrumados em cachos caprichosos e curiosamente rígidos que contrastavam estranhamente com seu rosto de queixo volumoso. Ela usava óculos com aros de pedrinhas. Os dedos grossos que seguravam uma bolsa de couro de crocodilo terminavam em unhas de cinco centímetros de comprimento, pintadas de escarlate.

 

             - Gostaria de saber se poderia dar uma palavrinha com Harry antes de começarmos? - Pediu ela a Bagman, mas ainda com os olhos fixos em Harry. - O campeão mais novo, entende... para dar um toque pitoresco?

 

              - Certamente! - Exclamou Bagman. - Isto é, se Harry não fizer objeção?

 

               - Hum... - Disse Harry.

 

               - Beleza! - Respondeu Rita Skeeter e, num segundo, seus dedos com garras vermelhas tinham segurado com surpreendente firmeza o braço do garoto, conduziam-no para fora da sala e abriam uma porta próxima. 

 

          “Não queremos ficar lá dentro com todo aquele barulho”, disse ela. “Vejamos... ah, sim, aqui está bom e aconchegante.” 

 

        Era um armário de vassouras. Harry arregalou os olhos para a bruxa. 

 

              - Vamos querido, certo, ótimo! - Repetiu outra vez, encarapitou-se precariamente sobre um balde virado de boca para baixo, fez Harry sentar-se em uma caixa de papelão e fechou a porta, mergulhando-os na escuridão. - Vejamos agora... 

 

             Rita abriu a bolsa de crocodilo e tirou um punhado de velas, que acendeu com um aceno da varinha, e colocou-as suspensas no ar, de modo a iluminar o que faziam. 

 

             - Você não se importa, Harry, se eu usar uma pena-de-repetição-rápida? Assim fico livre para conversar com você normalmente... 

 

           - Uma o quê? - Perguntou Harry. 

 

           O sorriso de Rita se abriu. Harry contou três dentes de ouro. Mais uma vez ela meteu a mão na bolsa e tirou uma pena comprida verde-ácido e um rolo de pergaminho, que abriu entre os dois em cima de uma caixa de Removedor Mágico Multiuso da Sra. Skower. Ela levou a ponta da pena verde à boca, chupou-a por um instante com cara de quem estava gostando, depois colocou-a em pé sobre o pergaminho, onde a pena ficou equilibrada tremendo ligeiramente.

 

              - Teste... meu nome é Rita Skeeter, repórter do Profeta Diário. 

 

            Harry olhou depressa para a pena. No momento em que Rita falara, ela começou a escrever, deslizando sobre o pergaminho. 

 

            A atraente Rita Skeeter, 43 anos, cuja pena infrene já esvaziou muitas reputações infladas...

 

 

                  - Beleza. - Disse Rita Skeeter, mais uma vez, e rasgou a parte escrita do pergaminho, amassou-a e meteu-a na bolsa. Inclinou-se então para Harry e disse: - Então, Harry... o que fez você decidir entrar no Torneio Tribruxo? 

 

                    - Hum... - Disse Harry outra vez, mas foi distraído pela pena. Embora não estivesse falando, ela continuava a correr pelo pergaminho e seguindo-a o garoto pôde ler uma nova frase:

 

               Uma feia cicatriz, lembrança de um passado trágico, desfigura o rosto, de outra forma encantador, de Harry Potter, cujos olhos...

 

                    - Não dê atenção à pena, Harry. - Disse Rita Skeeter com firmeza. Relutante, Harry ergueu os olhos para ela. - Agora, por que decidiu entrar para o torneio, Harry?

 

                     - Não me inscrevi. - Harry disse rápido e se amaldiçoou por abrir a boca.

 

                     - Ora, Harry, não precisa ter medo de entrar numa fria. Todos sabemos que você não deveria ter se inscrito. Mas não se preocupe com isso. Os nossos leitores adoram rebeldias.

 

                      Harry ficou em silêncio, se sentia nervoso.

 

                   - Como é que você se sente com relação às tarefas que o aguardam? - Perguntou Rita Skeeter. - Excitado? Nervoso?

 

                   Harry continuou em silêncio pedindo que alguém o tirasse dali o mais rápido possível.

 

                     - Ora vamos, Harry! Não precisa ser tímido. Vamos, me diga, você se inscreveu para ser tão importante quanto sua irmã? Afinal ela é a mão de confiança de Dumbledore. Você sentiu sua fama ameaçada por ela? 

 

                       - O que?! - Harry exclamou irritado. - Eu não me inscrevi! 

 

                     - Ora, por favor, troque a fita. Você acha que o trauma do passado o deixou desejoso de se pôr à prova? De fazer jus ao seu nome? Você acha que talvez tenha se sentido tentado a se inscrever no Torneio Tribruxo porque...

 

                       - Não me inscrevi. - Harry respondeu mais uma vez ficando mais irritado. 

 

                       - Você tem alguma lembrança dos seus pais? - Perguntou Rita Skeeter, abafando a resposta do garoto.

 

                       - Não. 

 

                       - Como você acha que eles se sentiriam se soubessem que você ia competir no Torneio Tribruxo? Orgulhosos? Preocupados? Zangados?

                Harry estava se sentindo realmente aborrecido agora. Como é que ele ia saber o que seus pais estariam sentindo se fossem vivos? Percebeu que a jornalista o observava muito atentamente. De cara amarrada, ele evitou seu olhar e baixou os olhos para as palavras que a pena acabara de escrever.

 

            As lágrimas marejaram aqueles olhos espantosamente verdes quando a nossa conversa se voltou para os pais de quem ele mal se lembra. Uma mistura de saudades dos pais e ressentimento da irmã dominavam seu rosto. 

 

                    -  Eu NÃO estou com lágrimas nos olhos! – disse Harry em voz alta. - E eu NÃO estou com ressentimento da minha irmã! 

 

                     Antes que Rita Skeeter pudesse dizer uma palavra, a porta do armário de vassouras se escancarou. Harry olhou à volta, piscando para a claridade. Albus Dumbledore estava parado ali, contemplando os dois apertados no armário. Sophie estava logo atrás, com a mesma expressão que Dumbledore.

 

                     - Dumbledore! - Exclamou Rita Skeeter, parecendo encantada, mas Harry reparou que a pena e o pergaminho tinham repentinamente desaparecido da caixa de Removedor Mágico e os dedos da jornalista com garras nas pontas fechavam apressadamente a bolsa de crocodilo. - Como vai? – disse ela, erguendo-se e estendendo uma das mãos grandes e masculinas a Dumbledore. - Espero que tenha visto o meu artigo durante o verão sobre a conferência da Confederação Internacional de Bruxos?

 

                    - Encantadoramente maldoso. - Respondeu o diretor com os olhos cintilantes. - Gostei principalmente da descrição que fez de mim como um debiloide ultrapassado.

 

                        Sophie chamou Harry com o dedo e ele foi para o lado dela.

 

                    A repórter não pareceu sequer remotamente desconcertada.

 

            - Eu só estava tentando mostrar que algumas de suas ideias são um tanto antiquadas, Dumbledore, e que muitos bruxos nas ruas... 

 

              - Ficarei encantado de ouvir o raciocínio que fundamentou a grosseria, Rita - Disse Dumbledore, com uma reverência cortês e um sorriso. -, mas receio que tenhamos de discutir esse assunto mais tarde. A pesagem das varinhas vai começar e não pode ser realizada se um dos campeões estiver escondido em um armário de vassouras.

 

                 Satisfeitíssimo de se afastar de Rita Skeeter, Harry correu de volta à sala enquanto Sophie continuou do lado do diretor. Os outros campeões estavam agora nas cadeiras junto à porta, e ele se sentou depressa ao lado de Cedrico, com os olhos na mesa coberta de veludo, onde agora havia quatro dos cinco juízes – o Prof. Karkaroff, Madame Maxime, o Sr. Crouch e Ludo Bagman. Rita Skeeter se acomodou a um canto; Harry a viu tirar discretamente o pergaminho da bolsa, abri-lo sobre um joelho, chupar a ponta da pena-de-repetição-rápida e equilibrá-la mais uma vez sobre o pergaminho.

 

             - Gostaria de lhes apresentar o Sr. Olivaras. - Disse Dumbledore, ocupando seu lugar à mesa dos juízes, e se dirigindo aos campeões. Sophie estava em pé logo atrás dele. - Ele vai verificar suas varinhas para garantir que estejam em boas condições antes do torneio.

 

                Harry olhou para os lados e, com um choque de surpresa, viu um velho bruxo com grandes olhos azul-claros parado discretamente à janela. Harry já encontrara o Sr. Olivaras antes – era o fabricante de quem Harry comprara a própria varinha, havia mais de três anos no Beco Diagonal.

 

                - Mademoiselle Delacour, poderia vir até aqui primeiro, por favor? - Disse o Sr. Olivaras postando-se no espaço vazio no centro da sala.

 

             Fleur Delacour fez o que o bruxo pedia e lhe entregou a varinha.

 

              - Humm... - Disse ele. 

 

           O Sr. Olivaras girou a varinha entre os dedos longos como se fosse um bastão, e ela emitiu várias faíscas rosas e douradas. Depois aproximou-a dos olhos e a examinou atentamente. 

 

               - É - Disse baixinho -, vinte e quatro centímetros... inflexível... jacarandá... e contém... meu Deus... 

 

              - Um fio de cabelos de veela. - Disse Fleur. - Uma das minhas avós.

 

             Então Fleur era em parte veela, pensou Harry, anotando a informação mentalmente para contar a Rony... depois se lembrou de que Rony não estava falando com ele.

 

               - Confere - Disse o Sr. Olivaras -, confere, eu nunca usei cabelo de veela, naturalmente. Acho que produz varinhas temperamentais... no entanto, o seu a seu dono, se ela lhe serve...

 

                O Sr. Olivaras correu os dedos pela varinha, aparentemente à procura de arranhões ou saliências; então murmurou “Orchideous!” e saiu um ramo de flores da ponta da varinha.

 

                - Muito bem, muito bem, está em ótimas condições de funcionamento. - Disse o Sr. Olivaras, recolhendo as flores e oferecendo-as a Fleur juntamente com a varinha. - Sr. Diggory, agora o senhor.

 

                 Fleur retornou delicadamente à sua cadeira e sorriu para Cedrico quando o garoto passou.

 

                  - Ah, esta é uma das minhas, não? - Disse o Sr. Olivaras, com muito mais entusiasmo, quando Cedrico lhe entregou a varinha. - É, lembro-me bem dela. Contém um único pelo da cauda de um unicórnio macho particularmente belo... devia ter um metro e setenta; quase me deu uma chifrada quando lhe arranquei um fio da cauda. Trinta centímetros... freixo... agradavelmente flexível. Está em boas condições... o senhor cuida dela periodicamente?

 

               - Lustrei-a à noite passada. - Disse Cedrico sorrindo.

 

                Harry olhou a própria varinha. Dava para ver marcas de dedos em toda a extensão. Ele agarrou um bocado de pano das vestes na altura dos joelhos e tentou limpá-la discretamente. Várias faíscas douradas voaram de sua ponta. Fleur Delacour lhe lançou um olhar condescendente e ele desistiu.

 

               Ele viu Sophie rir da cara dele e ele revirou os olhos para a irmã e sorrindo de lado logo em seguida.

 

                 O Sr. Olivaras disparou uma sequência de anéis de fumaça prateada pela sala da ponta da varinha de Cedrico, declarando-se satisfeito e, em seguida, disse: 

 

                   - Sr. Krum, se me faz o favor.

 

                   Viktor Krum, com o corpo curvado, os ombros redondos e os pés para fora, levantou-se e foi até o Sr. Olivaras. Entregou a varinha e ficou parado, de cara fechada e mãos nos bolsos das vestes. 

 

                  - Humm - Disse o Sr. Olivaras -, é uma criação de Gregorovitch, a não ser que eu esteja enganado. Um excelente fabricante de varinhas, embora o estilo nunca seja bem o que eu... contudo... 

 

              Ergueu a varinha e examinou-a minuciosamente, revirando-a várias vezes diante dos olhos. 

 

                   - É... bétula e corda de coração de dragão? - Perguntou a Krum, que confirmou com a cabeça. - Um pouco mais grossa do que se vê normalmente... bastante rígida... vinte e seis centímetros... Avis!

 

                     A varinha de bétula produziu um estampido como o de uma pistola e um bando de passarinhos chilreantes saiu voando de sua ponta, pela janela aberta, em direção ao sol desbotado. 

 

                    - Ótimo. - Exclamou o Sr. Olivaras, devolvendo a varinha a Krum. - Resta agora... o Sr. Potter.

 

                     Harry se levantou e passou por Krum para chegar ao Sr. Olivaras. E entregou sua varinha. 

 

                   - Aaah, sim. - Disse o perito, seus olhos azul-claros repentinamente brilhando. - Sim, sim, sim. Lembro-me muito bem.

 

                Harry se lembrava também. Lembrava-se como se tivesse sido ainda ontem...

 

            04 anos atrás. Olivaras: Artesãos de Varinhas de Qualidade desde 382 a.C.

 

                    Harry já não sabia mais quantas varinhas havia tentado e nenhuma havia dado certo com ele. Já estava começando a se sentir nervoso. Experimentou. E experimentou. Não fazia ideia do que é que o Sr. Olivaras estava esperando. A pilha de varinhas experimentadas estava cada vez maior em cima da cadeira alta e estreita, mas, quanto mais varinhas o Sr. Olivaras tirava das prateleiras, mais feliz parecia ficar.

 

                  - Freguês difícil, hein? Não se preocupe, vamos encontrar a varinha perfeita para o senhor em algum lugar, estou em dúvida, agora... é, por que não?, uma combinação incomum, azevinho e pena de fênix, vinte e oito centímetros, boa e maleável.

 

                     Harry apanhou a varinha. Sentiu um repentino calor nos dedos. Ergueu a varinha acima da cabeça, baixou-a cortando o ar empoeirado com um zunido, e uma torrente de faíscas douradas e vermelhas saíram da ponta como um fogo de artifício, atirando fagulhas luminosas que dançavam nas paredes. Hagrid gritou entusiasmado e bateu palmas e o Sr. Olivaras exclamou:

 

                      - Bravo! Mesmo, ah, muito bom. Ora, ora, ora... que curioso... curiosíssimo...

 

                     Repôs a varinha de Harry na caixa e embrulhou-a em papel pardo, ainda resmungando:

 

                     - Curioso... curioso... 

 

                     - O senhor me desculpe - Disse Harry. -, mas o que é curioso?

 

                    O Sr. Olivaras encarou Harry com aqueles olhos claros.

 

                        - Lembro-me de cada varinha que vendi, Sr. Potter. De cada uma. Acontece que a fênix cuja pena está na sua varinha produziu mais uma pena, apenas mais uma. É muito curioso que o senhor tenha sido destinado para esta varinha porque a irmã dela, ora, a irmã dela produziu a sua cicatriz. 

 

                    Harry engoliu em seco.

 

                   - É, tinha trinta e quatro centímetros. Puxa. É realmente curioso como essas coisas acontecem. A varinha escolhe o bruxo, lembre-se... Acho que podemos esperar grandes feitos do senhor, Sr. Potter... Afinal, Aquele-Que-Não-Se-Deve-Nomear realizou grandes feitos, terríveis, sim, mas grandes. 

 

                         Harry estremeceu. Não tinha muita certeza se gostava do Sr. Olivaras. Pagou sete galeões pela varinha e o Sr. Olivaras curvou-se à saída deles.

 

                 Agora. Hogwarts.

 

                     Harry só havia compartilhado essa informação com Sophie e Remus. Ambos eram os únicos que sabiam. Gostava muito de sua varinha e, por ele, a afinidade dela com a varinha de Voldemort era algo imutável – do mesmo jeito que não podia mudar o fato de ser parente da tia Petúnia. Contudo, ele realmente desejou que o Sr. Olivaras não fosse contar isso aos presentes. Tinha a estranha sensação de que a pena-derepetição-rápida de Rita Skeeter poderia explodir de excitação se isso acontecesse.

 

                     O Sr. Olivaras passou mais tempo examinando a varinha de Harry do que a dos demais. Por fim, porém, fez jorrar uma fonte de vinho da varinha e devolveu-a a Harry, anunciando que o objeto continuava em perfeitas condições.

 

                    - Muito obrigado a todos. - Disse Dumbledore, levantando-se da mesa dos juízes. - Vocês podem voltar às suas aulas agora, ou talvez seja mais rápido descerem logo para jantar, já que elas estão prestes a terminar...

 

                   Achando que finalmente alguma coisa dera certo naquele dia, Harry se levantou para sair, mas o homem com a máquina fotográfica preta deu um pulo da cadeira e pigarreou. 

 

               - Fotos, Dumbledore, fotos. - Exclamou Bagman, excitado. - Todos os juízes e campeões. Que é que você acha, Rita? 

 

                   - Hum... certo, vamos fazer essas primeiras. - Respondeu a repórter, cujos olhos estavam fixos em Harry outra vez. - E depois talvez umas fotos individuais.

 

                              Harry estava vivendo um pesadelo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

E foi isso! Como puderam ver, teve mais do Harry (e muitas cenas que acontecem no livro original com algumas alterações) nesse capítulo! Espero que tenham gostado, bjs e obrigada por acompanharem!!!



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