To Die With The Sun escrita por MutantProud


Capítulo 79
Capítulo 79 - Preparação




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      Sophie acordou sem vontade nenhuma de levantar da cama. Sentia-se com muito sono ainda e sua preguiça estava implorando para passar o dia inteiro na cama. Apesar que ela sabia que tinha que levantar par deixar algumas coisas prontas para terça-feira, o grande dia.

 

         Seu estômago revirou ao lembrar o que Harry iria enfrentar. E o pior é que ele não faz ideia do que é. Felizmente, Harriet só havia contado para pessoas que Sophie também conversava, então foi fácil para ela controlar a situação pedindo para não espalhar mais sobre o assunto. Então, os quatro campeões ainda não sabiam. 

 

              Os dragões chegaram ontem e Sophie havia ido com Dumbledore vê-los antes de ir para Hogsmeade com os amigos. E o pior de todos era obvio, o Rabo-Córneo Húngaro, era enorme e mais irritado que os outros três. 

 

                - Do jeito que o Harry e eu somos sortudos... vai ser justo esse que ele vai enfrentar. - Sophie resmungou irritada e em seguida bateu na madeira do seu criado mudo três vezes.

 

                  Ainda pensando sobre terça, Sophie se assustou quando Harriet entrou de repente no dormitório cantando alto para ela acordar. 

 

                 - Good morning to you, good morning to you. Our day is beginning so good morning to you! — Harriet cantou pulando em cima da ruiva que estava fazendo careta. - Vamos acordar madame, só tá você aqui.

 

                  - To com preguiça, Harriet. - Sophie resmungou coçando os olhos. 

 

                   - Pois mande essa preguiça para longe, minha querida. Você tem uma par de alunos de Hogwarts, Durmstrang e Beauxbatons esperando por você. - Harriet comentou tirando o cobertor de cima da amiga. - Vai logo tomar banho e depois vai até eles.

 

                    - E o café-da-manhã? Não tomo mais? - Sophie perguntou se levantando contra a vontade.

 

                     - O Erik vai levar para você, lá. Agora vai logo tomar banho! 

 

 

             Enquanto Sophie tomava banho, Harry já estava no Salão Principal com Hermione tomando o café-da-manhã. Ele já havia terminado de comer e agora só esperava a amiga terminar para poder contar tudo que havia acontecido noite passada. 

            Mione estava tagarelando sobre os elfos mas Harry havia parado de escutar e agora se encontrava imerso aos pensamentos sobre a primeira tarefa. Ver aqueles dragões fora de fato assustador, todos eram enorme e ferozes e ele tinha hoje e amanhã para se preparar.

 

                 Fleur já devia estar treinando pois era óbvio que Madame Maxime contara para a campeã e Viktor sem dúvidas já sabia o que fazer afinal, Karkaroff seguiu Hagrid e Maxime de longe e havia visto os dragões. O único que não sabia o que iria enfrentar era Cedrico. 

 

                    - Alô! - Jorge se sentou ao lado do Potter mais novo. - Tudo bem? Nervoso para terça?

 

                    - Oi, Jorge. Um pouquinho. - Mentiu Harry sorrindo de lado. - Como está as coisas?

 

                    - Se você está falando sobre como está viver sem meu grupo e aguentando Fred lamentando por ser um imbecil o tempo inteiro e olhando para sua irmã de longe como se ela fosse um sonho inalcançável... está uma porcaria. - Jorge comentou desanimado. - Sinto falta de conversar com o pessoal como antes mas também não posso deixar Fred.

 

                    - Por que ele não pede desculpas pelo o que disse? E incluindo o fato dele realmente ter acreditado que foi Sophie que colocou o Harry no torneio. Ridículo, a propósito. - Disse Hermione em tom desaprovador. 

 

                       - Seria realmente tão fácil mas na cabeça dele, um simples pedido de desculpas não é nada. Ele sente que cometeu um crime monstruoso pelas coisas que disse e fica dizendo que Sophie merece mais que um pedido de desculpas. - Respondeu Jorge revirando os olhos. - Ele é um idiota e eu que pago por isso. 

 

                         - Olha eu ainda estou irritado com o que ele disse e pra mim Sophie merece alguém melhor, não me entenda mal, Jorge mas é um sentimento que tenho. Coisa de irmão talvez. Mas eu espero que vocês todos voltem a andar juntos. Eu sei o quão ruim é ficar longe de um amigo. - Harry comentou com um suspiro.

 

                     - Tá falando do Rony, não é? Outro idiota. Mas ele vai perceber que errou, Harry. 

 

                       - Espero que antes que eu seja morto nesse torneio. - Harry murmurou. 

 

                    Jorge bateu na nuca do Potter que o encarou.

 

                      - Não te ensinei a ser pessimista! - O ruivo disse fazendo cara de bravo e Harry riu. 

 

 

                   Charles ia tranquilamente até a sala do professor Flitwick, ele queria conversar com o diretor da sua casa sobre a profissão de professor entre outros assuntos relacionados ao futuro. Estava sozinho pois Erik havia ido levar o café da manhã de Sophie e Harriet havia ido conversar  com Luna sobre algo estranho que ele não entendeu bem. Então aproveitando que todos estavam ocupados com algo, ele decidiu ter um tempo para si e conversar com o professor. 

 

                   - Charles Edgar Francis. 

 

                    Charles parou instantaneamente ao ver Caím aparecer em sua frente. O moreno mais alto estava vestido com um longo casaco preto, calça preta e luvas vermelhas. O cabelo estava todo jogado para trás e ele continha um sorriso malicioso no rosto.

 

                      - Finalmente te encontrei sozinho. - Marko disse se aproximando devagar. - Sem aquelas duas amigas e o seu... namorado? Admito que quando vi que você tem amigos, fiquei muito surpreso. Mas quando descobri que você tem um namorado então fiquei imensamente chocado. Como alguém consegue te aguentar, monstrinho? 

 

                     Charles ficou em silêncio. Ele queria gritar, socar, machucar o garoto na sua frente mas ele não conseguia. Estava paralisado. Era a primeira vez que um dos Marko falava com ele desde da morte de Joanne. 

 

                      - Você é tão patético. E agora você não tem mais aquela sangue-ruim para te proteger, não é mesmo monstrinho? Ela nunca mais vai te ajudar, sabe por que? Porque ela está morta e adivinha, você é o culpado. 

 

                      - Não. - Charles sussurrou sentindo os olhos arderem.

 

                     - O covarde Charles Francis ponderou o valor da vida da empregada e concluiu que ela não valia nada. - Caím dizia com um imenso sorriso no rosto enquanto se aproximava mais.

 

                        -  Não... eu não... - Charles se sentia pequeno, seu coração estava acelerando. 

 

                Ele não fez isso. Ele não fez isso. Ele não fez isso. Ele... ele fez isso?

 

                    - Fica longe dele, Marko. 

 

                    Charles se virou e viu Fred parado logo atrás dele com a varinha apontada para Caím. Um enorme alívio tomou conta dele.

 

                     - Você é novo. Nunca vi você andando com o monstrinho. - Caím disse se mostrando surpreso. 

 

                     - Ele tem mais amigos do que você imagina. Agora se afaste dele e nunca mais ouse falar com ele. - Fred disse e Charles viu o quão sério o ruivo estava. 

 

                     - Nos veremos por ai. - Caím disse calmo enquanto olhava para Charles.

                   Se virou e foi andando como se não tivesse feito nada. Charles observou o meio-irmão ir embora até ele sumir de sua vista. Abaixou o rosto e passou as mãos no rosto.

 

                      Ainda com as mãos no rosto ele sentiu ser abraçado por Fred.

 

                      - Obrigado, Fred. 

 

                      - Que isso... você teve sorte que eu estava passando por perto. - Fred sussurrou.

 

                       - Bem, então obrigado por sempre estar passando por perto quando estou andando sozinho. - Charles comentou fazendo o ruivo sorrir. 

 

                         - Você não matou ela, Charles. 

 

                    O moreno não respondeu. Ele já não tinha mais certeza.

 

 

 

                    Harry estava andando com Hermione no lado de fora do castelo. Ele havia dito tudo o que havia acontecido noite passada e também havia contado sobre a última conversa que teve com Remus e Sirius sobre Karkaroff. 

 

                      - O que Remus disse sobre Karkaroff faz mais sentido e quebra a teoria do Sirius sobre ter sido ele. Então eu acho que ele só seguiu Hagrid e Maxime por curiosidade. - Hermione disse após ter se acalmado do choque que havia tido com tudo que Harry lhe contara. - Agora sobre os dragões... devemos saber mais sobre eles! 

 

                       - Por favor não me diga que iremos...

 

                       - Para a biblioteca! - Exclamou Hermione andando decidida para o castelo e Harry suspirou.

 

 

                      No caminho os dois ficaram pensando em feitiços simples para dominar o dragão mas não conseguiram pensar em nenhum. Então Harry realmente percebeu que seria bom olhar a biblioteca.

 

          -  "O corte mágico de unhas... o tratamento da podridão de escamas..." isto não serve, isto é para gente biruta feito o Hagrid que quer criar dragões saudáveis... 

 

               “Os dragões são extremamente difíceis de matar, graças à magia muito antiga que impregna seu grosso couro, que nenhum, exceto os feitiços mais poderosos são capazes de penetrar..."

 

                     - Muito complicado. Não temos tempo para você aprender um feitiço poderoso. - Hermione comentou irritada. - Vamos procurar pelos simples.

 

                    Harry então largou o livro que estava lendo e se voltou à mesa com uma pilha de livros de feitiços, descansou-os e começou a folhear um a um, com Hermione cochichando sem parar ao seu lado.

 

                    - Bom, tem Feitiços de Substituição... mas qual é a vantagem de substituir um dragão? A não ser que a pessoa substitua as presas dele por gengivas ou outra coisa qualquer para torná-las inofensivas... o problema é que, como diz o livro, muito pouca coisa atravessa o couro de um dragão... Eu diria: transfigure o bicho, mas com uma coisa daquele tamanhão, a gente realmente não tem a menor esperança, duvido até que a Prof a Minerva... a não ser que a pessoa lance o feitiço nela mesma? Talvez dar a si mesma poderes extraordinários? Mas isso não é um feitiço simples, quero dizer, ainda não estudamos nenhum desses em aula, só sei que existem porque ando fazendo provas simuladas para os N.O.M.s...

 

                    - Hermione - Disse Harry entre dentes -, quer calar a boca um instante, por favor? Estou tentando me concentrar.

                     Mas só o que aconteceu quando a garota se calou foi que o cérebro de Harry se encheu com uma espécie de zumbido indistinto, que parecia não deixar espaço para concentração. Ele olhou desalentado para o índice de Azarações básicas para os ocupados e aflitos: escalpos instantâneos... mas dragões não tinham cabelos... bafo de pimenta... isso provavelmente aumentaria o poder de fogo do dragão... língua de espinhos...exatamente o que ele precisava, dar ao dragão mais uma arma...

 

                - Ah, não, lá vem ele outra vez, por que é que ele não pode ler naquele navio idiota?? - Exclamou Hermione irritada, quando Viktor Krum entrou daquele seu jeito curvado, lançou um olhar carrancudo para os dois e se sentou num canto distante com uma pilha de livros. - Vamos, Harry, vamos voltar para a sala comunal... o fã-clube dele não vai demorar, chilreando sem parar...

 

                  Um fato que estava irritando muito Hermione era que Viktor Krum passava um tempão na biblioteca, também, (e Harry ficava imaginando o que é que ele andava fazendo. Estaria estudando ou procurando coisas que o ajudassem na primeira tarefa?) Hermione muitas vezes se queixava de Krum estar ali - não que ele jamais os incomodasse, mas porque aparecia sempre um grupo de garotas dando risadinhas bobas para espioná-lo atrás das estantes, e Hermione achava que aquele barulho a distraía. 

 

            - Ele nem ao menos é bonito! - Murmurava ela aborrecida, enquanto saim da biblioteca. 

 

            - Elas só gostam dele porque é famoso! Não olhariam duas vezes se ele não fosse capaz de fazer aquele tal de Fingimento Wonky... 

 

             - Finta de Wronski - Corrigiu Harry entre dentes. Sem contar que o garoto gostava que dissessem corretamente os termos do quadribol, sentia uma pontada só de imaginar a expressão de Rony se ele pudesse ouvir Hermione falando de "Fingimento Wonky."

 

 

 

              Erik estava indo para a sala do professor Flitwick onde ela achava que Charles estaria. Ele havia ficado um bom tempo com Sophie ajudando ela com os alunos das outras escolas e ele tinha que admitir que havia sido divertido. 

 

                - Erik! Ei, Erik! - O alemão se virou e viu Fred indo apressado na direção dele. 

 

                - Weasley? - Erik exclamou confuso. - O que você quer?

 

                - Eu sei que não quer falar comigo e tem toda razão para isso mas, não é sobre mim. É o Charls. - Fred disse parando em frente do garoto mais alto. 

 

                  - O que tem ele?? - Sua expressão mudando para preocupação. 

 

                  - Toda vez que você, Sophie ou Harriet não estão com ele, eu o-sigo para cuidar dele caso o Caím se aproximar dele...

 

                 - Bem... obrigado por isso. - Erik agradeceu sincero.

 

                 - Não precisa me agradecer. Enfim, hoje ele saiu do salão principal sozinho e eu demorei para perceber, quando fui atrás dele, Caím já estava falando um monte besteiras para o Charles. - Fred disse parecendo desapontado consigo mesmo. - Eu mandei ele para longe mas foi tarde demais. Charles ficou muito abalado.

 

                - Onde ele está agora? - Erik perguntou sentindo raiva de si mesmo por não ter protegido o corvino.

 

                - Eu o levei para a sala comunal da Corvinal. - Fred respondeu. - Mas eu acredito que ele precisa de você agora.

 

                 - Obrigado, Fred. Realmente, muito obrigado. - Erik disse não dando chance para o ruivo responder e correndo em direção a sala comunal da Corvinal.

 

              Ele resolveu o enigma com facilidade e logo estava dentro da sala. Vendo que Charles não estava na sala, foi para o quarto masculino e ao entrar lá, ele avistou seu amado deitado na cama todo encolhido. 

 

                Erik foi devagar até o moreno e quase chorou ao ver que o mesmo estava chorando baixinho. Ele se agachou e tocou devagar no ombro de Charles que se virou lentamente.

 

                 - Erik... - O moreno sussurrou com a visão embaçada olhando na direção do alemão. 

                   - meine Liebe. - Erik sussurrou de volta acariciando os cabelos de Charles. - Eu estou aqui.

 

                    - Eu matei ela, Erik? Foi culpa minha? - Charles chorou mais.

 

                   - Não, não claro que não! Charls, meu amor, você é tão vítima nisso tudo quanto ela foi. Não escute o que aquele imbecil do Caím lhe diz, você sabe que ele só quer machucar você. 

 

                    - Eu mereço ser ferido. - Charles disse miseravelmente. 

 

                    - Eu discordo. Você merece ser amado. - Erik disse triste. - Me deixe deitar ao seu lado?

 

                     Charles concordou com a cabeça e o alemão rapidamente tirou os sapados e deitou-se ao lado dele. Passou os braços pelo corpo do namorado e o puxou para mais perto de si, fazendo Charles deitar-se com a cabeça em seu peito.

 

                     - Durma. Você está exausto. Amanhã iremos conversar, se você quiser. - Erik disse beijando os cabelos do menor. - Eu estou aqui, liebling. Eu vou cuidar de você.

 

 

         Harry mal chegou a dormir àquela noite. Quando acordou na manhã de segunda-feira, ele pensou seriamente, pela primeira vez na vida, em fugir de Hogwarts. Mas quando correu o olhar pelo Salão Principal, na hora do café da manhã, e pensou no que significava abandonar o castelo, compreendeu que não poderia fazer isso. Era o único lugar em que fora feliz... bem, ele supunha que devia ter sido feliz em companhia dos pais, também, mas não seria capaz de lembrar. 

 

         Por alguma razão, a consciência de que preferia estar ali e ter de encarar um dragão a voltar à rua dos Alfeneiros com Duda foi uma coisa boa; e fez com que se sentisse ligeiramente mais calmo. Terminou de comer o bacon com esforço (a garganta não estava funcionando muito bem), e quando se levantou com Hermione, ele viu Cedrico Diggory deixando a mesa da Lufa-Lufa. 

 

             Cedrico ainda não sabia dos dragões... o único campeão que não sabia, se Harry estivesse certo em pensar que Maxime e Karkaroff teriam informado a Fleur e Krum...

 

 

 

               - Mione, vejo você nas estufas. - Disse ele, tomando uma decisão ao ver Cedrico saindo do salão. - Vai andando, eu alcanço você. 

 

                - Harry você vai se atrasar, a sineta já vai tocar... 

 

               - Eu alcanço você, OK?

 

                  Quando Harry chegou ao pé da escadaria de mármore, Cedrico já estava no topo. Ia acompanhado de um monte de amigos do sexto ano. Harry não queria falar com o campeão na frente deles; faziam parte do grupo que andara citando o artigo de Rita Skeeter, em voz alta, todas as vezes que ele se aproximava. Seguiu, então, Cedrico a distância e viu que o garoto ia em direção ao corredor da classe de Feitiços. Isto deu a Harry uma ideia. Parando a uma certa distância deles, puxou a varinha e mirou com cuidado.

 

                 — Diffindo!

 

                 A mochila de Cedrico se rompeu. Pergaminhos, penas e livros se espalharam pelo chão. Vários tinteiros se quebraram.

 

                  - Não se preocupem - Disse Cedrico em tom irritado, quando os amigos se abaixaram para ajudá-lo -, digam a Flitwick que estou chegando, vão indo...

 

                  Isto era exatamente o que Harry esperava que acontecesse. Ele tornou a guardar a varinha nas vestes, esperou até que os amigos de Cedrico desaparecessem na sala de aula e entrou depressa no corredor, agora vazio, exceto por ele e Cedrico.

 

          - Oi. - Disse Cedrico, apanhando um exemplar de Um guia de transformação avançada, manchado de tinta. - Minha mochila simplesmente se rompeu... nova em folha... 

 

           - Cedrico - Disse Harry -, a primeira tarefa vão ser dragões. 

 

         - Quê? - Exclamou Cedrico, erguendo a cabeça. 

 

        - Dragões. - Disse Harry depressa, caso o Prof. Flitwick saísse para ver onde andava Cedrico. - São quatro, um para cada um de nós, e vamos ter que passar por eles. 

 

             Cedrico arregalou os olhos. Harry viu um pouco do pânico que andara sentindo desde o sábado à noite passar pelos olhos cinzentos do colega. 

 

                - Tem certeza? - Perguntou numa voz abafada. 

 

              - Absoluta. Eu vi. 

 

            - Mas como foi que você descobriu? Não devíamos saber... 

 

            - Não importa. - Disse Harry depressa, sabia que Hagrid estaria em apuros se ele dissesse a verdade. - Mas eu não sou o único que sabe. Fleur e Krum a essa hora também já sabem, Maxime e Karkaroff viram os dragões, também. 

 

               Cedrico se levantou, os braços cheios de penas, pergaminhos e livros sujos de tinta, a bolsa rasgada pendurada em um ombro. Fitou Harry atentamente e havia uma expressão intrigada, quase desconfiada em seus olhos. 

 

                 - Por que é que você está me dizendo isso? - Perguntou. 

 

            Harry olhou-o sem acreditar. Tinha certeza de que Cedrico não faria uma pergunta dessas se ele próprio tivesse visto os dragões. Harry não teria deixado seu pior inimigo despreparado para enfrentar aqueles monstros – bom, talvez Malfoy ou Snape... 

 

             - Não seria... justo, não acha? - Disse ele a Cedrico. - Agora todos sabemos... estamos em pé de igualdade, não é?

 

             Cedrico continuava a olhar o garoto com um ar ligeiramente desconfiado quando Harry ouviu um conhecido toque-toque às suas costas. Virou-se e viu Olho-Tonto Moody saindo de uma sala próxima. 

 

            - Venha comigo, Potter. - Rosnou o professor. - Diggory, pode ir andando. 

 

            Harry olhou preocupado para Moody. Será que o professor ouvira os dois? 

 

             - Hum... Professor, eu devia estar na aula de Herbologia... 

 

            - Esqueça, Potter. Na minha sala, por favor... 

 

          Harry acompanhou-o, se perguntando o que iria lhe acontecer agora. E se Moody quisesse saber como ele descobrira a respeito dos dragões? Será que iria procurar Dumbledore e denunciar Hagrid ou simplesmente transformar Harry numa doninha? Bom, seria mais fácil passar por um dragão se ele fosse uma doninha, pensou Harry sem emoção, ficaria bem menor, muito mais difícil de enxergar de uma altura de quinze metros... 

 

           Harry acompanhou Moody à sua sala. O professor fechou a porta ao passarem e se virou para encarar Harry, o olho mágico fixo nele ao mesmo tempo que o olho normal. 

 

              - Foi uma coisa muito decente o que você acabou de fazer, Potter. - Disse Moody baixinho. 

 

            O garoto não soube o que responder; não era a reação que esperara.

 

                - Sente-se. - Disse o professor, e o garoto se sentou, espiando para os lados. 

 

           Visitara essa sala na época dos seus dois ocupantes anteriores. Na do Prof. Lockhart, as paredes eram cobertas de fotos em que o professor sorria e piscava um olho. Quando Remus a ocupara, era mais provável a pessoa deparar com um espécime fascinante de alguma criatura das trevas que ele arranjara para os alunos estudarem em aula. Agora, no entanto, a sala estava apinhada com um número excepcional de objetos estranhos que, supunha Harry, Moody usara na época em que fora auror. 

 

           Sobre a escrivaninha havia algo que parecia um grande pião de vidro rachado; Harry reconheceu imediatamente o bisbilhoscópio, porque ele próprio era dono de um, embora muito menor do que o de Moody. A um canto, sobre uma mesinha, havia um objeto que lembrava uma antena dourada de televisão e não parava de girar. Zumbia levemente. Havia algo que lembrava um espelho pendurado na parede oposta a Harry, mas não refletia a sala. Vultos escuros se moviam por ele, nenhum realmente em foco. 

 

            - Gosta dos meus detectores de presença das trevas? - Perguntou Moody, que observava Harry atentamente. 

 

             - Que é aquilo? - Perguntou o garoto, apontando para a antena dourada de televisão. 

 

            - Sensor de segredos. Vibra quando detecta alguma coisa oculta ou falsa... não funciona aqui, é claro, há interferência demais, estudantes para todos os lados mentindo para justificar por que não fizeram os deveres. Anda zumbindo desde que cheguei. Tive que desligar o meu bisbilhoscópio porque ele não parava de apitar. É extrassensível, capta qualquer coisa num raio de um quilômetro e meio. Naturalmente, poderia estar captando mais do que mentiras infantis. - Acrescentou com um rosnado. 

 

             - E para que serve o espelho? 

 

           - Ah, é o meu Espelho-de-Inimigos. Está vendo eles ali, rondando? Não estou realmente em perigo até enxergar o branco dos olhos deles. É aí que abro o meu baú. 

 

            Ele soltou uma gargalhada breve e rouca e apontou para um grande baú sob uma janela. Tinha sete fechaduras alinhadas. Harry ficou imaginando o que haveria ali, até que a pergunta seguinte do professor o trouxe bruscamente à terra. 

 

          - Então... descobriu a respeito dos dragões? 

 

             Harry hesitou. Receara isso – mas não contara a Cedrico e certamente não iria contar a Moody que Hagrid infringira o regulamento.

 

            - Tudo bem. - Disse Moody, sentando-se e esticando a perna de pau com um gemido. - Tradicionalmente trapacear sempre fez parte do Torneio Tribruxo. 

 

           - Eu não trapaceei. - Disse Harry com veemência. - Foi... descobri meio por acaso. 

 

             Moody sorriu. 

 

           - Não estou acusando-o, menino. Venho dizendo a Dumbledore, desde o começo, que ele pode ter os princípios elevados que quiser, mas pode apostar que o velho Karkaroff e Maxime não os terão. Devem ter dito aos seus campeões tudo o que puderam. Querem ganhar. Querem vencer Dumbledore. Gostariam de provar que ele é apenas humano. 

 

            Moody deu aquela sua risada rouca e seu olho mágico girou tão rápido que fez Harry se sentir tonto só de ver. 

 

            - Então... já tem alguma ideia de como vai conseguir passar pelo dragão? - Perguntou Moody. 

 

               - Não. 

 

              - Bom, eu não vou lhe dizer - Afirmou o professor com rispidez -, não demonstro favoritismos, eu. Mas vou-lhe dar uns bons conselhos de ordem geral. O primeiro é: explore os seus pontos fortes. 

 

           - Não tenho pontos fortes. - Disse Harry, antes que pudesse se conter. 

 

          - Perdão - Rosnou Moody -, você tem pontos fortes se eu digo que os tem. Pense um pouco. Que é que você sabe fazer melhor? 

 

           Harry tentou se concentrar. No que é que ele era melhor? Bom, isso era realmente fácil...

 

              - Quadribol - Disse sem emoção -, grandes ajudas... 

 

             - Certo. - Disse Moody mirando-o com muita severidade, o olho mágico mal se mexendo. - Você é um grande piloto, pelo que ouvi falar. 

 

          - É, mas... - Harry encarou-o. - Mas não posso usar a vassoura, só tenho a varinha... 

 

           - Meu segundo conselho de ordem geral. - Disse Moody em voz alta, interrompendo-o. - É usar um feitiço bom e simples que lhe permita conseguir o que precisa. 

 

           Harry olhou para ele sem entender. Do que é que precisava? 

 

            - Vamos, moleque... Você é filho de dois grandes bruxos que tive muito orgulho de comandar! - Sussurrou Moody. - Some dois mais dois... não é tão difícil assim... 

 

              E fez-se a luz. O que ele fazia melhor era voar. Precisava passar pelo dragão pelo ar. Para isso, precisava da Firebolt. E para ter a Firebolt ele precisava... 

 

 

             - Mione - Murmurou Harry, depois de correr para a estufa três minutos mais tarde, e balbuciar uma desculpa ao passar pela Prof a Sprout -, Mione, preciso de sua ajuda. 

 

            - Que é que você acha que estive tentando fazer, Harry? - Murmurou ela em resposta, os olhos arregalados de ansiedade por cima de um agitado arbusto tremulante que estava podando. 

 

          - Mione, preciso aprender a fazer um Feitiço Convocatório corretamente até amanhã de tarde.


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