To Die With The Sun escrita por MutantProud


Capítulo 76
Capítulo 76 - Os Quatro Campeões


Notas iniciais do capítulo

Aviso importante: Cena com ataque de pânico nesse capítulo.



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        Harry ficou sentado ali, consciente de que cada cabeça no Salão Principal se virara para ele. Sentia-se atordoado. Entorpecido. Sem dúvida estava sonhando. Não ouvira direito. Não houve aplausos. Um zunido, como o de abelhas enraivecidas, começou a encher o salão; alguns estudantes ficaram em pé para ter uma visão melhor de Harry, sentado ali, imóvel, em sua cadeira. 

          Na mesa principal, Sophie respirou fundo e se levantou devagar, pelo canto dos olhos ela percebeu que Erik olhava para ela preocupado. Olhou para ele, garantindo mandar o máximo de segurança por seu olhar para o amigo mas pelo olhar que ele lhe respondera, ela soube que não havia conseguido. Voltou sua atenção para Dumbledore que agora estava escutando algo que a ProfªMinerva estava lhe dizendo em voz baixa. 

           Respirou fundo e olhou na direção de Harry que ainda estava com os olhos arregalados e dizendo algo para Hermione. Sentindo um enorme sufocamento por estar ali, Sophie resolveu apressar as coisas.

 

                  - Harry Potter! - Ela disse alto e claro mantendo toda a calma que podia mas também deixando claro que não gostava da situação. - Venha, por favor. 

 

                   Ela fechou os olhos e apoiou as duas mãos na mesa tentando acalmar seu coração que ainda batia muito rápido e muito forte. Sentiu uma mão em seus ombros e quando abriu os olhos viu Dumbledore olhando preocupado para ela.

 

                  - Estou bem... vou ficar bem. - Disse baixo mas pareceu que estava dizendo mais para si mesma do que para Dumbledore.

 

                   Olhou para frente e viu Harry em frente a eles.

 

                  - Bom... pela porta. - Disse Dumbledore. O diretor não sorria.

 

                  Harry abriu a boca e depois tornou a fechá-la. Olhou para Sophie mas a mesma estava olhando para a mesa, respirando fundo. Harry concordou e passou pela mesa dos professores. Hagrid estava sentado bem no fim. Mas não piscou para Harry, nem acenou nem fez qualquer dos sinais habituais para cumprimentá-lo. Parecia inteiramente perplexo e olhou para Harry quando este passou, como os demais. O garoto passou pela porta e se viu em um aposento menor, com as paredes cobertas de retratos a óleo de bruxas e bruxos. Um belo fogo rugia na lareira em frente.   

           Os rostos nos retratos se viraram para olhá-lo quando ele entrou. Surpreendeu uma bruxa encarquilhada passando rapidamente da moldura do próprio retrato para a moldura vizinha, que enquadrava um bruxo de bigodes de morsa. A bruxa encarquilhada começou a cochichar no ouvido do colega. 

             Viktor Krum, Cedrico Diggory e Fleur Delacour estavam reunidos em torno da lareira. Pareciam estranhamente imponentes, recortados contra as chamas. Krum, curvado e pensativo, apoiava-se no console da lareira, ligeiramente afastado dos outros. Cedrico estava parado com as mãos às costas, contemplando o fogo. Fleur Delacour virou a cabeça quando Harry entrou e jogou para trás a cascata de cabelos longos e prateados.

 

                - Que foi? - Perguntou ela. - Querrem que a jante volte ao salon? 

 

            Pensava que ele viera trazer um recado. Harry não sabia como explicar o que acabara de acontecer. Ficou ali parado, olhando para os três campeões. Percebeu de repente como eram altos, do mesmo tamanho que Sophie e Erik já eram. 

          Houve um ruído de passos apressados atrás de Harry, e Ludo Bagman entrou na sala. Segurou o garoto pelo braço e levou-o até os outros. 

 

           - Extraordinário! - Murmurou, apertando o braço de Harry. - Absolutamente extraordinário! Senhores... senhora. - Acrescentou, aproximando-se da lareira e falando aos outros três. - Gostaria de lhes apresentar, por mais incrível que possa parecer, o quarto campeão do Torneio Tribruxo.

 

            Viktor Krum se empertigou. Seu rosto carrancudo nublou-se ao examinar Harry. Cedrico fez cara de estupefação. Olhou de Bagman para Harry e de volta como se tivesse certeza de que ouvira mal o que o bruxo acabara de dizer. Fleur Delacour, porém, sacudiu os cabelos, sorriu e disse: 

 

          - Que grrande piada, Senhorr Bagman. 

 

          - Piada? - Repetiu Bagman, confuso. - Não, não, não é não! O nome de Harry acaba de sair do Cálice de Fogo!

 

 

               Após Dumbledore ter mandado todos os alunos irem dormir, Madame Maxime, Karkaroff e Bartô foram os primeiros a irem atrás de Harry, os professores foram em seguida. Sophie e Dumbledore ficaram parados, Dumbledore olhava para a ruiva que estava com uma mão em cima do coração.

 

                 - Respire e inspire. - Dumbledore instruiu calmo.

 

                Sophie concordou e aos poucos conseguiu se acalmar, não muito mas o suficiente para o que iria encarar em seguida. Se levantou novamente da cadeira e olhou para o diretor séria.

 

                  - Vamos.

 

                Eles partiram pela porta onde já dava para escutar a voz irritada de Madame Maxime. Assim que entraram na sala a mulher se calou e se voltou para Dumbledore.

 

                - Que significa isso, Dumbly-dorr? - Perguntou imperiosamente. 

 

                - Eu também gostaria de saber, Dumbledore. - Disse o Prof. Karkaroff. Em seu rosto havia um sorriso inflexível e seus olhos azuis eram duas lascas de gelo. - Dois campeões de Hogwarts? Não me lembro de ninguém ter me dito que a escola que sediasse o torneio poderia ter dois campeões, ou será que não li o regulamento com a devida atenção?

 

                 Ele deu um sorrisinho maldoso.

 

                - É amposível. - Exclamou Madame Maxime, cujas enormes mãos com numerosas e soberbas opalas descansavam no ombro de Fleur. - Ogwarts não pode terr dois campeons. Serria muito injusto. 

 

            - Tivemos a impressão de que a sua linha etária deixaria de fora os competidores mais jovens, Dumbledore. - Disse Karkaroff, o sorriso inflexível ainda no rosto, embora seus olhos estivessem mais frios que nunca. - Do contrário, teríamos, naturalmente, trazido uma seleção de candidatos mais ampla de nossas escolas. 

 

              - Não é culpa de ninguém, exceto de Potter, Karkaroff. - Falou Snape suavemente. Seus olhos negros brilharam de malícia.

 

                Sophie sentiu um calor subir em seu corpo, uma enorme raiva inundou todos os seus sentidos enquanto lançava um olhar frio para Snape. Uma de suas mãos foram para a varinha, não puxou, apenas a segurou enquanto escutava o que Snape diria.

 

                  - Não saia culpando Dumbledore pela determinação de Potter de desobedecer às regras. Ele não tem feito nada exceto transgredir limites desde que chegou aqui...

 

                   Snape não terminou o que iria dizer pois Sophie havia tirado a varinha do bolso e agora estava bem próxima do rosto do diretor da casa da Sonserina com a varinha apontada para ele. Seus olhos estavam frios e sua mão tremia de raiva. Todos na sala estavam chocados demais para reagir, olhos arregalados e bocas abertas. Mesmo Snape estava com o rosto surpreso.

 

                 - Mais uma palavra. Mais uma palavra contra meu irmão, Snape e eu juro por Deus, pelos meus pais, eu lanço um feitiço em você. Ou você usa sua maldita boca para algo útil ou então se mantenha calado. - Sophie disse com pura raiva em cada uma de suas palavras.

 

                - Sophie, se acalme. Por favor, minha amiga. - Dumbledore disse se pondo ao lado da ruiva e colocando a mão no ombro dela. - Não deixe a raiva preencher seus pensamentos agora.

 

               Sophie respirou fundo e abaixou a varinha e saiu de perto de Snape, se pondo ao lado de Harry. Dumbledore fez o mesmo, dando um olhar para Snape quando o mesmo fez menção de falar algo. O diretor foi para Harry e o olhou. Harry o encarou de volta, tentando perceber a expressão dos olhos do diretor por trás dos oclinhos de meia-lua.

 

                 - Você depositou seu nome no Cálice de Fogo, Harry? - Perguntou Dumbledore calmamente.

 

                - Não. - Respondeu Harry. Estava consciente de que todos o olhavam com atenção. Nas sombras, Snape fez um barulhinho impaciente de descrença.

 

               - Você pediu a um estudante mais velho para depositá-lo no Cálice de Fogo para você? - Tornou o diretor, sem dar atenção a Snape.

 

                - Não. - Disse Harry com veemência.

 

               - Ah, mas é clarro que ele está mantindo. - Exclamou Madame Maxime. Snape agora sacudia a cabeça, a boca crispada. 

 

               Sophie apertou o ombro do irmão.

 

              - Ele não poderia ter atravessado a linha etária. - Interpôs a Prof a Minerva energicamente. - Tenho certeza de que todos concordamos nisso...

 

              - Dumbly-dorr deve terr se anganado ao traçarr a linha. - Concluiu Madame Maxime, encolhendo os ombros.

 

              - É claro que isto é possível. - Respondeu Dumbledore polidamente.

 

             - Senhor! - Sophie o repreendeu sabendo muito bem que o homem não havia se enganado e ProfªMinerva também sabia disso.

 

             - Dumbledore, você sabe muito bem que não se enganou! - Exclamou a Prof a Minerva, aborrecida. - Francamente, que tolice! Harry não poderia ter cruzado a linha pessoalmente, e como o Prof. Dumbledore acredita que ele não convenceu um colega mais velho a fazer isso por ele, decerto isto deveria bastar para todos nós!

 

             Ela lançou um olhar muito zangado ao Prof. Snape.

 

             - Sr. Crouch... Sr. Bagman - Começou Karkaroff, a voz mais uma vez untuosa. -, os senhores são os nossos... hum... juízes objetivos. Certamente os senhores concordarão que isto é extremamente irregular?

 

 

             Bagman enxugou o rosto redondo e infantil com o lenço e olhou para o Sr.Crouch, que estava parado fora do círculo das chamas da lareira, o rosto semioculto pelas sombras. Parecia um pouco sobrenatural, a obscuridade fazia-o parecer muito mais velho, emprestando lhe quase uma aparência de caveira. Quando falou, porém, foi em seu tom habitualmente seco.

 

 

            - Devemos obedecer ao regulamento e o regulamento diz claramente que as pessoas cujos nomes saírem do Cálice de Fogo devem competir no torneio.

 

             - Bom, Bartô conhece os regulamentos de trás para diante. - Disse Bagman, sorrindo, e se voltou para Karkaroff e Madame Maxime como se o assunto estivesse definitivamente encerrado.

 

            - Isso é ridículo! - Sophie exclamou baixo. - Em nome de Deus, meu irmão só tem quatorze anos! Ele não aprendeu nem o terço de magias para participar deste torneio! Me coloque no lugar dele mas... inferno, ele não.

 

              Pela primeira vez Harry viu o Sr.Crouch mostrar uma emoção em seu rosto. E não gostou pois a emoção era de tristeza.

 

              - Eu sinto muito Srta.Potter... mas o regulamento...

 

              - Oh, para o inferno com esse regulamento! - Sophie rosnou e se virou de costas passando as mãos no rosto tentando se acalmar.

 

              - Eu insisto em tornar a submeter os nomes do restante dos meus alunos. - Disse Karkaroff. Ele agora deixara de lado seu tom untuoso e o sorriso. Seu rosto tinha uma expressão realmente feia. - Vocês prepararão novamente o Cálice de Fogo e continuaremos a depositar nomes até cada escola ter dois campeões. Seria o justo, Dumbledore.

 

            - Mas Karkaroff, a coisa não funciona assim. - Comentou Bagman. - O Cálice de Fogo se apagou, e não voltará a arder até o início do próximo torneio...

 

             - ... no qual Durmstrang, com toda a certeza, não irá competir! - Explodiu Karkaroff. - Depois de tantas reuniões e negociações e tantos compromissos, eu não esperava que acontecesse uma coisa desta natureza! Tenho até vontade de me retirar agora mesmo!

 

            Sophie estava quase mandando o homem calar a boca. Sua cabeça estava explodindo.

 

              - Uma ameaça inútil, Karkaroff. - Rosnou uma voz próxima à porta. - Você não pode abandonar o seu campeão agora. Ele tem que competir. Todos têm que competir. Um ato contratual mágico, conforme disse Dumbledore. Conveniente, não é mesmo?

 

             Moody acabara de entrar na sala. Encaminhou-se, mancando, até a lareira, e a cada passo que dava, ouvia-se uma batidinha.

 

             - Conveniente? - Perguntou Karkaroff. - Receio não estar entendendo, Moody.

 

             Harry percebeu que o bruxo tentava parecer desdenhoso, como se não valesse a pena dar atenção ao que Moody dissera, mas suas mãos o traíam; tinham se fechado em punhos.

 

              - Não mesmo? - Perguntou Moody em voz alta. - É muito simples, Karkaroff. Alguém depositou o nome de Harry naquele cálice sabendo que o garoto teria que competir se saísse o seu nome.

 

             - Evidaman algám que querria oferrecer a Ogwarts duas oporrtunidades de vancerr! - Comentou Madame Maxime.

 

              - Eu concordo, Madame Maxime. - Disse Karkaroff, com uma reverência. - Vou reclamar com o Ministério da Magia e a Confederação Internacional dos Bruxos...

 

             - Se alguém tem razão para reclamar é o Potter - Rosnou Moody -, mas... o que é engraçado... não estou ouvindo ele dizer uma única palavra...

 

 

            - Por que ele irria reclamar? - Disse Fleur Delacour de repente, batendo o pé. - Ele tam a chance de competirr, não é? Durrante semanas vivemos a esperrança de serr escolhidos! A honrra de nossas escolas! Mil galeões de prrêmio, é uma chance pela qual muita jante morrerria!

 

           E Sophie se irritou novamente.

 

            - Primeiro: Barbie humana se for para você ficar fazendo comentários idiotas assim como Snape então faça como ele e fique quieta. Segundo: Se mais alguém falar que Harry quer participar deste maldito torneio novamente, eu juro, vou cometer um crime de ódio.

 

              Todos ficaram em silêncio, até Moody dizer algo novamente e era algo que Sophie estava temendo.

 

             - Talvez alguém tenha esperança de que Harry morra. - Disse Moody, com um leve vestígio de rosnado na voz.

 

              Sophie virou-se de costas novamente e fechou os olhos sentindo o coração doer novamente.

 

             Seguiu-se um silêncio extremamente tenso às palavras do bruxo.

         Ludo Bagman, que parecia de fato muito ansioso, balançou-se nervoso e disse:

 

            - Moody, meu caro... que coisa para você dizer!

 

           - Todos sabemos que o Prof. Moody considera a manhã perdida se não descobrir seis conspirações para assassiná-lo antes do almoço. - Disse Karkaroff em voz alta. - Pelo visto, agora está ensinando a seus alunos o medo de serem assassinados, também. Uma estranha qualidade para um professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, Dumbledore, mas com toda a certeza você tem suas razões.

 

 

           - Será que estou imaginando coisas? Vendo coisas? - Rosnou Moody. - Foi um bruxo ou uma bruxa habilitada que pôs o nome do garoto naquele cálice...

 

            - Ah, que prrova há disso? - Exclamou Madame Maxime, erguendo as enormes mãos.

 

           - Porque enganou um objeto mágico de grande poder! - Disse Moody. - Seria preciso um Feitiço para Confundir excepcionalmente forte para mistificar aquele cálice a ponto de fazê-lo esquecer que apenas três escolas competem no torneio... Estou imaginando que alguém tenha inscrito Potter em uma quarta escola, para garantir que ele fosse o único de sua categoria...

 

           - Você parece ter pensado muito no assunto - Disse Karkaroff com frieza -, e não deixa de ser uma teoria criativa, embora, é claro, eu tenha ouvido dizer que recentemente você meteu na cabeça que um dos seus presentes de aniversário continha um ovo de basilisco ardilosamente disfarçado e o fez em pedaços antes de se dar conta de que era um relógio de trem. Então você compreenderá se não o levarmos inteiramente a sério...

 

            - Há pessoas que usam ocasiões inocentes em proveito próprio. - Retrucou Moody num tom ameaçador. - É o meu trabalho pensar como os bruxos das trevas pensariam, Karkaroff, como você deve se lembrar...

 

            - Alastor! - Exclamou Dumbledore em tom de aviso.

 

           Harry se perguntou por um momento com quem ele estaria falando, mas logo percebeu que “Olho-Tonto” não poderia ser o verdadeiro nome de Moody. Este se calou, embora ainda observasse Karkaroff com satisfação, o rosto de Karkaroff estava em brasa.

 

            - Como foi que essa situação surgiu, não sabemos. - Disse Dumbledore dirigindo-se às pessoas reunidas na sala. - Parece-me, no entanto, que não temos alternativa alguma senão aceitá-la. Os dois, Cedrico e Harry, foram escolhidos para competir no torneio. E, portanto, é o que farão...

 

             - Ah, mas Dumbly-dorr...

 

            - Minha cara Madame Maxime, se a senhora tiver uma alternativa, ficarei encantado em ouvi-la. 

 

            Dumbledore aguardou, mas Madame Maxime não disse nada, apenas o fitou de cara amarrada. E não foi a única, tampouco. Snape parecia furioso, Karkaroff, lívido. Bagman, porém, parecia bastante excitado. Harry percebeu que Sophie continuava de costas.

 

             - Bom, vamos agilizar isso, então? - Disse, esfregando as mãos e sorrindo para os presentes. - Temos que dar nossas instruções aos campeões, não é mesmo? Bartô, quer fazer as honras da casa?

 

           O Sr. Crouch pareceu despertar de um profundo devaneio.

 

           - É - Concordou -, instruções. É... a primeira tarefa...

 

          Encaminhou-se, então, para a claridade das chamas. De perto, Harry achou que ele parecia estar passando mal. Havia sombras escuras sob seus olhos e sua pele enrugada tinha uma aparência frágil que lembrava papel, traços que não estavam ali durante a Copa Mundial de Quadribol.

 

           - A primeira tarefa destina-se a testar o arrojo dos campeões  - Disse ele a Harry, Cedrico, Fleur e Krum -, por isso não vamos lhes dizer qual é. A coragem diante do desconhecido é uma qualidade importante em um bruxo... muito importante...

       “A primeira tarefa terá lugar, em vinte e quatro de novembro, perante os demais estudantes e a banca de juízes.

       “É proibido aos campeões pedirem aos seus professores, ou aceitarem deles, ajuda de qualquer tipo para realizar as tarefas do torneio. Os campeões enfrentarão o primeiro desafio armados apenas de varinhas. Receberão informações sobre a segunda tarefa quando a primeira estiver concluída. Por força da natureza árdua e demorada do torneio, os campeões estão dispensados dos exames do fim do ano letivo.”

 

           O Sr. Crouch virou-se para encarar Dumbledore.

 

            - Acho que é só isso, não é, Alvo?

 

          - Acho que sim. - Respondeu Dumbledore, que observava o Sr. Crouch com uma leve preocupação. - Você tem certeza de que não quer pernoitar em Hogwarts, Bartô?

 

          - Não, Dumbledore, preciso voltar ao Ministério. Estamos passando um momento muito movimentado e muito difícil... Deixei o jovem Weatherby responsável pelo departamento... muito entusiasmado... um pouquinho demais, para dizer a verdade... 

 

           - Muito bem, então. É melhor todos partimos para descansarmos. Hoje foi um dia agitado e sei que amanhã será mais ainda. - Dumbledore disse e antes que pudesse dizer "boa noite", Madame Maxime já passara um braço pelos ombros de Fleur e a conduzia rapidamente para fora da sala. Harry ouviu as duas conversarem muito depressa em francês, ao atravessarem o Salão Principal. Karkaroff fez sinal para Krum e eles, também, agitados, saíram em silêncio.

 

            - Harry, Cedrico, sugiro que vocês vão se deitar. - Disse Dumbledore, sorrindo para os dois. - Tenho certeza de que Grifinória e Lula-Lufa estão aguardando vocês para comemorar e seria uma pena privar seus colegas desta excelente desculpa para fazerem muito barulho e confusão.

 

             Harry sentiu que aquele sorriso não era tão verdadeiro como Dumbledore estava tentando passar. Os olhos do diretor nem se quer brilhavam como normalmente faziam quando ele sorria. Suspirou e olhou para Sophie, ela ainda estava de costas com os braços cruzados fortemente.

             Ele queria dizer algo mas não conseguia. Não conseguia pensar em nada para acalmar a irmã porque ele mesmo não sabia como se acalmar. 

 

             Olhou para Cedrico, que concordou com a cabeça, e juntos saíram da sala.

 

 

            - Dumbledore... - McGonagall não teve chance de dizer algo pois Dumbledore olhou para ela muito sério.

 

             - Amanhã, Minerva. Por favor. - O diretor disse com a voz cansada e McGonagall concordou.

 

               A bruxa foi até Sophie e lhe apertou o ombro com carinho e logo em seguida saiu com Snape logo atrás dela. 

 

              Assim que os dois professores saíram, Sophie caiu no sofá que tinha perto de onde estava. Curvou o corpo com as mãos em cima do coração, seus olhos estavam lacrimejados e sua respiração estava descontrolada, quase falhando.

 

              - Potter? - Moody, o único professor que havia permanecido, chamou pela garota com o cenho franzido. 

 

               - Alastor, por favor, vá na minha sala, chame Fineus Nigellus Black e peça para ele chamar por Remus Lupin. Apenas Remus. - Dumbledore pediu indo se sentar ao lado de Sophie mas tomando o cuidado para não tocá-la. - Saia de sua mente, Sophie, volte.

 

              Sophie continuou se encolhendo e encolhendo e então abriu a boca mas nenhum grito saiu de seus lábios, estava preso em sua garganta. Seu corpo tremia e mais lágrimas saiam de seu rosto. Moody já havia ido chamar Remus.

 

 

 

              Enquanto Harry voltava para a sala comunal, vários pensamentos passavam por sua cabeça. Será que mais alguém além de Rony e Hermione acreditaria nele ou iriam todos pensar que se inscrevera no torneio? Contudo, como é que alguém podia pensar uma coisa dessas, quando ele ia enfrentar competidores que tinham mais três anos de educação mágica – quando ia enfrentar tarefas que não somente pareciam perigosas, mas que deveriam ser executadas diante de centenas de pessoas? É, ele pensara nisso... devaneara sobre isso... mas jamais considerara seriamente se inscrever, verdade...

             Mas alguém considerara isso... alguém quisera vê-lo no torneio, e tomara providências para tanto. Por quê? Para lhe fazer um gosto? Tinha a impressão que não... 

         Para vê-lo fazer papel de bobo? Bom, provavelmente ia ter o seu desejo satisfeito...

 

          Mas, para vê-lo morto? Moody estaria agindo com a sua paranoia habitual? Alguém não poderia ter posto o nome de Harry no Cálice de Fogo de brincadeira, para pregar uma peça? Será que alguém queria realmente vê-lo morto?

         Essa pergunta Harry pôde responder na hora. Sim, alguém queria vê-lo morto, alguém queria vê-lo morto desde que tinha um ano de idade... Lorde Voldemort. Mas como é que o bruxo conseguira providenciar para que o nome de Harry fosse posto no Cálice de Fogo? Estava supostamente muito longe, em algum país distante, escondido, sozinho... fraco e impotente...

       No entanto naquele sonho que tivera, pouco antes de acordar com a cicatriz doendo, Voldemort não estava sozinho... estava falando com Pettigrew... conspirando para matar Harry...

 

         Harry levou um choque ao se descobrir já diante da Mulher Gorda. Mal reparara aonde seus pés o levavam. Foi também uma surpresa ver que ela não estava sozinha na moldura. A bruxa encarquilhada, que passara para o quadro vizinho quando ele fora se reunir aos campeões na sala embaixo, agora estava sentada, toda cheia de si, ao lado da Mulher Gorda. Devia ter corrido pelos forros de todos os quadros de setes escadas para chegar ali antes dele. As duas, ela e a Mulher Gorda, o miravam com o maior interesse.

 

          - Ora muito bem - Disse a Mulher Gorda -, Violeta acaba de me contar tudo. Então quem foi afinal o escolhido para campeão da escola?

 

           - Asnice. - Disse Harry sem emoção.

 

           - Certamente que não é! - Protestou a bruxa pálida, indignada.

 

          - Não, não, Vi, é a senha. - Explicou a Mulher Gorda para acalmá-la, e rodou nas dobradiças para deixar Harry entrar na sala comunal.

 

             O estardalhaço que feriu os ouvidos de Harry quando o retrato girou quase o derrubou de costas. A próxima coisa de que teve consciência foi que estava sendo arrastado para dentro da sala por uns doze pares de mãos, diante dos alunos da Grifinória em peso, que gritavam, aplaudiam e assobiavam.

 

            - Devia ter nos avisado de que tinha se inscrito! - Berrou Jordan; parecia meio aborrecido e meio impressionado.

 

           - Como foi que você fez isso, sem ficar barbudo? Genial! - Rugiu Jorge.

 

           - Não fiz. - Disse Harry. - Não sei como foi que...

 

        Mas Angelina agora se atirava em cima dele.

 

           - Ah, se não pôde ser eu, pelo menos foi alguém da Grifinória...

 

            Todos estavam animados e alguns já tinham até cervejas amanteigadas nas mãos e Harry sentiu sua cabeça explodir.

 

            - Gente, eu... não me sinto muito bem agora... é muito para mim assimilar agora então... posso pular essa festa? - Harry mentiu para que pudesse sair o mais rápido dali.

 

            Felizmente todos concordaram e deram espaço para eles. Continuariam a festa sem ele. Ao chegar na porta se encontrou com Fred que olhava sério para ele.

 

             - Como? - O garoto ruivo perguntou. - Sophie te ajudou?

 

             - Sai do meu caminho, Fred. - Harry perguntou ficando irritado.

 

             Fred por sua vez não disse nada. Seus olhos pareciam tristes, e Harry percebeu que o ruivo se sentia traído. E isso fez Harry se irritar mais pois aquilo mostrava que Fred realmente pensava que sua irmã havia colocado ele no torneio, o que era a maior idiotice que alguém poderia pensar. 

 

              - Você realmente é um idiota. - Harry disse entrando no quarto e fechando a porta sem olhar para trás.

 

              Para seu grande alívio, encontrou Rony, ainda vestido, deitado na cama de um dormitório em que não havia mais ninguém. Ele ergueu os olhos quando Harry entrou batendo a porta.

 

            - Por onde você andou? - Perguntou Harry.

 

            - Ah, olá. - Respondeu Rony.

 

            Sorria, mas parecia um sorriso muito estranho e tenso. Rony continuou deitado na cama sem se mexer, olhando para Harry.

 

             - Então. - Disse ele, quando Harry finalmente conseguiu remover e atirar a bandeira a um canto. - Meus parabéns.

 

             - Que é que você quer dizer com parabéns? - Perguntou Harry encarando-o.

 

            Decididamente havia alguma coisa esquisita no jeito com que Rony sorria; parecia mais um esgar.

 

           - Bom... ninguém mais conseguiu atravessar a linha etária. Nem mesmo Fred e Jorge. Que foi que você usou, a Capa da Invisibilidade?

 

            - A Capa da Invisibilidade não teria me ajudado a atravessar aquela linha. - Disse Harry lentamente.

 

            - Ah, certo. Achei que você teria me contado se fosse a capa... porque ela poderia cobrir nós dois, não é mesmo? Mas você encontrou outro jeito, não foi?

 

            - Escuta aqui. Eu não depositei meu nome naquele cálice. Deve ter sido outra pessoa.

 

          Rony ergueu as sobrancelhas.

 

            - Por que alguém faria uma coisa dessas?

 

          - Não sei. – Harry achou que seria muito melodramático dizer “para me matar”.

 

         Rony ergueu as sobrancelhas tão alto que elas correram o risco de desaparecer sob seus cabelos.

 

             - Tudo bem, a mim você pode contar a verdade. Se você não quer que o resto do pessoal saiba, ótimo, mas não sei por que está se dando ao trabalho de mentir, você nem ficou mal por isso, não é? A amiga da Mulher Gorda, a tal da Violeta, já contou a todo mundo que Dumbledore vai deixar você competir. Mil galeões de prêmio, hein? E nem vai precisar prestar os exames de fim de ano...

 

            - Eu não pus o meu nome naquele cálice! - Disse Harry começando a se aborrecer.

 

          - Ah, tá bem. - Retorquiu Rony com o mesmíssimo tom cético de Cedrico. - Só que eu não sou burro, sabe?

 

              - Pois está parecendo. - Disse Harry com rispidez.

 

            - Ah, é? - Respondeu Rony, mas agora não havia nenhum vestígio de sorriso em seu rosto amarelo ou de qualquer cor. - Você está querendo se deitar, Harry, imagino que vai precisar se levantar cedo amanhã para a sessão de fotografias ou seja lá o que for.

 

             E fechou com força as cortinas em torno de sua cama de colunas, deixando Harry parado ali à porta, encarando as cortinas de veludo vinho, que agora escondiam uma das poucas pessoas que ele contara que fosse acreditar nele.

 

 

             Sophie estava agora com as mãos na cabeça, lágrimas ainda caindo. Seu coração batia muito mais rápido e sua respiração já estava ficando presa em sua garganta. Em sua cabeça mil pensamentos possíveis passavam, e a Maldição Cruciatus estava entre eles. Ela sentia aquela dor novamente e sentia medo por seu irmão e sentia raiva por não ter protegido ele e sentia tristeza por não ser capaz de fazer nada, ela estava sentindo tanto que não sabia como administrar tudo.

 

                 Ela não viu quando a porta foi aberta de maneira bruta, ela não viu Remus entrando apreçado. Mas ela viu quando ele surgiu em frente a ela, sua voz estava longe, abafada mas ela ainda conseguia ouvir.

 

               - Volta pra mim, Sophie. Escuta minha voz e volta pra mim. Respira. - Dizia ele. - Saia da sua cabeça, eu estou aqui, eu vou te proteger, é seguro. Vamos meu amor, eu estou aqui. 

 

               Sophie tirou as mãos da cabeça e tentou respirar mas não conseguiu. Tentou de novo e dessa vez conseguiu. Seguiu os pedidos de Remus e devagar, tocou o rosto do padrinho.

 

             Isso foi tudo que Remus precisava para poder tocar na ruiva e puxá-la para um abraço apertado e seguro. Escondeu ela com seu corpo e escutou a respiração dela voltar ao normal, assim como sentiu o coração dela ir batendo menos rápido aos poucos. Beijou os cabelos ruivos e sussurrou enquanto balançava ela calmamente.

 

              - Estou aqui. Lembra-se, somos o que somos, e somos tudo que temos. Eu estou aqui. 

 

 


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