To Die With The Sun escrita por MutantProud


Capítulo 75
Capítulo 75 - O Calice de Fogo, o início do pesadelo de Sophie Potter


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo! Esse tem muitas coisas acontecendo, então preparem os corações! Boa leitura!!



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             - Eu não acredito! - Exclamou Rony, em tom de espanto, quando os alunos de Hogwarts se enfileiraram pelos degraus atrás da delegação de Durmstrang. - Krum, Harry! Viktor Krum! 

 

           - Pelo amor de Deus, Rony, ele é apenas um jogador de quadribol! - Disse Hermione. 

 

           - Apenas um jogador de quadribol? - Exclamou Rony, olhando para a amiga como se não pudesse acreditar no que ouvia. - Mione, ele é um dos melhores apanhadores do mundo! Eu não fazia ideia que ele viria!! 

 

          Quando eles atravessaram o saguão com os demais alunos de Hogwarts, a caminho do Salão Principal, Harry viu Lino Jordan pulando nas pontas dos pés para conseguir ver melhor a nuca de Krum. Várias garotas do sexto ano apalpavam freneticamente os bolsos enquanto andavam: 

 

           - Ah, não acredito, não trouxe uma única pena comigo... Você acha que ele assinaria o meu chapéu com batom? 

 

           - Francamente! - Exclamou Hermione com ar de superioridade, ao passarem pelas garotas, agora disputando o batom.

 

 

 

           - Como vai ser? - Sophie perguntou baixo para o diretor que andava ao lado dela. Karkaroff e os alunos estavam mais a frente deles, assim como os alunos de Hogwarts. 

 

             - Você se sentará ao meu lado e com a Madame Maxime, dê toda atenção para ela. Karkaroff vai se sentar do meu lado direito e vai querer conversar muito comigo. - Dumbledore explicou calmamente.

               - Certo... tem certeza que quer que eu fique ao seu lado e não com os alunos, senhor? Eu realmente não quero parecer uma intrusa, por falta de palavra melhor. - Sophie comentou mexendo as mãos em sinal de nervosismo.

 

                 - Claro que tenho. Não se preocupe minha cara, vai ficar tudo bem. Você vai precisar escutar, acredite em mim. - Dumbledore tranquilizou a ruiva tocando no ombro da mesma. 

 

                   - Muito bem, se o senhor insiste. 

 

                   - Eu insisto. 

 

                   Sophie sorriu e ambos continuaram andando quando Karkaroff diminuiu os passos e se virou para Sophie.

 

                    - Você pretende entrar no torneio Srta.Potter? - Karkaroff perguntou com interesse.

 

                    - Eu não sou maior de idade Prof.Karkaroff. Mas mesmo que eu fosse eu não entraria. - Sophie respondeu ganhando um olhar surpreso de Karkaroff.

 

                    - E por que não?

 

                     - Eu acredito que a única glória que alguém deva conquistar é a de vencer seus próprios demônios e poder chegar ao fim de sua vida com o sentimento de ter conseguido passar por todos os infernos possíveis. Essa, é a maior glória que um ser humano poderia ter. - Sophie respondeu e Karkaroff e o próprio Dumbledore ficaram surpresos com a resposta da ruiva.

 

                      - Dumbledore, você realmente não podia ter escolhido uma sucessora melhor. - E se virou de volta para seus alunos.

 

                      - Minha cara amiga, a cada dia que passa você me surpreende mais e mais. - Dumbledore comentou sorrindo. 

 

 

 

                 - Aqui! Venham se sentar aqui! - Sibilou Rony para os alunos de Durmstrang que estavam sem saber onde se sentar, ao contrário dos alunos de Beauxbatons que já estavam instalados na mesa da Corvinal. -Aqui! Mione chega para lá, abre um espaço... 

 

                 - Quê?

 

                 - Tarde demais. - Disse Rony com amargura.

 

            Os alunos de Durmstrang estavam indo se sentar na mesa da Sonserina e Harry assistiu com prazer quando Malfoy acenou para Krum se sentar ao lado dele mas o Búlgaro passou direto junto com seu grupo de amigos, indo até Erik que já estava de pé e já estava dando um abraço forte em Krum que lhe retribuiu. Ambos tinham grandes sorrisos no rosto. Pareciam grandes amigos.

 

                  - Olha a cara do Malfoy!! - Rony exclamou alegre. - Deus, eu tinha me esquecido que Erik é amigo dele! Minha chance de conseguir um autografo aumentou!! 

 

                  Harry sorriu e observou o rosto de Draco que estava vermelho, talvez de raiva ou vergonha, ou ambos. Ele observou um garoto alto de cabelos do tamanho do dele e de Charles, com uma expressão que exalava ignorância se sentando ao lado do Malfoy. Harry, por algum motivo, talvez instinto, não gostava nada dele. 

 

                 - Hey, onde será que eles vão dormir? Poderíamos oferecer um lugar no nosso dormitório, Harry... eu não me importaria de ceder a minha cama, e poderia dormir em uma cama de armar. - Rony dizia excitado e Harry já estava começando a achar a atitude do amigo muito extrema.

 

             Hermione deu uma risadinha desdenhosa. 

 

              - Eles parecem bem mais felizes que o pessoal da Beauxbatons. - Disse Harry.

 

                Os alunos de Durmstrang estavam despindo os pesados casacos de peles e olhando para o teto escuro e estrelado com expressões de interesse; uns dois seguravam os pratos e taças de ouro e examinavam-nos, aparentemente impressionados. 

     Na mesa dos funcionários, Filch, o zelador, acrescentava cadeiras. Estava usando a velha casaca mofada em homenagem à ocasião. Harry ficou surpreso de ver que ele acrescentara duas cadeiras de cada lado de Dumbledore.

 

               - Mas só tem mais três pessoas. - Disse Harry e então apontou para as cadeiras. - Dumbledore no meio, Sophie provavelmente do lado dele, Karkaroff ou Madame Maxime de um dos lados e um dos dois do lado de Sophie. Por que Filch está colocando mais cadeiras? Quem mais vem?

 

              - Eh? - Respondeu Rony vagamente. Ainda olhava com avidez para Krum.

 

               Depois que todos os estudantes tinham entrado no salão e sentado às mesas das Casas, vieram os professores, que se dirigiram à mesa principal e se sentaram. Os últimos da fila foram o Prof. Dumbledore, Sophie, o Prof. Karkaroff e Madame Maxime. Quando a diretora apareceu, os alunos de Beauxbatons se levantaram imediatamente. Alguns alunos de Hogwarts riram. A delegação de Beauxbatons não pareceu se constranger nem um pouco e não tornou a se sentar até que Madame Maxime estivesse acomodada do lado esquerdo de Sophie que estava ao lado de Dumbledore. Este, porém, continuou em pé e o Salão Principal ficou silencioso.

 

                 - Boa-noite, senhoras e senhores, fantasmas e, muito especialmente, hóspedes. - Disse Dumbledore sorrindo para os alunos estrangeiros. - Tenho o prazer de dar as boas-vindas a todos. Espero e confio que sua estada aqui seja confortável e prazerosa.

 

                 Uma das garotas de Beauxbatons, ainda segurando o xale na cabeça, deu uma inconfundível risadinha de zombaria. 

 

          - Ninguém está obrigando você a ficar! - Murmurou Hermione, com raiva. E Harry sorriu pois Mione podia estar brava com Hogwarts por ter elfos domésticos nas cozinhas mas mesmo assim, ela defendia a escola de zombarias.

 

            - O torneio será oficialmente aberto no fim do banquete. - Disse Dumbledore. - Agora convido todos a comer, beber e se fazer em casa! 

 

          Ele se sentou, e Harry viu Karkaroff se curvar na mesma hora para a frente e iniciar uma conversa com o diretor. E Madame Maxime conversar com Sophie que dava total atenção para a mulher.

 

             As travessas diante deles se encheram de comida como de costume. Os elfos domésticos na cozinha pareciam ter se excedido; havia uma variedade de pratos à mesa que Harry jamais vira, inclusive alguns decididamente estrangeiros. 

 

             - Que é isso? - Disse Rony, apontando uma grande travessa com uma espécie de ensopado de frutos do mar ao lado de um grande pudim de carne e rins. 

 

           - Bouillabaisse. - Disse Hermione. 

 

           - Para você também! - Respondeu Rony. 

 

           - É francesa. - Explicou a garota. - Comi nas férias, no penúltimo verão, é muito gostosa.

 

               - Acredito. - Retrucou Rony, servindo-se de chouriço de sangue

             De alguma forma o Salão Principal parecia muito mais cheio do que de costume, ainda que só houvesse umas vinte pessoas a mais ali; talvez porque os uniformes de cores diferentes se destacassem tão claramente contra o preto das vestes de Hogwarts. Agora que tinham despido as peles, os alunos de Durmstrang deixavam ver que usavam vestes de um intenso vermelho-sangue.

 

               - Então? Como foi a viagem de vocês até aqui? - Erik perguntou para Viktor enquanto colocava Sudzhuk, uma especiaria da Bulgária, em seu prato. 

 

                 - Foi bon, non tefe complicaçons. - Krum respondeu baixo mais como um resmungo. Quem não o conhecesse acharia que estava de mau-humor mas o garoto estava feliz por se encontrar com Erik. - Como focê está, Erikk? E onde está Char-li-li?

 

                   - Meu bom amigo, se quiser falar em búlgaro comigo, sabe muito bem que eu irei lhe entender. - Erik comentou gentilmente tocando no ombro do amigo. - E respondendo sua pergunta, meu namorado não é da minha casa, Sonserina. Ele é da Corvinal, aqueles de azul. Ali, veja, ele é aquele belo rapaz moreno ao lado de uma aluna de Hogwarts loira, chamada Harriet, outra boa amiga minha, e conversando com um rapaz e uma garota da Beauxbatons. - Disse Erik apontando discretamente para Charles. 

 

              Krum demorou um pouco para se achar mas assim que viu Charles, ele sorriu. 

 

               - Той е по-красив, отколкото си писал в писмо, Ерик. - Krum comentou sorrindo agora ao dizer em sua língua mãe. - Focê é um carra de sorte.

 

            (Tradução - Ele é mais bonito do que você me disse em carta, Erik.)

 

             - Eu sou mesmo. - Erik respondeu sorrindo brilhante na direção de Charles que nem notava. - Ele é maravilhoso em todos os sentidos. 

 

               - Кои други са вашите приятели? - Krum perguntou curioso, bebendo o vinho Alexandra Estate Mourvedre & Syrah & Viognier, outra especiaria da Bulgária.

 

                  (Tradução - Quem mais são seus amigos?)

 

                  - Ah, bem, tem a Harriet que está sentada ao lado de Charls. Tem os gemêos Weasley, bem ali, na mesa da Grifinória, os de vermelhos, ali os ruivos, esses mesmo. Apesar que eu não estou falando com um deles por ele ter sido um idiota, mas nada para sempre. Tem Rony, Hermione e Harry que eu não estou vendo eles agora, mas depois eu te apresento, Rony é um grande fã a propósito. Ah, e claro, a melhor amiga que Hogwarts poderia me dar. - Então Erik olhou para Sophie, sentada ao lado de Dumbledore conversando com a Madame Maxime. - Sophie Potter.

 

                   - A mon de confiança do seu diretor? - Viktor perguntou impressionado e Erik sorriu orgulhoso.

 

                    - Ela mesma! Ela é fantástica, você vai adorar conhecê-la. - Erik comentou sorrindo. - Ela é uma garota forte, inteligente, gentil e é uma grande amiga. 

 

                    - Eu fico ton feliz por focê, meu amigo! Fer focê feliz me deixa muito feliz! - Viktor comentou sorrindo mas então voltou-se a olhar para Charles e franziu o cenho. - Mon amigo, ele é Char-li-li do que?

 

                   - Você está perguntando o sobrenome? Bem, é Charles Francis. - Erik respondeu olhando confuso.

 

                    Viktor estreitou os olhos e depois olhou para o fim da fileira, em seguida, voltou-se para Charles. Ele parecia irritado e triste ao mesmo tempo com a realização que havia acabado de ter.

 

                   - Então é verdade... 

 

                   - Do que você está falando, meu amigo? - Erik perguntou confuso.

 

                  - Esiste alguém em Durmstrang, um aluno... ele semprre fala sobre um tal de Char-li-li, e de como ele faz ou já fez esse Char-li-li chorar. - Viktor comentou em voz baixa olhando para Erik. - E ele se orgulha.

 

                     Erik sentiu a raiva inundar seu peito, seu sangue parecia queimar, e então ele sentiu medo, não por ele, mas para a pessoa que ele estava olhando agora, Charles. Então ainda olhando para seu namorado, ele perguntou para Viktor, já sabendo a resposta:

 

                     - Qual o nome dele?

 

                     - Marko, Caím Marko.

 

 

                     Sophie escutava tudo que Madame Maxime falava e lhe respondia sempre com educação e com respostas rápidas. Felizmente, a mulher havia parado de falar um pouco quando Hagrid entrou na castelo discretamente não discretamente pela porta do fundo. Nisso, Sophie aproveitou para se voltar ao diretor que se virara para ela também, aproveitando que Karkaroff estava falando algo com McGonagall.

 

                      - Você está indo muito bem. - Dumbledore comentou sorrindo para a ruiva.

 

                     - Obrigada senhor, mas minhas orelhas doem. - Sophie respondeu fazendo o diretor rir baixo. 

 

                     - Ludo e Bartô logo chegarão. Garanto que a atenção de Madame Maxime será inteiramente dele no momento em que ele se sentar ao lado dela. - Dumbledore comentou. - Aguente mais um pouco.

 

                      - Está bem. Como está indo a conversa por ai? - Sophie perguntou aproveitando agora que Madame Maxime estava dando uma rápida atenção para o professor Flitwick.

 

                      - Maravilhosa. - O diretor respondeu e Sophie já soube que a conversa estava indo horrível. - Você...

 

                      - Enton Sofiiie, como eu dizia... - Madame Maxime voltou a falar.

 

                  Sophie e Dumbledore sorriram um para o outro e cada um voltou para suas respectivas companhias. E enquanto a mulher falava, o olhar de Sophie foi para Harry que estava olhando para ela também e ambos sorriram um para o outro. Em uma conversa silenciosa por apenas olhares em que só eles entendiam. 

 

 

                  - Com licença, vocês von querrer a bouillabaisse? - Disse uma voz chamando a atenção de Harry, o fazendo parar de olhar para sua irmã.

 

           Era a garota de Beauxbatons que rira durante a fala de Dumbledore. Finalmente retirara o xale. Uma longa cascata de cabelos louro-prateados caía quase até sua cintura. Tinha grandes olhos azul-profundos e dentes muito brancos e iguais.

            Rony ficou púrpura. Olhou para a garota, abriu a boca para responder, mas não saiu nada a não ser um fraco gargarejo.

 

          - Pode levar. - Respondeu Harry, empurrando a terrina para a garota. 

 

            - Vocês já se serrvirram? 

 

          - Já. - Disse Rony sem fôlego. - Estava excelente. 

 

          A garota apanhou a terrina e levou-a cuidadosamente até a mesa da Corvinal. Rony continuou com os olhos grudados nela como se nunca tivesse visto uma garota na vida. Harry começou a rir. O som das risadas pareceu sacudir Rony daquele transe.

 

         - É uma veela! - Exclamou com a voz rouca para Harry. 

 

        - Claro que não! - Retrucou Hermione mordazmente. - Não vejo mais ninguém olhando para ela de boca aberta como um idiota!

 

          Mas não era bem verdade. Quando a garota atravessou o salão, muitas cabeças de garotos se viraram, e alguns pareciam ter ficado temporariamente sem fala, exatamente como Rony. 

 

        - Estou dizendo, não é uma garota normal! - Disse Rony, curvando-se para um lado para poder continuar a vê-la sem ninguém na frente. - Não fazem garotas assim em Hogwarts! 

 

           - Fazem garotas legais em Hogwarts. - Respondeu Harry, sem pensar. Cho Chang, por acaso, estava sentada a poucos lugares da garota de cabelos prateados.

 

             - Quando vocês dois repuserem os olhos dentro das órbitas - Disse Hermione com energia. – poderão ver quem acaba de chegar. 

 

        Ela apontou para a mesa dos funcionários. As duas cadeiras que estavam vazias acabavam de ser ocupadas. Ludo Bagman sentou-se agora do outro lado do Prof. Karkaroff enquanto o Sr. Crouch, chefe de Percy, ficou ao lado de Madame Maxime. 

 

         - Que é que eles estão fazendo aqui? - Indagou Harry surpreso. 

 

         - Eles organizaram o Torneio Tribruxo, não foi? - Disse Hermione. - Imagino que quisessem vir assistir à abertura.

 

            Quando o segundo prato chegou, os garotos repararam que havia diversos pudins desconhecidos, também. Rony examinou um tipo esquisito de manjar branco mais atentamente, depois deslocou-o com cuidado alguns centímetros para a direita, de modo a deixá-lo bem visível para os convidados à mesa da Corvinal. Mas a garota que lembrava uma veela parecia ter comido o suficiente e não veio até a mesa apanhá-lo.

 

         Depois que os pratos de ouro foram limpos, Dumbledore se levantou mais uma vez. Neste momento, uma agradável tensão pareceu invadir o salão. Harry sentiu um tremor de excitação só de imaginar o que viria a seguir. A algumas cadeiras de distância, Fred e Jorge se curvaram para a frente, observando Dumbledore com grande concentração. 

 

           - Chegou o momento. - Disse Dumbledore, sorrindo para o mar de rostos erguidos. - O Torneio Tribruxo vai começar. Eu gostaria de dizer algumas palavras de explicação antes de mandar trazer o escrínio...

 

            Todos observavam o diretor com bastante atenção.

 

             - ...apenas para esclarecer as regras que vigorarão este ano. Mas, primeiramente, gostaria de apresentar àqueles que ainda não os conhecem o Sr. Bartolomeu Crouch, Chefe do Departamento de Cooperação Internacional em Magia – houve vagos e educados aplausos –, e o Sr. Ludo Bagman, Chefe do Departamento de Jogos e Esportes Mágicos. 

 

           Houve uma rodada mais ruidosa de aplausos para Bagman do que para Crouch, talvez por sua fama de batedor ou simplesmente porque ele parecia muito mais simpático. Ele agradeceu com um aceno jovial. Bartolomeu Crouch não sorriu nem acenou quando seu nome foi anunciado. Ao lembrar-se dele vestido com um terno bem cortado na Copa Mundial de Quadribol, Harry achou que parecia estranho naquelas vestes de bruxo. Seu bigode à escovinha e a risca exata nos cabelos pareciam muito esquisitos ao lado dos longos cabelos e barbas de Dumbledore. 

 

         - Nos últimos meses, o Sr. Bagman e o Sr. Crouch trabalharam incansavelmente na organização do Torneio Tribruxo - Continuou Dumbledore - e se juntarão a mim, ao Prof. Karkaroff e à Madame Maxime na banca que julgará os esforços dos campeões.

 

            À menção da palavra “campeões”, a atenção dos estudantes que ouviam pareceu se aguçar. 

           Talvez Dumbledore tivesse notado essa repentina imobilidade, porque ele sorriu e disse: 

 

                - O escrínio, então, por favor, Sr. Filch.

 

               Filch, que andara rondando despercebido um extremo do salão, se aproximou então de Dumbledore, trazendo uma arca de madeira, incrustada de pedras preciosas. Tinha uma aparência extremamente antiga. Um murmúrio de interesse se elevou das mesas dos alunos; Dênis Creevey chegou a subir na cadeira para ver direito mas, por ser tão miúdo, sua cabeça mal ultrapassou a dos outros.

 

                 - As instruções para as tarefas que os campeões deverão enfrentar este ano já foram examinadas pelos Srs. Crouch e Bagman - Disse Dumbledore, enquanto Filch depositava a arca cuidadosamente na mesa à frente do diretor. -, e eles tomaram as providências necessárias para cada desafio. Haverá três tarefas, espaçadas durante o ano letivo, que servirão para testar os campeões de diferentes maneiras... sua perícia em magia, sua coragem, seus poderes de dedução e, naturalmente, sua capacidade de enfrentar o perigo. 

 

           A esta última palavra, o salão mergulhou num silêncio tão absoluto que ninguém parecia estar respirando. 

 

             - Como todos sabem, três campeões competem no torneio - Continuou Dumbledore calmamente. -, um de cada escola. Eles receberão notas por seu desempenho em cada uma das tarefas do torneio e aquele que tiver obtido o maior resultado no final da terceira tarefa ganhará a Taça Tribruxo. Os campeões serão escolhidos por um juiz imparcial... o Cálice de Fogo. 

 

            Dumbledore puxou então sua varinha e deu três pancadas leves na tampa do escrínio. A tampa se abriu lentamente com um rangido. O bruxo enfiou a mão nele e tirou um grande cálice de madeira toscamente talhado. Teria sido considerado totalmente comum se não estivesse cheio até a borda com chamas branco-azuladas, que davam a impressão de dançar. Dumbledore fechou o escrínio e pousou cuidadosamente o cálice sobre a tampa, onde seria visível a todos no salão. 

 

         - Quem quiser se candidatar a campeão deve escrever seu nome e escola claramente em um pedaço de pergaminho e depositá-lo no cálice. - Disse Dumbledore. - Os candidatos terão vinte e quatro horas para apresentar seus nomes. Amanhã à noite, Festa das Bruxas, o cálice devolverá o nome dos três que ele julgou mais dignos de representar suas escolas. O cálice será colocado no saguão de entrada hoje à noite, onde estará perfeitamente acessível a todos que queiram competir. 

          “Para garantir que nenhum aluno menor de idade ceda à tentação”, continuou Dumbledore, “traçarei uma linha etária em volta do Cálice de Fogo depois que ele for colocado no saguão. Ninguém com menos de dezessete anos conseguirá atravessar a linha. 

          “E, finalmente, gostaria de incutir nos que querem competir, que ninguém deve se inscrever neste torneio levianamente. Uma vez escolhido pelo Cálice de Fogo, o campeão ficará obrigado a prosseguir até o final do torneio. Colocar o nome no cálice é um ato contratual mágico. Não pode haver mudança de ideia, uma vez que a pessoa se torne campeã. Portanto, procurem se certificar de que estão preparados de corpo e alma para competir, antes de depositar seu nome no cálice. Agora, acho que já está na hora de irmos nos deitar. Boa-noite a todos.”

 

                 Todos os alunos se levantaram, assim como os professores, e Madame Maxime, Karkaroff, Bagman, Crouch e Sophie que agora conversavam baixo com Dumbledore.

 

                - Pretende colocar seu nome? - Erik perguntou para Viktor enquanto ambos iam para a mesa da Corvinal.

 

                 - Karkaroff quer que eu seja o campion de Durmstrang, mais ninguém. - Viktor comentou revirando os olhos. - Mas admito que sinto fontade. E focê?

 

                  - Eu ainda sou menor de idade, meu amigo. E mesmo que fosse de maior, eu não entraria. Já tenho minha maior glória em meus braços. - Nisso abraçou Charles por trás que riu. - Hey babe.

 

                    Charles sorriu e virou o rosto para beijar Erik na bochecha. 

 

                   - Depois vou querer falar com você. - O Lehnsherr sussurrou no ouvido do moreno que concordou com a cabeça. - Quero que você conheça alguém, você também Harriet. 

 

                   Nisso Erik se afastou e tocou no ombro de Viktor que sorria tímido para Charles e Harriet.

 

                   - Viktor Krum, estes são Charles Francis, o amor da minha vida e Harriet Lovegood, minha boa amiga. - Erik os apresentou sorrindo. - Charls, Harriet, este é Viktor Krum.

 

                       - Não brinca, Sherlock. - Harriet ironizou se aproximando de Krum e estendendo a mão para o garoto. - É um prazer!

 

                        - Um prazer! - Krum pegou a mão de Harriet. 

 

                       - Realmente é um prazer Viktor. Erik fala muito de você! - Charles cumprimentou o búlgaro sorrindo.

 

                       - Ele fala muito de focê também Char-li-li. Fico muito feliz em finalmente te conhecer. - Viktor respondeu gentil.

 

                       - Ah esses são Alexander e Michelle Chevalier de Beauxbatons. - Harriet disse apontando os dois alunos em pé ao lado dela. Michelle tinha cabelos pretos e olhos verdes, sua pele era morena ao contrário de seu irmão que era branco de olhos azuis e de cabelos bem pretos.

 

                       - Olá! - Ambos disseram.

 

                       - O sotaque de vocês é diferente. - Erik comentou.

 

                       - Nós já vivemos em Londres por três anos. - Michelle explicou.

 

                    - Madame Maxime já está vindo, é melhor nos juntarmos aos outros. Tchau, espero conhecer mais vocês este ano. - Alexander disse puxando a mão da irmã para a saída. 

 

                      - Tchau! - Michelle acenou e se virou para o irmão.

 

                      - São gente boa. - Harriet comentou sorrindo. - Vocês viram a Sophie? Ah eu estou tão orgulhosa dela!! 

 

                      - Nem me fale, imagine como Sirius e Remus ficarão quando descobrirem, super orgulhoso! - Charles comentou sorrindo. - Você vai adorar conhecer Sophie, Viktor. 

 

                     - Tenho certeza que fou, mas é melhor eu me juntar aos outros. Karkaroff já está saindo também. E Erikk, manterrei os olhos naquele rato. - Viktor disse olhando sério para o alemão que acenou com a cabeça em agradecimento. - Char-li-li, Harr-et-i, esperro fer focês mais fezes. 

 

                       - Nós também Viktor. - Harriet respondeu sorrindo e olhando o búlgaro ir embora. - Ele é solteiro?? - Harriet perguntou para Erik que riu. - Gente ele é lindo! Por que você não disse que os búlgaros eram tão lindos? Olha aquele ali! Meu senhor, estou no paraíso!

 

                        - Vai que é sua minha amiga. - Erik respondeu voltando a abraçar Charles por trás. Ambos rindo observando a amiga se distraindo com os búlgaros. 

 

 

                       Harry já saia com Rony, Mione, e Jorge e Fred atrás deles conversando como burlar o Cálice de Fogo. Depois do que Fred havia dito para Sophie, ele simplesmente já achava ridícula aquela ideia de se inscrever no torneio. E escutar Fred falando sobre isso o deixava irritado porque parecia que o ruivo não mais se importava com a briga entre ele e Sophie. 

 

                    - Idiota. - Harry resmungou para si mesmo irritado. 

 

                   - Onde está ele? - Prguntou Rony, que não estava ouvindo uma só palavra dessa conversa que os gêmeos estavam tendo atrás deles, e examinava a aglomeração de alunos para ver que fim levara Krum. - Dumbledore não disse onde o pessoal de Durmstrang vai dormir, disse? 

 

           Mas sua pergunta foi respondida quase instantaneamente; os garotos estavam passando pela mesa da Sonserina naquele momento e Karkaroff se apressava em chegar aos seus alunos. 

 

              - Voltamos ao navio, então. - Foi ele dizendo. - Viktor, como é que você está se sentindo? Comeu o suficiente? Devo mandar buscar um pouco de quentão na cozinha?

 

                 Harry viu Krum sacudir negativamente a cabeça enquanto terminava de vestir o longo casacão. 

 

               - Professor, eu gostaria de beber um pouco de vinho. - Disse outro garoto de Durmstrang esperançoso.

 

              - Eu não ofereci a você, Poliakoff. - Retorquiu Karkaroff, seu caloroso ar paternal desaparecendo instantaneamente. - Vejo que derramou comida nas vestes outra vez, moleque porcalhão...

 

                Karkaroff lhe deu as costas e conduziu os alunos para fora, chegando à porta no mesmo momento que Harry, Rony e Hermione. Harry parou para deixá-lo passar primeiro. 

 

              - Obrigado. - Disse Karkaroff, olhando distraído para o garoto. 

 

            E então o bruxo estacou. Tornou a virar a cabeça para Harry e encarou-o como se não pudesse acreditar no que via. Atrás do diretor, os alunos de Durmstrang pararam também. Os olhos de Karkaroff percorreram lentamente o rosto de Harry e se detiveram na cicatriz. Os alunos de Durmstrang miraram Harry cheios de curiosidade, também. Pelo canto do olho, o garoto viu que alguns faziam cara de terem finalmente entendido. O garoto que sujara as vestes de comida cutucou uma colega ao seu lado e apontou abertamente para a testa de Harry. 

 

          - É, é o Harry Potter, sim. - Disse o mesmo garoto que Harry vira sentado com Malfoy. 

 

             O Prof. Karkaroff virou-se completamente. Olho-Tonto Moody se achava parado ali, apoiado pesadamente na bengala, o olho mágico encarando sem piscar o diretor de Durmstrang. 

 

           A cor se esvaiu do rosto de Karkaroff enquanto Harry observava a cena. Uma expressão terrível, em que se misturavam a fúria e o medo, perpassou o rosto do homem.

 

                 - Você! - Exclamou ele, encarando Moody como se duvidasse de que realmente o via. 

 

                 - Eu. - Disse Moody sério. - E a não ser que tenha alguma coisa a dizer ao Potter, Karkaroff, você talvez queira continuar andando. Está bloqueando a porta.

 

                Era verdade; metade dos estudantes no salão aguardava atrás deles, espiando por cima dos ombros uns dos outros para ver o que estava causando o engarrafamento. 

        Sem dizer mais uma palavra, o Prof. Karkaroff arrebanhou seus alunos e saiu. Moody observou-o desaparecer de vista, seu olho mágico fixando as costas do bruxo, uma expressão de intenso desagrado em seu rosto mutilado.

 

 

               Sophie suspirou quando a ProfªMinerva apareceu para levar Ludo e Bartô para seus quartos. Se sentou de novo na cadeira enquanto o diretor fazia o mesmo.

 

                  - Eu consegui. - Sophie disse sorrindo. - E eu sinto que fui bem.

 

                  - Você foi ótima, minha amiga. - Dumbledore respondeu batendo a mão e duas canecas cheias de chá surgiram na frente deles. - Tome um pouco, para acalmar os nervos. 

                      Sophie ainda sorrindo tomou o chá e então colocou os braços na mesa e deitou o queixo, observando o Cálice de Fogo na frente deles.

 

                     - Amanhã começa. O senhor está pronto? - Sophie perguntou ainda olhando para o Cálice.

 

                     - A pergunta melhor é: Todos estão prontos? 

 

                     Sophie sorriu preguiçosamente e os dois ficaram sentados ali observando o Cálice.

 

 

 

                    - Então, o que você queria falar comigo? - Charles perguntou depois que Harriet havia ido se deitar. Eles estavam na Sala Comunal da Corvinal que já estava vazia.

 

                     - Viktor me disse que... Caím está aqui. - Erik falou olhando sério para o moreno que não demonstrou nenhuma reação de surpresa. - Você já sabia.

 

                      - Eu tinha uma noção que ele viria. Não tinha certeza mas... - Charles suspirou. - Era isso que Viktor estava falando? "Manterei os olhos naquele rato." Ele estava se referindo ao Caím?

 

                    - Sim...

 

                    - Espera você contou para ele? - Charles perguntou magoado.

 

                    - Claro que não!  Eu jamais contaria isso, eu sei que é algo pessoal. Ele suspeitou quando eu disse que você se chamava Charles Francis. - Erik disse. - Caím se gabava de te fazer chorar em Durmstrang. Ele dizia para todos que quisessem escutar. Krum juntou um mais um e é isso. - Erik explicou quando viu a confusão estampada no rosto do namorado.

 

                       Charles por sua vez se sentou no sofá e passou as duas mãos no rosto. Saber disso foi mais como um soco no rosto. Sentia-se envergonhado, nu, por saber que vários alunos de Durmstrang sabiam das surras que ele levava e dos choros que ele já chorara. Era como ser colocado em cima de um palco, sem nada, para todos verem e zombarem dele. 

 

                     - Esse não é o meu ano. Definitivamente. - Charles disse com a voz falha. - Cada mês parece ter um pesadelo diferente! Perdi minha casa, minhas duas mães, e agora perdi minha dignidade. 

 

                     - Charles... - Erik se sentou ao lado do namorado, colocando a cabeça do mesmo em seu peito. 

 

                     - Estou tão cansado, Erik. Tem dias que eu acordo que eu quero continuar na cama, quero continuar dormindo, e tem vezes que nem dormir eu consigo. Eu quero chorar mas eu continuo sorrindo porque eu não quero preocupar vocês. E eu fico tendo esses pensamentos ruins o tempo todo e não consigo tirar eles da minha cabeça. Não é só tristeza... eu não sei o que é...

 

                      - Eu sei o que é. - Erik o cortou. - E está tudo bem. Não é errado sentir isso. Você está no seu total direito. Eu estou aqui para você, Sophie também sempre estará aqui para você. Você não precisa esconder isso Charls, você não precisa fingir ser outra pessoa, seja quem você é porque não há nada de errado em ser quem você é e sentir essas coisas. Meu amor você não precisa se preocupar com Caím porque eu estou aqui para você, Sophie, o grupo, até mesmo Dumbledore estão aqui. Essa é a sua casa, Hogwarts é nossa casa e o Caím é o intruso. Ele não tem poder aqui.

 

                     - Hum.. me lembrei de Senhor dos Anéis. - Charles resmungou sorrindo e fazendo Erik sorrir. - O que há de errado comigo, Erik?

 

                     - Não tem nada de errado com você. Você está passando por um inferno e está indo muito bem, está lutando bravamente meu guerreiro. E eu estou orgulhoso de você assim como Brian também ficaria. 

 

                      Charles abraçou Erik mais apertado. 

 

                      - Eu te amo. 

 

                      - Eu te amo. 

 

 

 

                  Como o dia seguinte era sábado, normalmente a maioria dos estudantes teria tomado o café da manhã mais tarde. Harry, Rony e Hermione, porém, não foram os únicos a se levantarem muito mais cedo do que costumavam nos fins de semana. Quando desceram para o saguão, viram umas vinte pessoas andando por ali, alguns comendo torrada, todos examinando o Cálice de Fogo. A peça fora colocada no centro do saguão sobre o banquinho que era usado para o Chapéu Seletor. Uma fina linha dourada fora traçada no chão, formando um círculo de uns três metros de raio.

              Eles viram Sophie, Harriet, Erik e Charles sentados perto do Cálice, os quatro estavam conversando tranquilamente. Sophie deitada com a cabeça no colo de Harriet e Erik deitado no colo de Charles.

 

                 - Alguém já depositou o nome? - Perguntou Rony, ansioso, assim que se aproximaram dos quatro.

 

                   - Krum depositou. - Sophie comentou. - Ele estava aqui a pouco tempo, ele é muito legal. Gostei muito dele.

 

                   - E onde ele está?? - Rony perguntou virando a cabeça para os lados freneticamente. 

 

                    - Karkaroff veio e mandou ele voltar para o navio dizendo que o pobre coitado ainda estava doente. - Harriet comentou rindo da careta de Rony. - Não se preocupe Roniquinho, você terá sua chance.

 

                    - Algum aluno de Hogwarts? - Harry perguntou se sentando num banco próximo da irmã.

 

                    - Alguns colocaram durante a noite. Alguns estão na enfermaria após tentarem passar pela linha etária sendo menores de idade. - Erik disse rindo debochado. - Quero ver como os Weasley vão fazer para colocar os nomes.

 

                      Harry sentiu um calorzinho no peito em saber que Fred poderia ir para enfermaria por não ter escutado sua irmã. 

 

                    - Não vão avisar eles? - Hermione perguntou.

 

                    - Eu tentei. Me escutaram? Não. Então é isto. - Harriet disse dando de ombros. 

 

                     Nesse momento alguém riu às costas deles e quando todos se viraram, viram Fred, Jorge e Lino indo até o Cálice. E Sophie fez questão de fingir que estava dormindo para ignorar Fred. 

 

                     - Resolvido! - Disse Fred vitorioso para os seis. E dos seis, só Rony não revirou os olhos. - Acabamos de tomá-la.

 

                    - Quê? - Exclamou Rony. 

 

                   - A Poção para Envelhecer, cabeça de bagre! - Disse Fred. 

 

           - Uma gota cada um. - Acrescentou Jorge, esfregando as mãos de alegria. - Só precisamos envelhecer alguns meses. 

 

            - Vamos dividir os mil galeões entre os três se um de nós vencer. - Disse Lino, com um largo sorriso. 

 

          - Não tenho muita certeza de que isso vai dar certo. - Disse Hermione em tom de aviso. - Tenho certeza de que Dumbledore terá pensado nessa possibilidade. 

 

                 Fred, Jorge e Lino não lhe deram atenção e Harriet lançou um olhar para Mione dizendo "eu avisei". 

 

                     - Pronto? - Perguntou Fred aos outros dois, tremendo de excitação. - Vamos então, eu vou primeiro... 

 

            Harry observou, com expectativa, quando Fred tirou do bolso um pedaço de pergaminho com as palavras “Fred Weasley – Hogwarts”. O garoto foi direto à linha e parou ali, balançando-se nas pontas dos pés como um mergulhador se preparando para um salto de quinze metros. Depois, acompanhado pelo olhar de todos que estavam no saguão, ele respirou fundo e atravessou a linha.

 

             Por uma fração de segundo, Harry ficou desapontado ao perceber que a coisa havia dado certo – Jorge certamente pensara o mesmo, porque soltou um berro de triunfo e correu atrás de Fred –, mas no momento seguinte, ouviram um chiado forte e os gêmeos foram arremessados para fora do círculo dourado, como bolas de golfe. Eles aterrissaram dolorosamente, a dez metros de distância no frio chão de pedra e, para piorar a situação, ouviram um forte estalo e brotaram nos dois longas barbas brancas e idênticas.

 

               Harry foi o primeiro a cair na gargalhada seguido por Rony, Mione e o grupo e depois todos no salão estavam rindo enquanto Fred e Jorge rolavam no chão irritados um com o outro. 

 

                  - Eu avisei a vocês. - Disse uma voz grave e risonha, ao que todos se viraram e deram com o Prof. Dumbledore saindo do Salão Principal. Ele examinou Fred e Jorge, com os olhos cintilando. - Sugiro que os dois procurem Madame Pomfrey. Ela já está cuidando da Srta. Fawcett da Corvinal e do Sr. Summers da Lufa-Lufa, que também resolveram envelhecer um pouquinho. Embora eu deva dizer que as barbas deles não são tão bonitas quanto as suas. 

 

          Fred e Jorge seguiram para a ala hospitalar acompanhados por Lino, que rolava de rir. O grupo, Harry, Rony e Mione ainda riam.

 

                  - Merecido. - Harriet comentou vitoriosa. - O que vocês vão fazer hoje? - Perguntou para o trio.

 

                   - Estava pensando em visitar o Hagrid. Não fomos lá ainda esse ano. - Harry comentou. - E vocês? 

 

                 - Não sabemos ainda. Normalmente a gente via vocês treinar nos sábados de manhã. - Charles disse. - A gente podia visitar o Hagrid também.

 

                - Por mim, tudo bem. - Sophie se sentou e sorriu ao ver Aslan se aproximando. - Oi amigo, como está? Desculpe não ter te dado muita atenção ontem. 

 

                  - É mesmo, onde ele ficou ontem a noite? - Harry perguntou acariciando a juba do leão.

 

                   - Na minha cama dormindo. Infelizmente hoje eu não vou poder dar muita atenção para ele de novo. Você pode cuidar dele, Harry? - Sophie perguntou.

 

                      - Claro!! - Harry respondeu sorrindo. - Estamos indo tomar café da manhã. Vocês já querem ir para o Hagrid?

 

                       - A gente se encontra lá. - Erik disse já ficando de pé. - Se mais alguém colocar o nome no Cálice, vocês nos dizem.

 

                        - Tá bom. 

 

                   Então o trio foi para o Salão Principal enquanto o grupo ia para o Hagrid.

              A decoração no Salão Principal estava mudada essa manhã. Como era o Dia das Bruxas, uma nuvem de morcegos vivos esvoaçava pelo teto encantado, enquanto centenas de abóboras esculpidas riam-se em cada canto. Harry, à frente dos três, foi até Dino e Simas, que discutiam quais alunos de Hogwarts com dezessete anos ou mais estariam se inscrevendo. 

 

            - Corre um boato que Warrington se levantou cedo e depositou o nome no cálice. - Disse Dino a Harry. - Aquele grandalhão da Sonserina que parece uma preguiça.

 

             Harry, que jogara quadribol contra Warrington, sacudiu a cabeça, desgostoso. 

 

             - Não podemos ter um campeão da Sonserina! 

 

               - E todo o pessoal da Lufa-Lufa está falando em Diggory. - Disse Simas com desprezo. - Eu não teria imaginado que ele fosse querer arriscar aquele belo físico. 

 

                - Escutem! - Disse Hermione de repente.

 

              As pessoas estavam aplaudindo no saguão de entrada. Todos se viraram nas cadeiras e viram Angelina Johnson entrando no salão, sorrindo meio encabulada. Uma garota alta, que jogava como artilheira no time de quadribol da Grifinória, Angelina se aproximou dos colegas, sentou-se e disse: 

 

          - Bom, está feito! Depositei o meu nome! 

 

              - Você está brincando! - Disse Rony, parecendo impressionado. 

 

              - Então você já fez dezessete? - Perguntou Harry. 

 

          - Claro que sim. Você está vendo alguma barba? - Respondeu Rony.

 

           - Fiz anos na semana passada. - Disse Angelina. 

 

         - Fico feliz que alguém da Grifinória esteja concorrendo. - Comentou Hermione. - Espero sinceramente que você seja escolhida, Angelina! 

 

           - Obrigada, Hermione. - Agradeceu Angelina, sorrindo para ela. 

 

             - É, é melhor você do que o Zé Bonitinho Diggory. - Disse Simas, fazendo vários alunos da Lufa-Lufa que passavam pela mesa amarrarem a cara para ele.

 

                Assim que eles terminaram de tomar o café, eles foram para fora do Salão Principal, já indo para a cabana do Hagrid quando Hermione os parou.

 

              - Acabei de me tocar, ainda não pedi ao Hagrid para se alistar no F.A.L.E.! - Disse ela animada. - Me esperem aqui enquanto dou uma corrida lá em cima para apanhar os distintivos. 

 

                - Qual é a dela? - Exclamou Rony, exasperado, quando Hermione saiu correndo escada acima. 

 

                - Ei, Rony. - Disse Harry de repente. - É a sua amiga... 

 

            Os alunos de Beauxbatons entravam no castelo, vindo dos jardins, entre eles a garota veela. O pessoal aglomerado à volta do cálice se afastou para deixá-los passar, observando-os ansiosos. 

          Madame Maxime entrou atrás dos alunos e organizou-os em fila. Um a um eles atravessaram a linha etária e depositaram seus pedaços de pergaminho nas chamas branco-azuladas. A cada nome inscrito o fogo se avermelhava e faiscava por um breve instante. 

 

 

          - Que é que você acha que acontece com os que não são escolhidos? - Murmurou Rony para Harry, quando a garota veela deixou cair seu pedaço de pergaminho no Cálice de Fogo. - Você acha que voltam para a escola ou ficam por aqui para assistir ao torneio? 

 

             - Não sei. - Disse Harry. - Ficam por aqui, suponho... Madame Maxime vai ficar para julgar, não é? 

 

        Depois que os alunos de Beauxbatons se inscreveram, Madame Maxime levou-os de volta aos jardins. 

 

           - Onde é que eles estão dormindo, então? - Perguntou Rony chegando até as portas de entrada e acompanhando-os com o olhar. 

 

          Um ruído de chocalho às costas dos dois anunciou a reaparição de Hermione com a caixa de distintivos do F.A.L.E. 

 

             - Ah, bom, vamos logo. - Disse Rony e desceu aos saltos os degraus de pedra, mantendo os olhos fixos na garota veela, que a essa altura já estava no meio do jardim com a diretora.

 

               Ao se aproximarem da cabana de Hagrid na orla da Floresta Proibida, o mistério do dormitório dos alunos de Beauxbatons se esclareceu. A enorme carruagem azul-clara em que haviam chegado fora estacionada a menos de duzentos metros da porta da cabana de Hagrid, e eles estavam embarcando nela. Os cavalos elefânticos que puxavam a carruagem pastavam agora em um picadeiro improvisado montado a um lado. 

 

            Harry bateu na porta de Hagrid e os latidos retumbantes de Canino responderam imediatamente.

 

               - Entrem. - Erik atendeu a porta. - Então, alguém mais se inscreveu? 

 

                - Angelina Johnson. - Hermione respondeu. - Oi Hag... - Hermione começou a dizer, mas parou de chofre, encarando Hagrid, aparentemente sem saber o que dizer. 

 

            Hagrid estava usando seu melhor (e horroroso) terno de tecido marrom peludo, com uma gravata amarela e laranja. Mas isto não era o pior; ele evidentemente tentara domesticar os cabelos, usando uma grande quantidade de um produto que parecia graxa para eixo de rodas. Estavam agora alisados em dois molhos – talvez ele tivesse tentado fazer um rabo de cavalo como o de Gui, mas descobrira que tinha cabelo demais. O penteado realmente não combinava nadinha com Hagrid.

 

             - Ah fico feliz saber que a Angel vai tentar entrar, ela é incrível! - Sophie comentou aparecendo atrás de Hagrid e fazendo sinal para os três não comentarem o visual novo do amigo.

 

               - Sim! Eu espero realmente que ela seja... escolhida... onde estão os explosivins, Hagrid? - Hermione perguntou rapidamente e tentando não focar no novo visual.

 

               - Lá fora no canteiro de abóboras. - Respondeu Hagrid alegre. - Estão ficando uns bichões, quase um metro de comprimento agora. O único problema é que começaram a se matar uns aos outros. 

 

               - Ah, não, sério? - Exclamou Hermione, lançando um olhar de censura a Rony, que olhava sem disfarçar o penteado esquisito de Hagrid, e acabara de abrir a boca para dizer alguma coisa. 

 

               - É, - Disse Hagrid com tristeza. - Mas tudo bem, eles agora estão em caixas separadas. Ainda sobraram uns vinte. 

 

              - Isso é que foi sorte! - Disse Harriet. Mas Hagrid não percebeu a ironia.

 

               A cabana de Hagrid tinha um único cômodo, e a um canto havia uma cama gigantesca coberta com uma colcha de retalhos. Uma mesa igualmente enorme com cadeiras ficava diante da lareira, sob uma quantidade de presuntos curados, e aves mortas que pendiam do teto. Os garotos se sentaram à mesa ao lado do grupo enquanto Hagrid preparava o chá e logo se deixaram absorver por mais uma discussão sobre o Torneio Tribruxo. Hagrid parecia tão excitado com o assunto quanto eles. Aslan e Canino estavam deitados juntos na grande cama.

 

               - Eu estava dizendo para Sophie como eu estava orgulhoso! Ela foi incrível ontem, e admito que me emocionei ao ver ela ao lado de Dumbledore. Ah Hogwarts é tão sortuda por ter você como futura diretora, Sophie! - Hagrid disse com carinho para a ruiva que sorriu para ele. - Tenho certeza que James e Lily estão orgulhosos! 

 

                   - Obrigada Hagrid. Significa muito para mim. - Sophie respondeu gentil. 

 

                 Harry estava feliz, ele mesmo estava planejando comprar um presente para Sophie quando fosse para Hogsmeade para mostrar a irmã o quão orgulhoso ele estava e como ele a amava mais que qualquer outra pessoa.

 

                  - Ah! Aguardem. - Disse Hagrid, sorrindo. - Aguardem só. Vocês vão ver uma coisa que nunca viram antes. A primeira tarefa... ah, mas eu não posso contar.

 

                     - Vamos, Hagrid! - Insistiram o grupo e o trio, mas ele apenas sacudiu a cabeça, rindo.

 

                  - Não quero estragar a surpresa. Mas vai ser espetacular, isso eu posso dizer. Os campeões vão ter tarefas escolhidas sob medida. Nunca pensei que ia viver para ver organizarem novamente um Torneio Tribruxo!

 

                  Os garotos acabaram almoçando com Hagrid, embora não comessem muito – ele disse que preparara um picadinho de carne, mas quando Hermione encontrou uma garra no dela, os três perderam um pouco o apetite. Mas se divertiram tentando fazer Hagrid contar as tarefas que haveria no torneio, especulando quais dos inscritos seriam provavelmente escolhidos para campeões.

 

                   - Eu já devia ir na frente. Dumbledore me quer ao lado dele quando anunciar os campeões. - Sophie disse sorrindo orgulhosa para os amigos que bateram palmas para ela. Hagrid, Harriet e Charles assobiaram.

 

                    - Então vá, minha querida amiga! Olhe só você, tão crescida! Vem aqui! - Hagrid puxou Sophie para o abraço e ela retribuiu. 

 

                    - Isso me faz lembrar no dia que eu te abracei pela primeira vez. - Sophie sorriu enquanto Hagrid ficava com olhos cheios de lágrimas. - Lembra-se do que eu disse?

 

                      - Você disse que gosta de abraçar boas pessoas. - Hagrid respondeu secando as lágrimas que caiam.

 

                     - E você continua sendo a melhor pessoa que eu já abracei. Obrigada, Hagrid. - Ela sorriu para o amigo que agora chorava mais. - Eu vejo vocês mais tarde. Harry toma conta do Aslan!

 

                        - Pode deixar! - Harry respondeu acariciando a juba do amigo leão.

 

                     E quando ela saiu o restante acalmou Hagrid. Erik fez um chá para ele que tomou em um gole fazendo todos rirem.

                 Uma chuva leve começara a cair lá pelo meio da tarde; foi muito gostoso sentarem ao pé da lareira e escutar as gotas de chuva tamborilando de leve na janela, vendo Hagrid cerzir suas meias enquanto discutia com Hermione sobre os elfos domésticos – porque ele se recusou terminantemente a entrar para o F.A.L.E. quando a garota lhe mostrou os distintivos. 

 

            - Seria fazer a eles uma maldade, Hermione. - Disse sério, enquanto trabalhava com uma enorme agulha de osso enfiada com uma linha de cerzir amarela. - Faz parte da natureza deles cuidar dos seres humanos, é disso que eles gostam, entende? Você os faria infelizes se tirasse o trabalho deles e os insultaria se tentasse lhes pagar um salário. 

 

            - Mas Harry libertou o Dobby e ele foi à lua de tanta felicidade! - Disse Hermione. - E ouvimos dizer que ele está exigindo salário agora! 

 

            - Tudo bem, tem aberrações em toda espécie da natureza. Não estou dizendo que não haja elfo esquisito que aceite a liberdade, mas você jamais convenceria a maioria deles a concordar com isso, não, nada feito, Hermione. 

 

             Hermione pareceu ficar realmente contrariada e guardou a caixa de distintivos no bolso da capa. Lá pelas cinco horas começou a escurecer, e todos decidiram que já era hora de voltar ao castelo para a festa do Dia das Bruxas – e, o que era mais importante, para o anúncio de quem seriam os campeões das escolas.

 

                 - Vou com vocês. - Disse Hagrid, deixando o cerzido de lado. - Me deem um segundo. 

 

          Ele se levantou, foi até a cômoda ao lado da cama e começou a procurar alguma coisa nas gavetas. Os garotos não prestaram muita atenção, até que um fedor realmente horrível chegou às suas narinas. Tossindo, Charles perguntou: 

 

                - Hagrid, que é isso? 

 

               - Eh? - Exclamou Hagrid, virando-se com um enorme frasco na mão. - Você não gostou?

 

              - Isso é loção de barba? - Perguntou Hermione, com um tom de voz levemente chocado.

 

                - Hum... eau-de-Cologne. - Murmurou Hagrid. Ele ficou vermelho. - Talvez seja um pouco demais. - Disse meio impaciente. - Vou tirar, esperem aí...

 

                Ele saiu desajeitado da cabana e os garotos o viram lavar-se vigorosamente no barril de água do lado da janela. 

 

              - Eau-de-Cologne? — Repetiu Hermione surpresa. - Hagrid?

 

              - E qual é a explicação para os cabelos e o terno dele? - Perguntou Harry em voz baixa para Erik e Charles. 

 

              - Olhem lá! - Exclamou Rony de repente, apontando para fora da janela.

 

                 Hagrid acabara de se aprumar e se virara. Se ficara vermelho antes, não era nada comparável ao que estava acontecendo agora. Levantando-se muito cautelosamente, para que Hagrid não os visse, os seis espiaram pela janela e viram que Madame Maxime e os alunos de Beauxbatons tinham acabado de sair da carruagem, obviamente para irem à festa também. Os garotos não conseguiam ouvir, mas Hagrid estava falando com a diretora com os olhos embaçados e uma expressão de arrebatamento, que Harry só notara nele uma única vez – quando admirava o filhote de dragão Norberto.

 

                   - Ele está indo com ela para o castelo! - Disse Hermione indignada. - Pensei que ele estava nos esperando! 

 

         Sem lançar sequer um olhar à cabana, Hagrid foi subindo pelo gramado com Madame Maxime, e os alunos de Beauxbatons seguiam em sua cola, quase correndo para acompanhar os passos enormes dos dois. 

 

                  - Ele está caído por ela! - Comentou Charles incrédulo. 

 

              - Bom, se eles tiverem filhos, vão marcar um recorde mundial, aposto como um bebê deles iria pesar uma tonelada. - Rony comentou enquanto todos saiam da Cabana.

 

                O Salão Principal já estava se enchendo de novo. Sophie estava ao lado de Dumbledore, Bartô e Ludo. A ruiva estava com vestes bruxas sociais e um sobretudo vermelho bem escuro, não chamativo - que era algo incomum. Bartô vestia vestes bruxas sociais também assim como Dumbledore. Apenas Ludo estava vestido com uma roupa bruxa nada social e muito extravagante.

 

                     - Karkaroff e Madame Maxime já devem estar chegando. - Bartô comentou. 

 

                       - Não vai ser surpresa para ninguém quando o nome do Krum sair do Cálice. - Sophie resmungou e Ludo concordou com ela. - Karkaroff não deixou nenhum outro aluno de Durmstrang colocar o nome.

 

                     - Bem que o nome do Krum não podia sair. Assim Karkaroff veria o que é bom para tosse. - Ludo disse. - Ah chegaram! 

                       Madame Maxime foi a primeira a entrar. Seus alunos se sentaram na mesa da Corvinal. Logo depois Karkaroff chegou e seus alunos se sentaram na mesa da Sonserina e Sophie percebeu que Viktor só se sentou quando Erik apareceu. 

                   Na grande mesa eles estavam sentados como ontem. Dumbledore no centro, Sophie ao seu lado assim como Karakaroff, Madame Maxime ao lado de Sophie e Bartô, e Ludo ao lado de Karkaroff. 

 

                A Festa das Bruxas pareceu durar muito mais do que habitualmente. Talvez porque fosse o segundo banquete em dois dias, Sophie percebeu que os alunos não pareciam interessados na comida preparada com extravagância tanto quanto das outras vezes. Como todas as pessoas no salão, a julgar pelas constantes espichadas de pescoços, as expressões impacientes nos rostos, o desassossego de todos que se levantavam para ver se Dumbledore já acabara de comer, e mesmo de longe Sophie percebeu que Harry simplesmente queria que os pratos fossem retirados e os nomes dos campeões anunciados pois o garoto era um que se levantava o tempo todo para ver se eles na grande mesa haviam acabado de comer.

 

                   Depois de muito tempo, os pratos voltaram ao estado de limpeza inicial; houve um aumento acentuado no volume dos ruídos no salão, que caiu quase instantaneamente quando Dumbledore se ergueu. Sophie se ergueu em seguida e depois Madame Maxime e Bartô. Karkaroff e Ludo foram os últimos. 

 

                 Sophie e Dumbledore estavam calmos. Karkaroff e Madame Maxime estavam nervosos e ansiosos, Ludo estava sorrindo animado e Bartô parecia bem entediado. 

 

                 - Bom, o Cálice de Fogo está quase pronto para decidir. - Disse Dumbledore. - Estimo que só precise de mais um minuto. Agora, quando os nomes dos campeões forem chamados, eu pediria que eles viessem até este lado do salão, passassem diante da mesa dos professores e entrassem na câmara ao lado - Ele indicou a porta atrás da mesa. -, onde receberão as primeiras instruções.

 

                  Ele puxou, então, a varinha e fez um gesto amplo; na mesma hora todas as velas, exceto as que estavam dentro das abóboras recortadas, se apagaram, mergulhando o salão na penumbra. O Cálice de Fogo agora brilhava com mais intensidade do que qualquer outra coisa ali, a brancura azulada das chamas que faiscavam vivamente quase fazia os olhos doerem. Todos observavam à espera... alguns consultavam os relógios a todo momento...

 

                 As chamas dentro do Cálice de repente tornaram a se avermelhar. Começaram a soltar faíscas. No momento seguinte, uma língua de fogo se ergueu no ar, e expeliu um pedaço de pergaminho chamuscado – o salão inteiro prendeu a respiração. 

            Dumbledore apanhou o pergaminho e segurou-o à distância do braço, de modo a poder lê-lo à luz das chamas, que voltaram a ficar branco-azuladas.

 

                 - O campeão de Durmstrang - Leu ele em alto e bom som - será Viktor Krum!

 

                - Grande surpresa! - Berrou Rony, ao mesmo tempo que uma tempestade de aplausos e vivas percorreu o salão. 

 

                  Harry viu Viktor Krum se levantar da mesa da Sonserina, dar um abraço forte em Erik e se encaminhar com as costas curvas para Dumbledore; ele virou à direita, passou diante da mesa dos professores e desapareceu pela porta que levava à câmara vizinha.

 

               - Bravo, Viktor! - Disse Karkaroff com a voz tão retumbante que todos puderam ouvi-lo apesar dos aplausos. - Eu sabia que você era capaz!

 

               Sophie e Ludo reviraram os olhos.

 

                Os aplausos e comentários morreram. Agora todas as atenções tornaram a se concentrar no Cálice de Fogo, que, segundos depois, tornou a se avermelhar. Um segundo pedaço de pergaminho voou de dentro dele, lançado pelas chamas. 

 

           - O campeão de Beauxbatons é Fleur Delacour!

 

             - É ela, Rony! - Gritou Harry, quando a garota que parecia uma veela levantou-se graciosamente, sacudiu a cascata de cabelos louro-prateados para trás e caminhou impetuosamente entre as mesas da Corvinal e da Lufa-Lufa. 

 

               - Ah, olha lá, eles estão desapontados. - Disse Hermione sobrepondo sua voz ao barulho e indicando com a cabeça o resto da delegação de Beauxbatons. 

 

              “Desapontados” era dizer pouco, pensou Harry. Duas das garotas que não tinham sido escolhidas debulhavam-se em lágrimas e soluçavam, com as cabeças deitadas nos braços.

 

               Quando Fleur Delacour também desapareceu na câmara vizinha, todos tornaram a fazer silêncio, mas desta vez foi um silêncio tão pesado de excitação que quase dava para sentir seu gosto. O campeão de Hogwarts é o próximo... 

          E o Cálice de Fogo ficou mais uma vez vermelho; jorraram faíscas dele; a língua de fogo ergueu-se muito alto no ar e de sua ponta Dumbledore tirou o terceiro pedaço de pergaminho. 

 

                - O campeão de Hogwarts - Anunciou ele - é Cedrico Diggory!

 

               - Não! - Exclamou Rony em voz alta, mas ninguém o ouviu exceto Harry; a zoeira na mesa vizinha era grande demais. Cada um dos alunos da Lufa-Lufa ficou de pé, gritando e sapateando, quando Cedrico passou por eles, um enorme sorriso no rosto, e se encaminhou para a câmara atrás da mesa dos professores. Na verdade, os aplausos para Cedrico foram tão longos que passou algum tempo até que Dumbledore pudesse se fazer ouvir novamente. 

 

                - Excelente! - Exclamou Dumbledore feliz, quando finalmente o tumulto serenou. - Muito bem, agora temos os nossos três campeões. Estou certo de que posso contar com todos, inclusive com os demais alunos de Beauxbatons e Durmstrang, para oferecer aos nossos campeões todo o apoio que puderem. Torcendo pelo seus campeões, vocês contribuirão de maneira muito real...

 

                  Mas Dumbledore parou inesperadamente de falar, e tornou-se óbvio para todos o que o distraíra. 

         O fogo no cálice acabara de se avermelhar outra vez. Expeliu faíscas. Uma longa chama elevou-se subitamente no ar e ergueu mais um pedaço de pergaminho.

 

                Mas quem pegou o pergaminho dessa vez não foi Dumbledore, e sim Sophie. Todos ficaram em silêncio. Sophie quando leu o nome começou a tremer, seus coração acelerou mil por segundo, sua boca estava aberta mas nenhum som saía. Dumbledore tocou no ombro da ruiva e pegou o papel, ergueu-o e seus olhos se arregalaram para o nome que viu escrito. Sophie por sua vez focou seus olhos em Harry e o garoto temeu pelo que viria a seguir. Houve uma longa pausa, durante a qual o bruxo mirou o pergaminho em suas mãos e todos no salão fixaram o olhar em Dumbledore. Ele pigarreou e leu... 

                  — Harry Potter!


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