To Die With The Sun escrita por MutantProud


Capítulo 73
Capítulo 73 - Caminho e Maldições Imperdoáveis


Notas iniciais do capítulo

Oi gente ♥ eu sei que eu demorei muito mas eu precisava tirar umas férias de TDWTS. Por isso fiquei um mês sem escreve-la, eu precisava de um tempo para pensar mais na fic e para não me sentir muito sobrecarregada com ela. Mas enfim, aqui está o capítulo e eu espero que gostem ♥

Boa leitura e estou de volta ♥



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             - Ainda não entendi. Por que temos que ter esse quadro vazio na nossa sala. O nosso emblema combina mais com a casa. - Sirius resmungou enquanto via o namorado colocar um quadro que havia trazido do Largo e colocando em um canto da sala. 

 

         - Porque, ao contrário do emblema, esse quadro tem mais importância. - Remus resmungou de volta. - E é mais útil.

 

            - Vou considerar isso um elogio, obrigado Lupin. - Fineus Nigellus Black apareceu na imagem do quadro olhando para Sirius e Remus. - Eu senti esse quadro se movendo, me perguntei o que meu idiota tatara-tatara-neto estava fazendo.

 

             - Como se eu quisesse você em minha casa. - Sirius disse revirando os olhos. - Espera, é por isso que trouxe o quadro? Por causa do meu tatara-tatara-vô? 

 

               - Não sei se você se lembra Sirius, mas o Fineus foi diretor de Hogwarts. E por ter sido diretor de Hogwarts, seu quadro está na sala do diretor. - Remus explicou olhando para o moreno.

 

                 - Pelo que eu me lembre, sou um bruxo. Não uma coruja. - Nigellus comentou olhando irritado para o Lupin.

 

                 - Tem certeza? Você tem a cara de uma. - Sirius comentou de volta fazendo Remus colocar uma mão no rosto e Fineus olhar feio para o neto.

 

                  - Sirius, cale a boca. E Fineus, o que eu quis dizer, não foi que você será nossa coruja. Eu quis dizer que, se caso acontecer algo muito sério com uma de minhas crianças, seria mais fácil de você nos avisar do que uma coruja por carta. - Remus explicou tento a todo custo não irritar mais o quadro.

 

                     - Muito bem. Se for para ser assim, então eu não me importo. - Fineus respondeu. - Voltarei para a sala de Dumbledore e avisarei sobre minha nova localização. Tenha uma boa tarde, Lupin. - E saiu sem se despedir de Sirius.

 

                     - Black's. - Remus resmungou em meio ao suspiro. - Dramáticos mesmo depois da morte.

 

                    - Bom, já que esse quadro feio ficará nessa casa e não posso impedir, o que faremos hoje? - Sirius perguntou deitando no sofá. 

 

                    - Você não ia fazer uma entrevista para voltar a ser auror? - Remus perguntou de volta se escorando no sofá para olhar o namorado. - Mudou de ideia?

 

                    - Pode se dizer que sim. - Sirius respondeu. - Não quero voltar a trabalhar no Ministério. Não que eu não sinta saudades, mas... todas as coisas que vimos na Primeira Guerra ainda me assombram. E depois teve os acontecimentos do Acampamento. Não quero voltar a ver corpos caídos. 

 

                   - Eu entendo, sabe? Os acontecimentos do Acampamento foram tão parecidos com que víamos na Primeira Guerra. - Remus comentou com um suspiro cansado. - Mas prefiro não ficar recordando. Na verdade, ultimamente tenho pensado mais em Charles.

 

                  - A última carta de Sophie disse que ele está bem. - Sirius disse se sentando e se aproximando do rosto do Lupin. - Não precisa se preocupar, Moon.

 

                 - A última vez que não me preocupei com alguém, ela morreu. - Remus respondeu baixo se referindo a Joanne enquanto Sirius acariciava o rosto do lupino com o dedão. - Não posso cometer o mesmo erro, Sirius. 

 

                 - Não vai. - Sirius disse confiante. - Você não vai. - E juntou os lábios com seu amor, em um beijo gentil e calmo. Apenas para tirar aquelas preocupações do parceiro. - Que tal sairmos hoje? Um bar e relaxarmos? Merecemos isso, não concorda?

 

                  - É... acho que sim. - Remus respondeu sorrindo leve para o moreno. 

 

                Sirius sorriu com carinho e beijou Remus novamente. Ele faria de tudo para não deixar seu amado pensar em coisas ruins.

 

 

 

 

                 Um dia depois do evento com Draco e a primeira aula com Moody, Sophie havia sido chamada para a sala do diretor. Logo após ter terminado a última aula de Runas Antigas com os alunos da Corvinal, ela conversava com Charles enquanto Fred, Jorge e Harriet comentavam sobre algum outro assunto aleatório quando Aslan apareceu segurando uma carta entre os dentes.

 

                   - Quando o Aslan aprendeu a escrever? - Charles perguntou enquanto Sophie pegava a carta.

 

                   - Ontem a noite, eu ensinei ele a escrever poemas sobre a minha maravilhosa pessoa. - Sophie respondeu sorrindo e arrancando uma risada calma de Charles. - Hum, é de Dumbledore. 

 

                  Ela abriu a carta e Charles leu junto com ela.

 

                  "Cara Sophie, 

 

                   Gostaria que viesse ao meu escritório assim que ler essa carta. Gostaria de conversar com você, sobre um assunto que venho pensando muito e finalmente cheguei na decisão."

 

                 — Tão misterioso como sempre. - Sophie comentou olhando para o amigo que concordou. 

 

                  - Parece sério. - Charles disse.

 

                    - É.. bem, é melhor eu ir logo então. Nos vemos mais tarde. - Disse para o amigo dando-lhe um beijo na bochecha.

 

                  Se despediu dos outros e rumou para a sala do diretor. Aslan havia ficado com os amigos. Estava curiosa para saber o que ele queria falar com ela, pensava em mil ideias possíveis. Uma mais intrigante que a outra.

 

                Ficou em frente da fênix, disse a senha e foi de encontro ao diretor. Bateu na porta e entrou, vendo o velho amigo bebendo chá serenamente.

 

                  - Professor, recebi sua carta. - Disse Sophie mostrando a carta. - Estou incomodando? 

 

                  Dumbledore olhou na direção da ruiva e lhe sorriu.

 

                 - De maneira alguma. Você, minha cara amiga, nunca me atrapalharia. - Dumbledore respondeu gentil como sempre. - Venha, sente-se.

 

             Sophie sorriu e se sentou em frente ao homem mais velho.

 

                - Então, como estão os preparativos para o torneio? - Sophie perguntou, recusando com a cabeça ao chá que o professor lhe oferecia.

 

                 - Está tudo indo bem. Tudo preparado. - Dumbledore respondeu. - O que resta agora, são as escolas chegarem. Mas e você? Como está indo nas aulas?

 

                 - Tudo tranquilo. O senhor acredita que ainda não arrumei encrenca com Snape? Estou surpresa comigo mesma! - Exclamou ela dramaticamente.

 

              Dumbledore deu uma risada leve e acenou negativamente com a cabeça enquanto dava a Sophie um olhar divertido. 

 

             - Sophie Potter, eu não poderia ter escolhido uma sucessora melhor. - Dumbledore disse sorrindo e observando a garota o encarar surpresa.

 

              - Sua... sucessora? - Sophie perguntou. - O senhor quer dizer... que eu vou...

 

              - Seguir os meus passos. Sim. - Dumbledore ajudou a completar a frase. - Se você quiser, é claro.

 

               Sophie ficou em silêncio absorvendo o que o diretor havia lhe dito. Ela estava esperando tudo, qualquer notícia estranha ou inesperada. Até mesmo algo sobre Voldemort, mas isso. Essa notícia de ser a próxima diretora era algo muito inesperado.

                Claro, ela havia percebido que Fudge vivia falando disso. Apresentando ela como a sucessora de Dumbledore para o Ministro Búlgaro ou falando com ela como se ela fosse a mão de confiança do diretor mas ela nunca havia parado para pensar que o próprio diretor pensava o mesmo.

 

                - Uau... - Sophie murmurou surpresa. - Eu... não esperava por isso. Particularmente estou muito surpresa e... honrada senhor. 

 

                Dumbledore sorriu.

 

               - Tem certeza dessa decisão? Eu? Por que eu? - Ela perguntou ainda sem acreditar.

 

               - Por que não você? - Ele retrucou sorrindo. - Você muitas vezes foi a voz dessa escola, acalmou muitos alunos na época da Câmara Secreta, ajudou aqueles que precisavam de ajuda. Não só da sua própria casa mas de outras também. - Ele disse orgulhoso. - Eu não vejo alguém melhor. Você tem força e bondade nas medidas certas, minha amiga. Cada qualidade, cada defeito você tem na medida certa. Seria de meu grande desejo e felicidade que você aceitasse, ser a próxima a ocupar esse cargo. 

 

                 Sophie ficou em silêncio novamente. Um grande sentimento estava se enrolando em seu peito. Era algo quente e agitado, tal como felicidade, tal como orgulho de si mesma. Deus, era claro que ela iria aceitar. Sua mente se iluminava com a simples ideia desse desafio, desafio que seria cuidar de Hogwarts depois de Dumbledore. Tudo nela se iluminava em perceber que ela estaria seguindo, oficialmente, os passos do diretor.

 

                - Se o senhor tem certeza, então será um prazer para mim, dizer que sou sua sucessora, professor. - Sophie disse e recebendo em troca um dos sorrisos mais brilhantes que Dumbledore já lhe dera. 

 

                Sem dúvida, seria um grande desafio para os próximos anos.

 

         

                 Para Harry, os dias seguintes transcorreram sem grandes incidentes, a não ser que se levasse em conta o sexto caldeirão derretido por Neville na aula de Poções. O Prof. Snape, que, durante as férias, parecia ter alcançado novos níveis em sua gana de se vingar do garoto, deu-lhe uma detenção, da qual Neville voltou com um colapso nervoso, pois teve que destripar uma barrica de iguanas.

 

               - Você sabe por que Snape está nesse mau humor tão grande, não sabe? - Perguntou Rony a Harry, enquanto observavam Hermione ensinar a Neville um Feitiço de Limpeza para remover as tripas de iguanas presas sob suas unhas. 

 

              - Hum-hum. - Disse Harry. - Moody.

 

                  Era do conhecimento de todos que Snape queria realmente o lugar de professor de Artes das Trevas, e acabara de perdê-lo pelo quarto ano seguido. Snape detestara todos os professores anteriores dessa matéria e demonstrara isso – mas parecia ter extrema cautela para esconder sua animosidade contra Olho-Tonto Moody. De fato, sempre que Harry via os dois professores juntos – na hora das refeições ou quando passavam pelos corredores – tinha a nítida impressão de que Snape evitava os olhos de Moody, fosse o mágico fosse o normal. 

 

           - Acho que Snape tem medo dele, sabe. - Disse Harry pensativo. 

 

           - Imagine se Moody transformasse Snape em iguana - Disse Rony, seus olhos se toldando. - e fizesse ele ficar saltando pela masmorra... 

 

          Os alunos da quarta série da Grifinória estavam tão ansiosos para ter a primeira aula com Moody que, na quinta-feira, chegaram logo depois do almoço e fizeram fila à porta da sala, antes mesmo da sineta tocar.

 

           A única pessoa ausente foi Hermione, que chegou no último instante para a aula. 

 

            - Estava na... 

 

             - ... biblioteca - Harry terminou a frase da amiga. - Anda logo senão não vamos arranjar lugares decentes.

        

             Eles correram para pegar três cadeiras bem diante da escrivaninha do professor, apanharam seus exemplares de As forças das trevas: um guia para sua proteção, e esperaram anormalmente quietos. Não tardaram a ouvir os passos sincopados de Moody que vinha pelo corredor e que, ao entrar na sala, parecia mais estranho e amedrontado que nunca. Seu pé de madeira em garra aparecia ligeiramente por baixo das vestes.

 

                   - Podem guardar isso - Rosnou ele, apoiando-se na escrivaninha para se sentar. -, esses livros. Não vão precisar deles.

 

            Os alunos tornaram a guardar os livros nas mochilas, Rony tinha um ar excitado. Moody apanhou a folha de chamada, sacudiu sua longa juba de cabelos grisalhos para afastá-los do rosto contorcido e marcado, e começou a chamar os nomes, seu olho normal percorrendo a lista e o olho mágico girando, fixando-se em cada aluno quando ele respondia. 

 

            - Certo, então. - Concluiu ele, quando a última pessoa confirmara presença. - Tenho uma carta do Prof. Lupin sobre esta turma. Parece que vocês receberam um bom embasamento para enfrentar criaturas das trevas, estudaram bichos-papões, barretes vermelhos, hinky punks, grindylows, kappas e lobisomens, correto? Houve um murmúrio geral de concordância. - Mas estão atrasados, muito atrasados, em maldições.  - Disse Moody. - Então, estou aqui para pôr vocês em dia com o que os bruxos podem fazer uns aos outros. Tenho um ano para lhes ensinar a lidar com as forças das... 

 

              - Quê, o senhor não vai ficar? - Deixou escapar Rony. O olho mágico de Moody girou para se fixar em Rony; o garoto ficou extremamente apreensivo, mas, passado um instante, o professor sorriu – a primeira vez que Harry o via fazer isso.

 

             O efeito foi entortar mais que nunca o seu rosto muito marcado, mas de qualquer forma foi um alívio saber que ele era capaz de um gesto amigável como sorrir. Rony pareceu profundamente aliviado. 

 

           - Você deve ser filho do Arthur Weasley? - Disse Moody. – Seus dois irmãos foram ótimos em responder minhas perguntas na última aula. Na verdade, o grupo que estava com eles, incluindo a Potter, que devo exaltar foi excelente. Seu pai, Weasley, me tirou de uma enrascada há alguns dias... é, vou ficar apenas este ano. Um favor especial a Dumbledore... um ano e depois volto ao sossego da minha aposentadoria. 

 

           Ele deu uma risada áspera e então juntou as palmas das mãos nodosas. 

 

         - Então... vamos direto ao assunto. Maldições. Elas têm variados graus de força e forma. Agora, segundo o Ministério da Magia, eu devo ensinar a vocês as contra-maldições e parar por aí. Não devo lhes mostrar que cara têm as maldições ilegais até vocês chegarem ao sexto ano. Até lá, o Ministério acha que vocês não têm idade para lidar com elas. Mas o Prof. Dumbledore tem uma opinião mais favorável dos seus nervos e acha que vocês podem aprendê-las, e eu digo que quanto mais cedo souberem o que vão precisar enfrentar, melhor. Como vão se defender de uma coisa que nunca viram? Um bruxo que pretenda lançar uma maldição ilegal sobre vocês não vai avisar o que pretende. Não vai lançá-la de forma suave e educada bem na sua cara. Vocês precisam estar preparados. Precisam estar alertas e vigilantes. A senhorita deve guardar isso, Srta. Brown, enquanto eu estiver falando.

 

            Lilá levou um susto e corou. Estivera mostrando a Parvati o horóscopo que aprontara por baixo da carteira. Aparentemente o olho mágico de Moody podia ver através da madeira, tão bem quanto pela nuca. 

 

            - Então... algum de vocês sabe que maldições são mais severamente punidas pelas leis da magia? 

 

          Vários braços se ergueram hesitantes, inclusive os de Rony e Hermione. Moody apontou para Rony, embora seu olho mágico continuasse mirando Lilá. 

 

           - Hum - Disse Rony sem muita certeza -, meu pai me falou de uma... chama Maldição Imperius ou coisa assim? 

 

             - Ah, sim. - Disse Moody satisfeito. - Seu pai conheceria essa. Certa vez, deu ao Ministério muito trabalho, essa Maldição Imperius. 

 

          Moody se apoiou pesadamente nos pés desiguais, abriu a gaveta da escrivaninha e tirou um frasco de vidro. Três enormes aranhas pretas corriam dentro dele. Harry sentiu Rony se encolher ligeiramente ao seu lado – Rony detestava aranhas. 

 

           Moody meteu a mão dentro do frasco, apanhou uma aranha e segurou-a na palma da mão, de modo que todos pudessem vê-la. Apontou, então, a varinha para o inseto e murmurou “Imperio!”

 

            A aranha saltou da mão de Moody para um fino fio de seda e começou a se balançar para a frente e para trás como se estivesse em um trapézio. Esticou as pernas rígidas e deu uma cambalhota, partindo o fio e aterrissando sobre a mesa, onde começou a plantar bananeiras em círculos. Moody agitou a varinha, e a aranha se ergueu em duas patas traseiras e saiu dançando um inconfundível sapateado. Todos riram – todos exceto Moody. 

 

             - Acharam engraçado, é? - Rosnou ele. - Vocês gostariam se eu fizesse isso com vocês? 

 

                 As risadas pararam quase instantaneamente. 

 

            - Controle total. - Disse o professor em voz baixa, quando a aranha se enrolou e começou a rodar sem parar. - Eu poderia fazê-la saltar pela janela, se afogar, se enfiar pela garganta de vocês abaixo... 

 

               Rony teve um tremor involuntário. 

 

            - Há alguns anos, havia muitos bruxos e bruxas controlados pela Maldição Imperius.— Disse Moody, e Harry entendeu que ele estava se referindo ao tempo em que Voldemort fora todo poderoso. - Foi uma trabalheira para o Ministério separar quem estava sendo forçado a agir de quem estava agindo por vontade própria. 

             “A Maldição Imperius pode ser neutralizada, e vou-lhes mostrar como, mas é preciso força de caráter real e nem todos a possuem. Por isso é melhor evitar ser amaldiçoado com ela se puderem. VIGILÂNCIA CONSTANTE!”, vociferou ele, e todos os alunos se assustaram. Moody apanhou a aranha acrobata e atirou-a de volta ao frasco. 

 

           - Mais alguém conhece mais alguma? Outra maldição ilegal? 

 

           A mão de Hermione voltou a se erguer e, para surpresa de Harry, a de Neville também. A única aula em que Neville normalmente voluntariava informações era a de Herbologia, que era, sem favor algum, a matéria que ele sabia melhor. O garoto pareceu surpreso com a própria ousadia. 

 

        - Qual? - Perguntou Moody, seu olho mágico dando um giro completo para se fixar em Neville. 

 

           - Tem uma, a Maldição Cruciatus. - Disse Neville, numa voz fraca, mas clara. Moody olhou Neville com muita atenção, desta vez com os dois olhos. 

 

             Harry se voltou para suas mãos.  A imagem de Sophie sofrendo dessa maldição nas mãos de Voldemort voltaram em sua mente. Se existe uma imagem que Harry detestaste e se sentia ferido ao lembrar, então era essa. Apesar dos recentes acontecimentos, Sophie não havia mais lembrado sobre a maldição, mas Harry sabia que sempre seria sua parte fraca.

 

            - O seu nome é Longbottom? - Perguntou ele, o olho mágico girando para verificar a folha de chamada. Neville confirmou, nervoso, com a cabeça, mas o professor não fez outras perguntas. Tornando a voltar sua atenção à classe, ele meteu a mão no frasco mais uma vez, apanhou outra aranha e colocou-a no tampo da escrivaninha, onde o inseto permaneceu imóvel, aparentemente demasiado assustado para se mexer. 

 

            - A Maldição Cruciatus. - Começou Moody. - Preciso de uma maior para lhes dar uma ideia. - Disse ele, apontando a varinha para a aranha. - Engorgio! 

 

         A aranha inchou. Estava agora maior do que uma tarântula. Abandonando todo o fingimento, Rony empurrou a cadeira para trás, o mais longe que pôde da escrivaninha de Moody. O professor tornou a erguer a varinha, apontou-a para a aranha e murmurou: 

 

       - Crucio! Na mesma hora, as pernas da aranha se dobraram sob o corpo, ela virou de barriga para cima e começou a se contorcer horrivelmente, balançando de um lado para outro. Não emitia som algum, mas Harry teve certeza de que, se tivesse voz, estaria berrando. Moody não afastou a varinha e a aranha começou a estremecer e a se debater violentamente... 

 

            As imagens de Sophie caída no chão voltaram em sua mente e ele sentiu o ar de seus pulmões serem tirado de si. De repente, ele podia sentir o que Sophie havia sentido nas mãos de Voldemort. Apertou as mãos juntas com força. Ele não conseguia tirar os olhos da aranha, mesmo ele querendo, estava sendo forte e ele a dor parecia subir e...

 

          - Pare! - Gritou Hermione com a voz aguda. Harry tirou os olhos da aranha, respirando rápido e ainda apertando suas mãos juntas, olhou para a amiga. Ela estava com os olhos postos não na aranha, mas em Neville, e Harry, ao seguir a direção do seu olhar, viu que as mãos do garoto se agarravam à carteira diante dele, os nós dos dedos brancos, seus olhos arregalados e horrorizados. Harry se perguntou se era desse jeito que estava enquanto observava a aranha. Moody ergueu a varinha. As pernas da aranha se descontraíram, mas ela continuou a se contorcer. 

 

          - Reducio. - Murmurou Moody, e a aranha encolheu e voltou ao tamanho normal. Ele a repôs no frasco. - Dor. - Explicou Moody em voz baixa e então olhou para o fundo da sala e deu um aceno com a cabeça. 

 

              Harry e alguns outros alunos olharam para trás curiosos e ele viu Sophie parada no final da sala. Em pé e séria, observando a aranha que havia sido usada para demonstrar a maldição. Harry se sentiu mal com a ideia dela ter visto a cena e relembrado aquela noite.

 

          - Não se precisa de anjinhos nem de facas para torturar alguém quando se é capaz de lançar a Maldição Cruciatus... ela também já foi muito popular. “Certo... mais alguém conhece alguma outra?” 

 

          Harry olhou para os lados. Pela expressão no rosto dos colegas, ele achou que estavam todos pensando no que aconteceria com a última aranha. A mão de Hermione tremia levemente quando, pela terceira vez, ela a ergueu no ar. 

 

           - Sim!- Disse Moody olhando-a. 

 

            - Avada Kedavra.— Sussurrou a garota. Vários colegas a olharam constrangidos, inclusive Rony. 

 

            - Ah. - Exclamou Moody, outro sorrisinho torcendo sua boca enviesada. - Ah, a última e a pior. Avada Kedavra... a maldição da morte. 

 

           Ele enfiou a mão no frasco e, quase como se soubesse o que a esperava, a terceira aranha correu freneticamente pelo fundo do objeto, tentando fugir aos dedos de Moody, mas ele a apanhou e a colocou sobre a escrivaninha. O inseto começou a correr, desvairado, pela superfície de madeira. Moody ergueu a varinha e Harry sentiu um repentino pressentimento. 

 

           - Avada Kedavra! - Berrou Moody. Houve um relâmpago de ofuscante luz verde e um rumorejo, como se algo vasto e invisível voasse pelo ar – instantaneamente a aranha virou de dorso, sem uma única marca, mas inconfundivelmente morta. Várias alunas abafaram gritinhos; Rony se atirara para trás, quase caindo da cadeira, quando a aranha escorregou em sua direção. Moody empurrou a aranha morta para fora da mesa. 

 

               Sophie não olhava para a aranha, sua atenção estava agora em seu irmão. 

 

          - Nada bonito. - Disse calmamente. - Nada agradável. E não existe contra-maldição. Não há como bloqueá-la. Somente uma pessoa no mundo já sobreviveu a ela e está sentada bem aqui na minha frente.

 

                 Harry levantou o rosto para Moody. Sentia-se corar mas manteve-se firme ao olhar do professor. 

 

                Então fora assim que seus pais tinham morrido... exatamente como aquela aranha. Será que tinham morrido sem desfiguração nem marcas, também? Será que tinham simplesmente visto um relâmpago verde e ouvido o rumorejo da morte que se aproximou célere, antes que a vida fosse varrida de seus corpos? 

          Harry imaginara a morte dos pais muitas vezes nesses três anos, desde que descobrira que tinham sido assassinados, desde que descobrira o que acontecera naquela noite: como Rabicho informara o esconderijo de seus pais a Voldemort, que viera procurá-los em casa. Como o bruxo matara primeiro o pai de Harry. Como James Potter tentara atrasá-lo, enquanto gritava para a mulher apanhar Harry e correr... e Voldemort avançara para Lily Potter, dissera-lhe para se afastar para ele poder matar Harry... como sua mãe suplicara para que a matasse no lugar do filho, recusara-se a deixar de proteger o filho com o corpo... e então Voldemort a assassinara também, antes de virar a varinha contra Harry...

              Harry conhecia esses detalhes porque ouvira a voz dos pais quando enfrentara os dementadores no ano anterior – pois esse era o terrível poder dessas criaturas: forçar suas vítimas a reviverem as piores lembranças de suas vidas e se afogarem, impotentes, no próprio desespero...

                Harry teve a impressão de que Moody recomeçara a falar de muito longe. Com um enorme esforço, ele se obrigou a voltar ao presente e fixar a atenção no que o professor dizia. Virou o rosto para trás, procurando pela a irmã mas a mesma não estava mais na sala. Suspirou e voltou-se ao professor.

 

              - Avada Kedavra é uma maldição que exige magia poderosa para lançá-la, vocês podem apanhar as varinhas agora, apontá-las para mim, dizer as palavras e duvido que consigam sequer que o meu nariz sangre. Mas isto não importa. Não estou aqui para ensiná-los a lançá-la. 

           “Ora, se não há uma contra-maldição, por que estou lhes mostrando essa maldição? Porque vocês precisam conhecê-la. Vocês têm que reconhecer o pior. Vocês não querem se colocar em uma situação em que precisem enfrentá-la. VIGILÂNCIA PERMANENTE!”, berrou ele e a turma inteira tornou a se sobressaltar. “Agora... essas três maldições, Avada Kedavra, Imperius e Cruciatus, são conhecidas como as Maldições Imperdoáveis. O uso de qualquer uma delas em um semelhante humano é suficiente para ganharem uma pena de prisão perpétua em Azkaban. É isso que vão ter que enfrentar. É isso que preciso lhes ensinar a combater. Vocês precisam estar preparados. Vocês precisam de armas. Mas, acima de tudo, precisam praticar uma vigilância constante, permanente. Apanhem suas penas... copiem o que vou ditar...” 

 

           Os alunos passaram o resto da aula tomando notas sobre cada uma das Maldições Imperdoáveis. Ninguém falou até a sineta tocar – mas quando Moody os dispensou e eles saíram da sala, explodiram em um falatório irrefreável. A maioria dos alunos discutia as maldições em tom de assombro: “Você viu ela se contorcendo?”, “... e quando ele matou a aranha – assim!”

             Comentavam a aula, pensou Harry, como se ela tivesse sido um espetáculo fantástico, mas ele não a achara nada divertida.

 

 

             - Sophie, se você não prestar atenção em mim agora, eu vou te bater. - Harriet ameaçou arrancando uma risada de Charles.

 

               Sophie, que estava perdida em pensamentos e virou surpresa para amiga. Olhou em volta e viu que estava na sala comunal da Grifinória, sentada com os amigos na mesa em que sempre escolhiam para estudar.  Olhou para os amigos e viu que todos estavam olhando para ela divertidos.

 

                 - Como eu cheguei aqui? - Ela perguntou confusa.

 

                - Andando. - Erik respondeu sorrindo.

 

                  - Sim, isso é óbvio seu pateta. Mas eu não lembro de ter vindo pra cá... eu tava na sala de defesa contra as artes das trevas e então eu saí e... vim parar aqui sem perceber. - Sophie disse franzindo a testa. - É a primeira vez que isso acontece comigo. 

 

                  - Muito bem, chega de Sherlock Holmes para você, mocinha. - Charles disse sorrindo para amiga.

 

                 - Você está bem? - Fred perguntou meio preocupado.

 

                - Estou. Só estava perdida em pensamentos mesmo. - Ela respondeu sorrindo. - Volte as suas ideias de conquistar o mundo.

 

                 - Conquistar a glória eterna, querida. A glória eterna. - Fred a corrigiu piscando e então voltando-se para seu irmão para continuarem a estudar sobre a poção de envelhecimento. 

 

                  - E as Gemialidades Weasley? Não estão mais focando sobre isso? - Harriet perguntou.

 

                  - Estamos sim. Só iramos fazer essa poção e pronto, daremos atenção ao nosso futuro definitivo. - Jorge respondeu sorrindo.

 

                  - O que Moody estava ensinando para a turma do seu irmão? - Erik perguntou enquanto ajudava Harriet com a lição de casa que Snape havia passado.

 

             - Maldições Imperdoáveis. - Sophie respondeu lembrando-se da aranha sofrendo e a outra morrendo. - Ele mostrou os efeitos de cada uma em aranhas.

 

               - Bem, então é provável que ele faça isso na próxima aula. - Harriet disse. - Os alunos ficaram pulando quando ele gritava de repente "vigilância constante"?

 

                - Não cheguei a ver, pergunte ao Harry depois. Eu só cheguei a assistir ele lançar duas maldições. - Sophie respondeu pegando a varinha e fazendo pequenas borboletas azuis surgirem em volta dela.

 

                  - E quais foram? - Charles perguntou curioso.

 

                 - Crucius e Avada Kedavra.— Ela respondeu.

 

               Charles concordou e voltou-se a lição de casa de Runas Antigas. Já Erik havia parado de observar o que Harriet estava fazendo para a lição de casa e olhou para Sophie. 

 

                  - Está bem mesmo? - Erik perguntou para a amiga preocupado. 

 

                  Sophie sorriu para Erik.

 

                   - Sempre. 

 

                   Charles sorriu para ela e lhe deu um beijo na bochecha.

 

                   - Essa é a minha garota. - Murmurou ele com carinho antes de voltar para a lição.

 

              

 

                 "Vocês têm que saber. Parece cruel, talvez, mas vocês têm que saber. Não adianta fingir..."

 

                A frase que Moody havia lhe dito continuava se repetindo na cabeça de Harry naquela noite em que ele e Rony estavam na sala comunal fazendo as lições de casa de Adivinhação. Quando ele terminou, ele deu uma olhada pela sala, Sophie e o restante do grupo já haviam ido se deitar, tinham poucos alunos ali fazendo lições também e Mione estava na biblioteca novamente. 

 

               Bichento havia acabado de pular em seu colo quando Hermione entrou na sala comunal, trazendo um rolo de pergaminho em uma das mãos e uma caixa, cujo conteúdo fazia barulho, na outra. Se sentou ao lado de Harry e Rony, parecendo cansada, porém feliz.

 

              - Alô - Disse ela. -, acabei! 

 

             - Eu também! - Disse Rony em tom triunfante, largando a pena.

 

             Hermione deixou os materiais que segurava de lado e puxou as predições de Rony para ler.

 

           - Não vai ter um mês nada bom, hein? - Disse ela ironicamente, quando Bichento veio se enroscar em seu colo. 

 

         - Bom, pelo menos estou prevenido. - Bocejou Rony. 

 

         - Você parece que vai se afogar duas vezes. - Disse a garota. 

 

          - Ah, vou, é? - Disse Rony baixando os olhos para suas predições. - É melhor eu trocar uma delas por um acidente com um hipogrifo desembestado. 

 

      - Você não acha que está um pouco óbvio que você inventou isso tudo? - Perguntou Hermione. 

 

            - Como é que você se atreve! - Exclamou Rony, fingindo-se ofendido. - Estivemos trabalhando como elfos domésticos aqui! 

 

           Hermione ergueu as sobrancelhas.

 

            - É só uma expressão. - Acrescentou ele depressa

             

          - Que é que tem nessa caixa? - Harry perguntou, apontando-a. Era melhor impedir que uma briga acontecesse. 

 

         - Engraçado você perguntar. - Respondeu a garota com um olhar feio para Rony. Tirou então a tampa e mostrou o conteúdo aos garotos. Dentro havia uns cinquenta distintivos, de cores diferentes, mas todos com os mesmos dizeres: F.A.L.E. 

 

          - Fale? - Estranhou Harry, apanhando um distintivo e examinando-o. - Que significa isso? 

 

        - Não é fale. - Protestou Hermione impaciente. - É F-A-L-E. Quer dizer, Fundo de Apoio à Liberação dos Elfos. 

 

          - Nunca ouvi falar nisso. - Disse Rony. 

 

         - Ora, é claro que não ouviu. - Disse Hermione energicamente. - Acabei de fundar o movimento. 

 

          - Ah, é? - Disse Rony com um ar levemente surpreso. - E quantos membros já tem? 

 

           - Bom, se vocês dois se alistarem... três. 

 

           - E você acha que queremos andar por aí usando distintivos que dizem “fale”, é? - Falou Rony. 

 

        - F-A-L-E! - Corrigiu-o Hermione irritada. - Eu ia pôr “Fim ao Abuso Ultrajante dos Nossos Irmãos Mágicos” e “Campanha para Mudar sua Condição”, mas não dava certo. Então F.A.L.E. é o título do nosso manifesto. 

 

           Ela brandiu um rolo de pergaminho para os garotos. 

 

          - Andei pesquisando minuciosamente na biblioteca. A escravatura dos elfos já existe há séculos. Custo a acreditar que ninguém tenha feito nada contra ela até agora. 

 

         - Hermione, abra bem os ouvidos. - Disse Rony em voz alta. - Eles. Gostam. Disso. Gostam de ser escravizados! 

 

         - A curto prazo os nossos objetivos - Disse Hermione, falando ainda mais alto do que o amigo e agindo como se não tivesse ouvido uma única palavra. - são obter para os elfos um salário mínimo justo e condições de trabalho decentes. A longo prazo, os nossos objetivos incluem mudar a lei que proíbe o uso da varinha e tentar admitir um elfo no Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas, porque eles são vergonhosamente sub representados. 

 

       - E como é que vamos fazer tudo isso? - Perguntou Harry. 

 

         - Vamos começar recrutando novos membros. - Disse Hermione feliz. - Achei que dois sicles para entrar, o que paga o distintivo, e o produto da venda pode financiar a distribuição de folhetos. Você é o tesoureiro, Rony, tenho lá em cima uma latinha para você fazer a coleta, e você, Harry, o secretário, por isso você talvez queira anotar tudo que estou dizendo agora, para registrar a nossa primeira reunião.

 

              Harry suspirou. Por que ele não estava surpreso que todo esse tempo na biblioteca tinha haver com os elfos? 


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso ♥ Espero que tenham gostado ♥
Deixem nos comentários o que acharam ♥
Obrigada a todos os favoritos e por esperarem a atualização ♥
Bjs e até o próximo ♥



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