To Die With The Sun escrita por MutantProud


Capítulo 71
Capítulo 71 - O Torneio Tribruxo


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de avisar que em "Calice de Fogo" vai ter uma pegada mais songfic. Não em todos os capítulos mas em alguns que tenham momentos significativos. Não terá songfic nos outros livros, apenas nesse.



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         Quando o trem havia parado, indicando que haviam chegado em Hogwarts, o grupo já estavam com as vestes da escola e Charles e Erik já estavam reunidos com Sophie, Fred, Harriet e Jorge. 

         Eles saíram do trem, ainda estava chovendo forte. Todos colocaram os capuzes das vestes e abaixaram as cabeças para não se molharem mais nos rostos. A chuva caía em tal volume e rapidez que até parecia que alguém estava esvaziando baldes e mais baldes de água gelada na cabeça dos garotos. Passaram correndo para à saída da estação, lá já haviam umas cem carruagens os esperando para levarem ao castelo e agradecidos, o grupo subiu na primeira que haviam visto.

 

          - Isso que é chuva. - Jorge disse tirando o capuz e olhando para os amigos. - Imaginem como estão aqueles pobres coitados do primeiro ano lá no lago.

 

           - Dá até dó de pensar. - Charles disse observando pela janela as passagens que a carruagem percorria para chegar em Hogwarts. - Não dá para ver nada lá fora. 

 

           - Com uma chuva dessas, não dá para ver mesmo. - Disse Sophie. - Espero que o Aslan esteja no castelo.

 

           - Ele não tem medo de chuva? - Harriet perguntou para a amiga.

 

           - Aquele leão? Pff - Fred disse abanando as mãos. - Se esqueceu de como ele entra no lago para ficar brincando com a Lula Gigante? Uma chuva dessas, é diversão para ele. 

           - Verdade. - Sophie concordou rindo. - Vocês também estão com fome?

 

           - Faminto. - Erik disse arrumando o cabelo caído no rosto de Charles que sorriu para ele. - Eu estava pensando, é bom a Mione nunca souber que são os elfos que fazem nossa comida em Hogwarts. 

 

            - Merlim, se ela souber ela vai parar de comer. Ela está levando a sério a história de que os elfos estão fazendo trabalho escravo. - Disse Jorge rindo. - Quero dizer, não é trabalho escravo sendo que eles gostam de fazer isso.

 

            - Sim, mas depois do que ela viu com o Sr.Crouch e a elfa... - Fred disse acariciando a bochecha de Sophie. - Ela simplesmente não consegue parar de pensar nisso.

 

            - Bem, mais um problema que o Harry e o Rony irão aguentar esse ano. - Harriet disse sorrindo. - Aqueles três, apesar de algumas brigas, se amam muito.

 

            - Verdade. - Sophie disse sorrindo. - Eu fico muito feliz por Harry ter eles desde do primeiro ano. Eu lembro que eu fiquei bem preocupada dele não conseguir se socializar com os outros bruxos.

 

            - A gente bem se lembra. - Fred disse apontando para ele mesmo, Harriet e Jorge. Depois olhou para Erik e Charles. - Ela ficou uma semana pensando que o Harry não saberia agir aqui em Hogwarts e acabaria ficando sozinho.

 

             - Não fiquei tanto. - Sophie disse revirando os olhos e fazendo os amigos encararem ela. - O que?

 

              - Minha amiga, eu não estava no dia, mas eu bem sei como você é dramática. - Charles disse sorrindo. - E tanto eu, como Erik, sabemos que você ficou fazendo drama sobre isso.

 

            - As vezes esqueço que não éramos amigos no primeiro ano. - Sophie disse mudando de assunto, ação que todos ali perceberam. - É estranho mas eu não consigo imaginar a gente separado, ou sem um de nós. 

 

            - Eu também não. - Erik disse sorrindo. - Eu nem consigo me lembrar como foi o meu primeiro ano. Só a parte em que eu vi, Charles pela primeira vez. - Disse fazendo o namorado corar. 

 

             - Isso só mostra como somos feitos, uns para os outros. - Jorge disse fazendo os outros rirem. 

 

            - Estamos sempre tão juntos. - Harriet disse sorrindo sonhadora para cada um. - É como se fossemos irmãos... tirando Sophie e o Fred e o Erik e o Charles. Isso seria incesto. 

 

               - Eu acho que eu não disse ainda o quanto eu amo vocês. - Charles disse com carinho. - Vocês me acolheram desde do começo, mesmo eu tendo tantos problemas... sendo um deles não saber como conversar com esse alemão meloso ao meu lado. - Todos riram e Erik beijou a testa do moreno. - E desde então eu só tenho rido com vocês, vivido aventuras, até mais amigos eu tenho. Vocês são... minhas maiores esperanças. Quero que saibam disso. 

 

               Todos fizeram um sonoro "onwt" para o moreno que revirou os olhos antes de ser abraçados por todos.

 

              Quando eles voltaram para os lugares, eles ficaram em silêncio, apreciando aquele pequeno momento juntos, até Fred quebrar:

 

              - Estou feliz que estamos voltando para Hogwarts. - Fred disse sorrindo. - É sempre como voltar para casa. 

 

               - Hogwarts é casa. - Sophie disse sorrindo. - Sempre será uma casa para todos que estudam nela.

 

                  Todos concordaram. Eles voltaram a ficar em silêncio até, dessa vez, Jorge quebrar:

 

                  - "I drank champagne with kings and queens. The politicians praised my name. But those are someone else's dreams. The pitfalls of the man I became..." - O ruivo começou a cantar sem prestar atenção nos amigos, e com os olhos olhando para as mãos.

 

                 - "For years and years I chased their cheers, the crazies be always needed more. But when I stop, and see you here I remember who all this was for." - Charles continuou a música com um pequeno sorriso e olhando para todos, principalmente para Erik que lhe sorriu.

 

                 -  "And from now on, these eyes will not be blinded by the light. From now on, what's waited till tomorrow starts tonight. It starts tonight." - Fred cantou batendo as mãos junto com Jorge e Harriet.

 

                Sophie sorriu e olhou para a parte fechada do teto da carruagem. 

 

                - "And let the promise in me start, like an anthem in my heart. From now on, from now on. From now on!" - Pegou a varinha e apontou para o teto, fazendo o mesmo se abrir e com isso deixando a chuva molhá-los. 

 

              Eles subiram nos assentos e ficaram em pé na carruagem. A chuva agora começava a suavizar, e com isso, dava para ver o que estava em frente deles. Hogwarts aparecia lentamente, as luzes do castelo brilhando em meio a chuva. 

              As carruagens próximas ao grupo faziam barulho, dentro delas os alunos colocavam as cabeças para fora pela janela enquanto outros fizeram o mesmo que Sophie havia feito, e agora estavam em pés na carruagem, meio a chuva, todos eram alunos do sexto ano e sétimo ano e haviam entrando no mesmo clima que o grupo havia entrado. Batiam as mãos animados e começaram a cantar apontando para a escola com alegria.

 

            - "And we will come back home, and we will come back home. Home, again!" - Eram alunos da Corvinal, Sonserina, Lufa, e Grifinória cantando em sinfonia enquanto os alunos mais novos apenas assistiam animados e rindo. - "And we will come back home, and we will come back home. Home, again!"

 

                  As palmas se intensificavam quanto mais perto de Hogwarts eles chegavam. As vozes se tornavam mais altas, e alguns alunos estavam com o feitiço "Sonorus" em suas vozes. Fred e Jorge já pulavam na carruagem, Harriet e Charles batiam as mãos no ritmo e Erik e Sophie riam enquanto observavam Hogwarts.

 

                - "From now on!" - Todos cantaram menos Charles. 

 

                 - "These eyes will not be blinded by the light!" - Charles cantou enquanto os outros batiam as mãos.

 

                - "From now on!" - Todos cantaram menos Harriet.

 

                 - "Whats waited till tomorrow starts tonight! It starts tonight!" - Harriet cantou enquanto todos batiam os pés.

 

                 - "From now on!" - Todos cantaram menos Sophie e Erik.

 

                - "Let the promise in me start! Like an anthem in my heart!" - Eles cantaram apontando para Hogwarts; os cabelos, as roupas, tudo molhados. - "From now on! From now on!"

 

                 - "And we will come back home, and we will come back home. Home, again!"

 

 

 

              - Que barulheira é essa? - Perguntou McGonagall andando ao lado de Albus Dumbledore em direção ao Salão Principal.

 

              O barulho vinha do lado de fora, mesmo com a chuva, dava para se ouvir vozes altas e pés batendo.

 

               - O que mais seria, professora? - Dumbledore perguntou com um largo sorriso no rosto. - Nossos alunos acabam de chegar, e chegaram bem animados.

 

               - Mas... eles estão cantando? - McGonagall perguntou confusa para o diretor que conseguiu abrir um sorriso mais largo.

 

                - Como eu já ouvi uma vez, acredito que no Brasil: "Quem canta, seus males espanta", minha cara amiga. - Dumbledore disse. - Irei para a mesa, nos vemos logo com os novos alunos. 

 

            McGonagall, ainda surpresa, foi para a entrada do Castelo ver com os próprios olhos os alunos chegando. 

 

 

 

              Assim que as carruagens pararam, todos os alunos desceram alegres e pulando nas possas d'água enquanto corriam para dentro do castelo, que já estava com as portas abertas e com McGonagall os esperando com uma cara de surpresa e um sorriso fino no rosto. 

           O grupo correu para ela, Fred e Jorge deram um beijo em cada bochecha da bruxa, Erik e Charles fizeram o mesmo e assim Sophie e Harriet também fizeram. E isso fez com que McGonagall risse e entrasse para o Salão Principal com eles.

 

 

             A carruagem de Harry parou logo depois do Grupo ter entrado em Hogwarts. Ele, Mione, Rony, Neville, Gina e Luna haviam visto os alunos mais velhos pelas janelas da carruagem. Ele mesmo, Rony e Gina haviam colocado as cabeças para fora na janela para baterem palmas. 

 

              Quando eles desceram da carruagem, relâmpagos riscaram o céu. Eles correram para dentro junto com os outros alunos, Harry, Gina e Rony sem se importarem de molharem os cabelos enquanto Mione, Neville e Luna só levantaram as cabeças quando estavam seguros, no cavernoso saguão de entrada iluminado por archotes, com sua magnífica escadaria de mármore.

 

              - Cara isso foi divertido! - Rony disse alegre. - Eu não vejo a hora de, ARRE! 

 

          Um grande balão vermelho e cheio de água caíra do teto na cabeça de Rony e estourara. Encharcado e resmungando, Rony cambaleou para o lado e esbarrou em Harry na hora em que uma segunda bomba de água caiu – errando Hermione por um triz, ela estourou aos pés de Harry, espirrando água gelada por cima dos tênis e das meias do garoto. Os alunos que não haviam se molhado, em volta soltaram gritinhos e começaram a se empurrar procurando sair da linha de tiro – Harry olhou para o alto e viu, flutuando seis metros acima, Pirraça, o poltergeist, um homenzinho de chapéu em forma de sino e gravata-borboleta cor de laranja, o rosto largo e malicioso contorcendo-se de concentração para tornar a fazer mira.

 

            - PIRRAÇA! - Berrou uma voz zangada. - Pirraça, desça já aqui, AGORA!

           A ProfªMcGonagall, subdiretora da escola e diretora da Grifinória, saiu correndo do Salão Principal; a professora escorregou no chão molhado e agarrou Hermione pelo pescoço para evitar cair.

 

           - Ai... desculpe, Srta. Granger... 

 

           - Tudo bem, professora! - Ofegou Hermione, massageando a garganta. 

 

           - Pirraça, desça aqui AGORA! - Bradou ela, ajeitando o chapéu cônico e olhando feio pelos óculos de aros quadrados.

 

            - Não tô fazendo nada! - Gargalhou Pirraça, disparando uma bomba de água contra várias garotas do quinto ano, que gritaram e mergulharam no Salão Principal. - Já molharam as calças, foi? Que inconvenientes! Ihhhhhhhhhh! - E mirou mais uma bomba em um grupo de alunos do segundo ano que tinha acabado de chegar. 

 

       - Vou chamar o diretor! - Ameaçou a Profª Minerva. - Estou lhe avisando, Pirraça... 

 

         Pirraça estirou a língua, jogou a última de suas bombas de água para o alto e disparou pela escada de mármore acima, gargalhando feito um louco. 

 

         - Bom, vamos andando, então! - Disse a professora em tom eficiente para os alunos molhados. - Para o Salão Principal, vamos!

 

 

      O Salão Principal tinha o aspecto esplêndido de sempre, decorado para a festa de abertura do ano letivo. Pratos e taças de ouro refulgiam à luz de centenas e centenas de velas que flutuavam no ar sobre as mesas. As quatro mesas longas das Casas estavam cheias de alunos que falavam sem parar; no fundo do salão, os professores e outros funcionários sentavam-se a uma quinta mesa, de frente para os estudantes. Estava muito mais quente ali.

 

          Quando o grupo entrou, eles já viram Aslan parado em frente a mesa dos Professores com Dumbledore fazendo carinho em sua juba. Assim que o leão avistou Sophie, ele correu até a ruiva que já lhe sorria com os braços abertos.

 

          Aslan pulou em Sophie, que só não caiu porque Fred, Erik e Jorge seguraram ela nas costas para ela segurar o leão.

 

              - Oi meu amigo! - Sophie disse sorrindo e beijando a juba de Aslan. - Como passou essas férias longe de mim? Hum? Sentiu saudades? Brincou bastante com a Lula Gigante? Aposto que você brincou no Lago...

 

                - Sabe que ele não vai responder, não é? - Erik disse dando um beijo em Charles antes de ir para a mesa da Sonserina. - Vou para a mesa de vocês quando a seleção acabar.

 

               - Tá bom! - Jorge respondeu.

 

               - Vamos para nossa também. - Harriet disse puxando Charles. - A gente se fala depois!

 

             Fred, Jorge e Sophie junto com um afoito Aslan foram para a mesa da Grifinória. Sophie de um aceno com a cabeça para Dumbledore que lhe retribuiu.

 

 

              Harry, Rony e Hermione passaram pela mesa dos alunos da Sonserina, Corvinal e Lufa-Lufa, e se sentaram ao lado de Sophie, Fred e Jorge, no extremo do salão, acomNick Quase Sem Cabeça, o fantasma de sua Casa. Branco-pérola e semitransparente, Nick estava vestido esta noite com o gibão de sempre e uma gola de rufos particularmente grande, que servia o duplo propósito de parecer bem festiva e garantir que sua cabeça não balançasse demais no pescoço parcialmente decepado. 

 

          - Boa-noite. - Disse ele aos garotos.

 

             Harry deu rápido carinho na juba de Aslan que estava sentado ao lado dele, antes de dar atenção para as botas molhadas.

 

             - Boa noite, Nick. - Sophie respondeu sorrindo.

 

             - Vocês estão todos molhados. Está chovendo muito lá fora? - Nick perguntou.

 

              - Demais. Desde de Londres que está chovendo. - Hermione respondeu.

 

             - Espero que andem depressa com a seleção. Estou faminto. - Disse Harry descalçando os tênis e despejando a água que se acumulara dentro.

 

        A seleção dos novos alunos por Casas era realizada no início de cada ano letivo, mas por uma infeliz combinação de circunstâncias, Harry não estivera presente a nenhuma desde a dele mesmo. Estava ansioso para assisti-la.

 

         Nesse instante, uma voz excitada e ofegante chamou-o mais adiante à mesa: 

 

         - Oi, Harry!

 

          Era Colin Creevey, um aluno do terceiro ano para quem Harry era uma espécie de herói. 

 

            - Oi, Colin. - Cumprimentou Harry cauteloso. 

 

          - Harry, adivinha só! Adivinha só, Harry! Meu irmão está começando! Meu irmão Dênis! 

 

        - Hum... que bom! - Disse Harry. 

 

          - Ele está realmente excitado! - Continuou Colin, praticamente dando pulos na cadeira. 

 

         - Espero que ele fique na Grifinória! Cruza os dedos, hein, Harry?

 

           - Hum... claro. - Disse Harry. E tornou a se virar para Hermione, Rony, Sophie, Jorge, Fred e Nick. - Irmãos e irmãs geralmente vão para a mesma Casa, não é? Estava pensando nos Weasley, todos os sete alunos da Grifinória.

 

            - Ah, não, não obrigatoriamente. - Disse Hermione. - A gêmea de Parvati Patil está em Corvinal e elas são idênticas, a gente podia até pensar que fossem ficar juntas, não é mesmo?

 

           Harry olhou para a mesa dos professores. Parecia haver mais lugares vazios do que habitualmente. Hagrid, é claro, ainda estava lutando para atravessar o lago com os alunos do primeiro ano; a Prof a McGonagall provavelmente estava supervisionando a secagem do piso do saguão de entrada, mas havia ainda outra cadeira desocupada e ele não conseguia atinar quem mais estava faltando. 

 

          - Onde é que está o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas? - Perguntou Jorge, que também estava olhando para os professores.

 

          Os garotos ainda não tinham tido nenhum professor de Defesa Contra as Artes das Trevas que durasse mais de três trimestres. O favorito de Harry fora, de longe, seu padrinho Remus, que havia se demitido no ano anterior. Seu olhar percorreu a mesa dos professores. Decididamente não havia nenhuma cara nova.

 

           - Quem sabe não conseguiram ninguém! - Sugeriu Hermione, parecendo ansiosa.

 

           Harry examinou os ocupantes da mesa com mais atenção. O minúsculo Prof. Flitwick, professor de Feitiços, estava sentado em uma alta pilha de almofadas ao lado da Profª Sprout, a mestra de Herbologia, usando um chapéu enviesado sobre os cabelos grisalhos e esvoaçantes. Conversava com a Profª Sinistra, do Departamento de Astronomia. Do outro lado de Sinistra estava o mestre de Poções, de rosto macilento, nariz de gancho e cabelos oleosos, Snape – a pessoa de quem Harry menos gostava em Hogwarts. A repulsa de Harry por Snape só igualava o ódio que o professor sentia por ele, um ódio que tinha, se é que isso era possível, se intensificado no ano anterior, quando o garoto - junto com a irmã, Remus e Erik - ajudara Sirius a ser inocentado dos crimes feitos por Peter Pettigrew.

 

             Do outro lado de Snape, havia um lugar vago, que Harry achou que devia ser o da Profª McGonagall. Ao lado, e bem no centro da mesa, sentava-se o Prof. Dumbledore, o diretor, seus cabelos e barbas prateados e ondulantes brilhando à luz das velas, suas magníficas vestes verde-escuras bordadas com luas e estrelas. Dumbledore tinha as pontas dos dedos longos e finos e ele apoiava nelas o queixo, contemplando o teto através de oclinhos de meia-lua, como se estivesse perdido em pensamentos. Harry olhou para o teto também. Era encantado para parecer o céu lá fora e nunca tivera um aspecto tão tempestuoso. Nuvens roxas e negras giravam por ele e quando se ouvia uma nova trovoada do lado de fora, corria um relâmpago pelo teto.

 

              - O que você acha que ele está pensando? - Harry perguntou para Sophie que olhou para Dumbledore também.

 

           - Difícil dizer. Eu nunca consigo adivinhar o que ele pensa. - Sophie respondeu sorrindo. 

 

           - Ah, anda logo. - Gemeu Rony, ao lado de Harry. - Eu seria capaz de devorar um hipogrifo.

 

           As palavras mal tinham saído de sua boca e as portas do Salão Principal se abriram e fezse silêncio. A Profª Minerva encabeçava uma longa fila de alunos do primeiro ano até o centro do salão. Se o trio e o grupo estavam molhados, seu estado nem se comparava ao desses garotos. Eles pareciam ter feito a travessia do lago a nado em lugar de fazê-la de barco. Todos estavam tomados por tremores, em que se misturavam o frio e o nervosismo, ao passarem pela mesa dos professores e pararem em fila diante do resto da escola – todos exceto o menorzinho, um menino com cabelos castanho-baços, que vinha embrulhado em um agasalho que Harry reconheceu ser o casaco de pele de toupeira de Hagrid. O casaco era tão grande que o garoto parecia coberto por um toldo escuro e peludo. Seu rosto miúdo aparecia por cima da gola, quase dolorosamente excitado. Quando ele se alinhou com os colegas aterrorizados, viu que Colin Creevey o olhava, ergueu os polegares e falou: 

 

            - Caí no lago! - Parecia decididamente encantado com o ocorrido.

 

              Harry e Sophie se olharam e disseram juntos:

 

               - Dênis. 

 

          A Profª Minerva agora colocava um banquinho de três pernas diante dos novos alunos e, em cima, um chapéu de bruxo, extremamente velho, sujo e remendado. Os garotos arregalaram os olhos. E todo o resto da escola também. Por um instante, fez-se silêncio. Em seguida um rasgo junto à aba se escancarou como uma boca, e o chapéu começou a cantar e Fred e Jorge mais uma vez bateram as mãos de acordo com a música.

 

 Há mil anos ou pouco mais, 

  Eu era recém-feito, 

Viviam quatro bruxos de fama, 

Cujos nomes todos ainda conhecem: 

O valente Gryffindor das charnecas, 

O bonito Ravenclaw das ravinas, 

O meigo Hufflepuf das planícies, 

O astuto Slytherin dos brejais. 

Compartiam um desejo, um sonho, 

Uma esperança, um plano ousado 

De, juntos, educar jovens bruxos, 

Assim começou a Escola de Hogwarts. 

Cada um desses quatro fundadores 

Formou sua própria casa, pois cada 

Valorizava virtude vária 

Nos jovens que pretendiam formar. 

Para Gryffindor os valentes eram 

Prezados acima de todo o resto; 

Para Ravenclaw os mais inteligentes 

Seriam sempre os superiores; 

Para Hufflepuf , os aplicados eram 

Os merecedores de admissão; 

E Slytherin, mais sedento de poder, 

Amava aqueles de grande ambição. 

Enquanto vivos eles separaram 

Do conjunto os seus favoritos 

Mas como selecionar os melhores, 

Quando um dia tivessem partido? 

Foi Gryffindor que encontrou a solução 

Tirando-me da própria cabeça 

Depois me dotaram de cérebro 

Para que por eles eu pudesse escolher! 

Coloque-me entre suas orelhas, 

Até hoje ainda não me enganei. 

Darei uma olhada em sua cabeça 

E direi qual a casa do seu coração!

 

 

 

            Os aplausos ecoaram pelo Salão Principal quando o Chapéu Seletor terminou, Fred e Jorge sendo os mais altos deles.

 

           - Não foi essa a música que ele cantou quando fomos selecionados. - Disse Harry, fazendo coro aos aplausos gerais. 

 

            - Cada ano ele canta uma diferente. - Disse Rony. - Deve ser uma vida bem chata, não é, a de um chapéu? Vai ver ele passa o ano compondo a nova canção.

 

               A Prof a Minerva agora desenrolava um grande pergaminho. 

 

          - Quando eu chamar seu nome, ponha o chapéu e se sente no banquinho. - Explicou ela aos alunos do primeiro ano. - Quando o chapéu anunciar sua casa, vá se sentar à mesa correspondente. 

 

         - Ackerley, Stuart!

 

           Um menino se adiantou, tremendo visivelmente da cabeça aos pés, apanhou o chapéu, colocou-o e se sentou no banquinho. 

 

          - Corvinal! - Anunciou o chapéu.

 

           Stuart Ackerley tirou o chapéu e correu para uma cadeira à mesa de Corvinal, na qual todos o aplaudiam. 

 

        Harry viu, de relance, Cho, a apanhadora do time da Corvinal, aplaudindo Stuart Ackerley quando o garoto se sentou. Por um segundo fugaz, Harry teve um estranho desejo de se reunir à mesa da Corvinal também. 

 

            - Baddock, Malcolm!

 

            Sonserina! 

 

         A mesa do outro lado do salão prorrompeu em vivas. Harry viu Malfoy aplaudindo quando Baddock se juntou aos alunos de Sonserina.

 

           - Branstone, Eleanora!

 

           - Lufa-Lufa! 

 

           - Cauldwell, Owen! 

 

            - Lufa-Lufa!

 

             - Creevey, Dênis!

 

          O miudinho Dênis Creevey adiantou-se com passos incertos, tropeçando no casaco de Hagrid, que nesta hora entrou discretamente no salão por uma porta atrás da mesa dos professores. Umas duas vezes mais alto do que um homem normal e pelo menos três vezes mais largo, Hagrid, com seus cabelos e barbas negros, longos, desgrenhados e embaraçados, parecia um tanto assustador – uma impressão enganosa, porque o trio e o grupo sabiam que o amigo possuía uma natureza muito bondosa. Ele deu uma piscadela para Harry e Sophie ao se sentar à ponta da mesa dos professores e viu Dênis Creevey experimentar o Chapéu Seletor. O rasgo junto à aba se escancarou...

 

           - Grifinória! - Gritou o chapéu.

 

           Hagrid aplaudiu com os demais alunos da Casa, quando Dênis Creevey, abrindo um sorriso de lado a lado do rosto, tirou o chapéu, recolocou-o no banquinho e correu para se juntar ao irmão.

 

         - Colin, eu caí na água! - Disse ele com a voz aguda, atirando-se no assento de uma cadeira vazia. - Foi genial! E uma coisa na água me agarrou e me empurrou de volta pro barco! 

 

           - Legal! - Disse Colin, no mesmo tom excitado. - Provavelmente foi a lula gigante, Dênis! 

 

        - Uau! - Exclamou Dênis, como se ninguém, nem no sonho mais delirante, pudesse esperar coisa melhor do que ser atirado em um lago revolto e profundo e ser empurrado de volta por um gigantesco monstro marinho. 

 

         - Dênis! Dênis! Está vendo aquele garoto lá? Aquele de cabelos pretos e óculos? Está vendo ele? Sabe quem é, Dênis? 

 

         Harry olhou para o outro lado, fixando toda a atenção no Chapéu Seletor, que agora selecionava Ema Dobbs. Sophie riu e bagunçou os cabelos do irmão que resmungou.

 

         A seleção prosseguiu; garotos e garotas expressando no rosto variados graus de medo se adiantavam, um a um, até o banquinho de três pernas, e a fila foi diminuindo à medida que a Prof a Minerva ultrapassava a letra “L”. 

 

         - Ah, anda logo. - Gemeu Rony, massageando o estômago. 

 

         - Ora, Rony, a seleção é muito mais importante do que a comida. - Disse Nick Quase Sem Cabeça, na hora em que “Madley, Laura!” tornava-se aluna da Lufa-Lufa. 

 

          - Claro que é, se a pessoa já está morta. - Retrucou Rony, fazendo Jorge e Fred rirem.

 

        - Espero que os selecionados para a Grifinória este ano estejam à altura do time. - Disse o fantasma, aplaudindo, quando “McDonald, Natália!” reuniu-se à mesa deles. - Não queremos interromper a nossa maré de vitórias, não é mesmo?

 

          Grifinória tinha ganhado o Campeonato Intercasas nos três últimos anos. 

 

         - Pritchard, Grão! 

 

         - Sonserina! 

 

          - Quirke, Orla! 

 

         - Corvinal! 

 

          E, finalmente, com “Whitby, Kevin!” (Lufa-Lufa!) encerrou-se a seleção. A Prof a Minerva apanhou o chapéu e o banquinho e levou-os embora.

 

           - Já não era sem tempo. - Exclamou Rony, apanhando os talheres e olhando esperançoso para seu prato de ouro. 

 

        O Prof. Dumbledore se levantara. Sorria para os estudantes, os braços abertos num gesto de boas-vindas.

 

             - Só tenho duas palavras para lhes dizer. - Começou ele, sua voz grave ecoando pelo salão. - Bom apetite!

 

             - Apoiado! Apoiado! - Disseram Harry, Rony, Fred, Jorge, Charles e Harriet da mesa da Corvinal em voz alta, enquanto as travessas vazias se enchiam magicamente diante dos seus olhos.

 

               Nick Quase Sem Cabeça ficou observando tristemente eles  encherem os pratos. Erik, Charles e Harriet se juntaram com os amigos. 

 

         - Aaah, agora sim! - Disse Rony, com a boca cheia de purê de batatas. 

 

        - Vocês têm sorte de que haja uma festa esta noite, sabem. - Disse Nick Quase Sem Cabeça. - Hoje cedo tivemos problemas na cozinha. 

 

          - Por quê? O que aconteceu? - Perguntou Harry com a boca cheia de carne. 

 

          - Pirraça, é claro. - Disse Nick sacudindo a cabeça, que se desequilibrou perigosamente. O fantasma puxou mais para cima um rufo da gola. - A história de sempre, sabem. Ele queria vir à festa, bom, isto está fora de questão, vocês sabem como ele é, absolutamente selvagem, não pode ver um prato de comida sem querer atirá-lo longe. Reunimos um conselho de fantasmas, Frei Gorducho foi a favor de dar uma chance a Pirraça, mas muito prudentemente, na minha opinião, o Barão Sangrento fez pé firme. 

 

       O Barão Sangrento era o fantasma da Sonserina, um espectro extremamente magro e silencioso, coberto de manchas de sangue prateado. Era a única pessoa de Hogwarts que conseguia realmente controlar Pirraça. 

 

          - É, achamos que Pirraça estava invocado com alguma coisa. -Disse Rony sombriamente. - Então, que foi que ele aprontou na cozinha? 

 

              - Ah, o de sempre - Respondeu Nick Quase Sem Cabeça, sacudindo os ombros -, causou prejuízos e confusão. Tachos e panelas por toda parte. Sopa para todo lado. Deixou os elfos domésticos loucos de terror... 

 

         Blém. Hermione derrubara sua taça de vinho. O suco de abóbora escorreu pela mesa, manchando de laranja mais de um metro de linho branco, mas nem se importou. 

 

         - Tem elfos domésticos aqui? - Perguntou, encarando Nick Quase Sem Cabeça com uma expressão de horror. - Aqui em Hogwarts?

 

            O grupo se olharam e ficaram em silêncio comendo a comida. Eles já estavam imaginando em que rumo aquela conversa iria pegar agora.

 

         - Claro que sim. - Disse o fantasma, parecendo surpreso com a reação da garota. - O maior número que existe em uma habitação na Grã-Bretanha, acho. Mais de cem. 

 

         - Eu nunca vi nenhum! - Exclamou Hermione. 

 

          - Bom, eles raramente deixam a cozinha durante o dia, não é? Saem à noite para fazer limpeza... abastecer as lareiras e coisas assim... quero dizer, não é esperado que fiquem à vista. Essa é a marca de um bom elfo doméstico, não é, que não se saiba que ele existe.

 

              - Mas eles recebem salário? - Perguntou ela. - Têm férias, não têm? Licença médica, aposentadoria e todo o resto? 

 

        Nick Quase Sem Cabeça deu gargalhadas tão gostosas que sua gola de rufos escorregou, e a cabeça despencou para o lado e ficou balançando nos poucos centímetros de pele e músculo fantasmais que ainda a ligavam ao pescoço. 

 

             - NICK! - Exclamou Sophie quase vomitando.

 

           - Licença para tratamento médico e aposentadoria? - Repetiu ele, puxando a cabeça de volta aos ombros e prendendo-a mais uma vez com a gola. - Elfos domésticos não querem licenças nem aposentadorias. 

 

        Hermione olhou para o prato de comida em que mal tocara, juntou os talheres e afastou-o. 

 

           - Ora, vamos, Mi-oinc. - Disse Rony, cuspindo, sem querer, fragmentos de pudim de carne em Harry que olhou feio para o amigo. - Opa... desculpe, Harry... - E engoliu. - Você não vai arranjar licenças para eles deixando de comer! 

 

        - Trabalho escravo. - Disse a garota, respirando com força pelo nariz. - Foi isso que preparou este jantar. Trabalho escravo. 

 

        E recusou-se a continuar a comer.

 

        A chuva ainda batucava com força nas janelas altas e escuras. Mais uma trovoada sacudiu as vidraças e o céu tempestuoso relampejou, iluminando os pratos de ouro quando os restos do primeiro prato desapareceram e foram substituídos instantaneamente por sobremesas. 

 

              O grupo conversava animados com Lino Jordan, Angelina Johnsson e Kátia Bell enquanto Rony tentava fazer Mione comer um pouco de sobremesa. 

 

          Quando as sobremesas também tinham sido destruídas, e as últimas migalhas desaparecidas dos pratos, deixando-os limpos e brilhantes, Albus Dumbledore tornou a se levantar. O burburinho das conversas que enchiam o salão cessou quase imediatamente, de modo que somente se ouviam o uivo do vento e o batuque da chuva.

 

          - Então! - Exclamou Dumbledore, sorrindo para todos. - Agora que já comemos e molhamos também a garganta (“Hum!”, fez Hermione), preciso mais uma vez pedir sua atenção, para alguns avisos. 

       “O Sr. Filch, o zelador, me pediu para avisá-los de que a lista dos objetos proibidos no interior do castelo este ano cresceu, passando a incluir Ioiôsberrantes, Frisbees-dentados e Bumerangues-de-repetição. A lista inteira tem uns quatrocentos e trinta e sete itens, creio eu, e pode ser examinada na sala do Sr. Filch, se alguém quiser lê-la.” 

 

          Os cantos da boca de Dumbledore tremeram ligeiramente.

 

          Ele continuou: 

 

      - Como sempre, eu gostaria de lembrar a todos que a floresta que faz parte da nossa propriedade é proibida a todos os alunos, e o povoado de Hogsmeade, àqueles que ainda não chegaram à terceira série. 

      “Tenho ainda o doloroso dever de informar que este ano não realizaremos a Copa de Quadribol entre as Casas.”

 

        - Quê? - Exclamou Harry. Ele olhou para Fred, Jorge e Sophie, seus companheiros no time de quadribol. Fred e Jorge xingaram Dumbledore em silêncio, aparentemente espantados demais para falar, Erik e Sophie deram tapas na cabeça dos dois.

 

           Dumbledore continuou: 

 

         - Isto se deve a um evento que começará em outubro e irá prosseguir durante todo o ano letivo, mobilizando muita energia e muito tempo dos professores, mas eu tenho certeza de que vocês irão apreciá-lo imensamente. Tenho o grande prazer de anunciar que este ano em Hogwarts...

 

            Mas neste momento, ouviu-se uma trovoada ensurdecedora e as portas do Salão Principal se escancararam.

 

         Apareceu um homem parado à porta, apoiado em um longo cajado e coberto por uma capa de viagem preta. Todas as cabeças no Salão Principal se viraram para o estranho, repentinamente iluminado por um relâmpago que cortou o teto. Ele baixou o capuz, sacudiu uma longa juba de cabelos grisalhos ainda escuros e começou a caminhar em direção à mesa dos professores. 

 

            - O que o Moody está fazendo aqui? - Erik perguntou para Sophie que deu de ombros.

 

      Um ruído metálico e abafado ecoava pelo salão a cada passo que ele dava. Quando alcançou a ponta da mesa, virou à direita e mancou pesadamente até Dumbledore. Mais um relâmpago cruzou o teto. Hermione prendeu a respiração. 

         O relâmpago revelou nitidamente as feições do homem e seu rosto era diferente de qualquer outro que Harry já vira. Parecia ter sido talhado em madeira exposta ao tempo, por alguém que tinha uma vaguíssima ideia do aspecto que um rosto humano deveria ter, e não fora muito habilidoso com o formão. Cada centímetro da pele do estranho parecia ter cicatrizes. A boca lembrava um rasgo diagonal e faltava um bom pedaço do nariz. Mas eram os seus olhos que o tornavam assustador. 

          Um deles era miúdo, escuro e penetrante. O outro era grande, redondo como uma moeda e azul-elétrico vivo. O olho azul se movia continuamente, sem piscar, e revirava para cima, para baixo, e de um lado para o outro, independentemente do olho normal – depois virava de trás para diante, apontando para o interior da cabeça do homem, de modo que só o que as pessoas viam era o branco da córnea. 

 

        O estranho chegou-se a Dumbledore. Estendeu a mão direita, que era tão cheia de cicatrizes quanto o rosto, e o diretor a apertou, murmurando palavras que Harry não pôde ouvir. Parecia estar fazendo perguntas ao estranho, que abanava negativamente a cabeça, sem sorrir, e respondia em voz baixa. Dumbledore assentiu com a cabeça e indicou ao homem o lugar vazio à sua direita. 

       O estranho se sentou, sacudiu a juba grisalha para afastá-la do rosto, puxou um prato de salsichas para si, levou-o ao que restara do nariz e cheirou-o. Tirou então uma faquinha do bolso, espetou a salsicha e começou a comer. Seu olho normal fixava as salsichas, mas o olho azul continuava a dar voltas na órbita registrando o salão e os estudantes.

 

           - Não acredito... - Sophie sussurrou já sabendo o que Moody estava fazendo ali.

 

           - Gostaria de apresentar o nosso novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. - Disse Dumbledore, animado, em meio ao silêncio. - Prof. Moody

 

          Era normal os novos membros do corpo docente serem recebidos com aplausos, mas nem os colegas nem os estudantes bateram palmas, exceto Dumbledore e Hagrid. Os dois juntaram as mãos e bateram palmas, mas o som ecoou tristemente no silêncio e eles bem depressa pararam. Todos pareciam demasiado hipnotizados pela aparência grotesca de Moody para ter qualquer reação exceto encarar o homem.

 

           - Moody? - Murmurou Harry para Rony. - Olho-Tonto Moody? O que o seu pai foi ajudar hoje de manhã?

 

          - Deve ser. - Disse Rony baixo, em tom de assombro. 

 

          - Que aconteceu com ele? - Cochichou Hermione. - Que aconteceu com a cara dele? 

 

           - Não sei. - Cochichou Rony em resposta, mirando Moody, fascinado.

 

           - Uau... por essa eu realmente não esperava. - Erik disse surpreso para os amigos. - Olha só pra ele.

 

             - Ele tá acabado. - Fred disse olhando para o novo professor.

 

             - Em compensação, Azkaban está quase cheia graças à ele. - Harriet disse também olhando para Wood.

 

              Moody parecia totalmente indiferente à recepção quase fria que tivera. Ignorando a jarra de suco de abóbora à sua frente, o homem tornou a enfiar a mão no interior da capa, puxou um frasco de bolso e bebeu um longo gole. Quando levantou o braço para beber, sua capa se elevou alguns centímetros do chão e Harry viu, por baixo da mesa, um bom pedaço de uma perna de pau, que terminava em um pé com garras.

 

          Dumbledore pigarreou outra vez.

 

           - Como eu ia dizendo - Recomeçou ele, sorrindo para o mar de alunos à sua frente, todos ainda mirando Olho-Tonto Moody, paralisados –, teremos a honra de sediar um evento muito excitante nos próximos meses, um evento que não é realizado há um século. Tenho o enorme prazer de informar que, este ano, realizaremos um Torneio Tribruxo em Hogwarts. 

 

        - O senhor está BRINCANDO! - Exclamou em voz alta Charles.

 

          A tensão que invadira o salão desde a chegada de Moody repentinamente se desfez. Quase todos riram e Dumbledore deu risadinhas de prazer. 

 

           - Não estou brincando, Sr. Francis - Disse ele -, embora, agora que o senhor menciona, ouvi uma excelente piada durante o verão sobre um trasgo, uma bruxa má e um leprechaun que entram num bar...

 

            - Que rumo que ele está indo? - Sophie perguntou rindo.

 

           A Prof a Minerva pigarreou alto. 

 

        - Hum... mas talvez não seja hora... não... Onde é mesmo que eu estava? Ah, sim, no Torneio Tribruxo... bom, alguns de vocês talvez não saibam o que é esse torneio, de modo que espero que aqueles que  sabem me perdoem por dar uma breve explicação, e deixem sua atenção vagar livremente. 

       “O Torneio Tribruxo foi criado há uns setecentos anos, como uma competição amistosa entre as três maiores escolas europeias de bruxaria – Hogwarts, Beauxbatons e Durmstrang. Um campeão foi eleito para representar cada escola e os três campeões competiram em três tarefas mágicas. As escolas se revezaram para sediar o torneio a cada cinco anos, e todos concordaram que era uma excelente maneira de estabelecer laços entre os jovens bruxos e bruxas de diferentes nacionalidades – até que a taxa de mortalidade se tornou tão alta que o torneio foi interrompido.”

 

            - Taxa de mortalidade? - Sussurrou Hermione, parecendo assustada. Mas, aparentemente, sua ansiedade não foi compartida pela maioria dos alunos no salão; muitos murmuravam entre si, excitados, e o próprio Harry estava bem mais interessado em saber mais sobre o torneio do que em se preocupar com o que acontecera centenas de anos atrás

 

         - Durante séculos houve várias tentativas de reiniciar o torneio - Continuou Dumbledore -, nenhuma das quais foi bem-sucedida. No entanto, os nossos Departamentos de Cooperação Internacional em Magia e de Jogos e Esportes Mágicos decidiram que já era hora de fazer uma nova tentativa. Trabalhamos muito durante o verão para garantir que, desta vez, nenhum campeão seja exposto a um perigo mortal. 

        “Os diretores de Beauxbatons e Durmstrang chegarão com a lista final dos competidores de suas escolas em outubro e a seleção dos três campeões será realizada no Dia das Bruxas. Um julgamento imparcial decidirá que alunos terão mérito para disputar a Taça Tribruxo, a glória de sua escola e o prêmio individual de mil galeões.”

 

          - Estou nessa! - Sibilou Fred para os colegas de mesa, o rosto iluminado de entusiasmo ante a perspectiva de tal glória e riqueza. Aparentemente ele não era o único que estava se vendo como campeão de Hogwarts. Em cada mesa Harry viu gente olhando arrebatada para Dumbledore ou então cochichando ardentemente com os vizinhos. Mas, então, Dumbledore recomeçou a falar, e o salão se aquietou.

 

        - Ansiosos como eu sei que estarão para ganhar a Taça para Hogwarts - Disse ele -, os diretores das escolas participantes, bem como o Ministério da Magia, concordaram em impor este ano uma restrição à idade dos contendores. Somente os alunos que forem maiores, isto é, tiverem mais de dezessete anos, terão permissão de apresentar seus nomes à seleção. Isto - Dumbledore elevou ligeiramente a voz, pois várias pessoas haviam protestado indignadas ao ouvir suas palavras, e os gêmeos Weasley, de repente, pareciam furiosos - é uma medida que julgamos necessária, pois as tarefas do torneio continuarão a ser difíceis e perigosas, por mais precauções que tomemos, e é muito pouco provável que os alunos abaixo da sexta e sétima séries sejam capazes de dar conta delas. Cuidarei pessoalmente para que nenhum aluno menor de idade engane o nosso juiz imparcial e seja escolhido campeão de Hogwarts. - Seus olhos azul-claros cintilaram ao perpassar os rostos rebelados de Fred e Jorge. - Portanto peço que não percam tempo apresentando suas candidaturas se ainda não tiverem completado dezessete anos.

       “As delegações de Beauxbatons e de Durmstrang chegarão em outubro e permanecerão conosco a maior parte deste ano letivo. Sei que estenderão as suas boas maneiras aos nossos visitantes estrangeiros enquanto estiverem conosco, e que darão o seu generoso apoio ao campeão de Hogwarts quando ele for escolhido. E agora já está ficando tarde e sei como é importante estarem acordados e descansados para começar as aulas amanhã de manhã. Hora de dormir! Vamos andando!”

 

           Dumbledore tornou a se sentar e disse algo para a professora Minerva e depois virou-se para falar com Olho-Tonto Moody. Ouviu-se um estardalhaço de cadeiras batendo e se arrastando quando os alunos se levantaram para sair como um enxame em direção às portas de entrada do Salão Principal.

 

             - Não podem fazer isso com a gente! - Reclamou Jorge Weasley, que não se reunira aos colegas que se dirigiam às portas, mas continuara parado olhando de cara emburrada para Dumbledore. - Vamos fazer dezessete anos em abril, por que não podemos tentar? 

 

            - Não vão me impedir de me inscrever. - Disse Fred, teimoso, também amarrando a cara para a mesa principal. - Os campeões vão fazer todo o tipo de coisa que normalmente nunca podemos fazer. E mil galeões de prêmio!

 

              Sophie, Erik, Charles e Harriet estavam tranquilos quanto a regra. Eles não sentiam nenhuma vontade de participar do Torneio, apenas assistir, para eles, estava ótimo. Mas eles preferiram não falar nada para os gêmeos, pois sabiam qual era as motivações deles para quererem entrar. Algo que Erik, Charles e Sophie não precisavam e Harriet não dava a miníma. Mil galeões. 

 

        - É. - Disse Rony, um olhar distante no rosto. - É, mil galeões...

 

         - Quem é esse juiz imparcial que vai decidir quem são os campeões? - Perguntou Harry enquanto eles saíam no Salão Principal.

 

         - Sei lá - Disse Fred -, mas é ele a que temos de enganar. Acho que umas gotas de Poção para Envelhecer talvez resolvam, Jorge...

 

        - Mas Dumbledore sabe que vocês são menores. - Ponderou Rony. 

 

         - É, mas não é ele que decide quem é o campeão, é? - Perguntou Fred, astutamente. - Estou achando que quando esse juiz souber quem quer entrar, ele vai escolher o melhor de cada escola, sem se importar com a idade do campeão. Dumbledore está tentando impedir a gente de se inscrever.

 

           Hermione abriu a boca para debater com Fred quando a Profª Minerva se aproximou deles.

 

             - Srta.Potter - Chamou olhando para Sophie. -, o professor Dumbledore espera você em sua sala.

 

             - Obrigada professora. - Sophie agradeceu sorrindo.

 

            - Bem, nos vemos amanhã então. - Erik disse abraçado com Charles, os dois olhando para a ruiva. - Boa conversa com Dumbledore.

 

             - Sempre é. - Sophie disse rindo. - Boa noite, babies. - Beijou as bochechas do Francis e do Lehnsherr, fazendo o mesmo com Jorge e Harriet e dando um selinho no namorado. - Leva o Aslan?

 

                  - Claro. - Fred concordou sorrindo.

               - Tchau pessoal - Se despediu do trio dando um beijo no cabelo de Harry que sorriu. - Boa noite.

 

                - Boa noite, Soph. 

 

                 - Boa noite! - Rony e Mione disseram para a ruiva que se afastou em direção a sala do diretor.

 

                  - A gente vai também. - Erik disse apontando para si mesmo e Charles. - Harriet? Vamos?

 

                   - Lá vai eu ficar de vela. - Harriet disse fazendo os amigos rirem.

 

                 - A gente vai com você só para você não ficar de vela, Harriet. - Jorge disse passando o braço no ombro da amiga. - Vams Fred. 

 

                 - Eu que vou ficar de vela pelo visto. - Fred sussurrou para Harry, Rony e Mione que deram risadinhas. - Boa noite gente. Bem Aslan. 

 

             O cinco se afastaram e o trio continuou seguindo os alunos da Grifinória. 

 

           - Que é que você acha? - Perguntou Rony a Harry. - Seria legal, não seria? Mas suponha que eles queiram alguém mais velho?... Não sei se já aprendemos o suficiente... 

 

        - Eu decididamente não aprendi. - Ouviu-se a voz tristonha de Neville atrás deles. - Mas imagino que a minha avó vai querer que eu experimente, ela está sempre falando que eu devia lutar pela honra da família. Eu terei que... opa...

 

               O pé de Neville afundara direto por um degrau no meio da escada. Havia muitos desses degraus bichados em Hogwarts; já era uma segunda natureza na maioria dos alunos antigos saltar esse determinado degrau, mas a memória de Neville era notoriamente fraca. Harry e Rony o agarraram pelas axilas e o puxaram para cima, enquanto uma armadura no alto das escadas rangia e retinia, rindo-se asmaticamente. 

 

         - Quieta aí. - Disse Rony, baixando o visor da armadura com estrépito, ao passarem.

 

          Os garotos se dirigiram à entrada da Torre da Grifinória, que ficava escondida atrás de uma grande pintura a óleo de uma mulher gorda com um vestido de seda rosa.

 

          - Senha? - Perguntou ela quando os garotos se aproximaram. 

 

        - Asnice - Disse Mione -, um monitor me informou lá embaixo.

 

          O retrato girou para a frente, expondo um buraco na parede, pelo qual todos passaram. Um fogo crepitante aquecia a sala comunal circular, mobiliada com fofas poltronas e mesas. Hermione lançou às chamas dançantes um olhar mal-humorado e Harry a ouviu dizer distintamente “trabalho escravo”, antes de dar boa-noite aos amigos e desaparecer pelo portal que dava acesso ao dormitório das meninas. 

 

          Harry, Rony e Neville subiram a última escada em espiral para chegar ao próprio dormitório, que ficava situado no alto da Torre. As camas de colunas com cortinados vermelho-escuros estavam encostadas às paredes, cada uma com o malão do dono aos pés. Dino e Simas já estavam se deitando; Simas pregara sua roseta da Irlanda na cabeceira da cama e Dino afixara um pôster de Vítor Krum em cima da mesa de cabeceira. Seu velho pôster do time de futebol de West Ham estava pendurado ao lado do novo.

 

         - Biruta. - Suspirou Rony, sacudindo a cabeça para os jogadores de futebol completamente imóveis.

 

          Harry, Rony e Neville vestiram os pijamas e se enfiaram em suas camas. Alguém – um elfo doméstico, com certeza – colocara esquentadores entre os lençóis. Era extremamente confortável, ficar ali deitado na cama escutando a tempestade rugir lá fora.   

 

            - Eu tentaria, sabe - Disse Rony, sonolento, no escuro -, se Fred e Jorge descobrirem como... o torneio... nunca se sabe, não é? 

 

            - Imagino que não... - Harry se virou na cama, uma série de imagens novas e fascinantes se formando em sua cabeça... ele enganara o juiz imparcial fazendo-o acreditar que tinha dezessete anos... tornara-se campeão de Hogwarts... estava em pé nos jardins, os braços erguidos em triunfo diante de toda a escola, que o aplaudia e gritava... ele acabara de ganhar o Torneio Tribruxo... O rosto de Cho se destacava claramente na multidão difusa, o rosto radioso de admiração... 

 

            Harry sorriu para o travesseiro, excepcionalmente contente de que Rony não pudesse ver o que ele via.


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Notas finais do capítulo

A música cantada no capítulo é "From Now On - The Greatest Showman" ♥ Espero que tenham gostado ♥



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