To Die With The Sun escrita por MutantProud


Capítulo 56
Capítulo 56 - Lobo, Cão, Cervo e Rato


Notas iniciais do capítulo

Eu disse que teria outro capítulo ♥ Boa leitura!



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          - Certo. - Suspirou Remus. - Vamos começar do início.

          Sophie e Sirius foram se sentar na cama enquanto Erik continuava a olhar a perna de Rony. Remus por sua vez tomou a postura de professor e começou a dizer como se estivesse dando uma aula.

          - Vocês já sabem a história do Salgueiro Lutador e da minha licantropia então vou pular essa parte da história e ir para as mais importantes. Hermione, você disse sobre o registro dos animagos e como o Ministério administra tudo, certo? Mas o Ministério nunca soube que havia três animagos não registrados à solta em Hogwarts.

          "Sabem a poção que Snape faz para mim tomar? Mata-Cão? Ela não existia antes, quando eu comecei a estudar em Hogwarts não tinha essa poção que deixava o meu lado... monstro mais calmo. Antes, eu me transformava em um perfeito monstro uma vez por mês. As minhas transformações naquele tempo eram... eram terríveis. É muito doloroso alguém virar lobisomem. Eu era separado das pessoas para morder à vontade, então eu me arranhava e me mordia. Os moradores do povoado ouviam o barulho e os gritos e achavam que estavam ouvindo almas do outro mundo particularmente violentas. Dumbledore estimulava os boatos... Ainda hoje, que a casa tem estado silenciosa há anos, os moradores de Hogsmeade não têm coragem de se aproximar...

         “Mas tirando as minhas transformações, eu nunca tinha sido tão feliz na vida. Pela primeira vez, eu tinha amigos, três grandes amigos. Sirius Black... Peter Pettigrew... e, naturalmente, seu pai, Harry... James Potter.

          “Agora, meus três amigos não puderam deixar de notar que eu desaparecia uma vez por mês. Eu inventava todo o tipo de histórias. Dizia que minha mãe estava doente, que tinha ido em casa vê-la... Ficava aterrorizado em pensar que eles me abandonariam se descobrissem o que eu era. Mas é claro que eles, descobriram a verdade.

          “E não me abandonaram. Em vez disso, fizeram uma coisa por mim que não só tornou as minhas transformações suportáveis, como me proporcionou os melhores momentos da minha vida. Eles se transformaram em animagos.”

          - Meu pai também? - Perguntou Harry admirado.

          - A ideia foi dele, se você quer saber. - Comentou Sirius sorrindo.

          - E qual era a forma dele? Do animal? - Perguntou Harry para Remus.

          - Um cervo... - Respondeu Remus no mesmo tempo que Sirius.

         - Um veado... - Foi a resposta de Sirius que fez Sophie rir.

         - De qualquer forma... - Continuou Remus sorrindo para Sirius e depois voltando para Harry, Rony e Mione. - Eles gastaram quase três anos para descobrir como fazer isso. James e Sirius eram os alunos mais inteligentes da escola, o que foi uma sorte, porque se transformar em animago é uma coisa que pode sair barbaramente errada, é uma das razões por que o Ministério acompanha de perto os que tentam. Peter precisou de toda a ajuda que pôde obter de James e Sirius. Finalmente no nosso quinto ano, eles conseguiram.

          - Mas como foi que isso ajudou o senhor? - Perguntou Hermione, intrigada.

          - Eles não podiam me fazer companhia como seres humanos, então me faziam companhia como animais. Um lobisomem só apresenta perigo para gente. Eles saíam escondidos do castelo todos os meses, encobertos pela Capa da Invisibilidade de James. E se transformavam... Peter, por ser o menor, podia passar por baixo dos ramos agressivos do Salgueiro e empurrar o botão para imobilizá-lo. Os outros dois, então, podiam escorregar pelo túnel e se reunir a mim. Sob a influência deles, eu me tornei menos perigoso. Meu corpo ainda era o de um lobo, mas minha mente se tornava menos lupina quando estávamos juntos.

          - Boas aventuras. - Sussurrou Sirius para Sophie que deitou a cabeça no ombro do padrinho.

         - De fato, eram. - Concordou Remus. - Vocês estão entendendo agora?

           - Um pouco... mas Sr.Black, se me permite perguntar, como você soube sobre Pettigrew sendo que estava em Azkaban? - Perguntou Hermione timidamente para Sirius que ficou surpreso com "sr.Black".

          - Bem, antes de tudo, peço para que me chame de Sirius. - Disse Sirius gentilmente para Hermione. - Foi graças ao nosso querido Ministro da Magia. Quando ele foi inspecionar Azkaban no ano passado, me cedeu o jornal que levava. E lá estava Peter, na primeira página... no ombro desse garoto... reconheci-o na mesma hora... quantas vezes o vi se transformar? E a legenda dizia que o menino ia voltar para Hogwarts... onde Harry e Sophie estavam...

         - "Ele está em Hogwarts..." - Sussurrou Harry olhando na direção de Sirius. - Não era para mim... era para Pettigrew.

        - Sim. - Concordou Sirius. - Eu nunca te machucaria, Harry. Quando descobri que Pettigrew estava bem de baixo do nariz de Dumbledore e bem ao lado de você e Sophie... eu sabia que eu precisava fazer algo para salvar vocês. Não poderia cometer o mesmo erro de novo.

         - Olhe a pata dianteira de Perebas, Harry. - Disse Sophie para o irmão. - Se você ouviu a história do Ministro, então você sabe o que foi que restou de Pettigrew naquele dia.

         - Ele mesmo cortou o maldito dedo. Pouco antes de se transformar. - Confirmou Sirius. - Quando eu o encurralei, ele gritou para a rua inteira que eu havia traído Lily e James. Então, antes que eu pudesse lhe lançar um feitiço, ele explodiu a rua com a varinha escondida às costas, matou todo mundo em um raio de seis metros, e fugiu para dentro do bueiro com os outros ratos...

        As palavras do Ministro surgiram em sua memória.

         "Testemunhas oculares, trouxas, é claro, depois limpamos a memória deles, nos contaram como Pettigrew encurralou Black. Dizem que ele soluçava: "Lily e James, Sirius! Como é que você pôde? Como você pode trair eles? Como pode trair Remus e Sophie?" e também dizem que Sirius respondeu: "Não mencione eles seu maldito! Não mencione Remus ou Sophie nessa sua boca imunda!" provavelmente fingindo-se de bom moço"

          - Você foi se vingar deles. - Disse Harry de repente. - Não estava fingindo.

          - Mas... mas... o que tem haver pata do Perebas... - Rony tentava defender o rato que ainda se contorcia em sua mão.

         - Tem um dedinho faltando, Rony. - Resmungou Erik revirando os olhos.

        - Olha aqui, Perebas com certeza brigou com outro rato ou coisa parecida! Ele está na minha família há séculos, certo...

           - Doze anos, para sermos exatos. - Disse Remus cruzando os braços. - Você nunca estranhou que ele tenha vivido tantos anos?

         - Uma vida muito longa para um rato tão feio como ele. - Resmungou Sirius.

        - Nós... nós cuidamos bem dele!

          - Mas ele não está com um aspecto muito saudável no momento, não é? - Comentou Erik sorrindo e olhando para diretamente para Perebas. - Imagino que esteja perdendo peso desde que ouviu falar que Sirius fugiu...

          - Ele tem andado apavorado com aquele gato maluco! - Justificou Rony irritado.

          - Aquele gato, para sua opinião, é gato mais inteligente que tive o prazer de conhecer! - Resmungou Sirius diretamente para Rony. - Reconheceu na mesma hora o que Peter era. E quando me encontrou, percebeu que eu não era cachorro. Levou um tempinho para confiar em mim. No fim eu consegui comunicar a ele o que estava procurando e ele tem me ajudado...

      - Bichento? - Perguntou Hermione se sentindo um pouco orgulhosa do gato.

       - Vou cortar vocês rapidinho - Disse Sophie se virando para Remus. -, cadê o Aslan? Eu deixei ele com você.

         - Deixei ele em minha sala, dormindo. - Respondeu Remus.

         - Certo, prossiga, Sirius. - Disse Sophie.

         - Antes de eu ser rudemente interrompido - Sirius olhou para Sophie que revirou os olhos. -, eu ia dizer que o gato, Bichento, esse é o nome dele? O Bichento, tentou trazer Peter a mim, mas não pôde... então roubou para mim as senhas de acesso à Torre da Grifinória... Pelo que entendi, ele as tirou da mesa de cabeceira de um garoto...

        - A pior burrada de todas. - Resmungou Erik.

         - Não se preocupe, Erik, daqui alguns anos ele é capaz de fazer uma burrada pior. - Resmungou Remus de volta.

       - Parem de me interromper! - Resmungou Sirius. - Enfim, Peter soube o que estava acontecendo e se mandou... Bichento me disse que Peter tinha sujado os lençóis de sangue... suponho que tenha se mordido... Ora, fingir-se de morto já tinha dado certo uma vez...

         Harry então encarou Sirius intensamente.

           - Você era o fiel do segredo. - Disse Harry. - Como Peter traiu os meus pais se era você o fiel do segredo? Você mesmo disse que os matou...

        Sirius negou com a cabeça devagar, seus olhos agora pareciam carregar uma enorme tristeza.

          - Harry... foi o mesmo que ter matado. - Disse, rouco. - Convenci Lily e James a entregarem o segredo a Peter no último instante, convenci-os a usar Peter como fiel do segredo, em vez de mim. Era muito óbvio ser eu e Remus nem pensar pois ele já estava tomando conta de Sophie, não podíamos colocar os dois em perigo também... A culpa é minha, eu sei... Na noite em que eles morreram, eu tinha combinado procurar Peter para verificar se ele continuava bem, mas quando cheguei ao esconderijo ele não estava. Mas não havia sinais de luta. Achei estranho. Fiquei apavorado. Corri na mesma hora direto para a casa dos seus pais. E quando vi a casa destruída e os corpos deles... percebi o que Peter devia ter feito. O que eu tinha feito.

         - No dia da "suposta morte" de Peter, Sirius apareceu no Largo para explicar tudo para mim o que de fato havia acontecido, foi uma coisa rápida, de minutos antes dele voltar para a cena do crime. - Disse Remus.

         Novamente as palavras do Ministro voltaram em sua mente:

          "Alguns disseram que ele havia sumido por alguns instantes e depois voltado e ficado lá parado. Provavelmente havia ido avisar aos Comensais da Morte sobre a queda se seu amado líder."

        E essa era, emfim, a última peça que faltava para Harry confiar em Sirius.

          - Se você quer mais uma prova de que eu não metei seus pais, Harry... de que eu não sou um assassino, então deixe-me mostrar para você. O que esse rato realmente é.

           Harry concordou.

         - Bem, Rony, me dê esse maldito rato. - Disse Erik irritado para o ruivo.

         - Que é que vai fazer com ele se eu der? - Perguntou Rony, tenso.

         - Obrigá-lo a se revelar. - Disse Remus gentilmente. - Se ele for realmente um rato, não se machucará.

          Rony hesitou. Então, finalmente estendeu a mão e entregou Perebas a Erik, que entregou para Remus. O rato começou a guinchar sem parar, se contorcendo, os olhinhos negros saltando das órbitas.

           - Certo... - Disse Remus. - Harry, você pode me dar sua varinha? - Perguntou para o garoto que concordou e entregou para Remus. - Sirius, pegue a minha varinha, está no meu bolso.

          Sirius foi até Remus e pegou a varinha enquanto olhava diretamente para o rato nas mãos de Remus.

           - Sophie, pegue a sua varinha e Erik também. - Disse Remus e os dois obedeceram. Sophie ao lado de Sirius e Erik ao lado de Remus. - Prontos? Sirius, eu e você. Juntos. Quando eu contar três. Um... dois... TRÊS!

           Lampejos branco-azulados irromperam das duas varinhas; por um instante, Perebas parou no ar, o corpinho cinzento revirando-se alucinadamente – Rony berrou – o rato caiu e bateu no chão. Seguiu-se novo lampejo ofuscante e então...

           Foi como assistir a um filme de uma árvore em crescimento. Surgiu uma cabeça no chão; brotaram membros; um momento depois havia um homem onde antes estivera Perebas, apertando e torcendo as mãos.

          Era um homem muito baixo, quase do tamanho de Harry e Hermione. Seus cabelos finos e descoloridos estavam malcuidados e o cocuruto da cabeça era careca. Tinha o aspecto flácido de um homem gorducho que perdera muito peso em pouco tempo. A pele estava enrugada, quase como a pelagem do Perebas, e havia um ar ratinheiro em volta do seu nariz fino e dos olhos muito miúdos e lacrimosos. Ele olhou para os presentes, um a um, respirando raso e depressa. Harry viu seus olhos correrem para a porta e voltarem.

           - Ora, ora, olá, Peter. - Saudou Remus com um sorriso irônico. - Há quanto tempo, não é mesmo?!

        - É um prazer, finalmente conhecer o rato que só causou tantos problemas! - Disse Erik no mesmo tom que Remus.

      - S...Sirius, Remus... - A voz de Pettigrew lembrava um guincho. Novamente seus olhos correram para a porta.- Meus amigos... meus velhos amigos!

          A varinha de Sirius se ergueu, mas Remus agarrou-o pelo pulso, lançandolhe um olhar de censura, depois tornou a se virar para Pettigrew, com a voz leve e displicente.

          - Estávamos tendo uma conversinha, Peter, sobre os acontecimentos da noite em que Lily e James morreram. Você talvez tenha perdido os detalhes enquanto guinchava na cama...

          Pettigrew arregalou os olhos e olhou em volta do quarto, seus olhos se voltaram para Sophie que estava ainda em silêncio mas com a varinha apontada para Pettigrew.

          - Sophie! - Exclamou Pettigrew. - Como você cresceu... se parece tanto com a sua mãe! Sua mãe era bondosa, Sophie, ela era muito bondosa!

           Sophie só conseguia sentir nojo, raiva, ódio, e uma incrível vontade de socar o rosto de Peter Pettigrew. Mas quando percebeu que aquele rato agora estava se aproximando dela devagar, ela não soube o que fazer, mas com alívio que ela viu Remus muito irritado pegar Pettigrew pela roupa que usava e o levantá-lo, fazendo o traidor gritar de medo e olhar nos olhos de Remus.

           - Não ouse, nunca dizer o nome de Lily novamente. Não ouse chegar perto da minha afilhada novamente, Pettigrew. - Rosnou ele. - Eu estou poupando a sua vida agora mas eu posso muito bem mudar de ideia.

          - Remus - Ofegou Pettigrew, e Harry observou que se formavam gotas de suor em seu rosto lívido -, você não acredita nele, acredita...? Ele tentou me matar, Remus...

          - Foi o que ouvimos dizer. - Respondeu Lupin, mais friamente e colocando Pettigrew de volta no chão. - Eu gostaria de esclarecer algumas coisas com você, Peter, se você quiser ter...

           - Ele veio tentar me matar outra vez! - Guinchou Pettigrew de repente, apontando para Black, e Harry percebeu que o homem usara o dedo médio, porque lhe faltava o indicador. - Ele matou Lily e James e agora vai me matar também... Você tem que me ajudar, Remus...

         O rosto de Black parecia mais caveiroso que nunca ao fixar os olhos fundos em Pettigrew.

         - Ninguém vai tentar matá-lo até resolvermos umas coisas. - Disse Remus respirando fundo.

         - Resolvermos umas coisas? - Guinchou Pettigrew, mais uma vez olhando desesperado para os lados, registrando as janelas pregadas e, mais uma vez, a única porta. - Eu sabia que ele viria atrás de mim! Sabia que ele voltaria para me pegar! Estou esperando isso há doze anos!

         - Você sabia que Sirius ia fugir de Azkaban? - Perguntou Lupin, com a testa franzida. -Sabendo que ninguém jamais fez isso antes? Oras, não sabia que era um vidente, Peter.

         - Ele tem poderes das trevas com os quais a gente só consegue sonhar! - Gritou Pettigrew com voz aguda. - De que outro jeito fugiria de lá? Suponho que Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado tenha lhe ensinado alguns truques!

         Black começou a rir, uma risada horrível, sem alegria, que encheu o quarto todo.

        - Voldemort me ensinou alguns truques?

          Pettigrew se encolheu como se Black tivesse brandido um chicote contra ele.

         - Que foi, se apavorou de ouvir o nome do seu velho mestre? - Perguntou Black. - Não o culpo, Peter. O pessoal dele não anda muito satisfeito com você, não é mesmo?

          - Não sei o que você quer dizer com isso, Sirius... - Murmurou Pettigrew, respirando mais rapidamente que nunca. Todo o seu rosto brilhava de suor agora.

          - Você não andou se escondendo de mim esses doze anos. Andou se escondendo dos seguidores de Voldemort. Eu soube de umas coisas em Azkaban, Peter... Todos pensam que você está morto ou já o teriam chamado a prestar contas... Ouvi-os gritar todo o tipo de coisa durante o sono. Parece que acham que o traidor os traiu também. Voldemort foi à casa dos Potter confiando em uma informação sua... e Voldemort perdeu o poder lá. E nem todos os seguidores dele foram parar em Azkaban, não é mesmo? Ainda há muitos por aí, esperando a hora, fingindo que reconheceram seus erros... Se chegarem a saber que você continua vivo, Peter...

        - Com certeza não vai ser nada bom para você. - Comentou Erik ironicamente agora ao lado de Sirius. - Eles devem estar loucos por vingança.

   - Com certeza, meu querido Erik. - Concordou Sirius sorrindo.

         - Não sei... do que estão falando... - Respondeu Pettigrew, mais esganiçado que nunca. Ele enxugou o rosto na manga e ergueu os olhos para Lupin. - Você não acredita nessa... nessa loucura, Remus...

          - Peter, por favor, eu estava lá quando houve a troca. Quando James e Lily colocaram você como o fiel do segredo. - Disse Remus friamente. - Eu vi, Peter. Então eu sei, que Sirius não traiu meus amigos. Você sim. Sem contar que, passar 12 anos em forma de um rato não é o tipo de coisa que alguém realmente inocente faria.

          - Remus. - Disse Hermione timidamente. - Posso... posso dizer uma coisa?

           - Claro, Hermione. - Disse Remus cortesmente.

        - Bem... Perebas... quero dizer, esse... esse homem... ele dormiu no quarto de Harry durante três anos. Se está trabalhando para Você-Sabe-Quem, como é que ele nunca tentou fazer mal a Harry antes?

       - Taí! - Exclamou Pettigrew com voz esganiçada, apontando para Hermione a mão mutilada. - Muito obrigado! Está vendo, Remus? Estão vendo? Nunca toquei em um fio de cabelo de Harry! Por que iria fazer isso?

         - Vou lhe dizer o porquê. - Falou Sirius. - Porque você nunca fez nada, nem a ninguém nem para ninguém, sem saber o que poderia ganhar com isso. Voldemort está foragido há doze anos, dizem que está semimorto. Você não ia matar bem debaixo do nariz de Albus Dumbledore, por causa de um bruxo moribundo que perdeu todo o poder, ia? Não, você ia querer ter certeza de que ele era o valentão do colégio antes de voltar para o lado dele, não ia? Por qual outra razão você procurou uma família de bruxos para o acolher? Para ficar de ouvido atento às novidades, não é mesmo, Peter? Caso o seu velho protetor recuperasse a antiga força e fosse seguro se juntar a ele...

          Pettigrew abriu a boca e tornou a fechá-la várias vezes. Parecia ter perdido a capacidade de falar.

          - Hum... Sr. Black... Sirius? - Disse Hermione.

         - Sim, Hermione?

         - Se o senhor não se importar que eu pergunte, como... como foi que o senhor fugiu de Azkaban, se não usou artes das trevas?

        - Muito obrigado. - Exclamou Pettigrew, acenando freneticamente com a cabeça na direção da garota. - Exatamente! Precisamente o que eu...

          Mas Remus o fez calar com um olhar. Black franziu ligeiramente a testa para Hermione, mas não porque estivesse aborrecido com ela. Parecia estar considerando a pergunta.

          - Não sei como foi que fugi. - Disse lentamente. - Acho que a única razão por que nunca perdi o juízo é porque sabia que era inocente. Isto não era um pensamento feliz, então os dementadores não podiam sugá-lo de mim... mas serviu para me manter lúcido e consciente de quem eu era... me ajudou a conservar meus poderes... e quando tudo se tornava... excessivo... eu conseguia me transformar na cela... virar cachorro. Os dementadores não conseguem enxergar, sabe... - Ele engoliu em seco. - Aproximam-se das pessoas se alimentando de suas emoções... Eles percebiam que os meus sentimentos eram menos... menos humanos, menos complexos quando eu era cachorro... mas achavam, é claro, que eu estava perdendo o juízo como todos os prisioneiros de lá, por isso não se incomodavam. Mas eu fiquei fraco, muito fraco, e não tinha esperança de afastá-los sem uma varinha...

         “Mas, então, vi Peter naquela foto... e compreendi que ele estava em Hogwarts com Harry e Sophie... perfeitamente colocado para agir, se lhe chegasse a menor notícia de que o partido das trevas estava reunindo forças novamente...”

           Pettigrew sacudia a cabeça, murmurando em silêncio, mas todo o tempo seus olhos se fixavam em Sirius como se estivesse hipnotizado.

            - ... pronto para atacar no momento em que se certificasse de que contava com aliados... e para entregar os últimos Potter. Se lhes entregasse Sophie e Harry, quem se atreveria a dizer que traíra Lord Voldemort? Peter seria recebido de volta com todas as honras...

           “Então, entendem, eu tinha que fazer alguma coisa. Eu era o único que sabia onde ele realmente estava e eu não podia enviar cartas para Remus ou Dumbledore."

         "Era como se alguém tivesse acendido uma fogueira na minha cabeça, e os dementadores não pudessem destruí-la... Era os pensamentos de ver você Harry, ver Remus, Sophie novamente, o sentimento de ter vocês perto de mim e poder dar todo o meu amor... misturados com a obsessão de matar Peter e proteger minha família ... isso me deu forças, clareou minha mente. Então, uma noite quando abriram a porta para me trazer comida, eu passei por eles em forma de cachorro... Para eles é tão mais difícil perceberem emoções animais que ficaram confusos... eu estava magro, muito magro... o bastante para passar entre as grades... ainda como cachorro nadei até a costa... viajei para o norte e entrei escondido nos terrenos de Hogwarts, como cachorro. No primeiro dia em Hogwarts, Sophie me encontrou e... - Sirius olhou para Sophie que tinha os olhos cheios de lágrimas. - Foi o momento mais feliz que eu senti, quando eu finalmente vi minha menininha já grande e tão linda, tão parecida com Lily...

          "Então eu vivi aqui na Casa dos Gritos, apenas saía quando Remus vinha se tornar lobisomem ou nas horas em que saía para assistir ao quadribol, é claro. Você voa bem como o seu pai, Harry e Sophie nem se fala... meus dois pomos de ouros."

          Harry sentiu o coração se aquecer com o tamanho de carinho que ouviu na voz de Sirius que agora olhava diretamente para ele.

       - Por favor, Harry. Acredite em mim, eu não traí James e Lily. - Disse ele sério. - Eu preferiria morrer do que fazer tal coisa.

           Harry ficou parado, apenas olhando para Sirius. Remus, Sophie, Erik, Pettigrew, Rony e Mione esperavam por sua resposta mas ele sentia que não havia palavras para dizer então se levantou de onde estava sentado, passou por Remus, Sophie e Erik... e sem dizer nada abraçou Sirius apertado.

         - Eu acredito em você. - Sussurrou Harry.

           Sirius ficou chocado sem saber o que fazer. Olhou para Sophie e Remus mas os mesmos apenas sorriam com carinho para ele; então lentamente ele abraçou Harry e se sentiu a pessoa mais feliz do mundo.

          - Não! - Exclamou Peter caindo de joelhos.

        - Bem, bem, Peter - Começou Remus passando o braço no ombro de Sophie e apontando a varinha para Peter. - Você entregou James e Lily para Voldemort. Nega isso?

        Pettigrew prorrompeu em lágrimas. A cena era terrível, ele parecia um bebezão careca, encolhendo-se. Sirius por sua vez passou o braço pelo ombro de Harry e apontou a varinha para Peter.

           - Eu... eu... o que é que eu podia ter feito? O Lorde das Trevas... você não faz ideia... ele tem armas que você não imagina... tive medo, Sirius, eu nunca fui corajoso como você, Remus e James. Eu nunca desejei que isso acontecesse... Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado me forçou...

           - Não minta! - Rosnou Sirius. - Você passou informações para Voldemort durante um ano inteiro antes da morte de Lily e James! Você era o espião dele! Tem mais sangue nas mãos do que qualquer outro comensal!

            - Ele estava assumindo o poder em toda parte! - Exclamou Pettigrew. - Que é que eu tinha a ganhar recusando o que me pedia?

          - Que é que você tinha a ganhar lutando contra o bruxo mais maligno que já existiu? -Perguntou Remus, com uma terrível expressão de fúria no rosto. - Apenas vidas inocentes, Peter!

        - Você não entende! - Choramingou Pettigrew. - Ele teria me matado, Remus!

         - Então você deveria ter morrido! - Rosnou Sirius tão nervoso quanto Remus. - Morrer em vez de trair os seus amigos! Assim como teríamos feito o mesmo por você!

           Os dois bruxos com as varinhas apontadas para Pettigrew respiraram fundo para se acalmarem. Então, Sirius disse:

           - Você devia ter percebido, que se Voldemort não o matasse... - Começou Sirius. - Nós o mataríamos.

            - NÃO! - Exclamou Harry entrando na frente de Sirius que o encarou surpreso. - Você não pode matá-lo.

         - O que? Por que? - Perguntou Sirius sem entender.

        - Sirius, seu idiota -Resmungou Remus. -, com ele morto, como espera conseguir sua inocência? Ele é a maior prova que você não é o assassino para o Ministério da Magia! Ele vivo, é a chave para a sua liberdade, meu querido amigo.

       - Oh... - Disse Sirius percebendo que Remus estava certo. - Você... tem razão. Mas... a minha vingança...

         - A sua vingança só irá fazer com que você se afaste de nós novamente, Sirius. - Disse Remus. - E eu já estou cansado de ter você longe de casa. Preciso de você. Essa família, precisa de um Black teimoso e cabeça dura.

          Sirius pensou, pensou e pensou. Por fim, abaixou a varinha. E sorriu para Remus.

            - Você sempre soube como me fazer mudar de ideia. - Comentou ele sorrindo. - O que faremos com esse covarde?

           - Vamos levá-lo para Dumbledore. - Respondeu Remus olhando friamente para Peter que se tremia todo. - Ele saberá o que fazer.

          Sirius concordou.

        Erik foi ao lado de Sophie e resmungou:

            - A gente tentou fazer ele mudar de ideia durante uns bons meses e ele nem sequer escutava. - Resmungou fazendo Sophie rir. - Ai chega o sr.amor da vida dele e diz uma só vez que Pettigrew precisa viver e pronto! Ele resolve ter ouvidos e escutar os outros.

        - Eu estou ouvindo. - Disse Sirius para Erik.

          - Ah, bom saber que seus ouvidos agora estão funcionando! - Resmungou Erik dando as costas e saindo do quarto. - Vou imobilizar o Salgueiro, espero vocês lá fora.

         - Esse garoto me ama. - Comentou Sirius orgulhosamente.

          Remus, Sophie, Harry, Rony e Hermione riram enquanto Peter continuava a se tremer.

          De fato, não havia sido como Sophie planejara mas ela não estava ligando. Sua família, enfim, estava reunida novamente. 


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Notas finais do capítulo

É isso! Espero que tenham gostado, me digam o que acharam nos comentários ♥ Bjs e até o próximo capítulo!