To Die With The Sun escrita por MutantProud


Capítulo 53
Capítulo 53 - Todos os Movimentos Certos


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pessoal ♥ Espero que gostem ♥

Ah, ouçam a música "All The Right Moves - OneRepublic" quando o jogo de Quadribol começar ♥

Boa leitura!!



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​  Harry não contou para Rony o que havia acontecido e nem precisou pois logo a sexta-feira havia chegado. Era o dia do julgamento contra Bicuço. Harry e Rony nem sentiam vontade de comer o café-da-manhã assim como também não queriam almoçar; Harry havia notado que o grupo da irmã também não comia nada e muito menos brincavam uns com os outros. Charles e Hermione estavam faltando, Harry não havia visto nenhum dos dois durante toda a manhã e começo de tarde.

           - Talvez tenham ido esperar pelo Hagrid na cabana. - Comentou Rony quando Harry comentou a falta dos dois. - Ou até mesmo tenham ido com ele.

              Harry notou que até mesmo Aslan parecia triste. Havia ficado todo o tempo deitado na sala comunal da Grifinória, sem brincar com ninguém e quando Sophie se aproximou dele, o leão apenas deitou a cabeça no colo da ruiva.

               - Hagrid me disse uma vez que leões ficam tristes quando sentem que algo ruim vai acontecer... - Murmurou Sophie quando Harry se sentou ao lado dela. - Pela primeira vez eu realmente não sei o que fazer ou dizer, Harry.

             - Vamos passar por isso. - Respondeu Harry acariciando a orelha de Aslan. - Daremos um jeito.

               - Eu espero irmãozinho. Eu realmente espero.

                 Então quando deu 18h32, Harry e Rony estavam juntos andando para a salão principal quando viraram a esquina do corredor em que estavam, ambos viram Hermione indo até eles segurando uma carta e com os lábios tremendo. Harry e Rony se apressaram na direção dela.

               - E então? - Perguntou Rony aparentemente se esquecendo de toda a raiva que estava da garota. - Vencemos? Por favor, me diz que vencemos.

               Hermione não respondeu, olhava para o chão quando esticou o braço e entregou a carta para Harry que pegou rapidamente e leu:

              "Hermione e Charles, e Cia,

             Perdemos. Tive permissão de trazer Bicuço de volta a Hogwarts. A data de execução vai ser marcada. Bicucinho gostou de Londres.

              Não vou esquecer toda a ajuda que vocês nos deu. Principalmente de Charles e Mione.   Obrigado.

 

                  Hagrid."

              - Não.. eles não podem fazer isso! - Exclamou Harry em choque. - Bicuço não é perigoso! A culpa foi do Draco!

             - O pai de Malfoy deve ter intimidado a Comissão, para ela fazer isso. - Disse Hermione, enxugando as lágrimas. - Vocês sabem como ele é. Os outros são um bando de velhos caducos e bobos e ficaram com medo.

              - Isso tá errado! - Rosnou Rony com raiva. - Você e Charles fizeram tanto para nada! Eu não posso acreditar nisso! É injusto!

            - Ah, Rony!

              Hermione atirou os braços ao pescoço de Rony e desabou completamente. Rony, com cara de terror, acariciou muito sem jeito o topo da cabeça da garota. Finalmente, ela se afastou.

             - Rony, eu realmente sinto muito, muito mesmo, pelo Perebas... - Soluçou ela.

             - Ah... Bem... Ele estava velho. - Disse Rony, parecendo muitíssimo aliviado por Hermione o ter soltado. - E estava ficando meio inútil. Nunca se sabe, talvez mamãe e papai me comprem uma coruja agora.

                - Os outros já sabem? - Perguntou Harry passando a mão nas costas da amiga para acalmá-la mais.

           - Charles foi contar para eles. Disse para encontrar eles na cabana do Hagrid. - Responde ela se acalmando devagar.

            - Então vamos! - Exclamou Rony.

             - Como? A segurança está totalmente redobrada. - Disse Hermione chateada.

            - Harry tem a capa e o Mapa. Vai ser fácil. - Comentou Rony olhando para o amigo.

          - Eu só tenho a capa. O Mapa eu emprestei para o Remus. - Respondeu Harry. - Mas a gente consegue apenas com a capa, já fizemos isso uma vez e a Sophie também.

             - Então vamos.. mas com cuidado! - Avisou Mione.

              Assim, os três pegaram a capa e saíram do castelo com bastante cuidado e sem deixar perceber eles passando. Quando chegaram na cabana, bateram na porta e quem abriu foi Erik que franziu a testa quando não viu ninguém mas logo ele percebeu que estavam embaixo da capa e deu passagem para os três entrarem. Assim que a porta foi fechada novamente, Harry tirou a capa e olhou para todos que estavam ali.

              Hagrid estava sentado na habitual poltrona, Charles, Sophie, Harriet e os gêmeos estavam sentados na mesa - Erik passou por eles e se sentou ao lado de Charles -, Bicuço estava deitado no canto da casa com Aslan deitado ao lado dele, o leão estava com a cabeça deitada nas patas e olhava tristemente para Bicuço.

             - Obrigado por estarem aqui... - Murmurou Hagrid tristemente passando a mão no rosto, secando algumas lágrimas. - Significa muito.

             - Sinto muito, Hagrid... eu sinto tanto. - Disse Hermione indo até o meio-gigante e o abraçando.

             - Eles não podem fazer isso. Bicuço é bom, a culpa foi do Malfoy. - Disse Harry olhando para Sophie que apenas suspirou.

          - Lembra o que eu falei com você, uma vez? Sobre como o medo torna as pessoas tolas e cegas? - Perguntou Sophie e Harry assentiu com a cabeça. - Foi exatamente o que aconteceu lá. Malfoy com certeza ameaçou todos para chegar nesse resultado.

            - Mas um não se entregou ao medo! Não, Newt Scamander! - Bradou Hagrid olhando para todos ali. - Mesmo tão velhinho ele lutou pela causa de Bicuço e ele teria conseguido se Malfoy não tivesse colocado medo nos outros. Newt é um bom homem e grande amigo de Dumbledore.

              - Eu não sabia que ele ainda estava vivo. - Comentou Sophie sorrindo leve.

             - Ah ele esta sim, com 96 anos de idade e ainda continua cuidando das criaturas. - Disse Hagrid sorrindo. - Uma enorme admiração é o que eu sinto por ele.

             - O que vai acontecer agora, Hagrid? - Perguntou Rony tristemente. - Não tem como fazermos nada? Um testemunho...

               - Não, Rony. Eles já tomaram a decisão... logo irão me mandar a data do... dia. - Sussurrou Hagrid. - O que me resta agora a passar esses dias com o meu Bicucinho.

               Então Hagrid voltou a chorar. Ninguém ali sabia o que fazer, todos estavam tristes e com o coração pesado. Então Aslan se levantou e se aproximou de Hagrid, sem aviso prévio o leão começou a lamber o rosto do meio-gigante que abraçou o corpo do felino gentilmente, chorando sob a juba.

              - Bom garoto Aslan. - Sussurrou Hagrid. - Você é um bom garoto.

 

            Na terça-feira, a aula de Trato das Criaturas Mágicas havia sido bem melancólica, Hagrid dava a aula nem um pouco animado, a mente dele parecia estar longe dali e quando acabou ele entrou na Cabana sem dizer uma só palavra para se despedir.

                Harry já estava pensando em ir atrás do amigo quando a voz de Draco foi ouvida:

               - Olhem só ele! Todo triste por causa daquela besta, vocês já viram uma coisa mais patética do que essa? - Perguntou para Crebbe e Goyle. - E dizem que ele é nosso professor!

                Harry se virou e Rony fez o mesmo, os dois já prontos para partir pra cima de Draco mas para a surpresa dos dois, Hermione havia sido mais rápida.

            Foi o soco que Harry e Rony nunca iriam esquecer. A menina acertou bem no nariz de Draco que cambaleou e caiu no chão com as mãos no nariz. Todos em volta, alunos da Sonserina e Grifinória estavam totalmente em silêncio, surpresos pela atitude da Hermione.

             - Não se atreva a chamar Hagrid de patético, seu sujo... Seu perverso... seu.. - Então ela puxou a varinha e apontou para Draco que arregalou os olhos com medo.

                Todos exclamaram surpresa.

            - Mione não! - Disse Rony para a surpresa de todos. - Não vale a pena.

             Hermione continuou apontando a varinha para Malfoy mas logo foi abaixando e se acalmando. Draco por sua vez, não perdeu tempo e saiu correndo junto com Crebbe e Goyle.

              - Essa foi boa... - Comentou Harry sorrindo e surpreso para a amiga que se virou para ele e Rony.

            - Boa não, brilhante! - Exclamou Rony também sorrindo.

                - Harry, acho bom você dar uma surra nele na final de Quadribol! - Disse a garota com a voz esganiçada. - Acho bom dar, porque não vou suportar ver Sonserina vencer!

         - Será um prazer. - Respondeu Harry sorrindo. - Vamos, a aula de Feitiços é a próxima.

 

 

 

           - Foi uma ótima aula pessoal! - Comentou Remus batendo as mãos. - Mandaram muito bem! Não irei passar nenhuma lição de casa hoje mas tratem de continuar estudando tudo, os N.O.M'S estão chegando e garanto que as provas não serão nada fáceis.

            Todos na sala suspiraram cansados. Era aula dos alunos da Grifinória com Corvinal, Sophie estava sentada com Charles e Jorge, Harriet e Fred estavam sentados juntos como sempre.

           - Podem ir, até a próxima aula. - Disse Remus sorrindo. - Ah, Sophie, pode ficar um pouco?

         - Claro professor. - Respondeu Sophie sorrindo. - Vejo vocês depois. - Disse para os amigos.

          Assim que a sala estava vazia, Sophie foi até o padrinho.

              - Pode dizer professor Lupin. - Disse ela alegre para o padrinho que sorriu.

                - Eu realmente gosto desse título. - Comentou Remus sorrindo. - Enfim, eu só queria dizer que eu estou com o Mapa. Como não tivemos muito tempo por conta do seus estudos e treinos, só consegui te falar agora.

              - Por que você está com o Mapa? - Perguntou Sophie confusa. - O Harry te deu?

                - Mais ou menos...

              Remus contou para a afilhada sobre o que havia acontecido sobre o Harry ter visto o Pettigrew e sido pego por Snape. Quando terminou, Sophie tinha um enorme sorriso no rosto e parecia muito divertida e isso fez Remus revirar os olhos.

             - Eu queria ter visto a cara do Snape! Eu amo esse Mapa! - Disse Sophie rindo. - É até bom Harry ter lido o nome de Peter no Mapa, vai ser mais fácil dele acreditar quando.. tudo for contado. Enfim! Você ficou de olho em Peter depois disso?

             - Sim fiquei. Ele tem andando muito pelos corredores durante a noite, quando chega o dia ele se esconde na cozinha e fica roubando comida. - Respondeu Remus. - Particularmente eu sinto vontade de ir atrás dele e fazê-lo sofrer mas eu sei que não vale a pena e eu sei que você fica furiosa quando um plano seu acaba saindo errado.

             - Fico mesmo. - Concordou Sophie.

             - As vezes ele saí para o lado de fora do Castelo mas é por pouco tempo, quase nada. - Comentou Remus. - Mas isso não é importante, o importante é o que vem a seguir.

           - O que vem a seguir é um mistério. Essa é a beleza do meu plano. - Disse Sophie convencida. - É melhor eu ir, a aula de Aritmancia vai começar logo. Erik já deve estar me esperando e depois ainda tem treino... ó céus, eu não tenho sossego nessa vida!

           - Você pode desistir do Quadribol. - Comentou Remus como quem não quer nada.

           - Você iria adorar isso! Pode esquecer querido pai, continuarei a jogar Quadribol até eu não poder mais! - Retrucou Sophie dando um beijo na bochecha de Remus e saindo.

           - Deus sabe que eu tento. - Sussurrou Remus.

 

 

           - Como está sendo os treinos? - Pergunto Erik ao lado de Sophie na aula de Aritmancia.

             - Uma dor de cabeça. Wood não para de gritar. - Resmungou Sophie copiando a lição. - Ele está mais maluco do que já é.

            - Imaginei. - Respondeu Erik dando um sorriso de leve. - E você? Percebi que tem estado mais calma esses dias.

            - Estou seguindo as palavras de um sábio, tem me ajudado muito. - Respondeu Sophie olhando para o alemão ao lado dela. - Meio rabugento as vezes mas tem bom coração.

           - Deve ter mesmo para ter que aguentar você e o resto do grupo. - Retrucou Erik fazendo Sophie rir baixo.- Sophie...

         - Sim?

            - Se Voldemort voltar... - Começou Erik bem baixo apenas para Sophie ouvir. - Você acha que irá haver uma guerra? Uma.. segunda guerra bruxa?

           Sophie parou de escrever e pensou nas palavras do amigo. Ela desconfiava que isso poderia acontecer, todas as vezes que ela pensava no futuro, ela via uma guerra acontecendo, não via o lado perdedor e o lado vencedor, apenas via a guerra e Voldemort e Harry no meio dela. 

        No primeiro ano dela, Dumbledore havia lhe dito que só queria que ela o ajudasse a olhar Harry, e que depois pediria ajuda dela para talvez algo maior. Dumbledore sabe que Voldemort irá voltar e sabe o que fazer quando isso acontecer. E Sophie sente que irá ser ai, que as coisas irão mudar.

         - Sim. Vai haver. - Respondeu Sophie. - Talvez uma nova Ordem da Fênix também aconteça, muita coisa irá acontecer Erik. Estamos todos destinados a fazer parte disso. Para o bem e para o mal.

          - Você me lembra o Dumbledore falando. - Comentou Erik.

           - Vou considerar isso um elogio. - Disse Sophie sorrindo de lado. - Vamos aproveitar, Erik. Vamos aproveitar enquanto ainda podemos.

            Erik concordou.

 

          - Isto é uma baita perda de tempo. - Sibilou Hermione. - Eu podia estar praticando alguma coisa útil. Podia estar recuperando a matéria de feitiços para animar...

         Os três estavam juntos na aula de Adivinhações. As aulas de "Quiromancia" haviam acabado - Harry havia ficado muito feliz com isso pois já estava cansado de ver Trelawney fazer careta de aflição toda vez que examinava a mão dele - e agora eles estavam aprendendo sobre as bolas de cristal.

           - A vidência com a bola de cristal é uma arte particularmente requintada. - Disse Trelawney em tom sonhador. - Por isso não espero que vocês vejam alguma coisa ao procurarem examinar pela primeira vez as profundezas infinitas do orbe. Vamos começar praticando o relaxamento da mente consciente e da visão exterior - Rony começou a soltar risadinhas irrefreáveis e precisou meter o punho na boca para abafar o som. -, para vocês poderem limpar a visão interior e a supra-consciência. Talvez, se tivermos sorte, alguns de vocês consigam ver alguma coisa antes do fim da aula.

            Harry por sua vez estava se sentindo incrivelmente um tremendo idiota olhando para aquela bola que só mostrava fumaça. Harmione já nem fazia questão de tentar e Rony estava quase pegando no sono enquanto olhava a bola.

          A Profª. Sibila passou farfalhando.

           - Alguém gostaria que eu ajudasse a interpretar os portentos obscuros que aparecem em seu orbe? - Murmurou sobrepondo a voz ao tilintar dos seus badulaques.

 

             - Eu não preciso de ajuda. - Sussurrou Rony. - É óbvio o que isto significa. Vai haver um nevoeiro daqueles hoje à noite.

              Harry e Hermione explodiram em risadas.

              - Ora, francamente! – exclamou a Prof a Trelawney quando todas as cabeças dos alunos se viraram em sua direção.

          Parvati e Lilá fizeram caras escandalizadas.

             - Vocês estão perturbando as vibrações da vidente!

            A professora se aproximou da mesa dos garotos e espiou as bolas de cristal dos três. Harry sentiu um grande desânimo. Tinha certeza de que sabia o que viria a seguir...

            - Vejo algo aqui! - Sussurrou a professora, aproximando o rosto da bola, de modo que esta se refletiu duas vezes em seus enormes óculos. - Alguma coisa que se move... mas o que é isso?

           Harry estava preparado para apostar tudo que tinha, inclusive a Firebolt, que, seja o que fosse, não seria uma boa notícia e que provavelmente tinha haver com o Sinistro. E não deu outra...

         - Meu querido... - Sussurrou a professora, erguendo os olhos para ele. - Está aqui, mais claro que antes... meu querido, aproximando-se de você, cada vez mais perto... o Sin...

           - Ah, pelo amor de Deus! - Exclamou Hermione em voz alta. - Não é aquele ridículo Sinistro outra vez! É festa de Sinistro, por um acaso? A única coisa que a senhora vê na vida do Harry é um Sinistro? Tem como você ver alguma outra coisa que talvez seja um pouco melhor?!

          Harry sentiu uma onda de carinho pela amiga e também uma enorme vontade de abraça-lá.

 

          A Prof a Sibila ergueu os enormes olhos para a garota. Parvati cochichou alguma coisa com Lilá, e as duas olharam feio para Hermione também. A professora se ergueu, fitando Hermione com inconfundível raiva.

            - Sinto dizer que do instante em que você entrou nesta sala, minha querida, ficou evidente que não tinha o talento que a nobre arte da Adivinhação exige. Na verdade, eu não me lembro de jamais ter encontrado uma aluna cuja mente fosse tão irreparavelmente terrena.

           Seguiu-se um momento de silêncio. Então...

          - Ótimo! - Exclamou Hermione, de repente, levantando-se e enfiando o exemplar de Esclarecendo o futuro na mochila. - Ótimo! - Repetiu, atirando a mochila sobre o ombro e quase derrubando Rony da cadeira. - Eu desisto! Vou-me embora.

           E para assombro da turma, Hermione se dirigiu ao alçapão, abriu-o com um pontapé e desceu a escada, desaparecendo de vista.

          Levou alguns minutos para todos se aquietarem outra vez. A professora parecia ter se esquecido completamente do Sinistro. Deu as costas, bruscamente, à mesa de Harry e Rony, respirando forte e ajeitando o diáfano xale mais perto do corpo.

              - Ooooo! - Exclamou Lilá de repente, assustando todo mundo. - Oooooo, Prof a Sibila, acabei de me lembrar! A senhora viu a Hermione nos deixando, não foi? Não foi, professora? Na altura da Páscoa, alguém aqui vai deixar o nosso convívio para sempre! A senhora disse isso há um tempão, professora!

           Sibila sorriu suavemente e Harry e Rony se olharam com tédio.

            - É verdade, minha querida, eu sabia que a Srta. Granger iria nos deixar. Esperemos, no entanto, que tenhamos nos enganado com os sinais... A visão interior pode ser um fardo, sabem...

           Lilá e Parvati pareceram profundamente interessadas e trocaram de lugar para que a professora pudesse parar à mesa delas.

          - Dessa vez a Mione mandou muito bem. - Comentou Rony para Harry.

          - Verdade. Sophie e os outros vão ficar bem felizes quando descobrirem o que aconteceu hoje. - Respondeu Harry sorrindo.

           As férias da Páscoa não foram exatamente relaxantes. Os alunos do terceiro ano nunca tinham recebido tantos deveres para casa. Neville Longbottom parecia às vésperas de um colapso nervoso, e não era o único.

            - Chamam a isso de férias! - Bradou Simas Finnigan certa tarde na sala comunal. - Ainda faltam séculos para os exames, qual é a deles!

           Harry realmente não reclamava pois sabia que os alunos do quinto ano estavam em piores situações. Harry quase não via a irmã mais, pois ela estava lotada de lição para fazer, assim como o restante do grupo dela. Mione também estava no mesmo estado e Harry desejava que a amiga desistisse de mais aulas pois participar de tantas estava acabando com ela.

           Ele, Sophie, Fred e Jorge tiveram que encaixar os deveres entre os treinos diários de quadribol, para não falar das intermináveis discussões de táticas com Olívio. A partida Grifinória-Sonserina fora marcada para o primeiro sábado depois das férias da Páscoa. Grifinória estava na frente com 200 pontos e a Sonserina estava com 120 pontos atrás, eles não podem ultrapassar os pontos da Grifinória - apesar de ser bem complicado- Harry tinha que pegar o pomo o mais rápido que conseguia. Mas ele tinha certeza que esse jogo seria o jogo mais sujo que teria de presenciar. E isso preocupava ele por conta de Sophie, mesmo a irmã tendo uma Firebolt também, ele sabia como os jogadores da Sonserina eram violentos e que nutriam muito ódio da irmã.

        - Quem mexer com Sophie lá em cima, Harry, irá se ver comigo aqui no chão. - Comentou Erik quando Harry disse a preocupação que estava tendo para o alemão. - Não se preocupe. Eles sabem muito bem o que acontece quando mexem em alguém que eu amo.

          - Obrigado, Erik. - Disse Harry um pouco mais aliviado.

         Erik sorriu para ele e bagunçou seus cabelos fazendo Harry reclamar e rir.

              Toda a Grifinória estava obcecada com a próxima partida. A casa não ganhava a Taça de Quadribol desde que o lendário Carlinhos Weasley (o segundo irmão mais velho de Rony) jogara como apanhador. Mas Harry duvidava se alguém no mundo, mesmo Olívio, queria essa vitória tanto quanto ele. A inimizade entre Harry e Malfoy atingira o auge. Malfoy ainda sofria com o incidente da pelota de lama em Hogsmeade e ficara ainda mais furioso que Harry tivesse conseguido escapar do castigo. Harry, por sua vez, não se esquecia da tentativa de Malfoy de sabotá-lo durante o jogo contra Corvinal, mas foi o caso de Bicuço que o deixou ainda mais decidido a vencer Malfoy diante da escola inteira.

         Nunca, na lembrança de ninguém, uma partida se aproximara com uma atmosfera tão carregada. Quando as férias terminaram, a tensão entre os dois times e suas casas estava a ponto de explodir. Pequenas brigas irrompiam nos corredores, que culminaram em um incidente perverso, no qual um quartanista da Grifinória e um sextanista da Sonserina acabaram na ala hospitalar, com alhos-porós brotando dos ouvidos.

         - Não estou surpresa com a atitude do Alex. - Comentou Harriet sobre o aluno da Grifinória que estava na Ala-Hospitalar. - Ele adora arrumar briga.

           Harry, pessoalmente, estava passando um mau pedaço. Não podia ir e vir sem que os alunos da Sonserina esticassem as pernas tentando fazê-lo tropeçar; Crabbe e Goyle não paravam de aparecer onde quer que ele estivesse e se afastar desapontados quando o viam cercado de colegas. Olívio dera instruções para que Harry estivesse sempre acompanhado em todo lugar, para a eventualidade de algum aluno da Sonserina querer inutilizá-lo para o jogo. Toda a Grifinória assumiu o desafio com entusiasmo, tornando impossível Harry chegar às aulas na hora certa, porque andava rodeado por uma aglomeração de colegas barulhentos. Mas o garoto se preocupava mais com a segurança da Firebolt do que com a própria. Quando não estava voando, ele trancava a vassoura no malão e muitas vezes dava uma corrida à Torre da Grifinória, nos intervalos das aulas, para verificar se ela continuava lá.

           Sua irmã só não sofria igual por conta de Erik que sempre estava ao lado dela. Mas estava muito claro que muitos alunos da Sonserina estavam com raiva dela. Não era atoa, sua irmã era muito talentosa e com uma Firebolt ainda, era impossível segurá-la.

          Todas as atividades normais na sala comunal foram abandonadas na véspera do jogo. Até Hermione pusera os livros de lado.

        - Não consigo estudar, não consigo me concentrar. - Comentou ela, nervosa.

           Havia uma grande algazarra. Fred e Jorge enfrentavam a pressão agindo com mais barulho e exuberância que nunca. Olívio estava a um canto debruçado sobre a maquete de um campo de quadribol, empurrando bonequinhos com a varinha e resmungando. Harriet, Charles, Kátia e Angelina riam das piadas dos gêmeos e Sophie lia um livro com Erik, ambos bastante concentrados.

        Harry por sua vez estava sentado com Rony e Hermione afastado do centro das atividades, procurando não pensar no dia seguinte, porque toda vez que o fazia, tinha a terrível sensação de que alguma coisa enorme estava tentando voltar do seu estômago.

          - Você vai se sair bem. - Disse Hermione a ele, embora parecesse decididamente aterrorizada.

           - Você tem uma Firebolt! - Animou-o Rony.

          - É... - Respondeu Harry, o estômago se revirando.

            Foi um alívio quando Wood se levantou e gritou:

            - Time! Cama!

              Harry dormiu mal. Primeiro, sonhou que perdera a hora e que Olívio gritava: "Onde é que você se meteu? Tivemos que chamar Neville para substituílo!" Depois sonhou que Malfoy e o resto do time da Sonserina chegavam para a partida montados em dragões. Harry voava a uma velocidade vertiginosa, tentando evitar o jorro de chamas que saía da boca da montaria de Malfoy, quando percebeu que esquecera sua vassoura. Começou, então, a cair pelo ar e acordou assustado.

             Levou alguns segundos para se lembrar que a partida ainda não se realizara, que estava seguro em sua cama, e que, decididamente, o time da Sonserina não teria permissão para jogar montado em dragões. Sentiu uma sede enorme. O mais silenciosamente que pôde, levantou-se da cama de colunas e foi se servir de água de uma jarra de prata sob a janela.

           Não havia movimento nem som nos jardins. Nenhum sopro de vento perturbava as copas das árvores na Floresta Proibida; o Salgueiro Lutador estava imóvel e transpirava inocência. Parecia que as condições para a partida seriam perfeitas.

 

           Harry pousou o copo e já ia voltar para a cama quando alguma coisa prendeu sua atenção. Havia um animal rondando o gramado prateado.

             Harry correu à sua mesa de cabeceira, apanhou os óculos, colocou-os, e voltou depressa à janela. Não podia ser o Sinistro – não agora – não na véspera da partida...

           Ele tornou a espiar os jardins e, depois de uma busca ansiosa, localizou-o. O animal ia contornando a orla da floresta agora... Não era o Sinistro... era um gato... Harry agarrou o peitoril da janela aliviado ao reconhecer aquele rabo de escovinha. Era só o Bichento...

           Ou seria só o Bichento? Harry apurou a vista, esborrachando o nariz contra a vidraça. Bichento parecia ter parado. O menino teve certeza de que estava vendo outra coisa andando sob a sombra das árvores, também.

          E naquele momento, ele apareceu – um cão gigantesco, peludo e negro, que se movia sorrateiramente pelos gramados. Bichento caminhava ao seu lado. Harry arregalou os olhos. Que significaria isso? Se Bichento também via o cão, como é que ele podia ser um agouro da morte de Harry?

         - Rony! - Sibilou Harry. - Rony! Acorda!

         - Hum?

       - Preciso que você me diga se vê uma coisa!

        - Tá tudo escuro, Harry. - Murmurou o amigo com a voz empastada. - Do que é que você está falando?

       - Ali embaixo... - Harry espiou depressa pela janela.

          Bichento e o cão haviam desaparecido. Ele subiu, então, no peitoril para ver lá embaixo, nas sombras do castelo, mas os bichos não estavam mais lá. Aonde teriam ido?

          Um forte ronco lhe informou que Rony tornara a cair no sono.

 

 

           - É hoje meninas. - Disse Sophie para Kátia e Angelina que estavam animadas.

           As três já estavam vestidas, já tomadas banho e bem acordadas. O grande dia, emfim, havia chegado.

        - Hoje nós temos que... - Sophie cortada por um juramento alto vindo do lado de fora do quarto.

            Ao abrirem a porta, a escada havia se tornado um escorregado e na hora elas souberam que havia sido Wood tentando entrar no quarto delas. Elas riram, Sophie pegou a Firebolt e junto com as amigas, desceram de encontro com o Capitão do time.

        - Vou sentir saudades de você, Wood. Realmente vou. - Disse Sophie beijando a bochecha de Wood. - Você foi o melhor Capitão que esse time já teve. - Dito isso ela saiu.

           Angelina e Kátia deram beijos na bochecha do goleiro e seguiram a ruiva.

         Quando todo o time estava reunido, eles foram juntos para o Grande Salão e lá, foram recebido por vários aplausos, não só da mesa da Grifinória, mas a Corvinal e Lufa-Lufa também enquanto a mesa da Sonserina os vaiava.

           Harry se sentia melhor com aqueles aplausos, se sentia mais confiante. Principalmente com Sophie ao lado dele segurando a Firebolt, assim como ele também segurava.

            Olívio passou o café da manhã inteiro insistindo para que o time comesse, sem, contudo, se servir de nada. Depois apressou-os a se dirigirem ao campo antes que os outros tivessem terminado, para terem uma ideia das condições de jogo. Quando saíram do Salão Principal, receberam novos aplausos.

          - Boa sorte, Harry! - Gritou Cho. Harry sentiu o rosto corar enquanto Fred e Jorge riram.

           - OK... não tem vento... o sol está meio forte, o que pode prejudicar a visão, tomem cuidado... o chão está bem firme, bom, isso vai nos dar um bom impulso inicial...

            Olívio andou pelo campo examinando tudo, com o time atrás. Finalmente, eles viram as portas do castelo se abrirem ao longe e o restante da escola se espalhar pelos gramados.

         - Vestiário. - Disse Olívio tenso.

          Ninguém falou enquanto se despiam e vestiam os uniformes vermelhos. Harry ficou imaginando se todos estariam se sentindo como ele: como se tivesse comido alguma coisa que se mexia demais dentro da barriga.

         Quando já estava pronto, Sophie puxou o braço dele e o levou para um canto.

           - Eu sei que não tem necessidade de eu dizer isso mas... toma cuidado hoje. Você tem a Firebolt e ela é bem rápida mas... só toma cuidado. Você como o time da Sonserina é e você sabe que eles vão fazer de tudo para ganhar o jogo hoje. - Disse ela baixo.

           Harry sentiu o coração se esquentar.

         - Eu sei. - Respondeu Harry sem saber o que dizer.- Você também... toma cuidado.

        - Esta com a varinha? - Perguntou Sophie séria.

      - Sim. Você?

       - Também.

         Eles ficaram em silêncio por um tempo até Harry tomar a iniciativa e abraçar Sophie apertado.

        - Vamos mostrar o que os Potter são realmente capazes de fazer. - Disse Harry ferozmente.

         - Isso ai. - Concordou Sophie sorrindo.

          - OK, pessoal, vamos... - Olívio disse de repente.

         Sophie piscou para Harry e foi até Fred. Sem dizerem nada, os dois se beijaram apaixonadamente. O time todo aplaudiu, até mesmo Wood. Quando o casal se separou, Fred tinha um enorme sorriso no rosto assim como Sophie.

         - Vamos acabar com eles. - Disse Fred para todos.

         Com um grito de guerra, todos saíram para os gramados. O time entrou em campo sob uma onda gigantesca de aplausos. Três quartos da torcida usavam rosetas vermelhas, agitavam bandeiras vermelhas com o leão da Grifinória ou faixas com palavras de ordem: "PRA FRENTE GRIFINÓRIA!" e "A COPA É DOS LEÕES!". Atrás das balizas da Sonserina, porém, duzentos torcedores se cobriam de verde; a serpente prateada da casa refulgia em suas bandeiras e o Prof. Snape estava sentado na primeira fila, vestindo verde como os demais, exibindo um sorriso muito sinistro.

          - Odeio ver ele sorrir. - Comentou Harry para Sophie.

           - Então vamos tirar esse sorriso idiota do rosto dele, meu querido irmão. - Respondeu Sophie marotamente.

           Na arquibancada dos alunos da Grifinória, Harry e Sophie viram que Remus estava em pé na primeira fila, vestido de vermelho e bastante animado. Rony, Mione, Charles, Erik e Harriet estavam ao lado dele. Aslan também estava com eles.

          "E aí vem o time da Grifinória!" - Bradou Lino Jordan, que, como sempre, fazia a irradiação. "Potter, Potter, Bell, Johnson, Weasley, Weasley e Wood. Considerado por todos o melhor time que Hogwarts já viu em muitos anos..."

          Os comentários de Lino foram abafados por uma onda de vaias da torcida da Sonserina.

"E aí vem o time da Sonserina, liderado pelo capitão Flint. Ele fez algumas alterações no esquema tático e parece ter preferido o peso à qualidade..."

          Mais vaias da torcida da Sonserina. Harry, porém, achou que Lino tinha razão. Malfoy era, sem discussão, o menor jogador do time; todos os outros eram enormes.

          - Capitães, apertem-se as mãos! - Disse Madame Hooch.

            Flint e Wood se aproximaram e se apertaram as mãos com força; davam a impressão de que estavam querendo quebrar os dedos um do outro.

         - Montem nas vassouras! - Disse Madame Hooch. - Três... dois... um...

           Harry e Sophie deram impulso e seguidos por Fred e Jorge, voaram para a arquibancada da Grifinória. Remus esticou a mão com um enorme sorriso no rosto, Rony, Mione, Charles, Erik e Harriet fizeram o mesmo. Harry e Sophie passaram por eles batendo em suas mãos assim como Fred e Jorge que gritaram como sempre faziam "MOOOOOONY!!!".

             Harry e Sophie deram um loop e então se afastaram. Sophie indo para perto de Angelina e Harry voando mais alto em busca do pomo.

         "E Grifinória com a posse da bola, Kátia Bell da Grifinória com a goles, voando direto para as balizas da Sonserina, em boa forma, Kátia! Arre, não – a goles foi interceptada por Warrington, Warrington da Sonserina partindo em velocidade pelo campo – PAM! – uma boa rebatida de um balaço por Jorge Weasley, Warrington deixa cair a goles, que é apanhada por... Sophie Potter, Grifinória com a posse da bola outra vez, aí Sophie! Acaba com eles – bom desvio de Montague – se abaixa Sophie, aí vem um balaço! – ELA MARCA! DEZ A ZERO PARA GRIFINÓRIA!"

           Sophie sorriu e levantou o punho e deu um soco para o alto em vitória enquanto sobrevoava o campo. O mar vermelho gritava de felicidade.

         - SOPHIE! SOPHIE! SOPHIE! SOPHIE!

          Um enorme rugido foi ouvido assustando os jogadores da Sonserina. Aparentemente Aslan também estava comemorando.

           Sophie já voava em direção ao jogador da Sonserina que estava com a goles quando Marcus Flint foi com tudo para cima dela, por minutos Harry achou que a irmã iria cair na vassoura com a trombada que Flint havia lhe dado, mas com uma manobra muito boa ela conseguiu tomar o controle.

          - Desculpe! Eu não vi a ruiva! - Gritou Flint.

          Fred com uma enorme onda de ódio o atingindo, atirou o bastão contra a cabeça de Flint, cujo nariz bateu com força no cabo da vassoura e começou a sangrar.

         - Fred! - Ralhou Sophie se aproximando do namorado e o puxando para longe.

           - Chega! - Gritou Madame Hooch, mergulhando entre os dois. - Pênalti contra Grifinória pelo ataque gratuito ao artilheiro do seu adversário! Pênalti contra Sonserina por prejuízo intencional ao artilheiro do seu adversá rio!

          - Ah, nem vem! - Berrou Fred, mas Madame Hooch apitou e Sophie se adiantou para cobrar o pênalti.

         "Vai, Sophie!!", gritou Lino no silêncio que se abatera sobre as arquibancadas. "SIM, SENHORES! ELA FUROU O GOLEIRO! VINTE A ZERO PARA GRIFINÓRIA! ESSA É A NOSSA LEOA!!!"

          Harry deu uma guinada na Firebolt para ver Flint, ainda sangrando à beça, voar para cobrar o pênalti contra Sonserina. Olívio sobrevoava as balizas da Grifinória, os maxilares contraídos.

          "É claro que Wood é um esplêndido goleiro!", comentou Lino Jordan para os ouvintes enquanto Flint aguardava o apito de Madame Hooch. "Esplêndido! Difícil de vazar – muito difícil mesmo – SIM SENHORES! EU NÃO ACREDITO! ELE AGARROU A BOLA!"

          Harry gritou de alegria e deu três loops. Se sentindo mais aliviado, Harry voou velozmente pelo campo atrás de algo muito rápido e dourado mas sem perder uma palavra do Lino.

          "Grifinória com a posse, não, Sonserina com a posse – não! – Grifinória retoma a posse e é Angelina Johnson, Angelina Johnson da Grifinória com a goles, a jogadora corta o campo – FOI INTENCIONAL!"

          Montague, um artilheiro da Sonserina, cortou a frente de Angelina e em vez de agarrar a goles, agarrou a cabeça da jogadora. Angelina deu uma cambalhota no ar, conseguiu continuar montada, mas deixou cair a goles.

          - TÁ LEGAL, ANGIE? - Perguntou Sophie próximo a amiga.

          - Tô.. só um pouco tonta... mas vou ficar bem!

          O apito de Madame Hooch soou mais uma vez ao sobrevoar Montague e começar a gritar com ele. Um minuto depois, Angelina tinha marcado mais um pênalti contra a defesa da Sonserina.

        "TRINTA A ZERO! TOMA, SEU SUJO, SEU COVARDE..."

         - Jordan, se você não consegue irradiar imparcialmente...

          - Estou irradiando o que acontece, professora! E o que acontece é que esse sujo, cocô de troll tomou o que merece!

            Harry então percebeu que Malfoy estava atrás dele, do mesmo modo que Cho no último jogo. Sorriu para isso, Malfoy iria aprender a não seguir um Potter, filho do melhor maroto que já existiu.

            Fingindo uma expressão de súbita concentração, Harry deu meia-volta na Firebolt e correu em direção ao campo da Sonserina – a manobra funcionou. Malfoy saiu a toda velocidade atrás dele, pensando evidentemente que Harry vira o pomo lá...

           CHISPA.

            Um dos balaços passou voando pela orelha direita de Harry, arremessado pelo gigantesco batedor da Sonserina, Derrick. Então, novamente...

           CHISPA.

          O segundo balaço roçou pelo cotovelo de Harry. O outro batedor, Bole, vinha se aproximando. Harry teve um vislumbre fugaz de Bole e Derrick voando em sua direção, com os bastões erguidos...

           Virou a Firebolt para o alto no último segundo e os dois batedores colidiram com um baque de provocar náuseas.

          - Desculpe rapazes, eu não vi dois trolls me seguindo!! - Gritou Harry voando para longe.

          "Ha, haaa!", bradou Jordan quando os batedores da Sonserina se separaram, levando as mãos à cabeça. "Mau jeito, rapazes! Vão ter que acordar mais cedo para vencer uma Firebolt! E Grifinória fica com a posse da bola mais uma vez, quando Angelina toma a goles – Flint emparelhado com ela – mete o dedo no olho dele, Angelina! – foi só uma brincadeira, professora, só uma brincadeira – ah não – Flint toma a bola, Flint voa para as balizas da Grifinória, agora é com você Wood, agarra...!"

          Mas Flint marcou; houve uma erupção de vivas do lado da Sonserina e Lino xingou tanto que a Prof a Minerva McGonagall tentou arrancar o megafone mágico das mãos dele.

        - Desculpe, professora, desculpe! Não vai acontecer de novo!

        "Então, Grifinória está à frente, trinta a dez, e Grifinória tem a posse... VAI SOPHIE! ACABA COM ESSES TROLLS! Desculpa, professora."

            O jogo estava deteriorando no mais sujo de que Harry já participara. Enraivecidos porque Grifinória tomara a dianteira desde o início, os adversários estavam rapidamente recorrendo a todos os meios para roubar a goles. Bole atingiu Kátia com o bastão e tentou alegar que pensara que era um balaço. Jorge foi à forra dando uma cotovelada na cara de Bole. Madame Hooch puniu os dois times e Wood fez mais uma defesa espetacular, e Sophie um ótimo gol, elevando o placar para quarenta a dez para Grifinória.

          Sophie agora estava com a goles, deu uma cambalhota por Warrington e passou por Flint dando um belo mergulho. Por fim, Sophie Potter havia marcado.

         "MAIS UM PONTO!!! Grifinória na frente por 50 à 10! Vai Sophie! VAI!!!"

           Fred e Jorge mergulharam cercando a ruiva, os bastões erguidos, caso os jogadores da Sonserina pensassem em se vingar. Bole e Derrick aproveitaram a ausência de Fred e Jorge para arremessar os dois balaços em Wood; eles o atingiram no estômago, um após o outro, e o goleiro virou de cabeça para baixo no ar, agarrando-se à vassoura, completamente sem ar.

 

            Madame Hooch ficou fora de si.

           - Não se ataca o goleiro a não ser que a goles esteja na área do gol! - Gritou ela para Bole e Derrick. - Pênalti a favor da Grifinória!

          E Kátia marcou. Sessenta a dez. Instantes depois Fred arremessou um balaço contra Warrington, derrubando a goles de suas mãos; Sophie apanhou a bola e enterrou-a no gol da Sonserina – setenta a dez.

          Fred e Sophie se encontraram e deram um beijo rápido no ar fazendo todos os grifinórios vibrarem.

         "Esse casal tem poder, meus amigos!!"

          A torcida da Grifinória lá embaixo estava rouca de tanto gritar e agora mais do que nunca ele podia sentir todos os olhos nele. Ele precisava achar o pomo!

           Então Harry o viu. O pomo estava brilhando seis metros acima dele.

           O garoto imprimiu maior velocidade à vassoura; o vento rugiu em seus ouvidos; ele estendeu a mão, mas, de repente, a Firebolt começou a desacelerar... Horrorizado, ele olhou para os lados. Malfoy se atirara para a frente, agarrara a cauda da Firebolt e procurava atrasá-la.

      - Ora seu...

         Harry se enfureceu o suficiente para bater em Malfoy, mas não conseguiu alcançá-lo. Malfoy ofegava com o esforço de segurar a Firebolt, porém seus olhos brilhavam de malícia. Conseguira o seu intento – o pomo havia desaparecido.

          - Pênalti! Pênalti a favor da Grifinória! Nunca vi uma tática igual! - Madame Hooch guinchava, enquanto velozmente se dirigia até o ponto em que Malfoy deslizava de volta à sua Nimbus 2001.

           "SEU SAFADO NOJENTO!", urrava Lino Jordan no megafone, saltando fora do alcance da Prof a McGonagall. "SEU SAFADO NOJENTO, FILHO..."

          A professora nem se deu o trabalho de ralhar com Lino. Na verdade ela sacudia o dedo na direção de Malfoy, seu chapéu caíra da cabeça, e ela também berrava furiosamente.

         Kátia cobrou o pênalti para Grifinória, mas estava tão zangada que errou por mais de meio metro. O time da Grifinória começou a perder a concentração e os jogadores da Sonserina, encantados com a falta de Malfoy em cima de Harry, se sentiam estimulados a tentar voos mais altos.

         "Sonserina com a posse, Sonserina corre para o gol... Montague marca...", gemeu Lino. "Setenta a vinte para Grifinória..."

          Harry agora estava marcando Malfoy tão de perto que os joelhos dos dois se batiam o tempo todo. Harry não ia deixar Malfoy sequer se aproximar do pomo...

            - Sai da frente, Potter! - Gritou Malfoy, frustrado, ao tentar se virar e deparar com Harry no bloqueio.

         "Sophie Potter pega a goles para Grifinória, meus Deus, vai Sophie, VAI, VAI!"

           O tom desesperado de Jordan fez Harry olhar na direção da irmã. Seu coração acelerou. Todos os jogadores da Sonserina, à exceção de Malfoy, estavam correndo pelo campo em direção a Sophie, inclusive o goleiro do time - todos iam bloqueá- la...

            Sem nem pensar duas vezes, Harry deu meia-volta na Firebolt, curvou-se até deitar o corpo sobre seu cabo, e impeliu-a para a frente. Como uma bala, ele se precipitou em alta velocidade contra os jogadores da Sonserina.

           AAAAAAARRRRRRRE!

           Os jogadores se dispersaram quando viram a Firebolt vindo; o caminho de Sophie ficou desimpedido.

"ELA MARCOU! ELA MARCOU! Grifinória lidera por oitenta a vinte! Muito bem Harry!"

           E então ele viu uma coisa que fez o seu coração parar. Malfoy estava mergulhando, uma expressão de triunfo no rosto – lá, a menos de um metro acima do gramado, lá embaixo, havia um minúsculo reflexo dourado.

           Harry apontou a Firebolt para baixo, mas Malfoy estava quilômetros à sua frente.

          – Vai! Vai! Vai! – Harry dizia à vassoura.

            A distância que o separava de Malfoy foi diminuindo. Harry deitou-se no cabo da vassoura quando viu Bole arremessar um balaço contra ele, já encostara nos calcanhares de Malfoy, emparelhou...

           Harry se atirou à frente, tirou as mãos da vassoura. Afastou o braço de Malfoy do caminho com um empurrão e...

         "PEGOU! ELE PEGOU O POMO! HARRY POTTER PEGOU O POMO! GRIFINÓRIA VENCEU A TAÇA!"

           Tirou, então, a vassoura do mergulho, a mão no ar, e o estádio explodiu. Harry sobrevoou as arquibancadas, um zumbido estranho nos ouvidos. A bolinha de ouro estava bem segura em sua mão, batendo inutilmente as asinhas contra seus dedos.

           No momento seguinte, Wood veio voando ao seu encontro, quase cego pelas lágrimas; agarrou Harry pelo pescoço e soluçou sem se conter no ombro do garoto. Harry sentiu dois grandes trancos quando Fred e Jorge colidiram com eles; depois as vozes de Angelina e Kátia:

         - Ganhamos a Taça! Ganhamos a Taça!

            Wood se afastou um pouco, assim como os outros e Sophie entrou dentro do abraço, puxando Harry e o abraçando com força. Todos voltaram a se abraçar.

         - Mandou bem, Potter. - Sussurrou Sophie com a voz embargada.

         - Mandou bem, Potter. - Sussurrou Harry de volta.

         Embolados num abraço de muitos braços, o time da Grifinória foi descendo, berrando roucamente, de volta ao chão.

              Onda sobre onda de torcedores vermelhos saltou as barreiras do campo. Choveram mãos nas costas dos jogadores. Harry teve uma impressão confusa de ruído e corpos que o empurravam. Então ele e o resto do time foram erguidos nos ombros dos torcedores. Empurrado para a luz, ele viu Hagrid, emplastrado de rosetas vermelhas...

           - Você os derrotou, Harry, você os derrotou! Espere até eu contar a Bicuço!

             De longe Sophie e ele viram Remus batendo palmas com Erik ao lado, ambos com enormes sorrisos no rosto.

           Lá estava Percy, pulando que nem maluco, toda a dignidade esquecida. A Prof a Minerva soluçava mais até que Wood, enxugando os olhos com uma enorme bandeira da Grifinória; e lá, lutando para chegar a Harry, Sophie, Fred e Jorge, vinham Rony, Hermione, Charles e Harriet. Faltaram palavras aos amigos. Simplesmente sorriram radiantes ao ver eles serem carregados para a arquibancada onde Dumbledore aguardava de pé com a enorme Taça de Quadribol e Aslan ao lado dele.

          Se ao menos tivesse havido um dementador por ali... Quando um Wood, soluçante, passou a Taça a Harry e este a ergueu no ar, o garoto sentiu que seria capaz de produzir o melhor Patrono do mundo.

          Enquanto isso, apenas Remus e Erik viam um enorme cachorro preto, com um gato pulando de alegria.

 

            Não é preciso dizer que o sorriso de Snape realmente havia sumido.


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Notas finais do capítulo

Quem quer o Erik dando um soco no Flint no próximo capítulo??♥ Bjs



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