To Die With The Sun escrita por MutantProud


Capítulo 42
Capítulo 42 - Olá.. .




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                  - Sabe, eu deveria ficar sem falar com você durante esse ano todo por ter me colocado para ficar com os Dursley's. - Foi a primeira coisa que Sophie disse para Dumbledore ao entrar no escritório do mesmo. 

 

               - Se eu soubesse que você transformaria uma mulher em um balão não teria mandado. - Respondeu Dumbledore sorrindo para a garota que já se sentava em frente á ele. - O que achou da nova senha?

 

               - Renegados? Eu adorei ela! - Disse Sophie sorrindo. - Mas ainda prefiro suas estranhas combinações de limão com alguma coisa.

 

                - Eu sei, já tenho uma senha para o próximo ano, será: Taça de limão. - Disse o diretor sorridente. 

 

                - Mais uma estranha combinação. - Disse Sophie rindo.

 

              - Como está Sophie? - Perguntou Dumbledore colocando os braços na mesa e olhando para o rosto risonho de Sophie.

 

                - Estou bem, tirando os Dursley's, as minhas férias foram boas. - Disse Sophie com simplicidade. - Estou feliz por estar de volta. E o senhor? 

 

                 - Ah minha cara, eu estou bem como sempre. Ansioso para os acontecimentos deste ano. - Disse Dumbledore sorrindo ao ver Fawkes voando até o colo de Sophie. - Ela te adora. 

 

               - Eu também adoro essa ave velha. - Comentou Sophie com carinho para Fawkes. - E acabo de me lembrar que amanhã terei que passar na cabana do Hagrid para saber como Aslan esteve durante meu tempo longe.

 

              - Sim.. eu sugiro que você comece a levar Aslan com você para as aulas. Ele, assim como Fawkes não gostaram dos dementadores ao redor do Castelo, e por precaução a vida de Aslan, eu prefiro que ele fique com você. - Disse Dumbledore sério para Sophie que concordou com a cabeça. - Deixarei avisado para os professores.

 

                - Acredito que Aslan e Fawkes não sejam os únicos que não gostaram da visita dos dementadores. - Comentou Sophie levantando um sobrancelha na direção do diretor que soltou um resmungo baixo. - Sei muito bem o quanto você os despreza. 

 

                - São criaturas odiosas. Só os aceitei porque não quero que Cornélio mande aurores para cá. Seria mais difícil para Sirius entrar aqui despercebido. - Suspirou Dumbledore. - Mas e você? Como está você e o Harry?

 

                - Está se referindo ao ataque no trem? Bem, já estamos bem... eu acho. Harry ficou bastante abalado mais pelo fato de ter ouvido a voz da nossa mãe gritando... acho que não seria isso que Harry gostaria de ouvir pela primeira vez relacionado a linda voz dela. - Comentou Sophie olhando para Fawkes e lembrando da voz de sua mãe cantando uma canção de ninar para ela e para Harry.

 

              - Os dementadores ficarão em cima dele, disto não restam duvidas. Mas e você? Acredito que reviver o evento do ano passado tão cedo não estava em seus planos.

 

              - Para falar a verdade só a dor que eu senti que foi ruim. A risada de Tom Riddle... a voz dele gritando "Crucius" eu já estou acostumada. - Disse Sophie passando a mão nos olhos. - Eu tenho tido pesadelos com isso. Desde do dia.

 

             - Mais alguém sabe? - Perguntou Dumbledore.

 

            - Até o momento, só o senhor. - Disse Sophie olhando para o diretor.

   

           - Bem, irei pedir para o professor Snape para lhe fazer uma poção para que você possa dormir bem. - Disse Dumbledore para a jovem que abriu um sorriso. 

 

               - Obrigada senhor. - Disse Sophie sorrindo. - Isso me ajudara mais com as aulas.

 

             - Ah sim, sobre as aulas, eu gostaria de pedir que você focasse mais nos estudos e deixasse de assistir as aulas do seu irmão. Com os N.O.M'S chegando, acredito que os professores irão passar muitas lições. No próximo ano se quiser, poderá voltar a assistir as aulas de Harry.

 

             - Por mim tudo bem, sei que Harry irá entender. - Disse Sophie sorrindo. - Mudando de assunto. Tem alguma notícia? Do Sirius?

 

              - Não. Para falar a verdade, você está com mais novidades sobre Sirius do que eu. - Disse Dumbledore sorrindo para a ruiva que ficou confusa.

 

               - Eu? 

 

              - Na noite em que você e seu irmão juntos com os senhores Francis e Lehnsherr mais a senhorita Lovegood saíram da Rua dos Alfineiros, antes de chamarem pelo Nôitibus. Não me surpreende você não tê-lo reconhecido, afinal, a última vez que você o viu em forma de cachorro foi quando você tinha três anos de idade.

 

              - Não... eu não acredito. - Disse Sophie ainda processando o que o diretor havia acabado de dizer. - Aquele cachorro era... meu Deus como eu não percebi?! Ele não fez nada também, só ficou me olhando... não latiu ou se aproximou mais... ele só me encarou.

 

             - Acho que você pode imaginar o porque dele ter te olhado. A última vez que ele te viu, você era uma criancinha e Harry apenas um bebê. - Disse Dumbledore sorrindo. - Acho que ele deve ter ficado bastante surpreso ao ver vocês.

 

            - Queria tanto que ele tivesse se aproximado mais.. - Murmurou Sophie tristemente e fazendo o diretor rir. 

 

             - Ah minha querida amiga, você ainda terá muito tempo com Sirius. Aguente mais um pouco e logo vocês serão uma família feliz. Você verá. - Disse Dumbledore sorrindo e pegando a mão da ruiva com carinho.

 

            Sophie olhou para o diretor e sorriu. 

 

          - Já está tarde, é melhor você ir. - Disse o diretor sorrindo e se levantando. - Irei te acompanhar até a escadaria.

 

          - Não precisa senhor.. - Sophie disse mas Dumbledore a cortou.

 

         - Eu insisto. - Dito isso, Sophie soube que nada poderia mudar o diretor de ideia. - Vamos Fawkes, chega de dormir no colo de Sophie. 

 

          A ave se levantou e voou para o ombro do diretor, Sophie sorriu e se levantou e ambos saíram da sala em direção a escadaria. Assim que eles viraram a esquina da sala do diretor, Percy Weasley surgiu.

 

            - Sophie o que você pensa... ah.. diretor... - Assim que Percy notou que Dumbledore estava com ela, Sophie achou que o Weasley iria fazer uma reverência. 

 

           - Olá Sr.Weasley. - Disse Dumbledore sorrindo. - Está fazendo a patrulha pelo Castelo, certo?

 

           - Sim, sim senhor. - Disse Percy. - Eu e a monitora chefe.

 

           - Fico feliz. - Disse Dumbledore. - Mas não fiquem até tarde.  

 

          - Sim... Sophie o que você está fazendo fora da cama? - Percy voltou-se para Sophie que revirou os olhos ao perceber que ele estava apenas se mostrando para Dumbledore.

 

           - Ah, isso é por minha culpa. Eu peguei o costume de sempre tomar um chá e conversar com Sophie, sempre depois das festas. - Disse Dumbledore passando o braço nos ombros de Sophie que sorriu para ele. - É uma ótima companhia. 

      

            - Digo o mesmo para o senhor. - Disse Sophie voltando-se para Percy que olhava a cena enciumado.

 

             - Bem, vamos continuar. Amanhã será um dia agitado, boa noite sr.Weasley. - Dito isso, Dumbledore voltou a andar com Sophie ao seu lado. 

 

           Assim que ambos chegaram na escadaria, Sophie olhou para o diretor e cruzou os braços.

 

           - O senhor sabia que Percy iria aparecer. - Acusou Sophie para Dumbledore que riu. 

 

          - Admito que sim. Enfim, boa noite Sophie. Direto para cama. - Disse Dumbledore sorrindo para a ruiva. - E dê meus comprimentos ao mais novo casal, o sr.Lehnsherr e o sr.Francis.

 

          - Será um prazer! Boa noite senhor. - Dito isso, Sophie se virou e subiu as escadas, quando olhou para atrás, Dumbledore já havia sumido.

 

 

         

             Quando Harry, Rony e Hermione entraram no Salão Principal para tomar café, na manhã seguinte, a primeira coisa que viram foi Draco Malfoy, que parecia estar entretendo um grande grupo de alunos da Sonserina com uma história muito engraçada.

           Quando os três passaram, Malfoy fez uma imitação ridícula de um desmaio que provocou grandes gargalhadas.

 

          - Não ligue para ele. - Disse Hermione, que vinha logo atrás de Harry. - Não dê bola para ele, não vale a pena...

 

           - Ei, Potter! - Chamou esganiçada Pansy Parkinson, uma garota da Sonserina com cara de buldogue. - Potter! Os dementadores estão chegando. Potter! Uuuuuuuuuuuuuu!

 

            - Ei, Parkinson! - Gritou a voz de Sophie que estava de pé na mesa da Grifinória. - Parkinson! O departamento de criaturas assustadoras está chegando. Vieram te buscar. Uuuuuuuuuuuuuuuu! 

 

         A mesa da Grifinória caiu na gargalhada e Pansy ficou vermelha e olhou feio para Sophie que sorriu debochada para a garota.

 

          - 100 pontos para Grifinória! - Gritou Jorge rindo. 

 

     Harry se sentou ao lado de Jorge que ria, Rony e Hermione se sentaram ao seu lado.

 

            - Novos horários de aulas para os alunos do terceiro ano. - Disse Fred entregando para os três. - Se anima, Harry.

 

            - É difícil quando Malfoy fica enchendo o saco. - Resmungou Harry.

 

           - Não ligue para aquele debilóide! - Disse calmamente Jorge. - Ele não estava tão exibido ontem à noite no trem quando os dementadores revistaram o trem. Fala pra eles Jordan!

 

           - Malfoy entrou correndo na cabine que eu estava com a Angelina, Kátia e o restante do pessoal. Tremendo de medo, pensamos até que ele mijaria nas calças. - Disse Jordan rindo.

 

           - Viu Harry, ele se finge de corajoso, machão mas na verdade aquele ali, é um galinha. - Disse Charles sorrindo para o garoto. - Quer uma amostra? Erik, você poderia...?

 

           - Será um prazer. - Dito isso, Lehnsherr se levantou e andou até o Malfoy.

 

          Harry olhou tudo atentamente. Erik se aproximou da mesa onde estava Malfoy e Harry pode ver que, quanto mais Erik se aproximava, mais Malfoy ficava quieto e perdia o sorriso debochado no rosto. Então Erik se debruçou na mesa e aproximou bem o rosto no rosto de Malfoy que engoliu em seco. Erik não disse nada, apenas ficou encarando o garoto. O restante na mesa parecia tenso, e os amigos de Malfoy já estavam longe. Então Erik se afastou e voltou para o lado de Charles e Malfoy pegou o material e saiu correndo, tropeçando nos próprios pés.

 

            - O que foi isso?! Você precisa me ensinar a fazer isso! - Disse Rony eufórico. 

 

           - É um truque que um primo alemão me ensinou. - Comentou Erik sorrindo e dando de ombros.

 

           - Bom, temos mais uma prova de que Draco Malfoy é um covarde. - Disse Sophie sorrindo. - Não se preocupe Harry, podemos ter sido os únicos a desmaiarem mas acredite, todos naquele trem sentiram coisas horríveis com a entrada dos dementadores.

 

            - É verdade, e se você quer mais um motivo para ficar feliz então lembre-se do primeiro jogo de Quadribol. - Disse Fred. - Grifinória contra Sonserina, primeiro jogo da temporada.

 

             - Você vai acabar com ele, Harry. - Disse Harriet alegre. 

 

            A única vez em que Harry e Draco tinham se enfrentado em uma partida de Quadribol, Draco decididamente tinha levado a pior. Sentindo-se um pouquinho mais animado, Harry se serviu de salsichas e tomates fritos.

             Hermione examinava seu novo horário. 

 

           - Ah, que ótimo, estamos começando matérias novas hoje. - Comentou satisfeita.

 

          - Hermione... - Disse Rony, franzindo a testa ao olhar por cima do ombro da amiga. - - bagunçaram o seu horário. Veja só: dez aulas por dia. Não existe tempo para tudo isso.

 

          - Eu me arranjo. Já combinei tudo com a Profª.Minerva.

 

          - Mas olha aqui - Continuou Rony, rindo-se. -, está vendo hoje de manhã? Nove horas, Adivinhação. E embaixo, nove horas, Estudo dos Trouxas. E.. - O menino se curvou para olhar o horário, mais de perto, incrédulo - olha, embaixo tem Aritmancia, nove hora. Quero dizer, eu sei que você é boa, Mione, mas ninguém é tão bom assim. Como é que você vai poder assistir a três aulas ao mesmo tempo?

 

            - Não seja bobo. - Disse Hermione com rispidez. - É claro que não vou assistir a três aulas ao mesmo tempo.

 

             - Bom, então...

 

              - Passe a geléia. - Pediu Hermione. 

 

             - Mas...

 

           

            - Harry, esse ano não poderei assistir suas aulas. - Disse Sophie ignorando o começo de uma nova briga de Rony e Hermione. - Por conta dos N.O.M'S, minha atenção precisa estar totalmente focada nos ensinos deste ano.

 

              - Eu entendo Soph, não se preocupe. Eu consigo me virar. - Disse Harry sorrindo com carinho para a irmã.

 

              - Valeu maninho. 

 

            - Qual é a primeira aula de vocês agora? - Perguntou Harry.

 

            - Para a nossa alegria, será Defesa Contra as Artes das Trevas. Junto com o pessoal da Corvinal. - Disse Fred sorrindo. - E a sua Erik?

 

            - Herbologia com os lufanos. - Respondeu Erik com o rosto grudado no pescoço de Charles que já estava vermelho.

 

             - Arrumem um quarto. - Comentou Jorge rindo.

 

           Nesse instante Hagrid entrou no Salão Principal. Estava usando o casaco de pele de toupeira e distraidamente balançava um gambá na mão enorme.

 

            - Tudo bem? - Perguntou ele, ansioso, parando a caminho da mesa dos professores. - Vocês vão assistir à primeira aula da minha vida! Estou acordado desde das cinco horas aprontando tudo... espero que dê certo... 

 

              - Vai dar Hagrid. - Disse Erik sorrindo para o meio-gigante. - Não precisa se preocupar.

 

           Nisso Hagrid continuou andando todo alegre para a mesa dos professores. Os nove terminaram de comer o café da manhã e já se preparavam para ir para as respectivas aulas. 

 

          - A gente se vê depois. - Disse Erik no ouvido de Charles. Lhe dando um beijo na boca antes de seguir caminho para aula de Herbologia. 

 

          - Vocês dois são lindos. - Disse Sophie que estava abraçada ao corpo de Fred que estava com o rosto escondido nos cabelos da ruiva. - Vocês conseguem achar a sala de Adivinhações sozinhos?

 

          - Sim, Soph, pode ir. - Disse Rony sorrindo. - Mande um oi para Remus por nós.

 

           - Pode deixar. - Disse Sophie. - Vem Aslan, você vai me acompanhar agora. - O leão se levantou e os seguiu.

 

          Então, Sophie, Harriet, Fred, Jorge e Charles mais o Aslan foram andando para a sala de aula conversando.

 

           - O que será que ele irá passar para nós? - Perguntou Charles.

 

          - Eu não sei mas seja o que for, vai ser muito legal! - Comentou Harriet sorrindo. - Ou já vamos preparando as duplas.

 

           - Charles comigo! - Gritou Sophie fazendo Charles gargalhar.

 

          - Que feitiço é esse que você tem? - Perguntou Fred olhando para o corvino.

 

          - Acho que os meus olhos azuis. - Disse Charles sorrindo.

 

          - Remus deixaria dupla de três? - Perguntou Harriet rindo para os gêmeos. 

 

           - Veremos isso agora, MOONY VOCÊ ACEITA DUPLA DE TRÊS? - Gritou Fred entrando na sala de forma dramática e se ajoelhando no chão.

 

           - Você tem sorte pela sala estar vazia se não eu te expulsava. - Comentou Remus encostado em uma das mesas. - Espera... dupla de três?! 

 

            Sophie riu e abraçou o padrinho com força.

 

 

 

            - Bem, vamos andando. Adivinhação é no alto da Torre Norte. Vamos levar uns dez minutos para chegar lá...

 

             E de fato, a viagem pelo castelo até a Torre Norte fora longa. Dois anos em Hogwarts e não tinham ensinado aos meninos tudo sobre o lugar, e nunca tinham ido a Torre Norte para início de conversa.

 

           - Tem... que.. ter.. um atalho... - Ofegava Rony ao subirem a sétima longa escada e chegarem a um patamar desconhecido, onde não havia nada exceto um grande quadro de um campo relvado pendurado na parede de pedra. 

 

             - Acho que é por aqui. - Disse Hermione, espiando o corredor vazio à direita.

 

            - Não pode ser. - Discordou Rony. - Aí é sul, olha, dá para ver um pedacinho de lado pela janela. Devíamos ter aceitado a ajuda de Sophie.

 

            Harry parou para examinar o quadro. Um gordo pônei cinza malhado pisou lentamente na relva e começou a pastar sem muito entusiasmo. Harry estava acostumado aos personagens dos quadros de Hogwarts andarem e até saírem pela moldura para visitar uns aos outros, mas sempre gostava de apreciar esse movimento. No instante seguinte, um cavaleiro baixo e atarracado, vestindo armadura, entrou retinindo pelo quadro à procura do seu pônei.

             Pelas machas de grama nas joelheiras metálicas, ele acabara de cair do cavalo.

 

            - Ah-ah! - Berrou o cavaleiro, vendo Harry, Rony e Hermione. - Quem são esses vilões que invadem as minhas terras!? Porventura vieram vieram zombar de minha queda? Desembainhem as espadas, seus velhacos, seus cães!

 

              Os meninos observavam, espantados, o cavaleiro nanico puxar a espada da bainha e começar a brandi-la com violência, saltando para aqui e para ali enraivecido. Mas a espada era demasiado comprida para ele; um golpe particularmente exagerado desequilibrou-o e ele caiu de cara na grama.

 

             - O senhor está bem? - Perguntou Harry, aproximando-se do quadro.

 

             - Afaste-se, fanfarrão desprezível! Para trás, patife! 

 

            O cavaleiro retornou a espada e usou-a para se reerguer, mas a lâmina penetrou fundo na terra e, embora ele puxasse com toda a força, não conseguiu retirá-la. Finalmente, teve que se largar outra vez no chão e levantar a viseira para enxugar o rosto coberto de suor.

 

            - Escuta aqui - Disse Harry, se aproveitando da exaustão do cavaleiro. -, estamos procurando a Torre Norte. O senhor conhece o caminho, não?

 

            - Uma expedição! - A raiva do cavaleiro pareceu sumir instantaneamente. Levantou-se retinindo a armadura e gritou: - Sigam-me, caros amigos, alcançaremos o nosso objetivo ou pereceremos corajosamente na peleja! 

 

             Ele deu mais um puxão inútil na espada, tentou, mas não conseguiu montar o gordo pônei e gritou:

 

            - A pé, então, dignos senhores e gentil senhora! Avante! Avante! 

 

             E saiu correndo, a armadura fazendo grande estrépito, passou pelo lado esquerdo na moldura e desapareceu de vista. Harry, Rony e Hermione correram atrás dele.

 

 

 

              - Boa tarde, como dito ontem pelo diretor Dumbledore, sou o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas este ano. Muitos aqui, já me conhecem por eu ser o padrinho de Sophie ou somente pelo fato de eu sempre ter um mini infarto toda vez que venho assistir um jogo de Quadribol. - Disse Remus fazendo todos os alunos do quinto ano rirem e Sophie revirar os olhos, logo em seguida se virou para ver se Aslan estava quieto na sala e viu que o leão já dormia tranquilamente.

 

              - Bem, por eu ser o padrinho de Sophie, então eu sei o que vocês aprenderam e o que não aprenderam durante os quatro anos em Hogwarts. E eu sei que não aprenderam nada no ano passado. - Dito isso Remus viu que muitos alunos concordaram com ele. - Pois bem, este ano vocês começam os N.O.M'S. Isso é algo importante e para que possam passar com notas boas, ensinarei o básico que devem aprender. Feitiços de defesas, contra-ataques, algumas azarações que deviam ter aprendido no ano passado; teremos aulas onde apenas conversaremos também, sobre feitiços eles sendo proibidos ou não. Dumbledore, me deu a autorização de conversar com vocês sobre as três maldiçoes imperdoáveis já que provavelmente irá cair no teste dos N.O.M'S. Alguma pergunta?

 

             Vários alunos levantaram a mão e Sophie sentiu um enorme orgulho inchando em seu peito.

 

           - Você.. sr...

 

          - Thomas Gregson. - Disse um rapaz da corvinal que estava sentado em frente a Sophie e Charles com o grifinório Marcus Bell. Tanto Sophie quanto Charles conhecia os dois pois eram amigos deles. - Eu gostaria de saber se iremos aprender a como se defender dos dementadores.

 

           - Sim, Thomas, iremos. Além de também cair na prova, vocês irão precisar este ano. Eu ensinaria os outros anos mais novos também, mas infelizmente este é um feitiço muito avançado para eles. Então será um feitiço apenas para o quinto, sexto e sétimo ano. - Disse Remus cruzando os braços. - Mais alguma? Sim, Sophie?

 

            - Iremos aprender algum feitiço hoje, professor? - Perguntou Sophie sorrindo.

 

          - Sim, eu já devia começar a ensinar o feitiço do Patrono mas deixarei ele para depois. Hoje, iremos aprender um feitiço de proteção em área. Já ouviram falar de "Cave Inimicum"

 

 

             

 

           - Sejam fortes! O pior ainda está por vir! - Berrou o cavaleiro e os três o viram reaparecer diante de um grupo assustado de mulheres vestindo enáguas de crinolina, cujo quadro fora pendurado na parede de uma estreita escada circular. 

              

            Os três ofegavam ruidosamente, haviam corrido atrás do cavaleiro sem parar e agora subiam os estreitos degraus em caracol, sentindo-se cada vez mais tontos, até que finalmente ouviram o murmúrio de vozes no alto e perceberam que tinham chegado à sala de aula. 

 

          - Adeus! - Gritou o cavaleiro, enfiando de repente a cabeça no quadro de uns monges de aspecto sinistro. - Adeus, meus camaradas de armas! Se um dia precisarem de um coração nobre de um homem forte, podem chamar o Sir Cadogan! 

 

         - Claro.. se um dia precisarmos de um maluco. - Disse Rony enquanto Sir Cadogan ia sumindo de vista. 

 

            Os garotos subiram os últimos degraus e chegaram a um minúsculo patamar, onde a maioria dos colegas já estava reunida. Não havia portas no patamar, mas Rony cutucou Harry indicando-lhe o teto, onde havia um alçapão circular com uma placa de latão.

 

           - Sibila Trelawney, Professora de Adivinhação. - Leu Harry. - E como é que esperam que a gente chegue lá em cima?

 

          Como se respondesse sua pergunta, o alçapão se abriu inesperadamente e uma escada prateada desceu aos seus pés. Todos se calaram. 

 

         - Primeiro você. - Disse Rony sorrindo, e Harry revirou os olhos e começou a subir a escada. Chegou à sala de aula mais esquisita que já vira. Na realidade, sequer parecia uma sala de aula, e, sim, um cruzamento de sótão com salão de chá antigo. Havia, no mínimo, vinte mesinhas circulares juntas ali, rodeadas por cadeiras forradas de chintz e pequenos pufes estufados. O ambiente era iluminado por uma fraca luz avermelhada; as cortinas das janelas estavam fechadas e os vários abajures, cobertos com xales vermelhos-escuros. O calor sufocava e a lareira acesa sob um console cheio de objetos desprendia um perfume denso, enjoativo e doce ao aquecer uma grande chaleira de cobre. As prateleiras em torno das paredes circulares estavam cheias de penas empoeiradas, tocos de velas, baralhos de cartas em tiras, intocáveis bolas de cristal e uma imensa coleção de xícaras de chá.

 

           Rony espiou por cima do ombro de Harry enquanto os colegas se reuniam à volta deles, todos falando aos cochichos.

 

          - E onde está a professora? - Perguntou Rony.

 

          Uma voz saiu subitamente das sombras, uma voz suave, meio etérea.

 

         - Sejam bem-vindos. Que bom ver vocês no mundo físico, finalmente. 

 

          A impressão imediata de Harry foi a de estar vendo um enorme inseto cintilante. A Profª. Sibila Trelawney saiu das sombras e, à luz da lareira, os garotos viram que era muito magra; uns óculos imensos aumentavam seus olhos várias vezes e ela vestia um xale diáfano, salpicado de lantejoulas. Em volta do pescoço fino, usava inumeras correntes e colares de contas, e seus braços e mãos estavam cobertos de pulseiras e anéis.

 

         

 

 

 

              - Tenho que dizer, o desempenho de vocês está ótimo! - Disse Remus sorrindo para os alunos que estavam em pé com as varinhas nas mãos e pareciam bastante animados. - Cada um de vocês souberam lançar o feitiço corretamente, estou até orgulhoso. - Nisso ele olhou para Sophie que piscou para ele. - Muito bem, agora quero saber de vocês, o que vocês querem aprender?

 

             - Professor, eu tenho uma curiosidade para aprender sobre o feitiço "Estupefaça". - Disse uma aluna da Grifinória, Joan Watson.

 

             - Ah sim, eu gosto da ideia de vocês aprenderem este feitiço, este e o "Estupore". - Disse Remus colocando a mão na barba que começava a crescer. - São dois feitiços importantes para quem quer se tornar auror...

 

            - Sim, eu e o meu parceiro, Jonny queremos muito ser. - Disse Joan sorrindo e apontando para o garoto corvino que estava ao lado dela e que parecia sem jeito.

 

            - Bem, então acho que ainda temos bastante tempo para aprender estes dois feitiços. Preparem as varinhas e vamos praticar! - Disse Remus animado.

 

 

 

              

 

               - Muito bem turma, agora quero que vocês formem pares. Apanhem uma xícara de chá na prateleira e tragam-na aqui para eu encher. Depois se sentem e bebam, bebam até restar somente a borra. Sacudam a xícara três vezes com a mão esquerda, depois virem-na, de borda para baixo, no pires, esperem até cair a última gota de chá e entreguem-na ao seu par para ele ler. Vocês vão interpretar os desenhos formados, comparando-os com os das páginas cinco e seis de Esclarecendo o Futuro. Vou andar pela sala para ajudar e ensinar cada par. Ah, e querido - Ela segurou o braço de Neville quando ele fez menção de se levantar. -, depois que você quebrar a primeira xícara, por favor, escolha uma com desenhos azuis, gosto muito das desenhos rosa.

 

          Não deu outra, Neville mal chegara à prateleira de xícaras quando se ouviu um tilintar de porcelana que se quebrava. A professora deslizou até ele levando uma pá e uma escova e disse:

 

         - Uma das azuis, então, querido, se não se importa... Obrigada...

 

         Depois que Harry e Rony levaram as xícaras para encher, voltaram à mesa e tentaram beber rapidamente o chá pelando. Sacudiram a borra conforme a professora mandara, depois viraram as xícaras e as trocaram entre si.

 

          - Certo. - Disse Rony depois de abrirem os livros nas páginas cinco e seis. - Que é que você vê na minha?

 

           - Um monte de borra marrom. - Disse Harry. A fumaça intensamente perfumada da sala o estava deixando sonolento e burro.

 

           - Abram suas mentes, meus querido, e deixem os olhos verem além do que é mundano! - Gritou Profª.Sibila na penumbra. 

 

             Harry tentou se controlar.

 

          - Certo... você tem... uma espécie de cruz torta.. - Ele consultou o livro Esclarecendo o Futuro com a testa franzida, coisa que ele e Sophie faziam quando sentiam-se idiotas. - Isto significa que você vai ter sofrimentos e provocações... sinto muito Rony... Mas veja só, tem uma coisa estranha aqui que podia ser o sol... é o sol, não sei.. talvez seja.. e vejamos, significa "grande felicidade".. então pelo que eu vejo, você vai sofrer mas depois será muito feliz. Parabéns. 

 

         Rony já estava vermelho de tanto rir depois que Harry terminou. E Harry estava fazendo um esforço muito grande para não rir também.

 

           - Você precisa mandar examinar essa sua visão interior. - Disse Rony se recompondo e Harry teve que cobrir a boca para não rir depois da olhada que a professora deu para eles. - Minha vez... - Rony examinou a xícara de Harry. - Tem uma pelota que lembra um chapéu-coco. Vai ver você vai trabalhar no Ministério da Magia...

 

        Rony girou a xícara para cima.

 

       - Mas desse outro lado as folhas parecem mais uma bolota de carvalho... que será isso? - O garoto então consultou o livro. - Uma sorte inesperada, ganhos de ouro. Que ótimo, você pode me emprestar algum.. E tem outra coisa aqui - Ele tornou a girar a xícara - parece um animal... é, se isso fosse um nariz, podia parecer o do Snape... não, hum.. já ouviu falar do macaco-narigudo?

 

           Harry realmente teve que esconder o rosto pois começou a rir e isso chamou a atenção da professora para eles.

 

           - Deixe-me ver isso, querido. - Disse ela em tom de censura a Rony, aproximando-se num ímpeto e tirando a xícara de Harry da mão do colega. Todos se calaram para observar.

 

             A professora examinou a xícara, e girou-a no sentido anti-horário.

 

           - O falcão... meu querido, você tem um inimigo mortal.

 

          - Mas todos sabem disso. - Comentou Hermione num cochicho audível. A professora encarou-a. - Verdade, todos sabem - repetiu a garota. - Todos sabem da inimizade entre Harry e Você-Sabe-Quem.

 

            Harry e Rony a olharam com uma mescla de surpresa e admiração. Nunca tinham ouvido Hermione falar com uma professora daquele jeito.

          Sibila preferiu não responder.

 

          Tornou a abaixar seus enormes olhos para a xícara de Harry e continuou a girá-la.

 

        - O bastão... um ataque. Ai, ai, ai, não é uma xícara feliz...

 

        - Achei que isso era um chapéu-coco. - Comentou Rony desapontado.

 

        - O crânio... perigo em seu caminho, querido...

 

        Todos observavam observavam a professora, hipnotizados e admirados. Menos Harry e Hermione. A professora, deu um último giro na xícara, ofegou e soltou um berro.

         Ouviu-se uma nova onda de porcelanas que partiam tilintando; Neville destruíra sua segunda xícara. A professora afundou em uma cadeira vazia, a mão faiscante de anéis ao peito e aos olhos fechados.

 

         - Meu pobre garoto... meu pobre menino... não... é mais caridoso não dizer... não me pergunte... 

 

         - Que foi professora? - Perguntou Dino Thomas na mesma hora. Todos tinham se levantado e aos poucos se amontoaram em torno da mesa de Harry e Rony, aproximando-se da cadeira de Sibila para dar uma boa olhada na xícara de Harry.

 

          - Meu querido - Os olhos da professora se abriram teatralmente. -, você tem o Sinistro.

 

            - Desculpa, eu sinto que devia saber o que é isso mas... o que? - Perguntou Harry confuso.

 

           Ele havia percebido que não era o único que não entendera; Dino sacudiu os ombros para ele e Lilá Brown fez cara de intrigada, mas quase todos os outros levaram a mão à boca horrorizados.

 

         - O Sinistro, meu querido, o Sinistro! - Exclmaou a professora, que parecia chocada com o fato de Harry não ter entendido. - O cão gigantesco e espectral que assombra cemitérios! Meu querido menino, é um mau agouro, o pior de todos, agouro de morte.

 

         Harry sentiu o estômago afundar. Lembrou-se de ter visto um cão na capa de um livro na Floreios e Borrões e depois do cão nas sombras da rua Magnólia... Lilá levou as mãos a boca também. Todos tinham os olhos fixos em Harry, todos exceto Hermione, que se levantara e procurava chegar às costas da cadeira da professora.

 

           - Não acho que isso pareça um Sinistro. - Disse ela com firmeza. - Nem um pouco. Francamente, Harry, se Sophie estivesse aqui ela estaria rindo.

 

            A Profª.Sibila mirou a menina atentamente e com crescente desagrado. 

 

          - Desculpe-me dizer isso, minha querida, mas não percebo muita aura ao seu redor. Pouquíssima receptividade às ressonâncias do futuro.

 

          Simas Finnegan inclinou a cabeça de um lado para o outro.

 

          - Parece um Sinistro se a gente fizer assim - Disse com os olhos quase fechados. -, mas parece muito mais um burro quando a gente olha de outro ângulo. - Disse ele inclinando para a esquerda.

 

            - Quando vão terminar de resolver se eu vou morrer ou não? - Perguntou Harry, surpreendendo até a si mesmo. Agora parecia que ninguém queria olhar para ele.

 

            - Acho que vamos encerrar a aula por hoje. - Disse a professora no tom mais etéreo possível. - E... por favor, guardem suas coisas.

 

             Em silêncio a classe devolveu as xícaras à professora, guardou os livros e fechou as mochilas. Até mesmo Rony evitava o olhar de Harry.

 

             - Até que tornemos a nos encontrar - Disse Sibila com uma voz fraca. - que a sorte lhes seja favorável. Ah, e querido - Disse apontando para Neville. -, você vai se atrasar da próxima vez, portante trate de trabalhar muito para recuperar o tempo perdido.

 

              Harry, Rony e Hermione desceram a escada da Profª.Sibila e a escada em caracol em silêncio, e seguiram para a aula de Transfiguração, da Profª.Minerva. 

 

 

 

             - Foi fantástico, Moony! - Disse Sophie sorrindo para o padrinho que corou na hora. - A melhor aula de Defesa Contra as Artes das Trevas que nós já tivemos, e digo isso como aluna. 

 

             - É verdade! Todo mundo vai comentar! Você foi brilhante, Remus! - Disse Charles sorrindo.

 

            - Vou sair com uma placa escrito: Remus Lupin, melhor professor de DCAT! - Disse Fred alegre. - Topa, Jorge?

 

             - Topo! 

 

             - Remmy, você vai arrasar este ano! - Disse Harriet sorrindo. 

 

             - Obrigado, a todos. Agora é melhor vocês irem para as suas próximas aulas. - Disse Remus sorrindo.

 

           - Remmy, eu vou deixar o Aslan ficar com você. Não quero ele lá fora, sozinho. Sabe, por conta dos dementadores. - Disse Sophie olhando para o leão que estava ao lado de Remus.

 

           - Está bem, não se preocupe. - Disse Remus acariciando a juba de Aslan. - Nos vemos mais tarde. 

 

             - Tchau, Remmy! - Disseram os cinco.

 

 

            - Runas Antigas com o pessoal da Sonserina e Corvinal. - Disse Jorge sorrindo. - Bora se encontrar com seu liebe, Charls? 

 

             - Por favor! - Disse Charles sorrindo. - Ele vai ficar louco de ansiedade para assistir a aula do Remus depois que contarmos para ele como foi fantástico. 

 

             - Verdade, Remus mandou muito bem! - Disse Sophie sorrindo. - Este ano iremos aprender muitas coisas! 

 

             - Verdade... ei, Dumbledore te disse alguma novidade? Sobre Padfoot? - Perguntou Fred com os braços na cintura de Sophie e lhe dando vários beijos na bochecha. 

 

              - Meu Deus, eu esqueci de falar para vocês! Quando chegarmos na sala de Runas Antigas e encontrarmos o liebe eu vou contar! Fred, se você babar em mim, eu vou te bater. - Disse Sophie rindo e puxando o rosto do namorado para um beijo nos lábios. - Te adoro praga. 

 

            - Eu também te adoro. - Disse Fred dando selinhos. - Que cheiro é esse?

 

           - Ah, são as velas que estamos segurando. - Disse Harriet sorrindo e mostrando as velas que ela, Jorge e Charles estavam segurando. - Daqui a pouco a gente tira a do Charles. 

 

           - Huum... e o que aconteceu com o Cedrico? - Perguntou Sophie. - Não continuou com ele?

 

           - Ced é um fofo, mas preferimos ficar amigos. E eu acho que ele tá saindo com a Cho... - Disse Harriet dando de ombros.

 

           - Não me surpreende, a Cho tá saindo com todo mundo. - Disse Jorge revirando os olhos. - Acha que vai rolar, entre os dois?

 

            - Me pareceu sério, talvez ela realmente esteja gostando dele. - Comentou Harriet. - Mas este ano eu só quero focar nos estudos. 

 

           - Que orgulho. - Zombou Sophie rindo. - Olha nosso alemão ali! LIEBE AMOR DE NOSSAS VIDAS! 

 

  

 

         Ao chegar na sala da Profª.Minerva, Harry escolheu um lugar no fundo da sala, sentindo-se como se estivesse sentado sob um holofote; o resto da classe não parou de lhe lançar olhares furtivos, como se ele estivesse prestes a cair morto a qualquer momento. Ele mal conseguiu ouvir o que a professora dizia sobre Animagos (bruxos que podiam se transformar à em animais), e sequer estava olhando quando ela própria se transformou, diante dos olhos deles, em um gato malhado com marcas de óculos em torno dos olhos. 

 

          - Francamente, o que foi que aconteceu com os senhores hoje? - Perguntou Profª.Minerva, voltando a ser ela mesma, com um estalinho, e encarando a classe toda. - Não que faça diferença, mas é a primeira vez que a minha transformação não arranca aplausos de uma turma. 

 

              Todas as cabeças tornaram a se virar para Harry, mas ninguém falou. Então Hermione ergueu a mão.

 

           - Com licença, professora, acabamos de ter a nossa primeira aula de Adivinhação, estivemos lendo folhas de chá e...

 

            - Ah, naturalmente. - Comentou Minerva, fechando a cara de repente. - Não precisa dizer mais nada, Srta.Granger. Me diga, qual dos senhores irá morrer este ano?

 

            Todos olharam para ela.

 

             - Eu. - Disse, por fim, Harry.

 

            - Entendo. - Disse a Profª.Minerva, fixando os olhos de contas em Harry. - Então, Potter, é melhor saber que Sibila Trelawney tem predito a morte de um aluno por ano desde que chegou a esta escola. Nenhum deles morreu ainda. Ver agouros de morte é a maneira com que ela gosta de dar boas-vindas a uma nova classe. Não fosse o fato que eu nunca falo mal de meus colegas...

 

         A professora se calou, mas todos viram que suas narinas tinham embranquecidos de cólera. Ela continuou, mais calma:

 

          - A Adivinhação é um dos ramos mais imprecisos da magia. Não vou ocultar dos senhores que tenho pouca paciência com esse assunto. Os verdadeiros videntes são muito raros e a Profª.Trelawney...

 

            Ela parou uma segunda vez, e em seguida disse, num tom despido de emoção:

 

          - Para mim o senhor parece estar gozando de excelente saúde, Potter, por isso me desculpe, mas não vou dispensá-lo do dever de casa, hoje. Mas fique descansado, se o senhor morrer, não precisa entregá-lo.

 

     Hermione riu com gosto. Harry se sentiu um pouco melhor. Era mais difícil sentir medo de folhas de chá longe daquela sala fracamente iluminada por luzes vermelhas, que recendia ao perfume atordoante da Profª. Sibila. Ainda assim, nem todos ficaram convencidos. Rony continuava com a expressão preocupada e Lilá cochichou:

 

        - E a xícara de Neville?

 

     Quando a aula de Transfiguração terminou, eles se reuniram ao resto dos alunos que atroavam a escola em direção ao Salão Principal para almoçar. Assim que ele entrou no Salão, viu Sophie junto com Erik, Fred, Jorge, Charles e Harriet e sorriu.

 

       - Anime-se, Rony. - Falou Hermione ao lado do amigo. - Você ouviu o que a Profª. Minerva disse.

 

        Rony se virou para Harry.

 

      - Harry - Perguntou ele, em tom baixo, com ar sério. -, você não viu um canzarrão preto em algum lugar, viu?

 

        - Vi, sim. Na noite em que saí da casa dos Dursley. - Rony parou na hora. - Mas não foi só eu! - Disse rápido. - Sophie, Erik, Harriet e Charles viram também.

 

          - Vimos o que? - Perguntou Sophie quando o irmão se sentou ao lado dela.

 

           - Aquele cachorro, na noite em que saímos dos Dursley's. - Respondeu Harry para Sophie que ficou confusa.

 

            - Ah sim, grandão. - Disse Sophie para Rony e Hermione.

 

        - Provavelmente um cão sem dono. - Comentou Hermione calmamente. 

 

         O garoto olhou para Hermione como se ela tivesse enlouquecido.

 

       - Mione, se Harry viu um Sinistro, isso é... É ruim. Meu tio Abílio viu um e... E morreu vinte e quatro horas depois!

 

          - Coincidência. - Replicou Hermione dignamente, servindo-se de suco de

abóbora.  

 

          - Espera.. o que? Sinistro? Não vimos o Sinistro! - Exclamou Charles confuso. - Por que acham isso?

 

           - Hoje foi a primeira aula de adivinhação deles. E provavelmente Sibila Trelawney matou mais um. Quem é o presunto da vez? - Perguntou Erik para Hermione que riu.

 

          - Harry. 

 

          - Caramba Harry, logo no primeiro dia de aula e você já tá marcado para morrer. - Disse Sophie rindo. - Não acredite nisso, irmão meu. Você vai viver por um longo tempo!

 

            - Mas e o Sinistro... - Rony tentou dizer mas Fred o cortou.

 

           - Ah você não acredita nisso é?! - Resmungou o ruivo revirando os olhos.

 

           - Devo te lembrar do tio Abílio?! - Perguntou Rony para Fred.

 

          - Tio Abílio tinha quase cem anos! Pelo amor de Deus, a gente dava um "oi" pro velho e ele já se assustava. E ele não viu um Sinistro, foi um lobo preto que ficava perto da floresta onde ele morava, eu e o Fred o vimos. - Disse Jorge rindo.

 

            - Viu Rony? - Perguntou Harriet também rindo. 

 

          - Acho que Adivinhação é uma coisa meio confusa. - Disse Hermione, procurando a página que queria. - É muita adivinhação, se querem saber a minha opinião.

 

          - Não houve nada confuso com o Sinistro naquela xícara! - Retrucou Rony acaloradamente.

 

         - Você não me pareceu tão confiante quando disse ao Harry que era um macaco-narigudo. - Respondeu a menina sem se alterar.

 

         - A Profª. Sibila disse que você não tinha a aura necessária! Você não gosta é de ser ruim em uma matéria para variar!

 

          Ele acabara de tocar num ponto sensível. Hermione bateu com o livro de Aritmancia na mesa com tanta força que voaram pedacinhos de carne e cenoura para todo lado.

 

         - Se ser boa em Adivinhação é ter que fingir que estou vendo agouros de morte em borras de folhas de chá, não tenho certeza se quero continuar a estudar essa matéria por muito mais tempo! Aquela aula foi uma idiotice completa se comparada à minha aula de Aritmancia! - E, agarrando a mochila, a menina se retirou.

 

         Rony franziu a testa acompanhando com os olhos a amiga se afastando.

 

       - Do que é que ela estava falando? - Perguntou a Harry. - Ela ainda não assistiu a nenhuma aula de Aritmancia.

 

            - Cara você é muito tapado. - Comentou Jorge para Rony. - Você realmente acredita nessa palhaçada de Sinistro?

 

           - É ridículo. - Disse Erik. - Esse é o motivo por eu odiar Adivinhação. Como Hermione disse, tem muita adivinhação. Lamento dizer Rony, mas Mione está certa. 

 

           Rony ficou vermelho.

 

          - E como foi primeira aula do Moony? - Perguntou Harry para Sophie que sorriu.

 

          - Fantástico! - Disse Sophie orgulhosa. - Até o final da semana, eu te gatanto Harry, toda a escola estará falando sobre Remus Lupin, o melhor professor de Defesa Contra as Artes das Trevas!

 

            

             

            Harry ficou contente de sair do castelo depois do almoço. A chuva do dia anterior parara; o céu estava claro, cinza-pálido e a grama parecia elástica e úmida sob os pés quando os garotos rumaram para a primeiríssima aula de Trato das Criaturas Mágicas.

 

           Rony e Hermione não estavam se falando. Harry caminhava ao lado dos dois em silêncio enquanto desciam os gramados em direção à cabana de Hagrid, na orla da Floresta Proibida.

        Somente quando identificaram três costas muito conhecidas à frente é que se deram conta de que iriam compartilhar as aulas com os alunos da Sonserina. Draco, falava animadamente com Crabbe e Goyle, que riam com gosto. Harry tinha quase certeza de qual era o assunto da conversa.

 

        Hagrid já estava à espera dos alunos à porta da cabana. Vestia o casaco de pele de toupeira, com Canino, o cão de caçar javalis, nos calcanhares, e parecia impaciente para começar.

 

       - Vamos, andem depressa! - Falou quando os alunos se aproximaram. - Tenho uma coisa ótima para vocês hoje! Vai ser uma grande aula! Estão todos aqui? Certo, então me acompanhem!

 

       Por um momento de apreensão, Harry pensou que Hagrid os levaria para a Floresta Proibida; o menino já tivera suficientes experiências desagradáveis ali para a vida inteira. No entanto, o guarda-caça contornou a orla das árvores e cinco minutos depois eles estavam diante de uma espécie de picadeiro. Não havia nada ali.

 

          - Todos se agrupem em volta dessa cerca! - mandou ele. - Isso... Procurem garantir uma boa visibilidade... Agora, a primeira coisa que vão precisar fazer é abrir os livros...

 

          - Como? - Perguntou a voz fria e arrastada de Draco Malfoy.

 

         - Que foi? - Perguntou Hagrid.

 

         - Como é que vamos abrir os livros? - Repetiu o menino. Ele retirou da mochila seu exemplar de O Livro Monstruoso dos Monstros, amarrado com um pedaço de corda. Outros alunos fizeram o mesmo, alguns, como Harry, tinham fechado o livro com um cinto; outros os tinham enfiado em sacos justos ou fechado os livros com grampos. 

 

      - Será... Será que ninguém conseguiu abrir o livro? - PerguntouPerguntou Hagrid, com ar de desapontamento.

 

        Todos os alunos sacudiram negativamente as cabeças.

 

      - Vocês têm que fazer carinho neles. - Falou o novo professor  como se isso fosse a coisa mais óbvia do mundo. - Olhem aqui...

 

         Ele apanhou o livro de Hermione e rasgou a fita adesiva que o prendia. O livro tentou morder, mas Hagrid passou seu gigantesco dedo indicador pela lombada, o livro estremeceu, se abriu e permaneceu quieto em sua mão.

 

        - Ah, mas que bobeira a nossa! - Caçoou Draco. - Devíamos ter feito carinho no livro! Como foi que não adivinhamos!

 

        - Eu... Eu achei que eles eram engraçados. - Disse Hagrid, inseguro, para Hermione.

 

      - Ah, engraçadíssimos! - comentou Draco. - Uma idéia realmente espirituosa, nos dar livros que tentam arrancar nossa mão.

 

       - Cala a boca, Malfoy. - advertiu-o Harry baixinho. Hagrid parecia arrasado, e o garoto queria que aquela primeira aula do seu amigo fosse um sucesso.

 

       - Certo, então - continuou Hagrid, que pelo jeito perdera o fio do pensamento - ... Então vocês já têm os livros e... E... Agora faltam as criaturas mágicas. É. Então vou buscá-las. Esperem um pouco...

 

        Ele se afastou na direção da floresta e desapareceu de vista.

 

        - Nossa, essa escola está indo para o brejo! - Falou Draco em voz alta. - Esse pateta dando aulas, meu pai vai ter um acesso quando eu contar...

 

         - Cala a boca, Malfoy. - Repetiu Harry.

 

       - Cuidado, Potter, tem um dementador atrás de você...

 

       - Aaaaaaah! - Guinchou Lilá Brown, apontando para o lado oposto do picadeiro.

 

         Trotavam em direção aos garotos mais ou menos uma dezena dos bichos mais bizarros que Harry já vira na vida. Tinham os corpos, as pernas traseiras e as caudas de cavalo, mas as pernas dianteiras, as asas e a cabeça de uma coisa que lembrava águias gigantescas, com bicos cruéis cinza-metálico e enormes olhos laranja-vivo.

        As garras das pernas dianteiras tinham uns quinze centímetros de comprimento e um aspecto letal. Cada um dos bichos trazia uma grossa coleira de couro ao pescoço engatada em uma longa corrente, cujas pontas estavam presas nas imensas mãos de Hagrid, que entrou correndo no picadeiro atrás dos bichos.

 

         - Upa! Upa! AÍ! - bradou ele, sacudindo as correntes e incitando os bichos na direção da cerca onde se agrupavam os alunos.

 

        Todos recuaram, instintivamente, quando Hagrid chegou bem perto e amarrou os bichos na cerca.

 

         - Hipogrifos! - Bradou Hagrid alegremente, acenando para eles. -Lindos, não acham?

 

        Harry conseguiu entender mais ou menos o que Hagrid quis dizer. Depois que se supera o primeiro choque de ver uma coisa que é metade cavalo, metade ave, a pessoa começava a apreciar a pelagem luzidia dos hipogrifos, que mudava suavemente de pena para pêlo, cada animal de uma cor diferente: cinza-chuva, bronze, rosado, castanho brilhante e nanquim.

 

         - Então - Disse Hagrid, esfregando as mãos e sorrindo para todos. -, se vocês quiserem chegar mais perto...

 

         Ninguém pareceu querer. Harry, Rony e Hermione, porém, se aproximaram cautelosamente da cerca.

 

        - Agora, a primeira coisa que vocês precisam saber sobre os hipogrifos é que são orgulhosos. - explicou Hagrid. - Se ofendem com facilidade, os hipogrifos. Nunca insultem um bicho desses, porque pode ser a última coisa que vão fazer na vida. Este aqui, em especial Harry, é o Bicuço. Sophie já montou nele, é o favorito dela.

 

        Malfoy, Grabbe e Goyle não estavam prestando atenção; falavam aos cochichos e Harry teve o mau pressentimento de que estavam combinando a melhor maneira de estragar a aula. 

 

      - Vocês sempre esperam o hipogrifo fazer o primeiro movimento - continuou Hagrid. - É uma questão de cortesia, entendem? Vocês vão até eles, fazem uma reverência e aí esperam. Se o bicho retribuir o cumprimento, vocês podem tocar nele. Se não retribuir, então saiam de perto bem depressinha, porque essas garras machucam feio. Certo, quem quer ser o primeiro?

 

         Em resposta, a maioria dos alunos recuou mais um pouco. Até Harry, Rony e Hermione se sentiram apreensivos. Os hipogrifos balançavam as cabeças de aspecto feroz e flexionavam as fortes asas; não pareciam gostar de estar presos daquele jeito.

 

         - Ninguém? - Disse Hagrid, com um olhar suplicante.

 

         - Eu vou. - Disse Harry.

 

         Ouviu-se gente ofegar atrás dele e Lilá e Parvati murmuraram a mesma coisa:

 

        - Aaah, não, Harry, lembra das folhas de chá!

 

        Harry não deu ouvido às meninas. Trepou pela cerca do picadeiro.

 

         - É assim que se faz, Harry! -Gritou Hagrid. - Certo, então... Vamos ver como você se entende com o Bicuço.

 

        E, dizendo isso, soltou uma das correntes, separou o hipogrifo cinzento dos restantes e retirou a coleira de couro. A turma do outro lado da cerca parecia estar prendendo a respiração.

 

       Os olhos de Draco se estreitaram maliciosamente.

 

      - Calma, agora, Harry. - Disse Hagrid em voz baixa. - Você fez contato com os olhos, agora tente não piscar... Os hipogrifos não confiam na pessoa que pisca demais...

 

       Os olhos de Harry imediatamente começaram a se encher de água, mas ele não os fechou. Bicuço virava a cabeçorra alerta e fixava um cruel olho laranja em Harry.

 

       - Isso mesmo. - Disse Hagrid. - Isso mesmo, Harry... Agora faça a reverência... 

 

          Harry não se sentia nada animado a expor a nuca a Bicuço, mas fez o que era mandado. Curvou-se brevemente e ergueu os olhos.

 

       O hipogrifo continuava a fixá-lo com altivez. Nem se mexeu.

 

        - Ah. - Exclamou Hagrid, parecendo preocupado. - Certo... Recue, agora, Harry, devagarinho...

 

          Mas nesse instante, para enorme surpresa de Harry, o hipogrifo inesperadamente dobrou os escamosos joelhos dianteiros e afundou o corpo em uma inconfundível reverência.

 

        - Muito bem, Harry! - aplaudiu Hagrid, extasiado. - Certo... Pode tocá-lo! Acaricie o bico dele, vamos!

 

         Com a impressão de que recuar teria sido uma recompensa melhor, Harry avançou devagarinho para o hipogrifo e estendeu a mão. Acariciou seu bico várias vezes e o bicho fechou os olhos demoradamente, como se estivesse gostando.

         A turma prorrompeu em aplausos, a exceção de Malfoy, Crabbe e Goyle, que pareciam profundamente desapontados.

 

          - Certo então, Harry. - Falou Hagrid. - Acho que ele até deixaria você montar nele!

 

          Isto era mais do que o toma lá dá cá proposto por Harry... Ele estava acostumado a montar vassouras; mas não tinha muita certeza se um hipogrifo seria a mesma coisa.

 

         - Isso, suba ali, logo atrás da articulação das asas. - mandou Hagrid. - E cuidado para não arrancar nenhuma pena, ele não vai gostar nem um pouco...

 

         Harry pisou no alto da asa de Bicuço e se içou para cima das costas do bicho, o bicho se ergueu. Harry não tinha muita certeza de onde deveria se agarrar; à sua frente tudo era coberto de penas.

 

         - Pode ir, então! - Bradou Hagrid, dando uma palmada nos quartos do hipogrifo.

 

        Sem aviso, as asas de quase quatro metros se abriram a cada lado de Harry; ele só teve tempo de se agarrar ao pescoço do hipogrifo e já estava voando para o alto. Não foi nada semelhante a uma vassoura e Harry soube na hora qual dos dois preferia; as asas do hipogrifo adejavam desconfortavelmente dos lados, batendo por baixo de suas pernas e dando-lhe a sensação de que estava prestes a ser jogado no ar; as penas acetinadas escorregavam dos seus dedos e o garoto não se atrevia a se agarrar com mais força; em vez do vôo suave da Nimbus 2000, ele agora balançava para frente e para trás quando os quartos do hipogrifo subiam e desciam acompanhando o movimento das asas.

          Bicuço deu uma volta por cima do picadeiro e em seguida embicou para o chão; essa foi a parte que Harry teve receio; ele jogou o corpo para trás, à medida que o pescoço liso do bicho abaixava, achando que ia escorregar por cima do bico, então, sentiu um baque quando os quatro membros desparelhados do bicho tocaram o chão. Por milagre, conseguiu se segurar e tornar a se endireitar.

 

           - Bom trabalho, Harry! - Berrou Hagrid enquanto todos, exceto Malfoy, Crabbe e Goyle, aplaudiam. - Muito bem, quem mais quer experimentar?

 

        Encorajados pelo sucesso, os outros alunos subiram, cautelosos, pela cerca do picadeiro. Hagrid soltou os hipogrifos, um a um, e logo os garotos, nervosos, começaram a fazer reverências por todo o picadeiro. Neville fugiu várias vezes do dele, pois o bicho não estava com jeito de querer dobrar os joelhos.

            Rony e Hermione praticaram no hipogrifo castanho, enquanto Harry observava.

Malfoy, Crabbe e Goyle ficaram com Bicuço. Ele acabara de retribuir a reverência de Malfoy, que agora lhe acariciava o bico, com um ar desdenhoso.

 

         - Isso é moleza. - Disse Draco com a voz arrastada, suficientemente alta para Harry ouvir. - Só podia ser, se o Potter conseguiu fazer.. Aposto que você não tem nada de perigoso, tem? - Disse ao hipogrifo. - Tem, seu brutamontes feioso?

 

         Aconteceu num breve movimento das garras de aço; Draco soltou um berro agudo e no momento seguinte, Hagrid estava pelejando para enfiar a coleira em Bicuço, enquanto o bicho fazia força para avançar no garoto, que caíra dobrado na relva, o sangue aflorando em suas vestes. 

 

        - Estou morrendo! - Gritou Malfoy enquanto a turma entrava em pânico. - Estou morrendo, olhem só para mim! Ele me matou!

 

        - Você não está morrendo! - Disse Hagrid, que ficara muito pálido. - Alguém me ajude... Preciso tirar ele daqui...

 

         Hermione correu para abrir o portão enquanto Hagrid erguia Malfoy nos braços, sem esforço. Quando os dois passaram, Harry observou que havia um corte grande e fundo no braço de Draco; o sangue pingava no gramado e o guarda-caça, com o garoto ao colo, subiu correndo a encosta em direção ao castelo.

         Muito abalados, os alunos da aula de Trato das Criaturas Mágicas os seguiram caminhando normalmente. Os alunos da Sonserina gritavam contra Hagrid.

 

         - Deviam despedir ele, imediatamente! - Disse Pansy Parkinon, que estava às lágrimas.

 

        - Foi culpa do Draco! - Replicou Dino Thomas com rispidez.

 

        Crabbe e Goyle flexionavam os braços, ameaçadores. Os garotos subiram os degraus de pedra para o saguão deserto.

 

        - Vou ver se ele está bem! - Disse Pansy, e os outros ficaram observando-a subir de corrida a escadaria de mármore. Os alunos da Sonserina, ainda murmurando contra Hagrid, rumaram para sua sala comunal, em uma masmorra;

 

         Harry, Rony e Hermione subiram as escadas para a Torre da Grifinória.

 

        - Vocês acham que ele vai ficar bem? - Perguntou Hermione, nervosa.

 

        - Claro que vai. Madame Pomfrey cura cortes em um segundo - Disse Harry, que já tivera ferimentos muito mais sérios curados magicamente pela enfermeira.

 

        - Foi realmente ruim acontecer isso na primeira aula de Hagrid, vocês não acham? - Comentou Rony, parecendo preocupado.

 

       - Sempre se pode contar com o Draco para estragar as coisas para o Hagrid...

 

 

        - Ei... - Se viraram e viram Fred, Jorge, Harriet, Charles e Erik entrando na sala comunal. - Já sabemos da notícia. - Disse Fred se sentando ao lado de Rony no sofá.

 

        - Justo no primeiro dia de Hagrid! - Comentou Charles chateado e sendo abraçado por Erik. 

 

        - Malfoy não tem jeito, mesmo. Um idiota. - Resmungou Erik beijando os cbelos do namorado.

 

         - Onde está Soph? - Perguntou Harry notando a ausência da irmã.

 

        - Foi falar com Dumbledore. Assim que ela soube o que aconteceu com Hagrid, ela foi correndo falar com o diretor. Ela ficou muito preocupada. - Disse Harriet. - Eu também estou. Espero que Dumbledore entenda que não foi culpa do Hagrid. 

 

         - O que acham que vai acontecer? Com Hagrid? - Perguntou Jorge para os amigos.

 

         - Eu não sei, e tenho medo só em pensar. - Disse Hermione apreensiva. 

 

         - Teremos que esperar pra ver.. - Sussurrou Harry olhando para a janela. 

 

 

          Os oito foram os primeiros a chegar ao Salão Principal para jantar, na  esperança de verem Hagrid, mas o amigo não estava lá.

 

         - Nada dele... - Murmurou Hermione triste. - Vocês acham que...

 

          - Não pense nisso. - Replicou Rony tocando no ombro da garota.

 

         - Onde está Sophie? - Perguntou Fred confuso e preocupado.

 

           Harry ficou observando a mesa da Sonserina. Um grande grupo, que incluía Crabbe e Goyle, estava reunido, absorto em conversas. Harry teve certeza de que estavam inventando a própria versão para o ferimento de Draco. Então, viu a irmã entrando e indo em direção à eles.

 

         - Onde esteve? 

 

         - Falou com o diretor?

 

         - Cadê o Aslan? 

 

         - Nossa, acalmem-se. - Disse Sophie séria. - Aslan está com Remus. Eu estive na sala do diretor. Conversei com ele...

 

         - E? - Perguntou Harriet quase pulando em cima da ruiva.

 

        - Ele disse que nunca iria despedir o Hagrid. Mas disse, que teria que mandar uma carta para o pai de Draco. Hagrid, provavelmente terá que enfrentar uma acusação em nome do Bicuço. Malfoy fará de tudo para que Bicuço seja condenado a morte. - Disse Sophie triste e Harry pode perceber que a irmã estava com raiva. - Me ofereci a participar, ajudar o Hagrid no dia do julgamento, farei o possível para que as pessoas entendam que a culpa foi inteiramente do Malfoy. 

 

          - Acho que perdi a fome... - Murmurou Charles se aconchegando nos braços de Erik. 

 

          Harry viu que todos os amigos  haviam perdido a fome. Suspirando, eles se levantaram, e saíram do Grande Salão lentamente. 

 

          - Bem, não se pode dizer que não foi um primeiro dia de aula interessante. - Comentou Rony, deprimido.

 

       O grupo subiram para o salão comunal da Grifinória e se acomodaram em um canto, sendo eles, os únicos ali, tentaram fazer o dever de casa que os professores passaram, mas ficaram o tempo todo interrompendo-o para espiar pela janela. Sophie encarava o mapa do maroto atentamente. 

 

          - Tem luz na janela de Hagrid. - Disse Harry de repente.

 

         Rony consultou o relógio.

 

        - Se a gente andar depressa, pode descer para ver ele. Ainda é cedo...

 

       - Não sei. - Disse Hermione, lentamente, e Harry viu que a amiga o olhava.

 

        - Eu tenho permissão para andar pela propriedade. - Disse o garoto incisivamente. -Sirius Black ainda não passou pelos dementadores ou passou?

 

         - E o que estamos esperando? - Perguntou Fred sorrindo leve.

 

        Então eles guardaram o material de estudo e se dirigiram ao buraco do retrato, felizes por não encontrar ninguém no caminho até a porta principal, porque não tinham tanta certeza assim de que podiam sair.

         O gramado ainda estava úmido e parecia quase negro à luz das estrelas. Quando chegaram à cabana de Hagrid, eles viram Bicuço deitado ao lado da cabana e Sophie sorriu.

 

        - Vão na frente... faz tempo que eu não passo um tempinho com esse lindo cavalo. - Disse Sophie sorrindo para os amigos. - Ei, Bic... lembra de mim? - Ela fez a reverência que foi respondia no mesmo segundo pela criatura.

  

     O restante do grupo, bateram e uma voz resmungou rouca:

 

        - Pode entrar.

 

         Hagrid estava sentado em mangas de camisa à mesa de madeira escovada; o cachorro, Canino, tinha a cabeça no colo dele. Ao primeiro olhar, os garotos perceberam que o amigo andara bebendo muito; havia uma caneca de alpaca quase do tamanho de um balde diante dele e parecia ter dificuldade para focalizá-los.

 

       - Imagino que seja um recorde. - Disse com a voz pastosa, quando os reconheceu. - Calculo que nunca tiveram um professor que só durasse um dia.

 

       - Você não foi despedido, Hagrid! - Ofegou Hermione.

 

        - Ainda não. - Respondeu ele, infeliz, tomando um grande gole do que havia na caneca. - Mas é só uma questão de tempo, não depois que Malfoy...

 

         - Você não entendeu, Hagrid, você não vai ser despedido. Sophie conversou com Dumbledore. - Disse Harriet se sentando ao lado do amigo. 

 

          - E escuta isso, Dumbledore disse que ele nunca despediria você. - Disse Erik sorrindo. - Você vai continuar conosco, grandão. 

 

           Hagrid olhou para o grupo à sua frente e voltou-se a chorar, desta vez, Harry pode perceber que de emoção.

 

         - Como é que ele está? - Perguntou Rony enquanto se sentavam. - Não foi grave, foi?

 

        - Madame Pomfrey fez o melhor que pôde - Disse Hagrid num tom inexpressivo -, mas ele diz que continua doendo muito... Todo enfaixado... Gemendo...

 

      - Ele está fingindo. - Disse Harry na mesma hora. - Madame Pomfrey sabe curar qualquer coisa. Ela fez crescer metade dos meus ossos no ano passado. Pode contar que Draco vai se aproveitar o máximo que puder do acidente.

 

         - Os conselheiros da escola foram informados, é claro. - Disse Hagrid, infeliz. - Acham que comecei muito grande. Devia ter deixado os hipogrifos para mais tarde... Que estudasse vermes ou outra coisa pequena... Só quis fazer uma primeira aula boa... Então a culpa é minha...

 

      - É tudo culpa do Malfoy, Hagrid! - Disse Jorge, sério.

 

     - Somos testemunhas. - Acrescentou Harry. - Você avisou que os hipogrifos atacam quando são insultados. O problema é do Malfoy se ele não estava prestando atenção. Vamos contar ao Dumbledore o que realmente aconteceu.

 

      - Vamos, sim, não se preocupe, Hagrid, vamos confirmar sua história. - Disse Rony.

 

      - Até a Sophie já deixou claro para Dumbledore que estará com você para te ajudar no dia do julgamento. - Disse Fred sorrindo. 

 

       - Vai ficar tudo bem, Hagrid. - Disse Charles sorrindo. - Estamos com você. 

 

        Lágrimas saltaram dos cantos enrugados dos olhos de Hagrid, negros como besouros. 

 

      - Acho que você já bebeu o suficiente, Hagrid. - Falou Hermione com firmeza. E apanhou a caneca na mesa e saiu da cabana para esvaziá-la.

 

      - Ah, talvez ela tenha razão. - Reconheceu Hagrid.  O guarda-caça levantou-se com esforço da cadeira e seguiu Hermione até o lado de fora, com o andar vacilante. Os garotos ouviram barulho de água caindo.

 

      - Que foi que ele fez? — perguntou Harry, nervoso, quando Hermione voltou trazendo a caneca vazia.

 

       - Meteu a cabeça no barril de água. - Respondeu Hermione, guardando a caneca.

 

      Fred e Jorge riram e Hagrid voltou, os cabelos e barbas longas empapados, enxugando a água dos olhos.

 

        - Assim está melhor. - Falou, sacudindo a cabeça como um cachorro e molhando os garotos. - Escutem, foi muita bondade vocês terem vindo me ver, eu realmente...

 

       Hagrid parou de repente, encarando Harry como se tivesse acabado de perceber que ele estava ali.

 

        - QUE É QUE VOCÊ ACHA QUE ESTÁ FAZENDO, HEIN? - Bradou, tão inesperadamente que os garotos deram um pulo de mais de um palmo. - VOCÊ NÃO PODE SAIR ANDANDO POR AÍ DEPOIS DO ANOITECER, HARRY! E VOCÊS! DEIXARAM-NO SAIR!

 

         - Bipolaridade mandou lembranças, Hagrid. - Resmungou Erik saindo da cabana com Charles ao lado, assim como Fred, Jorge e Harriet rindo.

 

          Hagrid foi até Harry agarrou-o pelo braço e puxou-o para a porta.

 

        - Vamos! - Disse aborrecido. - Vou levar vocês de volta à escola, e não quero pegar ninguém saindo para me ver depois do anoitecer. Eu não valho o risco

 

 

 

         

         Assim que os amigos entraram, Sophie se levantou e Bicuço também. Os dois começaram a andar juntos para perto da floresta proibida. Sophie olhava atentamente para as árvores. Esperança fervendo em seu coração e brilhando em seus olhos. 

 

        - Não se preocupe, Bicuço. Você não fez nada de errado, na verdade estou até orgulhosa pelo que fez. Ele merecia. - Disse Sophie rindo. 

 

        Ela ouviu um barulho atrás dela, e viu Hagrid enfiando o rosto em um barril de água. 

 

       - Aquele ali é o que me preocupa mas sei que logo ele ficará bem. - Dito isso ela virou a olhar para a floresta quando a imagem de um enorme cão preto apareceu. Da mesma forma que a primeira vez naquela rua. 

 

       O cachorro se aproximou mais e ela também, por breves segundos ela ficou apenas olhando para o cão, quando os olhos chamaram sua atenção. Cinza, como um dia de tempestade, então com os lábios tremendo, os olhos brilhando de lágrimas seguradas e os joelhos tremendo, ela tirou o mapa do bolso e com a voz tremula apontou a varinha para o pergaminho e susurrou:

 

 

           - Eu juro solenemente não fazer nada de bom. 

 

         O cachorro continuou olhando para ela. Ela procurou pelo seu nome e logo o encontrou, então seu coração bateu com mais força em seu peito, seus joelhos cederam e ela caiu. Não ouvia mais nenhum som, ela largou o mapa e a varinha, encarando o cachorro, que esperava pacientemente, Sophie sorriu e disse:

 

       - Olá Sirius...

 

       Então, sem mais, o cachorro correu até ela e pulou em cima dela e ela o abraçou apertado, enquanto Sirius Black lambia seu rosto com o rabo balançando de alegria por finalmente abraçar sua afilhada. Seu pequeno anjo.


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