To Die With The Sun escrita por MutantProud


Capítulo 32
Capítulo 32 - A Entrada Para a Câmara Secreta


Notas iniciais do capítulo

Mais um Capítulo! Espero que gostem deste ❤ mais dois capítulos e chegaremos em Prisioneiro de Azkaban que todos mais querem que eu sei! ❤❤ Bom, boa leitura!



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     - Tantas vezes estivemos naquele banheiro, e ela ali a apenas três boxes de distância- Comentou Rony amargurado à mesa do café, na manha seguinte. -, e poderíamos ter perguntado a ela, e agora...


     Fora bastante difícil encontrar as aranhas. Fugir dos professores o tempo suficiente para entrar escondido em um banheiro de meninas, e ainda por cima o banheiro de meninas bem ao lado da cena do primeiro ataque, ia ser quase impossível.

 

      - Teremos que contar para Sophie quando nos encontrarmos com ela na Ala Hospitalar. - Disse Rony.


     - Sobre isso, Erik falou pra mim que Sophie disse para ele que não vai poder nos encontrar hoje por causa de algumas coisas que ela terá que fazer na sala de Dumbledore. - Falou Harry pensativo.

      - Me pergunto o que pode ser... - Respondeu Rony dando um leve suspiro e voltando a comer.

     Mas aconteceu uma coisa logo na primeira aula, Transformações, que varreu a Câmara Secreta para longe dos pensamentos dos dois garotos pela primeira vez em semanas. Minutos depois de entrarem em sala, a Profª.McGonagall avisou que os exames começariam no dia primeiro de junho, dali a uma semana.


    - Exames?— Gritou Simas Finnigan. - E vamos ter exames?

    Ouviram um estrondo atrás de Harry quando a varinha de Neville escapuliu e fez desaparecer um pé de sua carteira. A professora restaurou-a com um aceno da própria varinha e se virou de cara amarrada para Simas.

 

    - A razão de se manter a escola aberta neste momento é vocês receberem educação. - Disse ela severamente. - Portanto, os exames vão se realizar normalmente, e confio que vocês estejam estudando a sério. Estudando a sério!


     Jamais ocorrera a Harry que haveria exames com o castelo naquela situação. Houve muitos murmúrios de protesto na sala que fizeram a professora amarrar ainda mais a cara.

    - As instruções que recebi do Profº. Dumbledore foram no sentido de manter a escola funcionando o mais normalmente possível. E isto, não preciso dizer, significa descobrir o quanto os senhores aprenderam neste ano.


     Harry olhou para os dois coelhos que devia transformar em chinelos. Que é que ele aprendera até ali naquele ano? Não conseguia lembrar nada que lhe pudesse ser útil em um exame. Rony parecia que tinha acabado de ser informado de que seria obrigado a ir viver na Floresta Proibida.

    - Você pode me imaginar fazendo exames com isso? - Perguntou ele a Harry, mostrando a varinha, que começara a assobiar alto.

 

    Três dias antes do primeiro exame, a Profª. McGonagall deu outro aviso no café da manhã.


     - Tenho boas notícias. - Disse, e os alunos no Salão, ao invés de se calarem, desataram a falar.

     - Dumbledore vai voltar! - Exclamaram de alegria vários alunos.

     - Apanharam o herdeiro de Slytherin. - Gritou, esganiçada, uma menina na mesa da Corvinal.

    - Os jogos de Quadribol vão recomeçar! - Berrou Olivio excitado.

     Quando o vozerio diminuiu, a professora disse:

    - A Profª. Sprout me informou que finalmente as mandrágoras estão prontas para serem colhidas. Hoje à noite, poderemos ressuscitar os alunos que foram petrificados. Não será preciso lembrar a todos que um deles talvez possa nos dizer quem ou o que os atacou. Tenho esperanças que este ano tenebroso terminará com a captura do culpado.


    Houve uma explosão de vivas. Harry olhou para a mesa da Sonserina e não ficou nem um pouco surpreso ao ver que Draco Malfoy não se alegrara. Rony, porém, parecia mais feliz do que nos últimos dias.

     - Então, não vai fazer diferença nunca termos perguntado nada à Murta! - Disse a Harry. - Mione provavelmente terá todas as respostas quando a acordarem! E mais, vai endoidar quando descobrir que vamos ter exames dentro de três dias. Ela não estudou. Seria mais caridoso que a deixassem onde está até os exames terminarem.
    
     Nesse instante Gina Weasley se aproximou e se sentou ao lado de Rony. Parecia tensa e nervosa e Harry reparou que torcia as mãos no colo.

     - Que foi que aconteceu? - Perguntou Rony, servindo-se de mais mingau.

 

    Gina não disse nada, mas olhava de uma ponta a outra da mesa da Grifinória com uma expressão apavorada no rosto, que lembrou a Harry alguém, embora ele não conseguisse atinar quem.

 

    - Desembucha logo. - Disse Rony, observando-a. Harry de repente percebeu com quem Gina parecia. Estava se balançando para frente e para trás na cadeira, exatamente como Dobby fazia quando estava hesitando, pouco antes de revelar a informação proibida.


   - Tenho que lhe contar uma coisa. - Murmurou Gina, tomando cuidado para não olhar para Harry.

    - O quê? - Perguntou Harry.

 

    Gina fez cara de quem não consegue encontrar as palavras certas.

 

     - Que é?— Perguntou Rony. Gina abriu a boca, mas não saiu som algum. Harry se curvou para frente e falou baixinho, de modo que somente Gina e Rony pudessem ouvir.


    - É uma coisa sobre a Câmara Secreta? Você viu alguma coisa? Alguém se comportando estranhamente?

    Gina tomou fôlego e, naquele exato momento, Percy Weasley apareceu, com a cara cansada e pálida.


    - Se você já terminou de comer, fico com o seu lugar, Gina. Estou morto de fome. Acabei de ser liberado do serviço de vigilância.

    Gina deu um pulo como se sua cadeira estivesse eletrificada, lançou a Percy um olhar rápido e amedrontado e saiu correndo, Percy se sentou e pegou uma caneca no meio da mesa.

     - Percy! - Disse Rony aborrecido. - Ela ia começar a nos contar uma coisa importante!


    A meio caminho de beber um gole de chá, Percy se engasgou.

     - Que tipo de coisa? - Perguntou tossindo.

     - Acabei de perguntar se tinha visto alguma coisa estranha e ela começou a dizer...

 

     - Ah, isso, não tem nada a ver com a Câmara Secreta. - Disse Percy na mesma hora.


    - Como é que você sabe? - Perguntou Rony erguendo as sobrancelhas.

     - Bem, se você faz questão de saber, Gina, hum, esbarrou comigo no outro dia quando eu estava... Bem, não importa, a questão é que ela me viu fazendo uma coisa e eu, hum, pedi a ela para não contar a ninguém. Devo dizer que achei que ela ia cumprir a promessa. Não é nada, verdade, só que eu preferia...

     Harry nunca vira Percy tão constrangido.

 

    - Que é que você estava fazendo, Percy. - Perguntou Rony rindo. - Vamos, conte para a gente, não vamos rir.


    Percy não retribuiu o sorriso.

    - Me passa esses pães, Harry, estou morto de fome.

    Harry sabia que o mistério todo poderia ser resolvido no dia seguinte sem ajuda deles, mas não ia deixar passar uma oportunidade de falar com Murta se aparecesse uma - e para sua alegria apareceu, no meio da manhã, quando a turma estava sendo levada para a aula de História da Magia por Gilderoy Lockhart.
   
      Lockhart, que tantas vezes os tranqüilizara dizendo que o perigo passara, para em seguida provar-se o contrário, agora estava inteiramente convencido de que nem valia a pena levá-los em segurança pelos corredores. Seus cabelos não estavam tão sedosos quanto de costume; parecia que estivera acordado a maior parte da noite, vigiando o quarto andar.

    - Marquem minhas palavras. - Disse, contornando um canto com os alunos. - As primeiras palavras que aqueles coitados petrificados vão dizer serão "Foi Hagrid”. Francamente, estou pasmo que a Profª.McGonagall continue achando que todas essas medidas de segurança são necessárias.


      - Concordo professor. - Disse Harry, fazendo Rony derrubar os livros de surpresa.

      - Obrigado, Harry. - Disse Lockhart, gentilmente, enquanto esperavam uma longa fila de alunos da Lufa-Lufa passar. - Quero dizer, nós, professores, já temos muito o que fazer sem ter que acompanhar alunos às aulas e ficar de guarda a noite inteira...

    - Tem razão. - Disse Rony, percebendo a jogada. - Por que o senhor não nos deixa aqui, só temos mais um corredor pela frente...

    - Sabe, Weasley, acho que vou fazer isso. Preciso mesmo preparar a minha próxima aula...


    E se afastou depressa.

     - Preparar a aula. -  Rony caçoou quando o professor se foi. - É mais provável que vá é enrolar os cabelos.


     Os dois amigos deixaram o resto dos colegas da Grifinória seguirem em frente, dispararam por uma passagem lateral e correram para o banheiro da Murta Que Geme. Mas quando estavam se parabenizando pela jogada genial...

     - Potter! Weasley! Que é que os senhores estão fazendo?

    Era a Profª. McGonagall, e sua boca parecia um fio de linha de tão fina.

    - Íamos... Íamos... — gaguejou Rony.
 
     - Íamos... Ver..

      - Mione. - Disse Harry. Rony e a professora olharam para ele. - Não a vemos há séculos, professora - Continuou Harry depressa, pisando o pé de Rony, -, e pensamos em entrar sem sermos vistos na ala hospitalar, sabe, e contar a ela que as mandrágoras já estão quase prontas e... Para não se preocupar... - A Profª. McGonagall. continuou a olhar fixo para ele e por um instante Harry achou que ela ia explodir, mas quando falou, tinha a voz estranhamente rouca.

   - Claro. - Disse, e Harry, espantado, viu uma lágrima brilhar nos seus olhos de contas. - Claro, compreendo que isto tenha sido mais duro para os amigos dos que foram... Compreendo bem. Está bem, Potter, é claro que os  senhores podem ir visitar a Srta.Granger. Vou informar ao Profº. Binns onde foram. Diga a Madame Pomfrey que têm a minha permissão. Na verdade, acredito que sua irmã, Potter, está na Ala Hospitalar para visitar a Srta.Granger também.


    Harry e Rony se afastaram, mal ousando acreditar que tinham evitado uma detenção. Quando dobraram o canto do corredor, ouviram distintamente a professora assoar o nariz.

    - Essa - Disse Rony entusiasmado. -, foi a melhor história que você já inventou.

 

    Não havia escolha agora senão ir à ala hospitalar e dizer à Madame Pomfrey que tinham permissão da Profª. McGonagall para visitar Mione. Madame Pomfrey os deixou entrar, com relutância.


    - Não tem sentido conversar com uma pessoa petrificada.- Disse ela, enquanto levava os garotos para onde Mione estava. - Disse a mesma coisa para a Srta.Potter mas ela continua aqui. 

      Assim que ela abriu a cortina os garotos viram Sophie sentada ao lado de Mione com um livro em mãos. Ela olhou para cima e abriu um pequeno sorriso ao ver Harry e Rony.

      - Olá meninos. - Disse ela. - Vieram ver Mione também?

       - Sim. - Disse Harry se sentando ao lado de Sophie enquanto Rony se sentava do outro lado da cama.

       - Ela tem sorte de ter vocês. - Disse Madame Pomfrey olhando para Mione e depois para Sophie, Harry e Rony.

        Harry se sentiu um pouco mal ao ouvir aquilo mas logo afastou o pensamento quando Madame Pomfrey saiu e Sophie puxou a manga dele.

       - Murta-Que-Geme. - Disse Sophie baixo para os garotos. - A menina que morreu anos atrás.

       - Sim, nós descobrimos. Estávamos indo para o banheiro das meninas mas a Profª. McGonagall nos viu e tivemos que inventar uma desculpa. - Disse Rony apressado.

        - Por que você veio aqui? - Perguntou Harry olhando para a irmã que pegava algo no bolso.

      - Eu estava procurando um livro sobre animais malignos do mundo mágico para um trabalho de Trato das Criaturas Mágicas e na estante de livros que eu procurava, tinha um que estava colocado de qualquer jeito. Eu o peguei e comecei a folhea-lo e vi que tinha um página faltando. Perguntei para a Madame Pince quem havia lido aquele livro antes e ela me disse: Srta.Granger.

       - Mione arrancou a página de um livro? - Perguntou Rony espantado.

        - Não um livro qualquer mas o livro que tem a resposta que procurávamos, caro Rony. - Disse Sophie sorrindo. - Veja bem, assim que a Madame Pince disse que havia sido a Mione, eu havia entendido o que ela havia ido fazer na biblioteca no dia do jogo. Ela foi mais esperta que todo, ela descobriu o que é a criatura da Câmara Secreta. Assim que eu vim para cá, comecei a procurar pelo papel e o encontrei. - Nisso mostrou um papel amassado que havia tirado do bolso.

       - E... o que é?— Perguntou Rony ansioso.

        - Aqui. - Entregou o papel para Harry.

      Harry abriu rapidamente e começou a ler baixo:

       "Das muitas feras e monstros medonhos que vagam pela nossa terra não há nenhum mais curioso ou mortal do que o basilisco, também conhecido como rei das serpentes. Esta cobra, que pode alcançar um tamanho gigantesco e viver centenas de anos, nasce de um ovo de galinha, chocado por uma rã. Seus métodos de matar são os mais espantosos, pois além das presas letais e venenosas, o basilisco tem um olhar mortífero, e todos que são fixados pelos seus olhos sofrem morte instantânea. As aranhas fogem do basilisco, pois é seu inimigo mortal e o basilisco foge apenas do canto do galo, que lhe é fatal."


       - Esse é o monstro. - Disse Sophie olhando ansiosa para os dois. - Hermione descobriu e iria nos contar.

      - E é por isso que eu posso ouvi-lo. - Disse Harry. - É uma cobra.

       - O Rei das Cobras. - Murmurou Rony espantado. - Mas.. se ele mata só em olhar para as pessoas... por que ninguém morreu ainda?

        Harry olhou para Sophie pensativo e depois voltou-se para Rony.

       - Porque ninguém olhou nos olhos dele. - Respondeu. - Não diretamente pelo menos.

        - Colin estava com a máquina fotográfica... - Começou Sophie.

        - Justino deve ter visto o basilisco através do Nick-Quase-Sem-Cabeça, Nick recebeu toda carga mas ele é um fantasma então não poderia morrer de novo. - Continuou Harry olhando para Sophie.

        - E Hermione e a Penélope estavam com o espelho. Elas usaram o espelho para vigiar os cantos, caso estivesse vindo. - Sophie disse.

        - Mas e a Madame Nor-r-ra? Ela não tinha uma máquina e nem um espelho. - Perguntou Rony.

       - Mas tinha água. - Respondeu Sophie.

       - Havia água no chão naquela noite, ela só viu o reflexo do basilisco. - Disse Harry.

      Harry examinou a página que tinha na mão, pressuroso. Quanto mais lia, mais ela fazia sentido.

 

    - “O canto do galo... Lhe é letal!"— Leu ele em voz alta. - Os galos de Hagrid foram mortos! O herdeiro de Slytherin não queria nenhum perto do castelo quando a Câmara fosse aberta! "As aranhas fogem do basilisco!" Tudo se encaixa!


    - Mas como é que o basilisco anda circulando pelo castelo? - Perguntou Rony. - Uma cobra gigantesca... Alguém a teria visto...

       - Nossa querida Mione fez questão de responder isso para nós. - Disse Sophie apontando para uma palavra no canto no papel.

       - Canos? Está usando encanamento. - Disse Rony assustado.

        - Por isso que ouço a voz de dentro das paredes. - Disse Harry.

      Rony agarrou de repente o braço de Harry.

   - A entrada para a Câmara Secreta! - Disse com a voz rouca. -E se for um banheiro? E se for o...

   - Banheiro da Murta Que Geme.— Completou Harry e Sophie.

     Os três ficaram sentados ali, a excitação circulando com rapidez pelo corpo, mal conseguindo acreditar.

    - Isto significa - Disse Harry -, que não devo ser o único a falar a língua das cobras na escola. O herdeiro de Slytherin deve ser outro que fala também. É assim que ele controla o basilisco.

   - Que vamos fazer? - Perguntou Rony, cujos olhos faiscavam.  - Vamos direto à Profª. McGonagall?

    - Vamos à sala dos professores. - Disse Sophie, ficando de pé de um salto. - Ela vai para lá dentro de dez minutos. Já está quase na hora do intervalo.

 

     Os três correram para baixo. Não querendo ser encontrados perambulando por outro corredor, foram diretamente à sala dos professores, ainda deserta. Era um aposento amplo, as paredes forradas com painéis de madeira, as cadeiras de madeira escura. Harry e Rony ficaram andando de um lado para o outro, excitados demais para se sentar.


    Mas a sineta do intervalo jamais tocou.

 

    Em vez disso, ecoando pelos corredores, ouviram a voz da Profª.McGonagall, magicamente amplificada.

   

    "Todos os alunos voltem imediatamente aos dormitórios de suas casas”.

    “Todos os professores voltem à sala de professores. Imediatamente, por favor”.

    Harry virou-se para Sophie e Rony.

    - Não outro ataque! Não agora! - Disse Sophie irritada e triste.

   - Que vamos fazer? - Disse Rony horrorizado. - Voltar ao dormitório?

 

    - Não. - Disse Harry, olhando à sua volta. Havia um tipo feio de guarda-roupa à sua esquerda, onde guardavam as capas dos professores. - Ali dentro. Vamos ouvir o que foi. Depois podemos contar o que descobrimos.

 

    Os três esconderam dentro do armário, escutando o barulho de centenas de pessoas andando no andar de cima e a porta da sala de professores se abrir e bater. Do meio das dobras mofadas das capas, observaram os professores chegarem um a um. Alguns pareciam intrigados, outros completamente apavorados.

 
    Então chegou a Profª. McGonagall.

    - Aconteceu. - Disse ela na sala silenciosa. - Uma aluna foi levada pelo monstro. Para a Câmara.

    O Profº. Flitwick deixou escapar um grito fino. A Profª. Sprout tampou a boca com as mãos. Snape agarrou com muita força o espaldar de uma cadeira e perguntou:


   - Como você pode ter certeza?

   - O herdeiro de Slytherin - Disse a professora muito pálida -, deixou outra mensagem. Logo abaixo da primeira.


   "O esqueleto dela jazerá na Câmara para sempre.”

    O Profº. Flitwick rompeu em lágrimas.

    - Quem foi? - Perguntou Madame Hooch, que afundara, com os joelhos bambos, numa cadeira. - Que aluna?


    - Gina Weasley. - Respondeu McGonagall.

    Harry e Sophie sentiram Rony escorregar silenciosamente para o chão do armário do lado dele.

    - Teremos que mandar todos os alunos para casa amanhã. - Continuou ela. - Isto é o fim de Hogwarts. Dumbledore sempre disse...

     A porta da sala de professores bateu outra vez. Por um momento delirante Harry teve certeza de que seria Dumbledore. Mas era Lockhart e ele sorria.

    - Lamento muito, cochilei, que foi que perdi?

   Ele não pareceu notar que os outros professores o olhavam com uma expressão muito próxima ao ódio. Snape se adiantou.

 

    - O homem de que precisávamos! Em pessoa! Uma menina foi seqüestrada pelo monstro, Lockhart. Levada para a Câmara Secreta. Chegou finalmente a sua vez.


    Lockhart ficou lívido.

    - Isto mesmo, Gilderoy. - Disse a Profª. Sprout. - Você não estava dizendo ainda ontem à noite que sempre soube onde era à entrada da Câmara Secreta?


    - Eu... Bem, eu... - Gaguejou Lockhart.

    - É, você não me disse que tinha certeza do que havia dentro dela? - Falou o Profº. Flitwick.

 

      - D-disse? Não me lembro...


    - Pois eu me lembro de você dizendo que lamentava não ter tido uma chance de enfrentar o monstro antes de Hagrid ser preso. - Continuou Snape. - Você não disse que o caso todo foi mal conduzido e que deviam ter-lhe dado carta branca desde o começo?

    Lockhart contemplou os rostos duros dos colegas à sua volta.

   - Eu... Eu realmente nunca... Vocês devem ter entendido mal.

    - Vamos deixar o problema em suas mãos, então, Gilderoy. - Disse a Profª. McGonagall. - Hoje à noite será uma ocasião excelente para resolvê-lo. Vamos providenciar para que todos estejam fora do seu caminho. Você terá oportunidade de cuidar do monstro sozinho. Enfim, terá carta branca.

 

    Lockhart olhou desesperado para os lados, mas ninguém veio em seu socorro. Ele não parecia mais bonitão, nem de longe. Seu lábio tremia e na ausência do sorriso costumeiro, cheio de dentes, seu queixo parecia pequeno e fraco.


    - M-muito bem. - Disse. - Estarei em minha sala me... Me preparando.

    E saiu.
    
    - Muito bem - Disse a Profª.McGonagall, cujas narinas tremeram -, com isso o tiramos do caminho. Os diretores das casas devem ir informar os alunos do que aconteceu. Digam que o Expresso de Hogwarts os levará para casa logo de manhã. Os demais, por favor, certifiquem-se de que nenhum aluno fique fora dos dormitórios.

    Os professores se levantaram e saíram, um por um.

    Foi provavelmente o pior dia da vida de Harry e Sophie. Ele, Sophie, Fred, Jorge, Harriet, Erik e Charles e claro, Aslan. Se sentaram em um canto vazio da Grifinória e ficaram juntos. Sophie ficou abraçada com Fred o tempo todo dando leves carinhos no cabelo do ruivo enquanto Aslan deitava a cabeça em seu colo. Jorge havia deitado a cabeça no ombro de Harriet e Erik e Charles jogavam Xadrez de Bruxo silenciosamente.

    Percy não estava presente. Fora despachar uma coruja para o Sr. e a Sra. Weasley, depois trancou-se no dormitório.

 

    Nenhuma tarde jamais se arrastou tanto quanto essa, nem tampouco a Torre da Grifinória esteve tão cheia e, no entanto, tão silenciosa. Próximo ao pôr-do-sol, Fred e Jorge foram se deitar, porque não conseguiam continuar sentados e Charles, Erik, Harriet e Aslan haviam ido juntos para o dormitório dos meninos. Apenas Sophie, Harry e Rony ficaram no canto da sala.


      - Ela sabia alguma coisa, Harry. -  Disse Rony, falando pela primeira vez desde que entraram no armário da sala de professores. - É por isso que foi seqüestrada. Não era uma bobagem sobre o Percy, nada disso. Descobriu alguma coisa sobre a Câmara Secreta. Deve ter sido por isso que foi... - Rony esfregou os olhos com força. - Quero dizer, ela era puro-sangue. Não pode haver nenhum outro motivo.

     Harry podia ver o sol se pondo, vermelho-sangue, na linha do horizonte. Nunca se sentira pior na vida. Se ao menos houvesse alguma coisa que pudessem fazer. Qualquer coisa.

    - Harry... Sophie - Disse Rony. - Vocês acham que pode haver alguma chance de ela não estar... Sabe...

    Harry não soube o que dizer. Não conseguia ver como Gina ainda pudesse estar viva e Sophie também


   - Sabe de uma coisa? - Falou Rony. - Acho que devíamos ir ver Lockhart. Contar a ele o que sabemos. Ele vai tentar entrar na Câmara. Podemos contar onde achamos que é, e avisar que tem um basilisco lá dentro.

       Sophie e Harry se olharam e não puderam pensar em mais nada para fazer e porque queriam fazer alguma coisa, eles concordaram.

    Os alunos da Grifinória na sala estavam tão infelizes e sentiam tanta pena dos Weasley, que ninguém tentou impedi-los quando se levantaram, atravessaram a sala e saíram pelo buraco do retrato.
   

    Anoitecia quando desceram à sala de Lockhart. Parecia haver muita atividade lá dentro. Os garotos ouviram coisas sendo arrastadas, baques surdos e passos apressados. Harry bateu e fez-se um repentino silêncio na sala. Então abriu-se uma frestinha na porta e eles viram o olho de Lockhart espreitando.


    - Ah... Sr.Potter.. Srta.Potter... Sr.Weasley... - Disse, abrindo um pouco mais a porta. - Estou muito ocupado no momento, se puderem ser rápidos...

      - Professor, temos umas informações para o senhor. - Disse Harry. - Achamos que podem ajudá-lo.

    - Hum... Bem... Não e tão... - A metade do rosto de Lockhart que podiam ver parecia muito constrangida. - Quero dizer... Bem... Muito bem...


    Ele abriu a porta e os garotos entraram.

    Sua sala tinha sido quase completamente desmontada. Havia dois malões abertos no chão. Vestes verde-jade, lilás, azul-meia-noite, tinham sido apressadamente dobradas e guardadas em um deles; livros tinham sido enfiados de qualquer jeito no outro. As fotografias que cobriam as paredes agora estavam comprimidas em caixas sobre a escrivaninha.

     - O senhor vai a algum lugar? - Perguntou Sophie olhando para o professor um pouco irritada.

    - Hum, bem, vou. - Disse Lockhart, arrancando um pôster com a sua foto em tamanho natural das costas da porta, enquanto falava, e começando a enrolá-lo. - Chamado urgente... Inevitável... Tenho que partir...

      - Mas e a minha irmã?! - Perguntou Rony de supetão.

     - Bem, sobre isso... Foi muito azar... - Respondeu Lockhart, evitando encarar os garotos, enquanto puxava uma gaveta com força e começava a esvaziar o seu conteúdo em uma mochila. - Ninguém lamenta mais do que eu...

 

    - O senhor é o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas! - Exclamou Harry.  - Não pode ir embora agora! Não com todas essas artes das trevas em

ação!

    - Bem... Devo dizer... Quando aceitei o emprego... - Resmungou Lockhart, agora amontoando meias por cima das vestes - nada na descrição da função... Não era de esperar...


     - O senhor quer dizer que está fugindo?— Disse Sophie, incrédula. - Depois de tudo que fez nos seus livros...

    - Os livros podem ser enganosos. -  Disse Lockhart gentilmente.

 

       - Mas foi o senhor quem os escreveu. - Gritou Sophie irritada.


     - Minha cara. - Disse Lockhart se endireitando e amarrando a cara para Harry e Sophie. - Use o bom senso. Meus livros não teriam vendido nem a metade se as pessoas não achassem que eu fiz todas aquelas coisas. Ninguém quer ler histórias de um velho bruxo feio da Armênia, mesmo que tenha salvo uma cidade dos lobisomens. Ele ficaria medonho na capa. Nem sabe se vestir. E a bruxa que afugentou o espírito agourento tinha lábio leporino. Quero dizer, convenhamos...

    - Então o senhor só está recebendo crédito pelo que outros bruxos e bruxas fizeram? - Perguntou Harry, incrédulo.

 

   - Harry, Sophie - Disse Lockhart, sacudindo a cabeça com impaciência -, a coisa não é tão simples assim. Há muito trabalho envolvido. Eu tive que procurar essas pessoas. Perguntar exatamente como conseguiram fazer o que fizeram. Depois tive que lançar um Feitiço da Memória para elas esquecerem o que fizeram. Se há uma coisa de que me orgulho é do meu Feitiço da Memória. Não, foi muito trabalhoso, Potter's. Não é só autografar livros e tirar fotos de publicidade, sabe. Se você quer ser famoso, tem que estar preparado para dar duro.


    Ele fechou os malões com estrondo e trancou-os.

     - Vejamos. - Disse. - Acho que é só. E. Só falta uma coisa.

     E tirou a varinha e se virou para os três.

    - Lamento muito, mas tenho que lançar um Feitiço da Memória em vocês agora. Não posso permitir que saiam espalhando os meus segredos por aí. Eu jamais venderia outro livro...

     Harry e Sophie apanharam as próprias varinhas bem na hora. Lockhart mal erguera a sua, quando os dois berraram:

     - Expelliarmus!

    Lockhart foi atirado para trás, caiu por cima do malão; a varinha voou no ar; Rony agarrou-a e atirou-a pela janela.

     - O senhor não devia ter deixado o Profº. Snape nos ensinar isso. - Disse Harry furioso, chutando o malão de Lockhart para o lado. Lockhart ficou olhando para ele, parecendo frágil outra vez. Harry apontava a varinha em sua direção e Sophie apenas olhava para Lockhart com nojo.

 

     - Que é que você quer que eu faça? - Perguntou Lockhart com a voz fraca. - Eu não sei onde fica a Câmara dos Segredos. Não há nada que eu possa fazer.


    - O senhor está com sorte. - Disse Harry forçando Lockhart a se levantar com a varinha.

    - Achamos que sabemos onde fica. E o que tem lá dentro. Vamos. - Disse Sophie séria.

    Saíram os quatro da sala, desceram as escadas mais próximas, e seguiram pelo corredor escuro em que as mensagens brilhavam na parede até a porta do banheiro da Murta Que Geme. Empurraram Lockhart na frente. Harry ficou satisfeito de verificar que o professor tremia.

    Murta Que Geme estava sentada na caixa de água do último boxe.

     - Ah, é você. - Disse quando viu Harry. - Que é que você quer agora?

    - Perguntar como foi que você morreu.

    A atitude de Murta mudou na hora. Parecia que nunca alguém lhe fizera uma pergunta tão elogiosa.

 

    - Aaaah, foi pavoroso. - Disse com satisfação. - Aconteceu bem aqui. Morri aqui mesmo neste boxe. Me lembro tão bem! Eu tinha me escondido porque Olivia Homby estava caçoando de mim por causa dos meus óculos. Tranquei a porta e fiquei chorando e então ouvi alguém entrar. Disseram uma coisa engraçada. Deve ter sido numa língua diferente, acho. Em todo o caso, o que me incomodou foi que era a voz de um garoto. Então destranquei a porta do boxe para mandar ele sair e ir usar o banheiro dos garotos e então... - Murta inchou fazendo-se de importante, o rosto brilhante.  - Morri..


     - Como? - Perguntou Harry.

     - Não faço idéia. - Disse Murta sussurrando. - Só me lembro de ter visto dois olhos grandes e amarelos. Meu corpo inteiro foi engolfado e então me afastei flutuando... - Ela olhou para Harry sonhadora. - E então voltei. Estava decidida a assombrar Olivia Homby, sabe. Ah, como ela lamentou ter-se rido dos meus óculos.


    - Onde foi exatamente que você viu os olhos? - Perguntou Sophie.

   - Bem ali, perto da pia. - Respondeu Murta apontando vagamente na direção da pia em frente ao boxe em que estava.

    Harry, Sophie e Rony correram para a pia. Lockhart ficou parado bem mais atrás, uma expressão de puro terror no rosto.
  
     Parecia uma pia comum. Eles examinaram cada centímetro, por dentro e por fora, inclusive os canos embaixo. E então Harry viu: gravada ao lado de uma das torneiras de cobre havia uma cobrinha mínima.

    - Essa torneira nunca funcionou. -Disse Murta, animada, quando ele tentou abri-la.


     - É isso. - Sussurrou Sophie dando um leve sorriso e olhando para Harry. - Essa é a entrada para a Câmara Secreta.
  
    - Harry. - Disse Rony. - Diga alguma coisa. Alguma coisa em língua de cobra.

    - Mas... - Harry se esforçou. As únicas vezes em que conseguira falar a língua das cobras foi quando estava diante de uma cobra real. Ele fixou o olhar na gravação minúscula, tentando imaginar que era real. - "Abra" -, mandou.

    Ele olhou para Rony e Sophie que negaram com a cabeça.

     - Nossa língua.

    Harry tornou a olhar para a cobra, desejando acreditar que estivesse viva. Se ele mexia a cabeça, a luz das velas fazia parecer que a cobra estava se mexendo.

    - “Abra” - Repetiu.

     Só que as palavras não foram o que ele ouviu; um estranho assobio lhe escapara da boca e na mesma hora a torneira brilhou com uma luz branca e começou a girar. No segundo seguinte, a pia começou a se deslocar; a pia, na realidade, sumiu de vista, deixando um grande cano exposto, um cano largo o suficiente para um homem escorregar por dentro dele.

     
      Harry ouviu Rony soltar uma exclamação e levantou a cabeça. Decidira o que ia fazer.

    - Vou descer. -  Anunciou.

 

        Ele não podia deixar de descer, agora que tinham encontrado a entrada para a Câmara, não se houvesse a mais leve, mínima, imaginária chance de Gina estar viva.


    - Nós também vamos. - Disse Sophie para o irmão.

    Houve uma pausa.

    - Bem, parece que vocês não precisam de mim. - Disse Lockhart com uma sombra do seu antigo sorriso. - Eu vou...

    E levou a mão à maçaneta da porta, mas Sophie e Harry apontaram as varinhas para ele.


     - Você pode descer primeiro. - Rosnou Rony.

    De rosto lívido e sem varinha, Lockhart se aproximou da abertura.

   - Olhem... - Disse com a voz fraca. - Olhem bem, que bem isto vai trazer?

    Harry cutucou-o nas costas com a varinha. Lockhart escorregou as pernas para dentro do cano.

      - Eu não acho... - Começou a dizer, mas Rony deu-lhe um empurrão, e ele desapareceu de vista. Harry seguiu-o em silêncio. Baixou o corpo lentamente para dentro do cano e se soltou.

    Foi como se ele se precipitasse por um escorrega escuro, viscoso e sem fim. Viu outros canos saindo para todas as direções, mas nenhum tão largo quanto aquele, que virava e dobrava, sempre e ingrememente para baixo, e ele percebeu que estava descendo cada vez mais fundo sob a escola, para além das masmorras mais fundas. Atrás ele ouvia Rony, batendo-se ligeiramente nas curvas.

 

   E então, quando começava a se preocupar com o que aconteceria quando chegasse ao chão, o cano nivelou e ele foi atirado pela extremidade com um baque aquoso, e aterrissou no chão úmido de um túnel de pedra às escuras, suficientemente amplo para a pessoa ficar de pé. Lockhart estava se levantando um pouco adiante, coberto de limo e branco como um fantasma. Harry afastou-se para um lado enquanto Rony também saía chispando do cano logo em seguida veio Sophie.


     - Devemos estar quilômetros abaixo da escola. - Disse Harry sua voz ecoando no túnel escuro.

    - Provavelmente debaixo do lago. - Sugeriu Sophie, apertando os olhos para enxergar as paredes escuras e limosas.


    Os três se viraram para encarar a escuridão à frente.

    - Lumus!— Murmurou Harry para sua varinha que acendeu e Sophie fez o mesmo.  - Vamos. - Chamou Rony e Lockhart, e lá se foram os quatro, seus passos chapinhando ruidosamente no chão molhado.

    O túnel era tão escuro que eles só conseguiam ver uma pequena distância à frente. Suas sombras nas paredes molhadas pareciam monstruosas à luz da varinha.

     - Lembrem-se. - Disse Harry baixinho enquanto avançavam com cautela -, a qualquer sinal de movimento, fechem os olhos imediatamente...

    Mas o túnel estava silencioso como um túmulo, e o primeiro som inesperado que ouviram foi o ruído de alguma coisa sendo esmagada quando Rony pisou em alguma coisa que descobriram ser um crânio de rato. Harry baixou a varinha para olhar o chão e viu que se encontrava coalhado de ossos de pequenos animais. Tentando por tudo não imaginar que aspecto teria Gina se a encontrassem, Harry, à frente, virou uma curva escura do túnel.

 

    - Harry... Tem alguma coisa ali... - Disse Rony rouco, agarrando o ombro do amigo.


    Eles se imobilizaram, observando. Harry conseguia apenas ver o contorno de uma coisa enorme e curvilínea, deitada atravessada no túnel. A coisa não se mexia.

      - Talvez esteja dormindo. - Sussurrou Sophie, olhando para Harry e Rony.

    Lockhart tampava os olhos com as mãos.

       Harry e Sophie se aproximaram da coisa, o coração batendo tão forte que chegava a doer. As varinhas de ambos estavam erguidas.
  
    A luz deslizou pela pele de uma cobra gigantesca, colorida e venenosa, que se encontrava enroscada e oca no chão do túnel. O bicho que se desfizera dela devia ter no mínimo uns seis metros de comprimento.

     - Droga. - Xingou Rony em voz baixa.

    Ouviram então um movimento súbito às costas. Os joelhos de Lockhart tinham cedido.

   - Levante-se. - Disse Rony com rispidez, apontando a varinha para Lockhart.


    O professor se levantou - em seguida atirou-se contra Rony, derrubando-o no chão.

    Harry deu um salto à frente, mas demasiado tarde - Lockhart já se erguia, ofegante, a varinha de Rony na mão e um sorriso radioso novamente no rosto.

     - A aventura termina aqui, meus caros. Vou levar um pedaço dessa pele de volta à escola, dizer que cheguei tarde demais para salvar a garota e que vocês três enlouqueceram tragicamente ao verem o corpo dela mutilado, digam adeus às suas memórias!

    Ele ergueu a varinha de Rony, emendada com fita adesiva, acima da cabeça e gritou:

    - Obliviate!

    A varinha explodiu com a força de uma pequena bomba. O teto desabou e Sophie pegou o braço de Harry e o-puxou para longe, escorregando nas voltas da pele de cobra, escapando do alcance dos grandes pedaços do teto do túnel que caíam com estrondo no chão. No momento seguinte, Harry e Sophie se levantaram devagar e viram  uma parede maciça formada pelos destroços.

 

     - Rony! - Gritaram. - Você está bem? Rony!

     

   - Estou bem! - Gritou Rony do outro lado. - Estou bem, mas esse bosta aqui não está, a varinha acertou nele...

 

     Ouviu-se uma pancada surda e um sonoro "ai!". Parecia que Rony tinha acabado de chutar Lockhart nas canelas.

 

    - E agora? - Perguntou a voz de Rony, desesperada. - Não podemos passar, vai levar séculos...


      Sophie e Harry se olharam e Harry olhou para o teto do túnel. Tinham aparecido nele enormes rachaduras. O garoto nunca tentara cortar, com auxílio da magia, nada tão grande como essas pedras, e agora não parecia uma boa hora para tentar - e se o túnel inteiro desabasse?

   Ouviu-se mais outra pancada e mais um "ai!" por trás das pedras.

     - Rony! Por mais que eu odeio o Lockhart também, pare de bater na cabeça desse idiota! - Resmungou Sophie.

      Estavam perdendo tempo. Gina já fora trazida para a Câmara Secreta havia horas... Harry sabia que havia apenas uma coisa a fazer.

   - Espere ai. - Gritou para Rony. - Espere com Lockhart. Eu e Sophie iremos continuar... E... - Nisso Harry olhou para Sophie e ela sorriu e acenou com a cabeça. - Se caso não voltarmos durante uma hora...

     Houve uma pausa cheia de significação.

    - Vou tentar afastar umas pedras. - Disse Rony, que parecia estar querendo manter a voz firme. - Para vocês poderem... Poderem passar na volta. Sophie.. Harry...


      - Nos vemos logo, Roniquinho. - Disse Sophie dando um sorriso trêmulo, tentando mostrar segurança.

    Sophie e Harry se olharam e Sophie abraçou o Potter mais novo de lado.

      - Mamãe deve estar tendo um treco agora... - Disse Sophie sorrindo. - Onde quer que esteja.

       - E papai deve estar orgulhoso. - Respondeu Harry também sorrindo. - Pelo menos estamos juntos dessa vez.

     Sophie concordou e logo o som distante de Rony batalhando para retirar as pedras silenciou.

     O túnel dava voltas e mais voltas. Cada nervo do corpo de Harry e Sophie formigavam desagradavelmente. Eles queriam que o túnel terminasse, mas temia o que encontraria no fim. E então, ao dobrar mais uma curva, ambos se depararam com uma parede sólida à sua frente em que havia duas cobras entrelaçadas talhadas em pedra, os olhos engastados com duas enormes esmeraldas brilhantes.

      - Já sabe o que fazer. - Disse Sophie dando um passo para trás.

     Harry se aproximou, a garganta seca. Não havia necessidade de fingir que essas cobras de pedra eram reais; seus olhos pareciam estranhamente vivos.

   - “Abram”— Disse num sibilo grave e fraco.

   As cobras se separaram e as paredes se afastaram, as duas metades deslizaram suavemente, desaparecendo de vista e Sophie e Harry entraram juntos de mãos dadas.


      - Acabei de perceber uma coisa, irmão meu.

      - O que? - Perguntou Harry olhando para Sophie.

       - Eu odeio cobras.


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