To Die With The Sun escrita por MutantProud


Capítulo 33
Capítulo 33 - Os Irmãos Potter Contra Lord Voldemort


Notas iniciais do capítulo

OUTRO CAPÍTULO RAPAZEADA! Só falta mais um capítulo e pronto: Prisioneiro de Azkaban ❤ enfim, espero que vocês gostem desse capítulo pois eu adorei ❤ Boa leitura!!



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        Harry e Sophie se viram parados no fim de uma câmara muito comprida e mal iluminada. Altas colunas de pedra entrelaçadas com cobras em relevo sustentavam um teto que se perdia na escuridão, projetando longas sombras negras na luz estranha e esverdeada que iluminava o lugar.
    
       Os corações dos irmãos batiam rápido enquanto eles ficavam em silêncio tentando manter a respiração calma. Será que o basilisco estaria à espreita num canto sombrio, atrás de uma coluna? E onde estaria Gina?

     Eles puxaram as varinhas e avançaram devagar e em silêncio por entre as colunas serpentinas. Cada passo cauteloso ecoava alto nas paredes sombreadas. Harry manteve os olhos semicerrados, pronto para fechá-los depressa ao menor sinal de movimento e Sophie olhava tudo pelo canto do olho. As órbitas ocas das cobras de pedra pareciam segui-los. Mais de uma vez, com um aperto no estômago, Harry pensou ter surpreendido uma delas se mexendo.


    Então, quando emparelhou com o último par de colunas, uma estátua alta como a própria Câmara apareceu contra a parede do fundo.

    Harry teve que esticar o pescoço para ver o rosto gigantesco lá no alto. Era antigo e simiesco, com uma barba longa e rala que caía quase até a barra das vestes esvoaçantes de um bruxo de pedra, onde havia dois pés cinzentos enormes apoiados no chão liso da Câmara. Ele olhou para Sophie e viu que a mesma parecia tão surpresa quanto ele.

     - Salazar Slytherin. - Murmurou ela olhando para a figura. - Gina?

     Harry olhou novamente para a figura e viu que entre os pés, de bruços, jazia um pequeno vulto de cabelos flamejantes vestido de negro.

     - Gina!— Murmurou Harry, correndo para ela e se ajoelhando. - Gina... Não esteja morta... Por favor, não esteja morta... - Ele largou a varinha de lado, segurou Gina pelos ombros e virou-a. Seu rosto estava branco e frio como o mármore, mas tinha os olhos fechados, portanto não estava petrificada.

    Então devia estar..

      - Não... Sophie ela não respira. - Sussurrou Harry ficando desesperado.

      - Não, ela não pode estar morta. - Sussurrou Sophie colocando a varinha no bolso e colocando a cabeça de Gina em sua perna. - Vamos Gina, acorde.

      - Ela não vai acordar. - Disse uma voz indulgente.

    Harry se sobressaltou e se virou ainda de joelhos, Sophie apenas virou o rosto e colocou a mão no bolso onde a varinha se encontrava.

     Um garoto alto, de cabelos negros, o observava encostado à coluna mais próxima. Tinha os contornos estranhamente borrados, como se Harry o estivesse vendo através de uma janela embaçada. Mas não havia como se enganar...

    - Tom.. Tom Riddle?

   Riddle confirmou com a cabeça, sem tirar os olhos do rosto de Harry.

    - Que é que você quer dizer com "ela não vai acordar"? - Perguntou desesperado. - Ela não está... Não está...?


      - Ainda está viva. - Disse Riddle. - Mas por um fio.

   Harry arregalou os olhos para ele. Tom Riddle estivera em Hogwarts cinqüenta anos atrás, contudo achava-se ali parado, envolto por uma luz estranha e enevoada, com os seus exatos dezesseis anos.


    - Você é um fantasma? - Perguntou Harry incerto.

   - Uma lembrança. - Disse Riddle com suavidade. - Conservada em um diário durante cinqüenta anos.

   E apontou para o chão perto dos enormes pés da estátua. Caído ali encontrava-se o pequeno livro preto que Harry encontrara no banheiro da Murta Que Geme. Por um segundo, ele se perguntou como aquilo chegara ali - mas havia assuntos mais urgentes a tratar.


      - Aquele diário.. - Disse Sophie fazendo Harry se sobressaltar. Havia esquecido que a irmã estava ali. - Harry... no que foi que você...

       - Então - Disse Riddle olhando para Sophie e abrindo um pequeno sorriso. -, Sophie Potter. Acredito que não chegamos a nos conhecer antes.

       - Sem dúvida que não. - Resmungou Sophie abaixando os olhos para Gina em seu colo.

       - Sophie, depois eu te conto tudo que tenho para contar mas agora... - Dizia Harry olhando para Gina preocupado. - Tom, você tem que nos ajudar.. . Tem um basilisco.. pode chegar a qualquer momento. Temos que levá-la para longe daqui... Sophie você pode carrega-lá?

       Sophie já se levantava para pegar a Weasley quando a voz de Riddle falou novamente:

      - Sobre o basilisco... ele só virá se for chamado.

       Sophie e Harry olharam para o garoto e ambos viram que ele segurava uma varinha. A varinha de Harry.

      - Devolve minha varinha, Tom. - Disse Harry confuso.

       - Não vai precisar dela. - Disse Riddle sorrindo e voltando o olhar para Sophie que já estava com a própria varinha na mão. - Você me deixa curioso... vocês dois na verdade.

       - Você também está me deixando curiosa. Sobre várias coisas. - Disse Sophie.

        - Olhem aqui, estamos perdendo tempo! Temos que sair daqui! - Disse Harry perdendo a paciência.

     - Esperei muito tempo por isto, Harry Potter e Sophie Potter. Por uma chance de ver vocês. De falar com vocês.

    - Olhe. - Disse Harry irritado. - Acho que você não está entendendo. Estamos na Câmara Secreta. Podemos conversar depois...

    - Vamos conversar agora. - Disse Riddle, ainda sorrindo, e guardando a varinha no bolso.

     - Olhe aqui.. - Começou Harry mas Sophie o impediu de continuar.

      - Harry. Deixe que ele fale. - Disse ela ainda com a varinha em mãos. - Afinal, parece que esteve esperando por esse momento a muito tempo.

      - Sem dúvida. - Concordou Riddle.

      - Mas antes, se não se importa. Eu gostaria de lhe perguntar: Como a Gina chegou até aqui? E como ela ficou assim? - Perguntou Sophie puxando a manga de Harry devagar para atrás dela.

      - Bom, essa é uma pergunta interessante. - Disse Riddle em tom agradável. - É uma história bastante comprida. Suponho que a razão de Gina Weasley estar assim é porque abriu o coração e contou todos os seus segredos para um estranho invisível.


   - Do que é que você está falando? - Perguntou Harry.

    - Do diário. Do meu diário. A pequena Gina anda escrevendo nele há meses, me contou suas tristes preocupações e mágoas, como os irmãos implicavam com ela, como teve que vir para a escola com vestes e livros de segunda mão, como... - Os olhos de Riddle brilharam -, como achava que o bom, o famoso, o importante Harry Potter jamais iria gostar dela...

      Todo o tempo que falava, os olhos de Riddle não desgrudavam do rosto de Harry e Spphie. Havia neles uma expressão quase faminta.


      - Romance de criança. - Disse Sophie.

   - Exatamente. É muito chato ter que ouvir os probleminhas bobos de uma garota de onze anos. Mas fui paciente. Respondi. Fui simpático, gentil. Gina simplesmente me adorou. “Ninguém nunca me compreendeu como você; Tom... É uma alegria ter este diário para fazer confidências... É como ter um amigo portátil que se leva para todo lado no bolso...”

   Riddle deu uma risada aguda e fria que não combinava com ele. Fez os cabelos na nuca de Harry se arrepiarem.


    - Ainda que seja eu a dizer, Harry e Sophie, sempre fui capaz de encantar as pessoas de quem precisei. Então Gina me revelou sua alma, e por acaso essa alma era exatamente o que eu queria... Fui ficando cada vez mais forte com a dieta dos seus medos mais arraigados e segredos mais íntimos. Fiquei poderoso, muito mais poderoso do que a pequena Srta. Weasley. Suficientemente poderoso para começar a alimentá-la com alguns dos meus segredos, e começar a instilar nela um pouco da minha alma...

       - Você estava a possuindo. - Murmurou Sophie surpresa.

      - Sophie você é tão esperta! - Disse Riddle sorrindo para a garota. - Não me admira que Dumbledore goste tanto de você!

      - Do que vocês estão falando? - Perguntou Harry confuso.

      - Você ainda não adivinhou, Harry Potter? - Disse Riddle baixinho. - Gina Weasley abriu a Câmara Secreta. Ela estrangulou os galos da escola e escreveu mensagens ameaçadoras nas paredes. Ela açulou a serpente de Slytherin contra quatro sangues-ruins e a gata daquela aberração do Filch.

    - Não. - Sussurrou Harry.

    - Sim. - Confirmou Riddle calmamente. - É claro que ela não sabia o que estava fazendo no início. Era muito divertido. Eu gostaria que você tivesse visto as anotações que a garota fez no diário depois... Ficaram muito mais interessantes... "Querido Tom"— Recitou ele, observando a expressão horrorizada de Harry. - "Acho que estou perdendo a memória. Tem penas de galos nas minhas vestes e não sei como foram parar lá. Querido Tom, não me lembro do que fiz na noite das Bruxas, mas um gato foi atacado e a frente da minha roupa está suja de tinta. Querido Tom, Percy me diz o tempo todo que estou pálida e que estou diferente do que era. Acho que ele suspeita de mim... Houve outro ataque hoje e não sei onde é que eu estava. Tom, que é que eu vou fazer? Acho que estou ficando maluca... Acho que sou a pessoa que está atacando todo mundo, Tom!”

    Os punhos de Harry se fecharam, as unhas se enterraram nas palmas das mãos.


      - Imagino que ela tenha percebido a verdade... - Disse Sophie tentando manter a calma.

    - Ah sim... levou muito tempo para a burrinha da Gina parar de confiar no diário. - Continuou Riddle. - Mas ela finalmente desconfiou e tentou jogá-lo fora. E foi aí que você entrou, Harry. Você o encontrou e eu não poderia ter me sentido mais satisfeito. De todas as pessoas que podiam tê-lo apanhado, foi você, exatamente a pessoa que eu estava mais ansioso para conhecer! Assim, é claro, como sua adorada e bela irmã.

      Harry sentia-se cada vez mais furioso.

     - E para que você queria me conhecer? Nos conhecer? - Perguntou Harry. A raiva corria pelas veias dele, e precisou de muito esforço para manter a voz firme.

    - Bem, veja, Gina me contou tudo sobre vocês, Harry. Toda a sua história fascinante. - Os olhos de Riddle percorreram a cicatriz em forma de raio na testa de Harry e sua expressão se tornou mais voraz. - Senti que precisava descobrir mais a seu respeito, conversar com você, conhecer você, se pudesse. Sim.. . Principalmente você. Então, decidi lhe mostrar a minha famosa captura daquele bobalhão do Hagrid para ganhar sua confiança...


    - Hagrid é nosso amigo! - Disse Harry, a voz trêmula. - E foi você que o incriminou, não foi? Pensei que você tivesse se enganado, mas...

    Riddle deu aquela risada aguda outra vez.

    - Foi a minha palavra contra a de Hagrid, Harry. Bem, você pode imaginar o que pareceu ao velho Armando Dippet. De um lado, Tom Riddle, pobre, mas brilhante, órfão, mas muito corajoso, monitor, aluno modelo... Do outro lado, o trapalhão do Hagrid, que vivia se metendo em encrencas, tentava criar filhotes de lobisomens debaixo da cama, fugia para a Floresta Proibida para brigar com trasgos... Mas admito que até eu mesmo fiquei surpreso que o plano tivesse funcionado tão bem. Achei que alguém devia perceber que Hagrid não poderia ser o herdeiro de Slytherin. Eu gastara cinco anos inteiros para descobrir tudo que podia sobre a Câmara Secreta e encontrar a entrada... Como se Hagrid tivesse cabeça, ou poder para tanto! Só o professor de Transformações, Dumbledore, pareceu pensar que Hagrid era inocente. E convenceu Dippet a conservar Hagrid aqui e treiná-lo para guarda-caça. E, acho que ele talvez tivesse adivinhado... Dumbledore nunca pareceu gostar de mim tanto quanto os outros professores...


      - Então vejo que ele não se enganou com você. - Disse Sophie abrindo um sorriso maroto. - É a cara dele.

      - Bem, não há dúvida de que ele ficou me vigiando de maneira incômoda depois que Hagrid foi expulso. - Disse Riddle indiferente. - Percebi que não seria seguro tornar a abrir a Câmara enquanto ainda estivesse na escola. Mas não ia desperdiçar os longos anos que passei procurando por ela. Resolvi deixar aqui um diário, preservando o meu eu de dezesseis anos em suas páginas, de modo que um dia, com sorte, eu pudesse conduzir alguém pelas minhas pegadas e terminar a nobre tarefa de Salazar Slytherin.

      - Bem, você não a terminou. - Disse Harry em tom de vitória. - Desta vez ninguém morreu, nem mesmo a gata. Dentro de algumas horas a Poção de Mandrágoras estará pronta e todos que foram petrificados voltarão à normalidade outra vez...

    - Acho que ainda não vos disse - Falou Riddle em voz baixa. -, que matar sangues ruins não me interessa mais. Há muitos meses agora, meu novo alvo tem sido... Vocês.


     Harry encarou-o assim como Sophie.

      - Imagine a raiva que tive quando na vez seguinte que alguém abriu o meu diário, era a Gina que estava me escrevendo e não você. Ela o viu com o diário, sabe, e entrou em pânico. E se você descobrisse como usá-lo, e eu repetisse todos os segredos dela para você? E se, o que seria pior, eu contasse a você quem tinha andado estrangulando os galos? Então a boba da pirralha esperou o seu dormitório ficar deserto e roubou o diário. Mas eu sabia o que precisava fazer. Tinha ficado claro para mim que você estava na pista do herdeiro de Slytherin. Por tudo que Gina tinha me contado, eu sabia que você não mediria esforços para solucionar o mistério, principalmente se um dos seus melhores amigos fosse atacado. E Gina tinha me contado que a escola inteira estava alvoroçada porque você sabia falar a língua das cobras... Enfim, fiz Gina escrever o bilhete de adeus na parede e descer aqui para esperar. Ela resistiu, chorou e ficou muito chateada. Mas não resta nela muita vida... Ela transferiu muita força para o diário, para mim. O suficiente para eu poder finalmente deixar aquelas páginas... Estive esperando vocês aparecer desde que chegamos aqui. Sabia que você viria. Tenho muitas perguntas a lhes fazer, Harry Potter e Sophie Potter.


    - Por exemplo? - Disse Harry com rispidez, os punhos ainda fechados.

     - Bem. - Disse Riddle, dando um sorriso agradável. - Como foi que você um garoto magricela, sem nenhum talento mágico excepcional, conseguiu derrotar o maior bruxo de todos os tempos? Como foi que você escapou apenas com uma cicatriz, enquanto os poderes do Lord Voldemort foram destruídos?

    Surgia agora em seus olhos vorazes um brilho estranho e avermelhado.

    - Que lhe interessa como escapei? - Perguntou Harry lentamente. - Voldemort foi depois do seu tempo...

 

     - Voldemort é o meu passado, meu presente e meu futuro. - Disse Riddle tirando a varinha de Harry do bolso, ele escreveu no ar três palavras cintilantes:


    TOM MARVOLO RIDDLE

    Em seguida, agitou a varinha uma vez e as letras do seu nome se
rearrumaram:

        LORD VOLDEMORT

       - Entendeu? Era um nome que eu já estava usando em Hogwarts, só para os meus amigos mais íntimos, é claro. Você acha que eu ia usar o nome nojento do meu pai trouxa para sempre? Eu, em cujas veias corre o sangue do próprio Salazar Slytherin, pelo lado de minha mãe? Eu, conservar o nome de um trouxa sujo e comum, que me abandonou mesmo antes de eu nascer, só porque descobriu que minha mãe era bruxa? Não, Potter's, criei para mim um nome novo, um nome que eu sabia que os bruxos de todo o mundo um dia teriam medo de pronunciar, quando eu me tornasse o maior bruxo do mundo.

 

    O cérebro de Harry parecia ter enguiçado. Chocado, ele fixava Riddle, o garoto órfão que crescera para assassinar seus pais e tantos outros... A voz de sua irmã lhe tirou dos pensamentos.


    - Não é. - Harry olhou para o lado e viu sua irmã sorrindo

    - Não é o quê? - Perguntou Riddle com rispidez.

    - Não é o maior bruxo do mundo. - Disse Sophie, abrindo um sorriso maior. - Desculpe desapontá-lo, e tudo o mais, mas o maior bruxo do mundo é Alvo Dumbledore. Todos dizem isso. Mesmo quando você era poderoso, você não se atreveu a tentar dominar Hogwarts. Dumbledore viu através de você quando freqüentou a escola e ainda o amedronta hoje, onde quer que você se esconda...

      O sorriso desaparecera da cara de Riddle, substituído por um olhar muito sinistro.

    - Dumbledore foi afastado do castelo meramente pela minha lembrança. - Sibilou.

    - Ele não está tão afastado quanto você poderia pensar! - Retorquiu Harry. Falava sem pensar, querendo apavorar Riddle, desejando mais, do que acreditando que o que dizia fosse verdade...


    Riddle abriu a boca, mas congelou.

    Ouviram uma música vinda de algum lugar. Riddle se virou para percorrer com os olhos a câmara vazia. A música se tornava cada vez mais alta. Era misteriosa, de dar arrepios, sobrenatural; fez os cabelos de Harry ficarem em pé e o seu coração parecer inchar até dobrar de tamanho. Então a música atingiu tal volume que Harry a sentiu vibrar dentro do peito, e chamas irromperam no alto da coluna mais próxima.
   

    Um pássaro vermelho do tamanho de um cisne apareceu, cantando aquela música esquisita para a abóbada do teto. Tinha uma cauda dourada e faiscante, comprida como a de um pavio e garras douradas e reluzentes que seguravam um embrulho esfarrapado.


    Um segundo depois, o pássaro voava direto para Harry. Deixou cair a seus pés o embrulho que carregava e depois pousou no ombro de Sophie que sorriu para a ave.  Harry ergueu os olhos e viu que tinha um bico dourado, longo e afiado e olhos redondos e escuros.

    O pássaro parou de cantar. Sentou-se imóvel e cálido junto à bochecha de Sophie, olhando com firmeza para Riddle.

    - É uma fênix... - Disse Riddle, encarando-o de volta com um olhar astuto.


    - Fawkes. - Disse Harry sorrindo.

     - Olá sua ave velha. - Disse Sophie passando a mão pelas penas de Fawkes que lhe deu um aperto gentil no ombro.

    - E isso— Disse Riddle, agora examinando o embrulho esfarrapado que Fawkes deixara cair -, seria o velho Chapéu Seletor..

       E era. Remendado, esfiapado, sujo, o chapéu jazia imóvel aos pés de Harry.

 

    Riddle começou a rir outra vez. Riu tanto que a Câmara ecoou com o seu riso, como se dez Riddles estivessem rindo ao mesmo tempo...


    - Isto é o que Dumbledore manda aos seus defensores! Um pássaro canoro e um velho chapéu! Você se sente cheio de coragem, Harry e Sophie Potter? Sentem-se seguros agora?

    Harry não respondeu. Talvez não entendesse qual era a utilidade de Fawkes ou do Chapéu Seletor, e olhou para Sophie que parecia muito pensativa.

 

    - Aos negócios, irmãos Potter's. - Falou Riddle, ainda com um largo sorriso. - Duas vezes, no seu passado, ou no meu futuro, nós nos encontramos. E duas vezes não consegui matar vocês.Como foi que vocês sobreviveram?  Contem-me tudo. Quanto mais tempo falar - Acrescentou brandamente - mais tempo continuara vivo. 

 

    Harry começou a pensar depressa, avaliando suas chances. Riddle tinha a varinha. Ele e Sophie, tinham Fawkes e o Chapéu Seletor, nenhum dos quais adiantaria muito em um duelo. A situação parecia ruim, não havia dúvida... Mas quanto mais tempo Riddle ficasse ali, mais depressa a vida de Gina se esgotava... Entrementes, Harry reparou de repente que os contornos de Riddle estavam ficando mais nítidos, mais sólidos... Se tinha que haver uma luta entre eles e Riddle, quanto mais cedo melhor.


   - Ninguém sabe por que você perdeu seus poderes ao me atacar. - Disse Harry abruptamente. - Nem mesmo eu sei. Mas sei por que você não pôde me matar. Foi porque minha mãe morreu para me salvar. Minha mãe trouxa e comum. -  Acrescentou, sacudindo-se de raiva reprimida. - Ela impediu você de me matar. E eu vi o seu eu verdadeiro. Vi no ano passado. Você está uma ruína. Mal se mantém vivo. Foi isso que você ganhou com todo o seu poder. Você vive escondido. Você é feio, você é nojento...

     Sophie olhou para Harry cheio de orgulho no olhar.

    O rosto de Riddle se contorceu. Então ele deu um horrível sorriso amarelo.

     - Então, sua mãe morreu para salvar você. É, isso é um contra-feitiço poderoso. Estou entendendo agora... Afinal de contas você não tem nada especial. Há uma estranha semelhança entre nós. Até você deve ter notado. Nós dois somos mestiços, órfãos, criados por trouxas. Provavelmente, desde o grande Slytherin, somos os dois falantes da língua das cobras a freqüentar Hogwarts. E até nos parecemos fisicamente... Mas no final, foi um simples acaso que salvou você de mim. Era só o que eu queria saber.

 

    Harry esperou tenso que Riddle erguesse a varinha. Mas o sorriso enviesado de Riddle voltou a se alargar.

 

   - Agora, Potter's, vou lhes dar uma liçãozinha. Vamos medir os poderes do Lord Voldemort, herdeiro de Slytherin, com os do famoso Harry Potter, e as melhores armas que Dumbledore pôde lhe dar...


    Ele lançou um olhar divertido a Fawkes e ao Chapéu Seletor, em seguida se afastou.

    Harry, o medo se espalhando pelas pernas dormentes, observou Riddle parar entre as altas colunas e olhar para o rosto de pedra de Slytherin, muito acima dele na obscuridade.


   Riddle abriu bem a boca e sibilou - mas Harry entendeu o que ele estava dizendo...

    — Fale comigo, Slytberin, o maior dos Quatro de Hogwarts.

 

     Harry se virou para olhar a estátua, o gigantesco rosto de pedra de Slytherin se mexeu.

 

     Aterrorizado, Harry viu sua boca abrir, cada vez mais, e formar um enorme buraco negro.

     E alguma coisa estava se mexendo dentro da boca da estátua. Alguma coisa começava a escorregar para fora de suas profundezas.


     Harry recuou até bater na escura parede da Câmara e, ao fechar os olhos com força e sentiu Sophie ao seu lado.

     Algo descomunal bateu no piso de pedra da Câmara. Harry sentiu-o trepidar, ele sabia o que estava acontecendo, sentia, podia quase ver a cobra gigantesca se desenrolar para fora da boca de Slytherin. Então ouviu a voz sibilante de Riddle:


    - Mata ele.

    O basilisco estava vindo em sua direção; ele ouviu aquele corpo gigantesco deslizar pesadamente pelo chão empoeirado. Com os olhos ainda fechados, Harry  foi puxado pela mão de Sophie e juntos começaram a correr as cegas para os lados, com as mãos livres tateando o caminho, Voldemort dava risadas...

 

    Harry tropeçou. Caiu com força no chão e sentiu gosto de sangue - a cobra estava a uma pequena distância, ele a ouviu se aproximar...


      Ele sentiu que Sophie havia colocado o próprio corpo em cima do dele para protegê-lo quando ele ouviu.

    Logo acima dele houve um som alto, explosivo e aquoso e então alguma coisa pesada bateu entre ele e Sophie. Esperando ter o corpo atravessado por presas ele ouviu mais sibilos raivosos, alguma coisa irrompendo por entre os pilares...

 

    Ele não agüentou - abriu os olhos o suficiente para espreitar o que estava acontecendo.

 

    A enorme cobra, de um verde luzidio e venenoso, grossa como um tronco de carvalho, erguia-se no ar e sua enorme cabeça chanfrada balançava bêbeda entre as colunas. Trêmulo e pronto a fechar os olhos se a cobra se virasse, Harry viu o que a distraíra.

 

    Fawkes sobrevoava sua cabeça e o basilisco tentava abocanhá-la, furioso, com as presas finas como sabres...

   Fawkes mergulhou. Seu longo bico dourado desapareceu de vista e uma chuva repentina de sangue escuro salpicou o chão. O rabo da cobra chicoteou, errando Harry e Sophie por pouco e, antes que o garoto pudesse fechar os olhos, ela se virou - o garoto olhou direto para a sua cara e viu que os olhos, os dois olhos bulbosos e amarelos, tinham sido furados pela fênix; o sangue escorria no chão e a cobra espumava de dor.


     - Sophie, abra os olhos! - Disse Harry sorrindo.

      Sophie abriu os olhos e olhou para a cobra e viu como ela estava. Rapidamente ela se levantou e puxou o irmão junto e ficaram a cobra procurando Fawkes às cegas.

      - Muito bem ave velha. - Sussurrou Sophie sorrindo.

 

       - NÃO!— Harry ouviu Riddle gritar. - DEIXE O PÁSSARO! DEIXE O PÁSSARO! O GAROTO ESTÁ ATRÁS DE VOCÊ! VOCÊ AINDA PODE FAREJÁ-LO! MATE-O!


    A cobra cega balançou, confusa, ainda letal. Fawkes descrevia círculos em volta de sua cabeça, cantando aquela música estranha, atacando aqui e ali o nariz escamoso da cobra, enquanto o sangue jorrava dos seus olhos destruídos. Então a cobra olhou diretamente para Harry.

      - CORRE HARRY! - Gritou Sophie empurrando Harry para longe.

     Harry correu, correu para dentro de um enorme cano. Ele não precisava olhar para atrás para saber que a cobra estava atrás dele.

       Sophie não pode fazer nada quando a enorme cobra foi direto atrás de seu irmão, então ouviu logo atrás dela a risada de Riddle. Ela se virou para ele e com raiva puxou a própria varinha do bolso e lentamente foi até ele.

       - Finalmente, nossa chance. - Depois de Riddle dizer isso com um enorme sorriso, ele lançou um jato verde na direção de Sophie que rapidamente se desviou.

      - Ascendio!— Gritou Sophie apontando a varinha para Riddle mas ele também escapou.

      - Ora vamos, Sophie. Podemos fazer mais do que desviar, não acha? - Nisso lançou outro feitiço que Sophie defendeu e lançou outro na mesma hora.

       - Confundus!— Sophie só podia dizer que foi sorte aquele feitiço ter acertado Riddle que ficou confuso durante alguns minutos mas que foi o tempo suficiente para ela lançar outro nele. - Expelliarmus!

     Riddle voou para atrás e caiu com o rosto no chão. Sophie sorriu mas não durou muito pois Riddle havia se levantado e antes que Sophie pudesse levantar a varinha, ele lançou:

       - Crucius! - Gritou Riddle com os olhos vermelhos.

       Sophie caiu no chão e começou a se contorcer com força e a gritar. Ela podia ouvir Riddle rindo ao fundo de seus gritos. E cada vez mais forte a dor se intensificava ao ponto em que nem mais gritar ela conseguia.

       - SOPHIE! - Gritou Harry correndo até a irmã.

 

      Harry correu até a irmã caída no chão quando o basilisco surgiu novamente. Ele correu novamente quando o rabo da cobra voltou a chicotear o chão. Harry se abaixou. Uma coisa macia bateu em seu rosto.

   O basilisco varrera o Chapéu Seletor para os braços de Harry. O garoto agarrou-o. Era só o que lhe restava, sua única chance. Enfiou-o na cabeça e se atirou ao comprido no chão quando o rabo do basilisco tornou a golpear passando por cima dele.


     Ele começou a rodar pelo chão fugindo do rabo da cobra quando uma coisa dura e pesada bateu na cabeça de Harry com força, deixando-o quase desacordado. Com estrelas piscando diante dos seus olhos, ele agarrou a ponta do chapéu com firmeza para tirá-lo e sentiu uma coisa comprida e dura em seu interior.

      Uma refulgente espada de prata aparecera dentro do chapéu, o punho cravejado de rubis rutilantes do tamanho de ovos.

    Ele se levantou e pegou a espada com as duas mãos e apontou para a cobra e percebeu que a cabeça do basilisco foi baixando, o corpo se enroscando, batendo nas colunas ao se torcer para atacá-lo de frente. Harry viu o corpo imenso, as órbitas ensangüentadas, a boca escancarada, grande suficiente para engoli-lo inteiro, cheia de dentes compridos como a sua espada, pontiagudos, faiscantes, venenosos...


      A cobra atacou às cegas... Harry evitou-a e bateu na parede da Câmara. Ela atacou de novo, e sua língua bifurcada golpeou o lado de Harry. Ele ergueu a espada com as duas mãos...

    O basilisco tornou a atacar, e desta vez na direção certa... Harry pôs todo o seu peso na espada e enfiou-o até a bainha no céu da boca da cobra... Mas quando o sangue quente encharcou os braços de Harry, ele sentiu uma dor excruciante logo acima do cotovelo. Uma presa comprida e venenosa estava se enterrando cada vez mais fundo em seu braço e se partiu quando o basilisco tombou para o lado e caiu, estrebuchando no chão.


    Harry escorregou pela parede. Agarrou a presa que espalhava veneno pelo seu corpo e arrancou-a do braço. Mas percebeu que era tarde demais. Uma dor terrível se irradiava do ferimento de modo lento e contínuo. Na hora em que deixou cair a presa e viu o próprio sangue empapar suas vestes, sua visão se embaçou. A Câmara se dissolveu num rodamoinho de cores opacas.

      Olhou para onde Sophie estava e viu a irmã caída quase desacordada a poucos metros dele.

      - Sophie.. - Murmurou ele.

      Uma nesga de vermelho passou por ele, e Harry ouviu unhas baterem ao seu lado suavemente.

    - Fawkes. - Disse com a voz engrolada. - Você foi fantástico, Fawkes... - Ele sentiu algo caindo em seu colo, abaixo da cabeça da fênix. Era o diário.

     - Você está morto, Harry Potter. - Disse Riddle com um enorme sorriso no rosto. - Assim como a sua irmã. Você está morto.

     Então, sem pensar, sem raciocinar, como se tivesse pretendido fazer isso o tempo todo, Harry agarrou a presa do basilisco no chão ao lado dele e enterrou-a direto no centro do livro. Ouviu-se um grito longo e cortante. Um rio de tinta jorrou do diário, escorreu pelas mãos de Harry, inundou o chão. Riddle estrebuchava e se contorcia, gritando e se debatendo e então...

 

     Desapareceu. A varinha de Harry caiu no chão com estrépito e em seguida fez-se silêncio. Silêncio, exceto pelo pinga-pinga da tinta que ainda escorria do diário. O veneno do basilisco abrira a fogo um buraco no livro.


   O corpo inteiro tremendo, Harry se levantou. Andou até onde sua irmã estava e caiu ao lado dela, com a cabeça ao lado da dela.

      - Harry... - Sussurrou Sophie sorrindo. - Seu pestinha... Você matou o rei das serpentes.

      Harry sorriu e fechou os olhos.

     Então chegou aos seus ouvidos um gemido fraco lá do fundo da Câmara. Gina estava se mexendo. Ela se sentou e quando olhou para eles, seus olhos se arregalaram e ela correu até eles e se ajoelhou.


    - Harry, Sophie, ah, eu tentei lhe contar no café, mas não p-pude contar na frente do Percy... Fui eu, Harry... Mas... j-juro que não tive intenção... Riddle me obrigou, ele me levou até lá... E... Como foi que você matou aquele... Aquela coisa? Onde está Riddle? A última coisa que me lembro é dele saindo do diário. Sophie! Ela está bem? O que aconteceu com ela?! Harry, seu braço??!

      - Gina... preste atenção, saia daqui. Siga pelo túnel e encontre Rony. - Disse Harry devagar mas tentando mostrar segurança. - Vai ficar tudo bem mas você precisa ir atrás do Rony.

       - Está.. bem. - Disse ela assustada e se levantando.

       Harry viu a garota sumir pelo túnel e sorriu suavemente. Olhou para Sophie e viu que ela estava desacordada.

      - Sophie... - Murmurou ele sentindo uma pequena e solitária lágrima cair.

      Fechou os olhos novamente quando sentiu algo encostando em seu braço e sorriu quando ao abrir os olhos, viu Fawkes com a cabeça descansando em seu braço ferido.

      - Desculpe, Fawkes. Não consegui ser tão rápido. - Sussurrou ele sorrindo.

       Se isto for morrer, pensou Harry, não é tão mau assim. Até mesmo a dor abandonou-o aos poucos...

    Mas será que isto era morrer? Em vez de escurecer a Câmara parecia estar voltando a entrar em foco. Harry fez um pequeno movimento com a cabeça e lá estava Fawkes, ainda descansando a cabeça em seu braço. Uma pocinha de lágrimas peroladas brilhava em torno do ferimento - só que não havia ferimento...


     - Claro... lágrimas de Fênix tem poder curativo! - Disse Harry sorrindo. - Obrigado, Fawkes.
    
       Harry devagar se ajoelhou e olhou para o braço onde devia estar o ferimento. Estava limpo. Olhou para sua irmã e viu que ela ainda estava desacordada.

       - Vamos, Sophie. - Disse Harry sacudindo a irmã. - Não era de você me deixar.

      - Harry!!

      Harry se virou e viu Rony, Gina e Lockhart correndo até ele.

       - Harry! Você está bem? E Sophie? O que aconteceu com ela?! - Perguntou Rony ficando de joelhos ao lado de Harry.

      - Eu não sei mas precisamos levar ela para Ala Hospitalar! - Disse Harry tentando levantar a irmã mas não conseguindo por ser menor que ela.

      - Aqui, deixe-me. - Disse Lockhart pegando Sophie facilmente no colo.

      - Ótimo. - Disse Harry. - Vamos sair daqui.

      Eles começaram a sair quando Harry viu o diário de Tom Riddle e o apanhou junto com sua varinha que estava caída ao lado do diário.

   Fawkes estava à espera deles, sobrevoando a entrada da Câmara.

 

     - De onde veio esse pássaro? - Perguntou Rony espantado. - E essa espada? Esse é o chapéu seletor?


     - Longa história.

     Eles voltaram para o início da Câmara e nesse momento Harry percebeu que não havia pensado em nada para eles voltarem para cima.

    - Você já pensou como é que vamos subir por isso para voltar? - Perguntou a Rony.

    Harry sacudiu a cabeça, mas Fawkes, a fênix, passara por Harry e agora esvoaçava à sua frente, seus olhos de contas brilhando no escuro. Ela acenava com as compridas penas douradas da cauda. Harry olhou-a hesitante.

    - Parece que ela quer que você a agarre... - Disse Rony, com um olhar perplexo. -Mas você é pesado demais para um pássaro arrastá-lo por ali...


    - Fawkes não é um pássaro comum. - Harry se virou depressa para os outros. - Temos que nos segurar uns nos outros. Gina, agarre a mão de Rony. Profº. Lockhart...

   - Ele está se referindo ao senhor. - disse Rony rispidamente a Lockhart.


    - Segure a outra mão de Gina e coloque o corpo de Sophie em seu ombro. Com cuidado! - Rosnou Harry.

     Harry prendeu a espada e o Chapéu Seletor no cinto, Rony segurou as costas das vestes de Harry e este esticou a mão e agarrou a cauda estranhamente quente de Fawkes.


    Uma leveza extraordinária pareceu se espalhar por todo o seu corpo e, no segundo seguinte, o grupo voava pelo cano em meio a um farfalhar de asas. Harry ouviu Lockhart, pendurado atrás dele, exclamar: "Espantoso! Espantoso! Isso até parece magia!" O ar frio fustigava os cabelos de Harry e, antes que ele tivesse enjoado da viagem, ela terminou. Os cinco bateram no chão molhado do banheiro da Murta Que Geme, e enquanto Lockhart voltava a pegar Sophie no colo, a pia que escondera o cano voltou a se encaixar suavemente no lugar.

    Murta arregalou os olhos para Harry.

    - Você está vivo! - Exclamou desconcertada.

     - Eu sou cheio de surpresas! Vamos logo! - Disse Harry sério.
    

      - Onde agora? - Perguntou Rony, lançando um olhar ansioso a Gina. Harry apontou.


     Fawkes tomou a frente, refulgindo ouro pelo corredor. Eles o seguiram e momentos depois se encontravam à porta da sala da Profª. McGonagall. Harry bateu e empurrou a porta, abrindo-a.

    


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