To Die With The Sun escrita por MutantProud


Capítulo 30
Capítulo 30 - Comandos


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo!! Esse já está grandinho e cheio de emoções ❤ já avisando aqui que o próximo será baseado mais nos acontecimentos do filme (com algumas cenas do livro, claro.) Obrigada por acompanharem boa leitura! ❤



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     Se havia feito o certo ou não ao dizer "OK" para um diário, Harry ainda não sabia e muito menos teve tempo de pensar sobre isso quando as páginas começaram a virar como se tivessem sido apanhadas por um vendaval e pararam na metade do mês de junho. Boquiaberto, Harry viu que o quadradinho correspondente ao dia treze de junho parecia ter-se transformado numa telinha de televisão. Com as mãos ligeiramente tremulas, ele ergueu o livro para encostar o olho na janelinha e antes que entendesse o que estava acontecendo, viu-se inclinando para frente; a janela foi se alargando, ele sentiu o corpo abandonar a cama e mergulhar de cabeça na abertura da página, num rodamoinho de cores e sombras. Depois, sentiu o pé bater em chão firme e ficou parado, trêmulo, e as formas borradas à sua volta entraram de repente em foco.

   Soube imediatamente onde se achava. Essa sala circular com os retratos que cochilavam era o escritório de Dumbledore, mas não era Dumbledore quem se sentava à escrivaninha. Um bruxo mirrado e frágil, careca, exceto por alguns fiapos de cabelos brancos, lia uma carta à luz da vela. Harry nunca vira esse homem antes.


    - Sinto muito - disse, trêmulo -, não tive intenção de entrar assim...

   Mas o bruxo não ergueu a cabeça. Continuou a ler, franzindo ligeiramente a testa.

    Harry se aproximou mais da escrivaninha e gaguejou:

    - Hum... Vou me retirar, posso?

 

  O bruxo continuou a não lhe dar atenção. Nem parecia tê-lo ouvido. Achando que o bruxo talvez fosse surdo, Harry falou mais alto.

 

   - Sinto muito se o incomodei. Vou-me embora agora. - Falou quase gritando.


   O bruxo dobrou a carta com um suspiro, levantou-se, passou por Harry sem olhá-lo e foi abrir as cortinas da janela. O céu lá fora estava cor de rubi; parecia ser o pôr-do-sol. O bruxo voltou à escrivaninha, sentou-se e ficou girando os polegares, de olho na porta.

   Harry correu o olhar pela sala. Não havia Fawkes, a fênix - nem mecanismos barulhentos de prata. Era a Hogwarts que Riddle conhecera, o que significava que este bruxo desconhecido era o diretor em vez de Durnbledore, e que ele, Harry, era pouco mais do que um fantasma, completamente invisível às pessoas de cinqüenta anos atrás.


   Alguém bateu à porta da sala.

   - Entre. - Disse o velho bruxo com a voz fraca.

    Um menino de uns dezesseis anos entrou tirando o chapéu cônico. Um distintivo de monitor brilhava em seu peito. Ele era mais alto do que Harry, mas seus cabelos também eram muito negros.


      - Ah, Riddle. - Exclamou o diretor.

      - O senhor queria me ver, Profº. Dippet. - Disse o garoto, que parecia nervoso.

 

     - Sente-se. - Convidou Dippet. - Acabei de ler a carta que você me mandou.


     - Ah. - Disse Riddle, e se sentou apertando as mãos com força.

     - Meu caro rapaz. - Disse Dippet bondosamente. - Não posso deixá-lo permanecer na escola durante o verão. Com certeza você quer ir para a casa passar as férias?

      - Não. - Respondeu Riddle na mesma hora. - Preferia continuar em Hogwarts do que voltar para aquele... Aquele...


       - Você mora num orfanato de trouxas nas férias, não é? - Perguntou Dippet, curioso.

     - Moro, sim, senhor. - Respondeu Riddle, corando ligeiramente.

     - Você nasceu trouxa?

    - Mestiço. Pai trouxa e mãe bruxa.

     - E seus pais...

     - Minha mãe morreu logo depois que eu nasci. Me disseram no orfanato que ela só viveu o tempo suficiente para me dar um nome... Tom, em homenagem ao meu pai, Marvolo, ou meu avo.

   Dippet deu um muxoxo de simpatia.

    - O problema é, Tom - suspirou ele -, que talvez pudéssemos tomar providências para acomodá-lo, mas nas atuais circunstâncias.

 

    - O senhor se refere aos ataques? - Perguntou Riddle, e o coração de Harry deu um salto, ao que ele se aproximou mais, com medo de perder alguma palavra.


    - Precisamente. - Disse o diretor. - Meu rapaz, você deve entender que seria muito insensato de minha parte permitir que você permaneça no castelo quando terminar o ano letivo. Principalmente à luz da recente tragédia... A morte daquela pobre menininha... Você estará muito mais seguro no seu orfanato. Aliás, o Ministério da Magia está neste momento falando em fechar a escola, Não estamos nem perto de identificar a... Hum... Fonte de todos esses contratempos...

   Os olhos de Riddle se arregalaram.

     - Diretor, se a pessoa fosse apanhada, se tudo isso acabasse...

     - Que quer dizer? - Rerguntou Dippet esganiçando a voz e aprumando-se na cadeira. - Riddle, você está me dizendo que sabe alguma coisa sobre esses ataques?

     - Não, senhor. - Respondeu Riddle depressa.

    Mas Harry teve certeza de que era o mesmo tipo de "não” que ele próprio dissera a Dumbledore. Dippet se recostou parecendo ligeiramente desapontado.


    - Pode ir, Tom...

    Riddle se levantou escorregando para fora da cadeira e saiu acabrunhado da sala. Harry acompanhou-o.

 

    Eles desceram pela escada em caracol e saíram ao lado da gárgula no corredor que escurecia. Riddle parou, e Harry fez o mesmo, observando-o. Era visível que Riddle estava pensando em coisas serias. Mordia o lábio e franzia a testa. Então, como se tivesse repentinamente chegado a uma decisão, afastou-se depressa, e Harry deslizou silenciosamente atrás dele. Não viram mais ninguém até chegarem ao saguão de entrada, onde um bruxo alto, com barba e longos cabelos acajus que cascateavam pelos seus ombros, chamou Riddle da escadaria de mármore.


      - Que é que você está fazendo, andando por ai tão tarde, Tom?

 

   Harry boquiabriu-se ao ver o bruxo. Não era outro se não Dumbledore, cinqüenta anos mais novo.


     - Tive que ir ver o diretor.

      - Então vá logo para a cama. - Disse Dumbledore, fixando em Riddle exatamente o tipo de olhar penetrante que Harry conhecia tão bem. - É melhor não perambular pelos corredores hoje em dia. Não desde que...

 

    Ele soltou um pesado suspiro, desejou boa noite a Riddle e foi-se embora. Riddle observou-o desaparecer de vista e então, andando depressa, rumou direto para a escada de pedra que levava às masmorras, com Harry nos seus calcanhares.

 

    Mas para desapontamento de Harry, Riddle não o levou nem a um corredor oculto nem a um túnel secreto, mas a mesmíssima masmorra em que Harry tinha aula de Poções com Snape. Os archotes não tinham sido acesos e, quando Riddle empurrou a porta quase fechada, Harry só conseguiu distinguir que ele parara imóvel à porta, vigiando o corredor.


    Pareceu a Harry que ficaram ali no mínimo uma hora. Só o que ele via era o vulto de Riddle à porta, espiando pela fresta, esperando como uma estátua. E quando Harry esqueceu a ansiedade e a tensão e começou a desejar voltar ao presente, ouviu alguma coisa do lado de fora da porta. Alguém estava andando sorrateiramente pelo corredor.
Ouviu esse alguém passar pela masmorra em que ele e Riddle estavam escondidos. Riddle,silencioso como uma sombra, esgueirou-se pela porta e seguiu a pessoa, Harry acompanhou-o nas pontas dos pés, esquecido de que ninguém podia ouvi-lo.

   Por uns cinco minutos, talvez, os dois seguiram as pegadas, até que Riddle parou subitamente, a cabeça inclinada, atento a novos ruídos. Harry ouviu uma porta se abrir com um rangido, e alguém falar num sussurro rouco.


    - Vamos... Preciso sair daqui... Vamos logo... Para a caixa...

   Havia alguma coisa familiar naquela voz...

    De um salto Riddle contornou um canto. Harry foi atrás. Via a silhueta escura de um garoto enorme, agachado diante de uma porta aberta, com uma grande caixa ao lado.

    - Noite, Rubeo. - Disse Riddle rispidamente.
   
     O garoto bateu a porta e se levantou.

    - Que é que você está fazendo aqui em baixo, Tom?

   Riddle se aproximou.

    - Acabou. - Disse. - Vou ter que entregá-lo, Rúbeo. Estão falando em fechar Hogwarts se os ataques não pararem.


     - Que é que...

      - Acho que você não teve intenção de matar ninguém. Mas monstros não são bichinhos de estimação. Imagino que você o tenha soltado para fazer exercício e...

 

     - Ele nunca mataria ninguém! - Disse o garotão, recuando contra a porta fechada.


    Atrás dele, Harry podia ouvir uns rumores e uns cliques esquisitos.

      - Vamos, Rúbeo - Falou Riddle, aproximando-se ainda mais. - Os pais da garota morta estarão aqui amanhã. O mínimo que Hogwarts pode fazer é garantir que a coisa que matou a filha deles seja abatida...

    - Não foi ele! - Rugiu o garoto, a voz ecoando no corredor escuro. - Ele não faria isso! Nunca!

      - Afaste-se. - Disse Riddle, puxando a varinha.

  Seu feitiço iluminou repentinamente o corredor com uma luz flamejante. A porta atrás do garotão se escancarou com tal força que o empurrou contra a parede oposta. E pelo vão saiu uma coisa que fez Harry soltar um grito comprido e penetrante que ninguém ouviu... Um corpanzil baixo e peludo e um emaranhado de pernas pretas; um brilho de muitos olhos e um par de pinças afiadíssimas - Riddle tornou a erguer a varinha, mas demorou demais. A coisa derrubou-o e fugiu, desembestou pelo corredor e desapareceu de vista. Riddle levantou-se correndo, procurando a coisa; ergueu a varinha, mas o garotão pulou em cinta dele, tirou-lhe a varinha e o derrubou de novo no chão gritando:


     - NÃÃÃÃO!

     A cena girou, a escuridão foi total; Harry sentiu-se caindo e, com um baque, aterrissou de braços e pernas abertas em sua cama de colunas no dormitório da Grifinória, com o diário de Riddle aberto sobre a barriga.

    Antes que tivesse tempo de recuperar o fôlego, a porta do dormitório se abriu e Rony entrou.

    - Ah, é aqui que você está! - Disse. Harry se sentou. Estava suado e trêmulo. - Que aconteceu? - Perguntou Rony, olhando-o preocupado.

    - Foi Hagrid, Rony. Hagrid abriu a porta da Câmara Secreta há cinqüenta anos atrás!

      

 

        Harry, Rony e Mione sempre souberam que Hagrid tinha uma lamentável queda por criaturas grandes e monstruosas. Durante o primeiro ano em Hogwarts, ele tentara criar um dragão em sua casinha de madeira, e levaria muito tempo para os garotos esquecerem o gigantesco cachorro de três cabeças a que ele dera o nome de "Fofo". E se, quando era criança, Hagrid tivesse ouvido falar que havia um monstro escondido em algum lugar do castelo, Harry tinha certeza de que ele teria feito o possível para dar uma espiada. E provavelmente pensaria que era uma vergonha o monstro ficar preso tanto tempo e que merecia uma oportunidade de esticar as pernas; Harry bem podia imaginar o Hagrid de treze anos tentando pôr uma coleira e uma guia no bicho, mas tinha igualmente certeza de que Hagrid jamais quisera matar alguém. Chegou a desejar que não tivesse descoberto como trabalhar com o diário de Riddle.


      Rony e Mione o fizeram repetir várias vezes o que vira, até ele ficar cheio de contar e cheio das conversas compridas e tortuosas que se seguiam à sua historia.

    - Riddle pode ter apanhado a pessoa errada. - Disse Mione. - Talvez fosse outro o monstro que estava atacando as pessoas..

     - Quantos monstros vocês acham que cabem aqui no castelo? - Perguntou Rony abobado.

    - Sempre soubemos que Hagrid foi expulso. - Disse Harry, infeliz. - E os ataques devem ter parado depois que o mandaram embora. Do contrário, Riddle não teria ganho um prêmio.

   Rony tentou um ângulo diferente.

     - Riddle se parece com o Percy, afinal quem pediu a ele para dedurar o Hagrid?

    - Mas o monstro tinha matado alguém, Rony. - Lembrou Mione.

      - E Riddle ia voltar para um orfanato de trouxas se fechassem Hogwarts. - Disse Harry. - Não posso culpá-lo por querer ficar aqui...

      - Você encontrou o Hagrid na Travessa do Tranco, não foi, Harry?

     - Ele estava comprando um repelente para lesmas carnívoras. - Respondeu Harry depressa.


    Os três se calaram. Passado muito tempo Mione deu voz à pergunta mais cabeluda num tom hesitante.

     - Vocês acham que devemos perguntar ao Hagrid o que aconteceu?

 

      - Ia ser uma visita animada. - Disse Rony. - Olá, Hagrid. Conte para a gente, você andou soltando alguma coisa selvagem e peluda no castelo, ultimamente?


       - E Sophie? - Perguntou Mione olhando para a Potter mais velha que estava andando com Aslan e Charles.

     - Vamos deixar isso só entre nós por enquanto. - Disse Harry abaixando a voz. - Não temos certeza se podemos confiar no diário...

      Por fim, eles resolveram não dizer nada a Hagrid e Sophie a não ser que houvesse outro ataque e, como muitos e muitos dias se passaram sem sequer um sussurro da voz invisível, começaram a alimentar esperanças de que nunca precisariam perguntar a ele os motivos de sua expulsão. Fazia agora quase quatro meses desde que Justino e Nick Quase Sem Cabeça tinham sido petrificados, e quase todo mundo parecia pensar que o atacante, fosse quem fosse, tinha se retirado para sempre. Pirraça finalmente se cansara do seu refrão "Ah, Potter podre", Ernie Macmillan pediu certo dia a Harry, com muita educação, para lhe passar um balde de sapos saltitantes na aula de Herbologia, e em março várias mandrágoras deram uma festa de arromba na estufa três, o que deixou a Profª Sprout muito feliz.

     - Na hora em que começarem a tentar se mudar para os vasos umas das outras então saberemos que estão completamente adultas. - Explicou ela a Harry. - Então poderemos ressuscitar aqueles pobrezinhos na ala hospitalar.

      Os alunos do segundo ano receberam algo novo em que pensar durante os feriados de Páscoa. Chegara à hora de escolher as matérias para o terceiro ano, um assunto que pelo menos Mione levou muito a sério.

     - Pode afetar todo o nosso futuro. -  Disse a Harry e Rony enquanto examinavam as listas das novas matérias, marcando-as com tiques.


      - Matérias do terceiro ano? - Perguntou Sophie se sentando ao lado dos três com Erik ao seu lado.

      - Sim, estou falando para eles que é muito importante. - Disse Mione séria.

      - Sim, de fato é uma verdade. - Disse Erik para Hermione. - Mas também não precisa escolher todas as matérias.

       - Qual você acha as melhores para escolher? - Perguntou Hermione para Erik que cruzou os braços.
   
      - Depende, o que você pretende fazer. Eu digo, não pegue Adivinhação de jeito nenhum! - Disse Erik fazendo Sophie rir. - É ridículo! Completamente desnecessário! Tirando isso, todas são ótimas! Runas Antigas é minha favorita, eu realmente acho que você deva pegar. - Enquanto Erik dizia, Mione ouvia tudo e olhava para Erik com os olhos brilhando.

        - Pode desistir de Poções? - Perguntou Harry esperançoso.

        - Sinto muito, meu irmão mas você só poderá desistir de Poções ou qualquer outra matéria que escolher quando for para o sexto ano. - Disse Sophie sorrindo.

         - Se pudesse eu teria descartado Defesa Contra Artes das Trevas. - Comentou Rony.

       - Mas é muito importante! - Exclamou Mione surpresa.

       - Com Lockhart dando aula, a matéria deixou de ser importante. - Respondeu Rony dando de ombros.

      - Admito que tenho que concordar. - Disse Erik sorrindo para Sophie que também sorriu.

      Neville Longbottom recebera cartas de todos os bruxos e bruxas da família, cada um deles lhe dando um conselho diferente sobre o que escolher. Confuso e preocupado, ele se sentou para ler as listas de matérias, com a língua de fora, perguntando às pessoas se achavam que Aritmancia parecia mais difícil do que o estudo das Runas Antigas. Dino Thomas que, como Harry, crescera entre trouxas, por fim fechou os olhos e ia apontando a varinha para a lista e escolhendo as matérias em que ela tocava. Mione não pediu conselho de ninguém, matriculou-se em todas.
    Harry sorriu constrangido em pensar o que o tio Válter e a tia Petúnia diriam se ele tentasse discutir sua carreira de bruxo com os dois. Não que ele não recebesse nenhuma orientação: Percy Weasley estava ansioso para partilhar com ele a experiência que tinha.

     - Depende aonde você quer chegar Harry. - Disse. - Nunca é cedo demais para pensar no futuro, por isso eu recomendo Adivinhação. As pessoas dizem que Estudo dos Trouxas é moleza, e pessoalmente acho que os bruxos deviam ter uma compreensão total da comunidade não-mágica, particularmente se estão pensando em trabalhar em contato com eles, olhe só o meu pai, tem que tratar de assuntos dos trouxas o tempo todo. Meu irmão Carlinhos sempre foi uma pessoa que gostou do ar livre, por isso se especializou na Criação de Criaturas Mágicas. Favoreça suas inclinações, Harry.


       Ele teria continuado a falação se Sophie e Harriet não tivessem o salvo o tirando dali com a desculpa que McGonagall queria vê-lo.

      Mas o que Percy havia dito fez ele pensar: A única coisa que ele era realmente bom era no Quadribol.

       Por fim ele acabou escolhendo as mesmas matérias novas que Rony, achando que se fosse mal, pelo menos teria um amigo para ajudá-lo.
    

     O próximo jogo da Grifinória seria contra a Lufa-Lufa. Wood insistia em fazer treinos todas as noites depois do jantar, de modo que Harry mal tinha tempo para mais nada, exceto o Quadribol e os deveres de casa. Entretanto, os treinos estavam mais amenos, ou pelo menos estavam mais secos e, na véspera do jogo de sábado, ele foi ao dormitório guardar a vassoura, sentindo que as chances da Grifinória para a taça de Quadribol nunca tinham sido maiores.

 

      Mas sua animação não durou muito. No alto da escada para o dormitório, ele encontrou Neville Longbottom, que parecia transtornado.


   - Harry, não sei quem fez aquilo, acabei de encontrar...

  Olhando para Harry amedrontado,

     Neville abriu a porta.

     O conteúdo do malão de Harry estava espalhado por todos os lados. Sua capa estava rasgada no chão. As roupas de cama tinham sido arrancadas, e a gaveta puxada do armário ao lado da cama, e seu conteúdo espalhado em cima do colchão.

     Harry aproximou-se da cama, boquiaberto, pisando em cima de umas páginas soltas de Viagens com trasgos. Enquanto ele e Neville rearrumavam a cama, Rony, Dino e Simas entraram. Dino disse um palavrão em voz alta.

      - Que aconteceu, Harry?

       - Não faço idéia. - Disse Harry. Mas Rony examinava as vestes de Harry. Todos os bolsos tinham sido revirados.


     - Alguém andou procurando alguma coisa. - Disse Rony. - Tem alguma coisa faltando?

     Harry começou a apanhar as coisas e a atirá-las para dentro do malão. Somente quando ele atirou o último livro de Lockhart foi que se deu conta do que estava faltando.


      - O diário de Riddle desapareceu. - Disse em voz baixa a Rony.

       - Que?

      Harry indicou com a cabeça a porta do dormitório, e Rony o seguiu para fora. Juntos desceram correndo até a sala comunal da Grifinória, quase vazia àquela hora, e se reuniram a Mione, que estava sentada sozinha, lendo um livro chamado Runas Antigas sem Mistérios. Mione ficou perplexa com as notícias.

     - Mas... Só outro aluno da Grifinória poderia ter roubado, ninguém mais sabe a senha...

     - Exatamente. - Disse Harry.

     - Devemos contar para Sophie. - Disse Mione abaixando a voz. - Ela tem uma influência muito grande entre os alunos da Grifinória, Harry.

      - Por mais que eu queira, eu não posso falar para ela. - Respondeu Harry deprimido. - Ela não sabe o que o Diário faz sendo assim não tem motivo eu me preocupar com algo que não faz absolutamente nada. Eu teria que explicar o que vi.

      - E ainda não sabemos se podemos confiar no diário. - Disse Rony fazendo com que Harry concordasse com a cabeça.

     Eles acordaram na manhã seguinte com um sol radioso e uma brisa leve e fresca.

    - Condições perfeitas para o Quadribol. - Exclamou Wood, entusiasmado, à mesa da Grifinória, enchendo os pratos dos jogadores com ovos mexidos. - Harry, mexa-se, você precisa de um café da manhã decente.

 

     Harry estivera observando a mesa da Grifinória, cheia de alunos, imaginando se o novo dono do diário de Riddlle estaria ali, bem diante dos seus olhos. Mione andou insistindo que ele comunicasse o roubo, mas Harry não gostou da idéia. Teria que contar a um professor tudo que sabia sobre o diário, e quantas pessoas sabiam por que Hagrid fora expulso há cinqüenta anos? Não queria ser a pessoa a trazer tudo à tona de novo.

 

     Quando saiu do Salão Principal com Rony e Mione para ir apanhar o equipamento de Quadribol, mais uma preocupação muito séria se somou à sua lista crescente. Tinha acabado de pôr o pé na escadaria de mármore quando ouviu outra vez...


   "Matar desta vez... deixe-me cortar.. Estraçalhar..”

   Ele deu um grito alto e Rony e Mione saltaram para longe assustados.

     - A voz! - Disse Harry, espiando por cima do ombro. - Acabei de ouvi-la de novo, vocês não ouviram?

       Rony sacudiu a cabeça, os olhos arregalados. Mione, porém, deu uma palmada na testa.


     - Harry, acho que acabei de entender uma coisa! Tenho de ir até a biblioteca!

    E, deixando os amigos, subiu as escadas correndo.

     - Que é que ela entendeu? - Perguntou Harry distraído, ainda olhando à volta, tentando descobrir de onde vinha a voz.
 
      - Muito mais do que eu. - Disse Rony, sacudindo a cabeça.

    - Mas por que ela tem de ir à biblioteca?

     - Porque é isso que Mione faz. - Disse Rony sacudindo os ombros. - Quando tiver uma dúvida, vá à biblioteca.


     Harry ficou parado, indeciso, tentando ouvir a voz novamente, mas os alunos agora vinham saindo do Salão Principal as suas costas, falando alto, dirigindo-se à porta da frente a caminho do campo de Quadribol.

      - Alô meninos. - Disse Sophie ficando ao lado de Harry.

       Harriet, Charles, Erik, Fred e Jorge estavam junto com ela sorrindo.

      - Ah oi Soph! - Disse Rony sorrindo. - E aí pessoal.

      - Estão ansiosos para o jogaço de hoje? - Perguntou Jorge batendo as mãos.

       - Essa vocês levam fácil. - Disse Erik que estava com os braços em volta dos ombros de Charles que sorria.

       - Eu concordo com o nosso liebe. - Disse Harriet rindo enquanto Erik revirava os olhos.

      - Me arrependo amargamente de ter lhe ensinado um pouco de alemão. - Disse Erik melancólico enquanto os outros riram.

       - Onde está Mione? - Perguntou Charles para Harry e Rony.

       - Foi na biblioteca. - Respondeu Harry.

       - Mas agora? - Perguntou Fred confuso. - Na hora do jogo?

       - Sim. Não nos pergunte, nós sabemos tanto quanto vocês sobre o motivo dela na biblioteca. - Respondeu Rony suspirando.

      - Certo... - Murmurou Sophie pensativa. - Bem, vamos lá Harry, Fred e Jorge! Bora pro jogo!

      - A gente se vê mais tarde. - Disse Charles que se afastava com Rony, Erik e Harriet para o estádio.

      - Tudo bem? - Perguntou Sophie para Harry que sorriu e concordou com a cabeça.

      - Sim, apenas uma dor de cabeça. Mas já passou. - Disse Harry. - Vamos ganhar esse jogo!

     Os times entraram em campo sob aplausos estrondosos. Olivio Wood decolou para um vôo de aquecimento em volta das balizas; Madame Hooch lançou as bolas. Os jogadores da Lufa-Lufa, que jogavam de amarelo-canário, estavam amontoados num bolinho, discutindo táticas de última hora.

   Harry ia montar a vassoura quando viu a Profª. McGonagall vir decidida em sua direção e na de Sophie que estava ao seu lado, quase correndo, com um enorme megafone púrpura na mão.


   O coração de Harry sofreu um baque violento.

      - O jogo foi cancelado. - A Profª. McGonagall anunciou pelo megafone, dirigindo-se ao estádio. Ouviram-se vaias e gritos.

       Olívio Wood, arrasado, pousou e correu para a professora sem desmontar da vassoura.

     - Mas, professora! - Gritou. - Temos que jogar, a taça, Grifinória...

   McGonagall não lhe deu atenção e continuou a falar pelo megafone:

     - Todos os alunos devem se dirigir às salas comunais de suas casas, onde os diretores das casas darão maiores informações. O mais rápido que puderem, por favor!


   Então, baixou o megafone e chamou Harry.

    - Srta.Potter depressa vá direto para a sala do diretor, ele espera por você. - Disse Profª. McGonagall fazendo com que Sophie corresse para dentro do Castelo. - Potter, é melhor que venha comigo.

      Imaginando como é que ela poderia suspeitar dele desta vez, Harry viu Rony se separar da multidão que reclamava; correu para os dois que já iam a caminho do castelo. Para surpresa de Harry, a professora não fez objeção.

     - É, talvez seja melhor você vir também, Weasley...

    Alguns alunos que caminhavam perto deles reclamavam do cancelamento do jogo; outros pareciam preocupados. Harry e Rony acompanharam a Profª. McGonagall de volta à escola e subiram a escadaria de mármore. Mas não foram levados à sala de ninguém desta vez.

     - Vai ser um pouco chocante para vocês. - Disse a Profª. McGonagall, num tom surpreendentemente gentil quando se aproximavam da enfermaria. - Houve mais um ataque... Mais um ataque duplo.

 

    As entranhas de Harry deram uma terrível cambalhota. A professora abriu aporta e ele e Rony entraram. Madame Pomfrey estava curvada sobre uma menina do quinto ano, de

cabelos longos e crespos. Harry reconheceu a aluna da Corvinal a quem por acaso perguntaram onde ficava a sala da Sonserina. E na cama ao lado achava-se...

     - Mione!— Gemeu Rony.

   Mione estava deitada absolutamente imóvel, os olhos abertos e vidrados.

  
        - Ataque duplo?!— Exclamou Sophie com os olhos arregalados.

        - Sim... - Respondeu Dumbledore parecendo cansado.

        - Quem... Quem foram as vítimas dessa vez? - Perguntou Sophie com o coração batendo forte.

       - Srta. Penélope Clearwater e... Hermione Granger.

       Sophie se sentou na cadeira em frente a Dumbledore e ficou olhando para ele como se as palavras do diretor não tivessem sentido. Não tinham sentido para falar a verdade, não podia ser verdade. Não a Hermione.

       - Eu sei o quanto isso é pesaroso para você. - Disse Dumbledore devagar. - Mas eu preciso que você preste atenção em mim.

       Sophie concordou com a cabeça sem dizer nada. Não confiava na própria voz naquele momento.

       - Eu preciso que vá até o seu dormitório e fique lá até as sete da noite, depois volte para cá. - Explicava o diretor. - Não fale com ninguém. Apenas venha. Minerva irá autorizar a sua passagem para cá. Esse ataque era exatamente o que o Ministério estava esperando e tenho certeza que agora eles vão agir. Hoje a noite.

       - E o que eles podem fazer? - Perguntou Sophie. - Não sabemos quem é o Herdeiro, ou onde a Câmara Secreta está ou o que é o monstro.

       - Na cabeça deles, eles sabem quem é o Herdeiro. - Disse Dumbledore. - Acredito que você já tenha descoberto que a Câmara já foi aberta antes.

       - Sim.

       - Pois muito bem, eu lhe contei sobre a lenda da Câmara mas não lhe contei a lenda completa.


     - Todos os alunos devem voltar à sala comunal de suas casas até as seis horas da tarde. Nenhum aluno deve sair dos dormitórios depois dessa hora. Um professor os acompanhará a cada aula. Nenhum aluno deve usar o banheiro a não ser escoltado por um professor. Todos os treinos e jogos de Quadribol estão adiados. Não haverá mais atividades noturnas.


     Os alunos da Grifinória aglomerados na sala comunal ouviram a professora em silêncio. Ela enrolou o pergaminho que acabara de ler e disse com a voz um tanto embargada:

    - Não preciso acrescentar que raramente me senti tão aflita. É provável que fechem a escola a não ser que o autor desses ataques seja apanhado. Eu pediria a quem achar que talvez saiba alguma coisa que me procure.

      Foi isso que Sophie ouviu quando entrou na Sala Comunal da Grifinória. Todos os alunos olharam para ela assim como a Profª. McGonagall que acenou com a cabeça.

       - Sophie... - Disse uma aluna do primeiro ano da Grifinória. - Você não vai deixar fechar a escola, não é?

      - Eu... - Sophie olhou para Profª. McGonagall mas essa estava olhando fixamente para o pergaminho em mãos. - Eu não sei o que vai acontecer. Mas... Hogwarts sempre estará aqui para aqueles que precisarem.

       Profª. McGonagall sorriu para ela - o que deixou muitos alunos supresos -  e depois saiu. Sophie foi para perto dos amigos e ficou feliz que Harriet, Erik e Charles estavam lá também.

      - Achei que seria melhor se estivéssemos juntos. - Explicou Charles sorrindo.

      - Foi uma ótima ideia. - Disse Sophie sorrindo mas depois ficando triste.

      - Harry e Rony contaram. - Disse Harriet tristemente. - Sobre a Mione.

      - Pois é... eu irei deitar. Será uma longa noite. - Disse Sophie passando pelos amigos. - Falo com vocês mais tarde.

      - Ela não está bem. - Disse Fred se sentando em uma poltrona perto da janela.

     - Nenhum de nós estamos. - Respondeu Erik.


     
      - Que é que vamos fazer? - Perguntou Rony baixinho ao ouvido de Harry. - Você acha que eles suspeitam de Hagrid?

     - Precisamos ir falar com ele. - Disse Harry decidindo-se. - Não posso acreditar que desta vez ele seja o culpado, mas se soltou o monstro da última vez saberá como entrar na Câmara Secreta, e isto é um começo.

     - Mas McGonagall disse para ficarmos em nossa torre a não ser na hora das aulas...

    - Acho - Disse Harry, mais baixinho ainda -, que está na hora de tirar outra vez da mala a velha capa do meu pai.

     Harry herdara somente uma coisa do pai: uma longa capa de invisibilidade prateada. Era a única chance que tinham de sair escondidos da escola para visitar Hagrid, sem ninguém ficar sabendo. Assim, foram se deitar na hora de costume, esperaram até Neville, Dino e Simas pararem de discutir sobre a Câmara Secreta e irem finalmente dormir, então se levantaram, vestiram-se outra vez e jogaram a capa por cima dos dois.

   A viagem pelos corredores escuros e desertos do castelo não foi um prazer. Harry, que perambulara pelo castelo à noite várias vezes antes, nunca os vira tão cheios depois do pôr-do-sol. Professores, monitores e fantasmas andavam pelos corredores aos pares, olhando tudo atentamente, à procura de alguma atividade incomum.


      A capa da invisibilidade não os impedia de fazer barulho, e houve um momento particularmente tenso em que Rony deu uma topada a poucos metros do lugar onde Snape estava montando guarda. Felizmente, Snape espirrou quase ao mesmo tempo que Rony xingou. Foi com alivio que chegaram às portas de entrada e as abriram devagarinho.

    Fazia uma noite clara e estrelada. Eles correram em direção às janelas iluminadas da casa de Hagrid e despiram a capa somente quando estavam à sua porta de entrada.

    Segundos depois de terem batido, Hagrid escancarou a porta. Eles deram de cara com um arco que o amigo apontava. Canino, o cão de caçar javalis, o acompanhava dando fortes latidos.


    - Ah! - Exclamou ele, baixando a arma e encarando os meninos. - Que é que vocês estão fazendo aqui?

     - Para que é isso? - Perguntou Harry, ao entrarem, apontando para o arco.

     - Nada... Nada... - Murmurou Hagrid. - Estava esperando... Não faz mal... Sentem... Vou preparar um chá...

   Ele parecia não saber muito bem o que estava fazendo. Quase apagou a lareira ao derramar água da chaleira e em seguida amassou o bule com um movimento nervoso da mão enorme.

 

    - Você está bem, Hagrid? - Perguntou Harry. - Soube do que aconteceu com a Mione?


   - Ah, soube, soube, sim. - Respondeu Hagrid, com a voz ligeiramente falha.

     Ele não parava de olhar nervoso para as janelas. Serviu aos meninos dois canecôes de água fervendo (esquecera-se de pôr chá na chaleira) e ia servindo uma fatia de bolo de frutas num prato quando ouviram uma forte batida na porta.

    Hagrid deixou cair o bolo de frutas. Harry e Rony se entreolharam em pânico, mas logo se cobriram com a capa e se retiraram para um canto. Hagrid se certificou de que os garotos estavam escondidos, apanhou o arco e escancarou mais uma vez a porta.

    - Boa-noite, Hagrid.

     Era Dumbledore. Ele entrou, parecendo mortalmente sério e vinha acompanhado por um homem de aspecto muito esquisito e atrás do homem se encontrava Sophie Potter. Harry estava muito surpreso e Rony havia deixado a boca aberta.

      O estranho tinha os cabelos grisalhos despenteados, uma expressão ansiosa e usava uma estranha combinação de roupas: terno de risca de giz, gravata vermelha, uma longa capa preta e botas roxas de bico fino. Sob o braço carregava um chapéu-coco cor de limão.

    - É o chefe do papai! - Cochichou Rony. - Cornélio Fudge, Ministro da Magia!


    Harry deu uma forte cotovelada em Rony para fazê-lo calar-se.

     Hagrid empalidecera e suava. Deixou-se cair em uma cadeira e olhava de Dumbledore para Cornélio Fudge para Sophie que olhava para Cornélio com um olhar quase tão mortal quanto o de McGonagall.

      A Potter usava uma camisa do Queen— uma banda de Rock trouxa - com um sobretudo marrom. E também usava uma calça jeans e é um tênis surrado. Harry teve a leve impressão que sua irmã estava vestida com vestes trouxas para irritar o Ministro da Magia.

      - Problema sério, Hagrid. - Disse Fudge em tom seco. - Problema muito sério. Tive que vir. Quatro ataques em alunos nascidos trouxas. As coisas foram longe demais. O Ministério teve que agir.


     - Eu nunca. - Disse Hagrid, olhando suplicante para Dumbledore. - O senhor sabe que eu nunca, Profº. Dumbledore...

     - Quero que fique entendido, Cornélio, que Hagrid goza de minha inteira confiança. - Disse Dumbledore fechando a cara para Fudge.

 

      - Olhe, Alvo. - Respondeu Fudge, constrangido. - A ficha de Hagrid depõe contra ele. O Ministério teve que fazer alguma coisa, o conselho diretor da escola entrou em contato...


     - Contudo, Cornélio, continuo a afirmar que levar Hagrid não vai resolver nada. - Disse Dumbledore. Seus olhos azuis tinham uma intensidade que Harry nunca vira antes.

     - Procure entender o meu ponto de vista. - Disse Fudge, manuseando o chapéu coco. - Estou sofrendo muita pressão. Precisam ver que estou fazendo alguma coisa. Se descobrirmos que não foi Hagrid, ele voltará e não se fala mais no assunto. Mas tenho que levá-lo. Tenho. Não estaria cumprindo o meu dever...


    - Levá-lo? - Perguntou para a surpresa de Fudge, Sophie começando a tremer. - Levá-lo aonde? Para a Prisão de Azkaban?!

     - Só por um tempo. - Disse Fudge sem encarar Hagrid nos olhos. - Não é um castigo, Hagrid, é mais uma precaução. Se outra pessoa for apanhada, você será solto com as nossas desculpas...

     - Não para Azkaban? - Lamentou Hagrid, rouco.

       Antes que Fudge pudesse responder, ouviram outra batida forte na porta. Dumbledore atendeu-a. Foi a vez de Harry levar uma cotovelada nas costelas; deixara escapar uma exclamação audível.
   O Sr. Lúcio Malfoy entrou decidido na cabana de Hagrid, envolto em uma longa capa de viagem, com um sorriso frio e satisfeito. Canino começou a rosnar.

    - Já está aqui, Fudge. - Disse em tom de aprovação. - Muito bem...

    - Que é que o senhor está fazendo aqui? - Perguntou Hagrid furioso. - Saia da minha casa!

      - Acalme-se, Hagrid. - Disse Sophie mas a ruiva parecia ao ponto de pegar a varinha e lançar uma maldição em Malfoy.

 

      - Meu caro, por favor acredite em mim, não me dá nenhum prazer estar no seu... Hum... Você chama isso de casa? - Disse Lúcio Malfoy, desdenhoso, correndo os olhos pela pequena cabana. - Simplesmente vim à escola e me disseram que o diretor se encontrava aqui.

 

     - E o que era exatamente que você queria comigo, Lúcio? - Perguntou Dumbledore. Falou com cortesia, mas a intensidade ainda encandecia os seus olhos azuis.

 

       - É lamentável, Dumbledore - disse Malfoy sem pressa, puxando um rolo de pergaminho -, mas os conselheiros acham que está na hora de você se retirar. Tenho aqui uma Ordem de Suspensão, com as doze assinaturas. Receio que o Conselho pense que você está perdendo o jeito. Quantos ataques houve até agora? Mais dois hoje à tarde, não foi? Nesse ritmo, não sobrarão alunos nascidos trouxas em Hogwarts, e todos sabemos que perda horrível isto seria para a escola.


      - Oras como se você ligasse, não é mesmo?! - Rosnou Sophie ficando ao lado de Dumbledore.

      - Acalme-se, Sophie. - Disse Dumbledore olhando para ela com os olhos brilhando.

       - Ah, olhe aqui, Lúcio - disse Fudge, parecendo assustado -, Dumbledore suspenso, não, não, a última coisa que queremos neste momento...


   - A nomeação, ou a suspensão de um diretor é assunto do Conselho, Fudge. - Disse o Sr. Malfoy suavemente. - E como Dumbledore não conseguiu fazer parar os ataques...

     - Olhe aqui, Malfoy, se Dumbledore não consegue fazê-los parar - disse Fudge, cujo lábio superior estava úmido de suor -, eu pergunto, quem vai conseguir?


    - Isto resta ver. - Disse o Sr. Malfoy com um sorriso desagradável. - Mas como todo o Conselho votou...

   Hagrid levantou-se de um salto, a cabeça desgrenhada raspando o teto.

    - E quantos você precisou ameaçar e chantagear para concordarem hein, Malfoy? - Vociferou.


       - Ai, ai, ai, sabe, esse seu mau gênio ainda vai lhe causar problemas um dia desses, Hagrid. - Disse o Sr. Malfoy. - Eu aconselharia você a não gritar assim com os guardas de Azkaban, eles não vão gostar nadinha.

    - Você não pode afastar Dumbledore! - Gritou Sophie perdendo a paciência, fazendo Canino se agachar e choramingar no cesto de dormir. - Se afastá-lo todos os nascidos trouxas não sobrarão! Será um ataque por dia, guarde minhas palavras Malfoy!

      - Acalme-se, Sophie. - Ordenou Dumbledore. Virou-se então para Lúcio Malfoy. - Se o Conselho quer que eu me afaste, Lúcio, naturalmente eu vou obedecer...

      - Mas... - Gaguejou Fudge.

     - Não!— Disse Hagrid com raiva.

     - Professor, por favor não faça isso. - Disse Sophie ficando em frente ao diretor com os olhos brilhando em preocupação. - O que farei sem o senhor aqui? Minha única esperança é o senhor, por favor não faça isso.

       - Minha cara amiga. - Disse Dumbledore sorrindo para a jovem. - Isso é irônico porque no momento você é a minha esperança.

      Dumbledore então olhou para Lúcio que sorria ironicamente para a cena que acontecia.

      - Porém. - Continuou ele, falando muito lenta e claramente de modo que ninguém perdesse uma só palavra -, você vai descobrir que só terei realmente deixado a escola quando ninguém mais aqui for leal a mim. - Nisso olhou para Sophie e depois para Lúcio. - Você também vai descobrir que Hogwarts sempre ajudará aqueles que a ela recorrerem.


       Harry teve um enorme sentimento de que o diretor olhava diretamente para ele. E sua certeza só aumentou quando viu o diretor piscar.

 

     - Admiráveis sentimentos. - Disse Malfoy fazendo uma reverência. - Todos sentiremos falta do seu... Hum... Modo muito pessoal de dirigir as coisas, Alvo, e só espero que o seu sucessor consiga impedir... Ah... Matanças.


    E dirigiu-se à porta da cabana, abriu-a, fez um gesto largo indicando a porta para Dumbledore. Fez menção de segui-lo mas o diretor a parou apenas com o olhar. Primeiro ele olhou para ela e depois novamente para a lareira. E Harry viu ela dar um leve aceno.

      - Até mais tarde, Sophie.

      - Até, professor.


    Fudge, manuseando seu chapéu-coco, esperou Hagrid passar à sua frente, mas Hagrid continuou firme, inspirou profundamente e disse com clareza:


     - Se alguém quiser descobrir alguma coisa, é só seguir as aranhas. Elas indicariam o caminho certo! É só o que digo.

    Fudge olhou-o muito admirado.

       - Tudo bem, estou indo. - Disse Hagrid, vestindo o casacão de pele de toupeira. Mas quando ia saindo para acompanhar Fudge, ele parou outra vez e disse em voz alta: - Alguém vai ter que dar comida a Canino enquanto eu estiver fora. Tchau Sophie!

   A porta se fechou com força e Sophie suspirou.

 

    - Podem sair. - Disse ela olhando diretamente para eles. - Eu sei que vocês estão aí.


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