The Senser escrita por Gabrielus


Capítulo 37
Trindade




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Trindade
Sinto um cheiro de cigarro junto à jaqueta preta,
Um ar cinzento, a solidão de um lobo à espreita de uma presa.
Com olhar cansado que analisa o clima com a aspereza de um crítico,
Nada errado em julgar a sutileza do exímio.
Chego ao quarto, o corpo exausto, os caninos ásperos
De tanto dilacerar problemas cotidianos.
Esqueci-me da alcateia quando a mesma me abandonou em meio a tantos planos;
Sentindo sozinho, caçando inimigo enquanto o cheiro de enxofre,
Permanece no recinto.
Enquanto olho pela janela, percebo estrelas que já me guiaram,
Através de um mar de soluções, onde o íntimo de meu ser podia alçar
Voo como aquela ave negra que agora voa.

Sinto em minhas asas o vento frio da noite...
A beleza da lua e seu luar me encantam como executor à foice.
O mundo abaixo das minhas penas negras se faz primaz de paisagem.
Talvez eu seja um deus mensageiro lhes entregando a mensagem,
Do apocalipse que minha própria existência afirma.
É incrível perceber o quanto voar é magnífico,
E enquanto me aproximo das estrelas, brilho.
Incandescente, todavia, alguns podem não enxergar...
Há beleza em estar opaco junto aos olhares do luar.
Como uma sombra projetada além da esperança de encontrar,
Verdade, desejo ou ambição de escapar,
Através do bater de asas que me levam para outro lugar.
Liberdade de perecer enquanto analiso um gato moribundo,
Sangrando e confuso caminhando num beco escuro.

Sinto dor com a profundidade de cada ferimento.
A luta sempre deixa cicatrizes profundas,
Que lavram uma verdade nua e crua,
Da minha inútil capacidade em continuar a viver.
Sei que cada passo nesse beco escuro me leva à algum final,
Posso imaginar vários, mas temo-os como tal,
Seja qual for.
O pelo rasteiro caí com suavidade no sereno,
Eu não posso prosseguir por mais tempo.
Uma luta contra os cães me fez perder mais do que poderia;
Tentei proteger minha cria, mas ela jazia à minha frente,
Quando a alcateia dilacerou-a em seus dentes.
Não há o que ser feito, sou moribundo e logo morrerei...
Deitado nesse beco sujo, percebo ratos que antes me temeriam
Arrancando pedaços minúsculos de minhas patas.
Não posso resistir, mas, talvez entender o que se passa...
Sonhos sobre lua e lobos me deixarão acordado,
Enquanto sofro com a ruína de minha espécie.

~Gabriel.


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