Giovanna
Eu sempre achei que você era luz...
Mas a verdade é que sempre fora escuridão.
Talvez fosse mais fácil entender esse íntimo sutil
Que existia entre você e eu.
O tom monótono de anil desenhava um destino misterioso,
Só que o que eu poderia fazer senão seguir?
Seguir a um coração fraco, seguir ao incerto amado.
Ainda palpitava certo receio quando demos o primeiro passo,
E estagnamos como amantes várzeos.
Porque não era amor, ou paixão...
E sim, subordinação.
Não comentada, muito contida...
Fábulas de Romeu e Julieta já estavam batidas.
Criamos nosso próprio fim trágico com nosso estranho bate-papo.

Você sugou tudo de bom que havia em mim...
Talvez por saber que eu podia ser a cura.
Elaborou situações onde mostrava uma falsa,
Quase piedosa ternura.
Como eu poderia entender as entrelinhas?
Se sua essência mostrava-se como amiga?
Eu fui tolo, mas mais tolo por considerar
Que você talvez se importasse.
Que a distância fora o responsável para que se afastasse...
Que por você eu senti amor de verdade.

Nada verdade.
Você levou minha fé, força e vitalidade.
Em alarde, procurei, ainda assim, te entender...
Só que era impossível.
Foi sua decisão me usar como uma roupa,
E descartar quando percebe que a cor não lhe é boa.

Tolo fui eu por achar que o cheiro que deixara o seu pescoço,
Iria saciar meu olfato nessas terras fétidas e solitárias,
Onde o vento levanta mofo.

~Gabriel.