Lupin não conseguia dar suas aulas devidamente. Aquelas últimas palavras de Harry não saiam de sua cabeça. Foi um baque. Todos seus sentimentos estavam confusos e mais do que tudo, sabia que tinha magoado Harry.

As noites eram intermináveis em seu gabinete. Ele queria tanto conversar com James e contar o que estava passando, o que estava sentindo. Só que ao mesmo tempo, sabia que não dava para viver daquele passado, envolvendo-se com uma pessoa que não estava mais entre eles. Será que o sentia por Harry era real? Quando pensava nisso, seu corpo produzia um calor incomum lembrando dos beijos com ele. Em todas aquelas lembranças, ele desejava estar ali, se entregando por completo. Lupin percebera que não era tarde para fazer o seu próprio caminho.

Dia após dia, o professor observava o garoto pelo Mapa do Maroto. Ia das aulas para o quarto, sempre afastado dos seus amigos. E quando chegou o momento deles se encontrarem naquela mesma sala de Defesa Contra as Artes das Trevas, Harry não aparecera.

— Senhorita Granger - Lupin chamou Hermione quando ela estava prestes a sair correndo da classe, cheia de livros nos braços depois que a aula acabara.

— Sim, professor Lupin.

— Potter está bem? Ele não apareceu na aula hoje.

— Faz alguns dias que ele está abatido, senhor

— Abatido?

Hermione cerrou os olhos e ficou se perguntando o motivo do interesse do professor. Lupin ficou ainda mais preocupado, precisava verificar onde Harry estava agora.

— Se me permite, eu tenho uma aula para assistir.

— Sim, claro! Pode ir.

Quando todos os estudantes entraram para suas aulas, Lupin seguiu até o seu gabinete, abriu a primeira gaveta da sua mesa e tirou um pergaminho em branco.

— Juro solenemente não fazer nada de bom.

Quando Lupin apontou a varinha para o papel e disse as palavras, as paredes de Hogwarts aparecem em desenhos no pergaminho. Nele havia vários nomes reunidos em salas do primeiro nível até o sétimo andar, mas os olhos de Lupin eram frenéticos por todos os cantos do papel há procura pelo nome de Harry Potter. Ele não se encontrava em nenhum lugar do castelo, então Lupin começara a pensar: com todas aquelas passagens secretas, Harry poderia ter ido há vários lugares, mas se era realmente filho do seu pai, haveria um lugar em comum que poderia ser o ponto de partida.

~*~

Chegando em Hogsmeade, Lupin cumprimentara umas pessoas aqui e acolá no meio da neve fraca que caia. Andara mais rápido quando viu passos frescos na neve. Passos indo pelo caminho da Casa dos Gritos.

Se aproximando da casa, perto de uma rocha, um pouco de neve se acumulava no ar, parecendo que estava sob uma cabeça e ombros invisíveis. Aproximou-se a passos lentos da rocha, Lupin limpou um pouco a pedra e sentou-se.

— Seu pai também vinha para a Casa dos Gritos quando se sentia inseguro ou tinha problemas.

— Se veio até aqui falar do meu pai, prefiro que vá embora… - a voz firme de Harry vinha do nada.

— Por favor, não torne as coisas mais difíceis.

Lupin olhava para onde a voz de Harry saia e com um simples movimento, retirou a um manto de cima da cabeça de Harry. Sua cabeça estava flutuando no ar: a capa da invisibilidade ainda cobria o resto do seu corpo, mas Harry estava com seu olhar fixado na casa, triste e intrêmulo.

— Harry, tudo que falei… não era mentira. Eu sinto algo pelo seu pai, mas ele não está aqui agora. Ele se foi.

— Sei que meu pai a sua vida por mim e que se ele estivesse aqui seria tudo diferente, mas eu também tenho sentimentos! Tudo que falou sobre meu pai… não me importo. Mas quero que pense em mim como Harry e não como o filho do James, entende? Não quero ser nenhum substituto. Não posso carregar mais esse peso.

Lupin afeiçoou uma expressão alegre, puxou a capa da invisibilidade de cima dos ombros de Harry e o passou por cima de suas cabeças. Eles ficaram cobertos pelo manto, em um mundo somente deles. O professor passou o braço no ombros de Harry e eles ficaram ali, esquentando seus corpos um no outro.

— Te amo, Harry.

Antes que Harry pudesse ter qualquer reação, seus lábios tocaram os de Lupin com um beijo involuntário, mas que instantaneamente prenchera seu corpo com arrepios quentes.

Se Harry possuía qualquer tristeza ou angústia, tudo havia sumido quando tocou a boca de Lupin. O mundo lá fora estava parado, inclusive a neve tinha dado uma pausa. Mais uma vez seus corpos eram um, num beijo cheio de impulso.

Harry escalou o colo de Lupin, envolvendo suas pernas no tórax do homem que investia ainda mais naquele pequeno corpo, mas ele queria dar um pouco do que sentia a Lupin. Conduziu suas mãos até os cabelos ruivos e os prendeu com vontade entre seus dedos, levando sua boca até a orelha direita. Nela, ousava se divertir entre lambidas e mordidas. Quando levou esse divertimento até o pescoço do professor, finalmente escutou um gemido alto: um reconhecimento da sua estratégia de guerra.

Aquele gemido instigou ainda mais o garoto, estava ainda mais disposto de se entregar naquele momento, do jeito que fosse. Suas bochechas estavam coradas e seus olhos pareciam que se perderam em um transe fascinante, além da respiração ofegante que esquentavam o ar por baixo daquela capa.

— Harry, nós precisamos voltar ao castelo.

Lupin tentava manter a calma e a razão, mesmo que seus olhos e a sua voz demonstram o contrário. Harry balançou a cabeça concordando e sorriu mordendo o lábio inferior.

— Nos vemos a noite no seu quarto, professor?

Lupin sorriu para Harry, pensando no quão mais direto o garoto poderia ser e entre o sorriso apenas respondeu:

— Devemos.