Os Sofrimentos de Tanaka Ryuunosuke escrita por Vulpe


Capítulo 4
Na Boa, KageHina É Óbvio


Notas iniciais do capítulo

e o ano começa com os protagonistas! se isso não é um sinal de que 2017 vai ser bom, não sei o que pode ser.
boa leitura e FELIZ ANO NOVO!!!



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Tanaka e seus companheiros altruístas mal sobreviveram a DaiSuga. Deveriam ter ganhado pães de carne da Sakanoshita por terem permitido o início daqueles planos de casamento atrasados em três anos, mas os exercícios extras indicavam que Daichi e Suga eram rancorosos e mal-agradecidos. Se eles queriam que suas crianças-corvos aprendessem as palavrinhas mágicas, estavam dando um péssimo exemplo.

Depois de alguns dias chegando em casa mais cansado e dolorido do que após partidas oficiais, Tanaka decidiu que era melhor ficar longe da vida amorosa ridícula dos seus companheiros de time. Ele não precisava de recompensas pelas boas ações que fazia, mas também não queria ser punido por elas! Podia muito bem só testemunhar, muito obrigado. Mesmo porque, não era como se tivesse outro casal no time, pensou.

Então é claro que foi nesse instante que Kageyama e Hinata começaram a brigar. Na posição clássica, seguravam as mãos um do outro no ar e empurravam com o máximo de suas forças, fazendo expressões que enchiam Tanaka de orgulho. Nada de anormal até Kageyama juntar os braços de Hinata, prendê-los um contra o outro com uma mão e levantá-los acima da cabeça do mais baixo, que bufou, surpreso e impossibilitado de se mover.

A ideia era menos impressionante por ter aparecido depois de tantos meses, mas Kageyama riu como quem se orgulhava da sua inteligência quando Hinata reclamou que não era justo e para ele soltá-lo senão... pausa. Silêncio. Algo impediu Hinata de concluir o pensamento enquanto olhava para Kageyama, que encarou de volta, confuso e igualmente absorto.

—Kageyama, prática de ataque! – chamou Daichi e, até Tanaka, que passara a semana com medo das ordens do capitão, sobressaltou-se menos que os dois primeiranistas.

Kageyama soltou como se a pele de Hinata queimasse. Tanaka deixou o rosto cair entre as mãos, mas era tarde demais. Os gays. Será que eles nunca vão me deixar em paz?

Kageyama e Hinata costumavam fazer o aquecimento juntos, mesmo sabendo das dificuldades que vinham com essa insistência. Por exemplo, Hinata era muito leve para segurar as pernas de Kageyama durante os abdominais. Já duas vezes naquele mês tinham de alguma forma conseguido bater as testas no processo. Suga avisara que era melhor que trocassem de dupla, mas os dois ignoravam o conselho de propósito, por teimosia. Ou talvez pela companhia.

Tanaka não estava vendo. Nananinanão, não estava. Eles eram apenas amigos, bons amigos que diziam coisas como “Enquanto eu estiver aqui você será invencível” um para o outro, mas isso era uma coisa de vôlei, era normal. Noya dissera uma coisa parecida para Asahi... e lá estavam os dois, namorando. Não, comparação ruim, comparação péssima, Ryuu mau.

Tanaka nunca fora muito bom com mentiras.

O Duo Impossível era digno do título quando comparado aos outros casais que Tanaka conhecia. Noya e Asahi, exemplares, haviam reconhecido o interesse mútuo e feito algo a respeito – ou melhor, Noya fizera, mas os detalhes eram irrelevantes (foi o que Asahi gritou quando Noya tentou contar). Já Daichi e Suga, um caso grave de cegueira seletiva, haviam passado anos conscientes dos próprios sentimentos sem procurar sinais do outro lado, e ainda assim Kageyama e Hinata conseguiam ser piores.

Mesmo que estivesse em cada gesto, eles não sabiam que estavam apaixonados.

Seu relacionamento se baseara em uma rivalidade e acabara se tornando algo muito maior, daquele jeito em que tudo o que envolvia Kageyama e Hinata saía de proporção. Um ataque rápido ganhava um caráter quase sobrenatural. Uma amizade se transformava em um laço tão profundo que não se encaixava mais na definição do dicionário. Eles eram parceiros, cúmplices e sócios, e eram bons sozinhos, mas apenas juntos alcançavam o máximo de seus potenciais.

Em algum nível, tinham consciência disso; só não entendiam a parte mais importante. Não entendiam o que fora diferente naquele conflito corriqueiro, não entendiam porque não faziam os aquecimentos com outra pessoa, não entendiam porque discutiam tanto e sentavam juntos no ônibus e caíam no sono com as cabeças encostadas uma na outra.

Era mesmo muita sorte deles que tivessem um senpai paciente e bondoso como Tanaka, que estava disposto a lhes explicar as obviedades dos seus próprios sentimentos. Qualquer coisa para não precisar mais presenciar aqueles momentos carregados de tensão.

Ou pelo menos esse era o plano antes de Suga aparecer.

—Ah, Tanaka, mais uma coisa antes de você ir. – chamara, com um sorriso tão doce que Tanaka se viu varrendo a quadra inteira até às nove da noite. -Eles precisam descobrir as coisas sozinhos. Se você interferir de qualquer maneira, eu vou saber.

Suga não precisava ser mais específico. Mães viam tudo. Ele também não precisava dizer o que faria se Tanaka não seguisse a ordem. Mães não precisam explicar com todas as palavras para que o resultado da desobediência seja válido e aterrorizante.

Tanaka assentira e saíra correndo. Conhecimento era perigoso e ele sabia demais.

Ficou relegado a espectador. Nem comentou com Noya, porque Noya com certeza se animaria com a ideia de uma conversa de senpai para kouhai sobre amor e descoberta da sexualidade, e Tanaka ia acabar ficando animado também, e os dois iam fazer acontecer e depois desapareceriam para sempre porque Suga não fazia ameaças vãs, e ele queria ser o senpai que guiava os kouhais para a luz mas não a esse preço.

Tentou não se importar. E daí se um dia Kageyama apareceu com a franja para o lado e depois de reconhecê-lo Hinata começou a cacarejar sobre como ele parecia uma pessoa diferente, mais madura e mais legal? E daí se, depois da discussão causada pelo comentário, eles tiraram uma selfie no celular de Hinata com Kageyama fazendo Vs com as duas mãos e sorrindo como uma pessoa normal uma vez na vida? E daí se Hinata colocou a foto como fundo de tela? E daí se, quando perguntaram porquê, ele tenha coçado a nuca procurando uma resposta e dito que servia de lembrete de que Kageyama era humano por baixo das caras medonhas? E daí se os dois sorriam enquanto retomavam a briga?

Eles que tivessem a própria epifania. Tanaka não ligava nem um pouco. “Oi, você está apaixonado pelo seu melhor amigo e o seu melhor amigo está apaixonado por você, estou comentando porque vocês são LERDOS DEMAIS e eu estou meio enlouquecido porque vocês podem ter um ao outro e estão perdendo tempo e eu não tenho ninguém.”.

O verdadeiro problema não era Kageyama e Hinata. O problema era que Tanaka estava cercado de casais e futuros casais, o que fazia com que a solidão que nunca o incomodara (muito) cutucasse quando via Kageyama e Hinata sendo tipicamente perturbadores, como quando os dois se encaravam por um minuto inteiro como se fosse normal.

Sem contar que não havia um traço de egoísmo na personalidade de Tanaka Ryuunosuke. Mesmo se ele não podia ter a felicidade romântica que desejava e merecia, queria que todos os que a tivessem ao seu alcance aproveitassem. Kageyama e Hinata não estavam ajudando, agindo como personagens de um mangá shoujo ruim. Tanaka sempre preferira shounens cheios de lutas e de discursos emocionantes sobre companheirismo e superação.

Pronto, eles estavam discutindo de novo, parecia que não conheciam outra forma de interagir. Tanaka não ouvira o gatilho e não fazia diferença. Kageyama agarrou a cabeça de Hinata com uma mão, que gritou que seu cérebro ia ser esmagado. Tanaka conseguia prever a resposta de Kageyama:

—Não tem nada para esmagar aí dentro, Hinata idiota!

Mas Kageyama não falou nada. Diminuiu a força do aperto, deixando Hinata tão surpreso que nem tentou escapar. Então o levantador inclinou a cabeça alguns centímetros para o lado com uma expressão intrigada.

—...macio. – o murmúrio tinha a seriedade de um cientista que descobria algo revolucionário.

—O quê? – perguntou Hinata.

Ele poderia ter compreendido em seguida, quando Kageyama afagou seu cabelo, mas aquele era Hinata. Franziu a testa.

—Você está bravo comigo ou não?

Kageyama não respondeu, só moveu os dedos entre as mechas ruivas, os olhos estreitados como se a atividade demandasse incrível concentração. Hinata continuou parado, sem ter ideia do que estava acontecendo e sem perceber que se inclinava na direção de Kageyama e do carinho. Porque isso era algo normal para se fazer na quadra, no meio do treino, com todos em volta.

Tanaka sentiu uma mão no seu ombro e virou-se para o rosto sábio de Suga.

—Talvez demore um pouco, mas eles vão acabar aprendendo a lidar. – repetiu ele, sorridente, e Tanaka entendeu.

Kageyama e Hinata ainda estavam engatinhando. A mente deles não estava pronta para processar emoções que não diziam respeito a vôlei. Mal conseguiam agir de forma aceitável em ambientes sociais com a atração subconsciente que tinham agora.

—Obrigado por me impedir. - e Suga deu um tapinha nas costas dele.

Ainda bem, de fato. Tanaka não queria ter que lidar com os hormônios de Kageyama e Hinata. Eles perceberiam as coisas quando fosse a hora, e nem um segundo antes, não se dependesse dele. Já era desconfortável demais assim.


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Notas finais do capítulo

dessa vez tenho várias muitas inspirações. coincidentemente, todas do mesmo tumblr:
http://noranb.tumblr.com/post/111028649103/this-is-about-as-good-as-its-gonna-get-between
http://noranb.tumblr.com/post/108022561379/kageyama-grabs-hinatas-hair-way-too-much
http://noranb.tumblr.com/post/121536418743/for-aweekofkagehina-day-1-warm-up-someone

semana que vem, TsukkiYama! yaaaaaaaay
e ouvi falar que comentar fanfics é a tendência de 2017 ʕ•ᴥ•ʔ