Os Sofrimentos de Tanaka Ryuunosuke escrita por Vulpe


Capítulo 3
Como Fui Cego Para DaiSuga?


Notas iniciais do capítulo

O segundo capítulo vale como presente de natal? Bem, boas festas e boa leitura! Vejo vocês ano que vem (ノ◕ヮ◕)ノ*:・゚✧



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Depois do grande evento AsaNoya tirar o véu da frente dos seus olhos, Tanaka pensou – se colegas de time podem ser gays, Daichi-san e Suga-san com certeza são. Eles provavelmente namoravam desde o primeiro médio. Eles provavelmente tinham planos de casamento. Eles provavelmente se chamavam de “amor” e de outros apelidos ridículos, eles deviam andar de mãos dadas para a escola. Mesmo antes de Tanaka saber, ele sabia. Todo mundo sabia. Era uma piada corrente do time - sem que os alvos soubessem, claro - chamar Daichi de pai e Suga de mãe. Dadchi e Sugamama. As funções se completavam.

Talvez eles já tivessem casado. Talvez morassem juntos. Talvez tivessem um cachorro juntos. Se bem que, por que precisariam de um cachorro quando tinham tantos filhotes de corvo? (Bebês corvos têm algum nome específico ou são só filhotes? Tanaka não sabia e não se importava.)

Tentando confirmar a teoria do casamento, Tanaka observou os dois atentamente por uma semana. Essa atenção resultou em broncas por estar com a cabeça nas nuvens, o que foi insensível, considerando que os pilares de lógica do mundo de Tanaka estavam ruindo pela segunda vez no mês.

Suga e Daichi não eram casados. Suga e Daichi eram tão pouco casados que nem namoravam. Parecia impossível, mas era real. Tanaka mal conseguia elaborar pensamentos, sua cabeça estava inundada de pontos de interrogação.

Eles chegavam a agir como um casal: tinham piadas internas e longos diálogos não-verbais, dirigiam-se um ao outro com a familiaridade fácil que vinha da intimidade. Seus sorrisos eram maiores quando conversavam.

Mas havia bloqueios. Tocavam-se, mas nunca por muito tempo. Era como se tivessem tanta consciência do contato que temessem que estendê-lo por um momento a mais deixaria as coisas estranhas. E os olhares. Tanaka se perguntou como nunca percebera antes.

Daichi e Suga se olhavam. Muito. Não por longos períodos, não o tempo todo, mas de forma constante. A conversa terminava e um deles desviava o rosto, enquanto o outro se estendia por um segundo a mais até mover o pescoço para o lado com um movimento brusco. Olhares roubados durante os aquecimentos, prolongando-se em um pedaço de pele revelado pela camiseta que levantava. Olhares cheios de uma mistura de ânsia e saudade e tristeza e resignação. O tipo de olhar que se dá para algo em uma vitrine cara demais.

A parte mais impossível era que esses olhares nunca se cruzavam. Tanaka não acreditava que conseguira um lugar de honra para o show mais idiota do mundo: seus veteranos definhando de amor um pelo outro, ao vivo.

Asahi era tímido, mas acabara aceitando a presença de Tanaka em alguns de seus almoços com Noya. E Tanaka não se importava em ficar de vela, não quando metade do casal era seu melhor amigo em seu melhor humor. Comia com eles pelas piadas e pelos risos e pela leveza, mas não naquele dia, porque nesse almoço seria discutido um assunto importante. Assim, Tanaka sentou de pernas cruzadas, apoiou as mãos nos joelhos e inclinou o rosto sério na direção de Asahi.

—Azumane-san, há quanto tempo o Daichi-san e o Suga-san estão apaixonados?

—Ah... – Asahi coçou a bochecha com o dedo, sem graça. -Eu não gosto de ficar supondo coisas sobre os outros...

Noya deu uma cotovelada nas costelas dele, que soltou um som estrangulado.

—Vai, Asahi-san. Não é suposição e você sabe.

Asahi se encolheu sob a pressão intimidadora daquela frente dupla.

—Tá. – desistiu, com um suspiro. Noya e Tanaka comemoram com um high-five. -Desde o primeiro médio, acho.

—TODO ESSE TEMPO? – exclamaram juntos, fazendo com que Asahi quase caísse no chão. -E ELES NUNCA PERCEBERAM QUE É RECÍPROCO?

Asahi limpou na calça a mão que usara para se estabilizar na terra.

—Nenhum dos dois nunca nem falou comigo a respeito. – contou. E deu de ombros, desculpando-se pela idiotice dos amigos. -Acho que se convenceram de que era uma causa perdida desde o começo.

Estavam gastando tempo sendo infelizes com um problema que sempre tivera solução. E nesse ritmo iriam para a faculdade sem dizer nada, simultaneamente carregando um peso e esburacados. Quando um deles criasse coragem, talvez fosse tarde demais.

Tanaka e Noya trocaram um olhar. Não deixariam aquilo acontecer com seus amados senpais.

—Não, vocês não vão se meter! – tentou censurar Asahi, que entendera muito bem a comunicação silenciosa. -Eles vão se resolver sozinhos e nós vamos dar parabéns e fingir surpresa quando eles vierem contar, estão ouvindo?

—A gente só vai ajudar!

—É, eles só precisam de um empurrãozinho!

—Não sei se é uma boa ideia...

—Asahi-saaan – Noya se enroscou no braço dele e Asahi congelou, porque Tanaka estava bem ali e ainda não conseguia conciliar direito. -é para o bem deles!

—Eu não vou me envolver nisso. – Asahi declarou, tentando manter alguma integridade.

—A formatura está chegando, hein, Daichi. – disse alguns minutos mais tarde, amaldiçoando sua fraqueza à careta de Tanaka e aos olhos de Yuu, que observavam escondidos do topo da escada. -Faz você pensar, né.

Daichi olhou-o sem expressão.

—Você não vai começar com sentimentalismo barato de novo, vai?

—Não, não! Eu, eu só estava pensando. Sobre como as coisas vão mudar. – Daichi não parecia impressionado. Asahi foi ficando ansioso e passou a falar mais rápido. -Sobre o que eu gostaria de fazer antes de terminar, sabe? Como coisas que eu tenho a dizer, sabe!

A isso, Daichi franziu o cenho. Asahi se sentiu um pouco aliviado.

—Como assim?

—Ah, umas coisas que eu queria tirar do peito antes da faculdade. Pra não desperdiçar a chance antes do tempo acabar. – Asahi deu uma risada nervosa quando o rosto de Daichi se fechou. -Eu tenho que me preparar para a próxima aula! – e fugiu escada acima, onde Noya e Tanaka o puxaram pelo braço e forçaram a agachar.

Os três assistiram o capitão cerrar os punhos e descer com ar determinado. Ficaram em silêncio por alguns segundos, esperando para ver se ele ia voltar ou não.

—Será que deu certo? – perguntou Tanaka.

—Eu fui muito mal, não fui. – constatou Asahi. Noya apertou o ombro dele.

—Você foi ótimo, Asahi-san! Ninguém melhor que você para deixar as coisas deprimentes! – confortou. Ou tentou, pelo menos.

O sinal marcando o fim do intervalo bateu em seguida e os três correram para suas respectivas salas, dispersando o pequeno aglomerado que parara para rir dos idiotas agachados no meio do corredor.

Dachi dispensou todo mundo ao final do treino dizendo que ele e Suga fechariam a quadra. Tanaka e Noya se entreolharam e se esconderam do lado de fora, arrastando Asahi consigo apesar dos seus protestos de que aquilo era uma invasão de privacidade. Tanaka e Noya achavam que era apenas certo que acompanhassem a consequência de suas boas ações.

Quinze minutos mais tarde, os veteranos saíram da quadra. Daichi trancou as portas enquanto Suga passava seu peso de um pé para o outro e olhava-o como se fosse a primeira vez que tinha autorização para fazê-lo. Depois de colocar as chaves no bolso, Daichi sorriu, cheio de calor, e estendeu a mão.

Suga sorriu de volta e entrelaçou os dedos nos dele.

—TAVA NA HORA! -gritaram Tanaka e Noya, tornando inúteis todas as precauções de Asahi.

Daichi e Suga viraram a cabeça na direção deles com velocidade sobre-humana, e Tanaka soube no mesmo instante que seria vítima de filicídio.


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Notas finais do capítulo

duas fanarts que me inspiraram a escrever esse capítulo:
http://67.media.tumblr.com/e7f70667ac22397dd3775fe755bf45aa/tumblr_nqxb2x3w8b1qg1e00o2_1280.png
http://viria.tumblr.com/post/127498140493/when-they- are-both- looking-but- never-at- the-same
e ei, se você tiver algo a dizer, comentários só ajudam =D