Destino: Nova York escrita por Bianca Lupin Black


Capítulo 8
8. Pessoas melhores




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—Por favor, me leve até ele. Eu só preciso conversar com ele.

—Se prometer que não tentará ajudá-lo a escapar.

—Prometo – falei, solene.

Claro que eu podia dar uma de louca e fazer valer minha maioridade legal para advogar por Sirius – estava considerando muito essa possibilidade -, mas Serafina teria que acreditar que eu era uma boa menina. Com um sorriso delicado, ela disse que a pizza chegara. Foi um jantar silencioso, ela perguntou sobre minha vida com Robert, Michelle e Juliana, e eu distribui respostas evasivas.

Ao final da refeição, lavamos os pratos e assistimos a um filme juntas. Era um filme legal, exceto pelo fato que eu não conseguia parar de pensar em Sirius, em nós dois assistindo televisão e comendo pizza num futuro distante, quando nos lembraríamos de Nova York como uma aventura. No que dependesse de mim, teríamos esse futuro. Voltei para o meu quarto, o coração sem caber no peito de tanta saudade, e só me restava a esperança e expectativa de nos revermos.

***

Acordei cedo e me arrumei, arquitetando o plano. Só precisava que Serafina largasse do meu pé por uma hora até acharmos uma saída. Do jeito como Sirius era, qualquer buraco podia ser uma passagem. Tomei meu café e saímos pela rede de Floo.

—Procuro Sirius Black – eu disse ao segurança.

Ele apontou a direção que eu devia seguir. Achei que Serafina viria comigo, mas sem que eu perguntasse, ela respondeu:

—Acho que ele não quer me ver.

Dei de ombros. Já seria muito complicado sem a mulher que o prendeu assistindo. Caminhei pelos pavilhões de celas imundas, chamando seu nome, sem resposta.

—Hey! Hey! - um garoto veio ao meu encontro. - Está procurando Sirius Black também?

—Estou. Você sabe…

—Não… meu tempo está acabando. Pode vir comigo e descobrir?

—Certo, mas o que planeja fazer?

—Usar isto aqui – ele ergueu uma manta invisível diante dos olhos – para entrar na direção e ver qual é a cela dele.

—Fechado – deixei que ele cobrisse-me com a capa -, a propósito, sou Bianca Avery.

—James Potter. Sirius me falou de você.

—Como namorada ou como amiga?

—Um pouco dos dois…

Chegamos ao escritório e James montou guarda enquanto eu procurava a ficha de Sirius. Abri os arquivos e busquei por Sirius, Black e até Orion, mas não achei nada. Passei para as gavetas da escrivaninha. Sobre ele, só havia um curto relatório dizendo que fora rastreado e capturado – nenhuma informação sobre onde e por quem -, mas nenhuma palavra sobre sua localização atual.

Fiz um feitiço de gêmeos e dupliquei o papel. Guardei a cópia no bolso e fiz sinal para James. Analisaríamos melhor fora daquele prédio horripilante. Voltamos para o portão principal, Serafina não estava à vista, era a minha deixa.

—Me leve com você – pedi. - Prometi a Sirius que o salvaria.

Ele me cobriu de novo, deu-me sua mão e mandou que não soltasse. Caminhamos alguns metros e ele aparatou para um aconchegante chalé. Na sala de estar, uma garota ruiva e um garoto cheio de cicatrizes, ambos da nossa idade, nos esperavam.

—James! - disse a ruiva, pulando em James e beijando-lhe os lábios. - Encontrou Sirius? Onde ele está?

—Desculpe, Lils. Não o encontrei, mas achei a namorada dele – ele puxou a capa da minha cabeça e acenei para eles. - Lily, Remus, esta é Bianca. Bianca, estes são Lily e Remus.

—Prazer – apertei suas mãos.

—O que faremos agora? - questionou Remus, obviamente não querendo pensar no pior. - Ele pode estar…

—Se estivesse, haveria um registro. Quando vasculhei o gabinete, só encontrei isso – mostrei o relatório para eles.

—É muito vago… - disse Lily. - Ele pode estar em poder de algum ministério mágico, ou foragido. A segunda opção é mais provável.

—Ele estava fugindo quando foi à Nova York, lembram? - disse James, pensativo.

Não pense nisso, não fale sobre isso, ordenei a mim mesma. Sirius estava bem em Nova York, escapáramos da prisão, e ele não seria oficialmente imputado pelos assassinatos, mas eu estraguei tudo quando o mandei ficar longe de mim. Sou muito egoísta.

Juliana

17 de julho, navio para Londres

Meus pais e eu caminhamos com a família de Newt até o cais, onde embarcaríamos para casa. Os Scamander conversavam com o filho sobre o que acontecera, e eu só seguia meus pais, pensando em Bianca. Por que ela ficou no MACUSA sendo que odeia o lugar? E ainda com Serafina? Havia um segredo muito bem velado nessa história, a ser descoberto por mim. E pode apostar que eu vou descobrir tudo.

Newt e eu matamos um tempo na amurada, conversando sobre o que fazer enquanto não encontrássemos terra firme.

—Quer ir dançar comigo? - ele propôs. - Vai ter um baile hoje e eu pensei que talvez… não precisa falar nada pros seus pais, se não quiser falar.

Concordei. Era uma boa ideia poupar Robert e Michelle de notícias chocantes quando pareciam estar de luto. Quase perguntei quem morreu, mas achei que seria indelicado, dada a situação complicada deles.

***

Mais tarde, naquela noite, eu me arrumava para o baile e Newt veio me buscar, batendo de leve à porta. Quando abri, ele pousou o dedo em meus lábios, sussurrando:

—Vamos dançar, princesa?

De braços dados com ele, fui para o salão de baile. Na pista, valsamos ao som das batidas lentas da música. Newt era um péssimo dançarino, mas seu esforço era notável. E ele não pisou no meu pé nenhuma vez, então merece um crédito.

Ao final da música, trocávamos olhares apaixonados, dignos de filme vencedor de Oscar. Ele enfiou a mão no bolso e retirou um anel fininho com diamantes. Eu já sabia o que era, só não sabia que não ia dar certo. Ele fez menção de colocar o anel no meu dedo, mas quando a joia ia tocar minha pele, ela simplesmente desapareceu.

—Vem – ele pegou minha mão e me conduziu de volta a nossas cabines, correndo como se perseguisse alguém.

Tirei minha mão da dele, ofegante. No que ele estava pensando, droga?

—O Tronquilho… puff,… e o Pelúcio… uff… pegaram o anel e voltaram correndo pra maleta.

Fiquei tentada a perguntar como ele sabia, mas lembrei que Newt se orgulhava de ser um ótimo pai para suas criaturas. Acatei ao que ele dizia, afinal ele era autoridade em animais mágicos. Entramos em seu quarto e em seguida na maleta. De fato, depois de revistar alguns habitats, achamos o Pelúcio e o Tronquilho sobre uma toca numa raiz.

—Hey vocês dois. O que estão fazendo? - disse Newt, as mãos na cintura, igualzinho meu pai me dando bronca.

Os animais acuados, se afastaram, revelando o conteúdo da toca. Um colar emaranhado, um papel amassado e o anel. Newt se agachou e pegou-os. Exibiu-me o colar, o meu, com pingente de beija-flor. Coloquei-o de volta ao pescoço, me perguntando como ele fora parar na mala do Newt, que guardara o anel no bolso e alisava o papel, tentando lê-lo.

—É para a Bianca – disse, levemente chocado.

A caligrafia era garranchosa, mas não impossível de decifrar.

Bianca Avery,

Não fomos nem nunca seremos apresentados devidamente, mas por ora, lhe basta saber que sou um colega de trabalho de sua mãe. Talvez você ainda não saiba, mas sua mãe biológica é Serafina Picquery, a presidente que tentou prender você e seus amigos. Ela comprou o colar para você antes de deixá-la com Robert. Acho que devo lhe contar essa história, aliás.

Serafina e Robert estavam noivos. Às vésperas do casamento, ela engravidou. Pensou em mil formar de contar a ele, mas quando finalmente tomou coragem, encontrou uma carta vinda de Londres para ele, enviada por Michelle, relatando a própria gravidez, que pelos detalhes, estava quase um mês mais avançada que a de Serafina.

Ela perdeu o chão. Seu amado noivo a traíra e gerara uma criança inocente de toda culpa. Serafina não sabia o que fazer. O bebê de Michelle era filho de Robert tanto quanto o dela, e nasceria primeiro. Depois de muito pensar, decidiu que não queria ser mãe. Nunca considerou abortar, você não pediu para nascer, afinal de contas, mas sentia que Michelle e Robert seriam uma família melhor que ela.

Então fez um acordo com Robert: quando você nascesse, ele a levaria para Londres e casaria com Michelle, que criaria você como uma filha, sem a intervenção de Serafina.

Ela só não contava que se conheceriam da maneira como foi, mas ela gostaria que você visse como ela realmente é. Só isso.

—Serafina me protegeu – falei, meio confusa. - Abriu mão de Robert para que eu tivesse uma família. Com certeza ela é melhor do que pensávamos.


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