Destino: Nova York escrita por Bianca Lupin Black


Capítulo 7
7. Apenas amigo?




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Juliana,

16 de julho, suíte do Mandarim Oriental New York

Foi uma semana conturbada. Nós três passamos cinco dias caçando os animais mágicos. Tivemos nossos riscos, mas o sorriso de Newt ao reaver suas amadas criaturas fazia valer tudo.

—O que faremos agora? - perguntou Bianca, depois que recuperamos o Erumpente, o último animal que faltava. - Voltamos para Serafina ou damos no pé?

—Eu não vou voltar para o MACUSA – disse Newt decidido. - Não quero dar a ela a chance de apreender minha maleta.

—Podemos voltar para casa – propus -, não sei vocês, mas já tive o bastante de Estados Unidos para uma vida.

Newt assentiu, assim como Bianca. Então estava decidido. Voltaríamos para Londres assim que possível. Por ironia do destino – ou não – assim que concordamos sobre partir para casa, uma carta do MACUSA atravessou a janela, e aterrissou com graça na cama onde estávamos sentados. Era uma carta mágica, claro, então nem precisamos ler, ela se leu para nós.

Aos senhores Newt Scamander, Bianca e Juliana Avery, foi constatado pelo auror Jacob Kowalski que vocês conseguiram recapturar as criaturas foragidas, então a presidente Serafina Picquery solicita que vocês se apresentem ao MACUSA. Cordialmente, Porpetina Goldstein.

Bianca foi até a janela e espiou.

Droga, tem aurores lá embaixo… não podemos fugir.

—Vamos descer– determinei. - Recolhemos todos os animais, então nada há a temer.

Minha irmã penteou os cabelos com tensão e descemos. Jacob e sua equipe nos trataram como se não nos odiassem. Ele abriu a porta do carro e ficamos juntos no banco traseiro. Bianca estalava os dedos e Newt segurava a alça da maleta com tanta força que os nós de seus dedos ficaram brancos.

Bianca

16 de julho, saguão do MACUSA

Serafina nos recepcionou, com os membros do conselho e nossos pais. Sim, Robert, Michelle e um casal que suspirou aliviado ao ver Newt. O rosto de Serafina se mantinha impassível, mas tive impressão que seus olhos frios se cravaram em mim.

—Sr. Scamander, acho que o senhor e sua mulher querem levar seu filho para casa, não? - eles assentiram e se adiantaram para abraçar Newt e sair. Antes de partir, Newt me entregou um envelope, sussurrando: Pra quando precisar de um amigo. - Sra. Avery, pode esperar com a sua filha no lobby?

Michelle se moveu, mas Juliana e eu não movemos um músculo, de que filha ela falava?

—Juliana, venha – chamou Michelle.

Com um olhar ressentido, Juliana se afastou, acenando para mim. Lentamente os membros do conselho se dispersaram, sobrando apenas Serafina, Robert e eu.

—Então, você conta ou eu conto? - perguntou Serafina, olhando Robert.

—Deixe comigo. Hã, Bianca querida, Michelle não é a sua mãe.

—Desculpe, mas eu meio que já sabia. Quer dizer, ela não se parece em nada comigo. Mas aí, se ela não é, quem é?

—Culpada – disse Serafina, erguendo a mão.

Baixei os olhos. Aquela mulher que o tempo me ensinou a desgostar podia ser minha mãe? Bem, podia. Ela tinha idade para ser minha mãe. Mas como? Quando ela e meu pai se conheceram? Quando chegaram ao ponto de se amarem e ainda ser amor o bastante para terem uma filha? Por que Serafina me deixou com meu pai? Por que nunca escreveu nem me visitou? Perguntas recheavam minha mente, mas eu não conseguia processar as informações para formular uma questão coerente.

—Michelle, Juliana e eu vamos voltar para Londres hoje – disse meu pai, olhando pela janela para o lobby onde Juliana e Michelle estavam. - Sua mãe pediu para que você ficasse um pouco com ela. Tudo bem?

E eu lá tinha escolha? Assenti, e meu pai tomou o gesto como despedida, indo buscar minha irmã e sua esposa para partirem. Serafina pôs a mão sobre meu ombro, olhou-me diretamente nos olhos e disse com calma:

—Eu sei que não gosta de mim por causa do jeito como tratei vocês enquanto estavam detidos, mas precisa entender que aquela era a presidente do MACUSA, que tem que ser linha dura, seguir a lei acima de tudo… nesse tempo que vamos passar juntas, quero que conheça Serafina, a sua mãe, mas para isso preciso de uma chance. Você me dá essa chance?

Mais uma vez, assenti. Ela deu um sorriso e mandou Kowalski chamar um táxi para nós.

16 de julho, apartamento de Serafina

A viagem até o apartamento de luxo no centro da cidade não demorou muito. A casa dela era espaçosa, tanto que havia um quarto de hóspedes disponível para mim – ela disse que podia ficar com ele se desejasse morar ali, ou se viesse visitá-la – com suíte e banheira, tão grande quanto o quarto do hotel. Perguntou se eu queria pizza para o jantar. Novamente, minha inércia me levou ao silêncio. Não me entenda mal, eu amo pizza, porém não estava com ânimo de conversar com ela.

Peguei minha bolsa e a coloquei no colo, me aliviando sob o peso familiar. A carta que Newt me deu estava perto do zíper, me tentando a pegá-la. Newt dissera que era para quando precisasse de um amigo. E eu precisava de um amigo.

Eu estou apaixonado por você. Sempre estive, desde a primeira vez em que nos enfrentamos em um campo de quadribol. Na verdade é por isso que James te chamava de Avery Maligna. Porque eu ficava fascinado por você voando, linda no uniforme, jogando com garra, e acabava não prestando atenção no jogo em si, e com um jogador a menos, é claro que a Grifinória estava fadada a perder – ainda mais sendo eu, hahahaha.

Quando tomei a polissuco e fui à sala precisa com você, era porque eu te amava. Eu sei que soa confuso, mas não estava em busca de sexo com a capitã mais gostosa de Hogwarts. Queria ficar com você, só passar o tempo mesmo, mas sabia de sua inimizade por mim, então passei anos esperando uma oportunidade, e quando ela apareceu, eu a agarrei.

Não ligaria se você dissesse que não era sexo que você queria. Se tivéssemos apenas conversado, estaria bom para mim. Quando acabamos naquela noite, você estava feliz, e eu também, mas no dia seguinte, me veio o arrependimento. Você esperava o Regulus, e aos seus olhos, era ele quem estava lá, mas, no fundo, era eu. Tinha enganado você, e achei que descobriria a verdade assim que comentasse sobre a noite e ele não se lembrasse porque não estava lá.

A culpa passou, a gente não se via a não ser em lados opostos do campo, deixei de tê-la como minha musa e passei a ouvir James com mais atenção, mas ainda assim a Sonserina sempre ganhava – você foi uma ótima capitã, parabéns.

Achei que não sentiria nada quando te encontrei no navio – na verdade, encontro para você, reencontro para mim -, mas me apaixonei de novo por você, pela irmã preocupada e amiga leal. Quase esqueci nosso “passado” de tão novo que tudo era. O sentimento podia ser novo, mas os acontecimentos não. Você teve todo o direito de me afastar quando lhe contei a verdade.

Voltei para Godric's Hollow, e penso em você todos os dias.

Sirius Orion Black III

Chorei ao ler aquelas palavras. Todo esse tempo ele me amou. Sua motivação era o amor, um amor tão doce, genuíno e puro demais para jovens como nós entendermos em pouco tempo.

—Preciso ir atrás dele – falei, pegando a bolsa e o casaco.

Assim que coloquei o pé para fora do quarto, Serafina surgiu, me barrando.

—Onde você pensa que vai?

—Ver um amigo – fui evasiva.

—Que amigo? Sirius Black? O que assassinou a mãe e o irmão? Não vou permitir que veja aquele vagabundo

—Ele não fez isso. Ele não é vagabundo – rosnei. Claro que as informações sobre pessoas suspeitas de crimes tão hediondas eram passadas entre os ministérios, para o caso de fugas.

—Que te disse? Ele? Não é confiável o bastante. Você pode ser a próxima a morrer pelas mãos dele.

—E quem você acha que é pra falar assim comigo?

—A sua mãe.

—Você não é minha mãe – estava à beira do descontrole. - Você não é minha família.

—Tem razão – ela estava levemente abalada ou era impressão. - Pode ir procurar seu amigo, mas não vai encontrá-lo onde ele disse que está.

—O quê? Como assim?

—Ele tem uma ficha de procura no ministério britânico, o que o qualifica como fugitivo procurado da justiça, e não pôde embarcar.

—Onde ele está? Para onde o levaram?

—Diretamente para Azkaban – um sorriso muito cruel serpenteou seus lábios.


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