Produção Independente escrita por Mary


Capítulo 12
12. Barrigas cheias - Por Letícia


Notas iniciais do capítulo

Estou tão feliz que recebi mais uma leitora que vou adiantar mais um capítulo.



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Os dias de férias na casa de meus avós passaram praticamente voando. Devorei os dois livros em quatro dias e realmente precisei de uma caixinha de lenços.

Sarah, Teodoro e Frederico e eu discutíamos sobre nossos livros e séries preferidos e eu não me sentia mais uma estranha, entendia que aquele era o meu jeito de ser e eu não tinha que me envergonhar disso.

Flora e Flávia têm uma lista de ficantes muito superior a minha lista de livros lidos, são convidadas para inúmeras festas e qualquer asneira que escrevam nas redes sociais com destaque para o Wattpad agora que se dizem “escritoras” recebem centenas de curtidas, mas em contrapartida, precisei ficar longe da minha melhor amiga para compreender tudo o que ela me fez sentir no último ano, no quanto é importante valorizarmos a nossa identidade, procurarmos preencher nosso tempo e coração com tudo que nos traga esperança, buscar a nossa vocação, não esconder gostos, desejos, nem os sentimentos também, mesmo que o amor não seja uma obrigação, é sempre bom saber que alguém de longe pensa em você com carinho.

Toda vez que eu me sentia triste, colocava para ouvir Onde estiver do Nx Zero, assim eu me incentivava a crer que só devemos levar adiante o que nos fez suspirar, não o que nos incita a remoer palavras (mal) ditas, rejeições, traumas, etc.

Perdi meus amigos e ganhei outros, eu me ganhei também!

Não vou me torturar porque as coisas não foram do meu jeito. Apesar de muita imperfeição, sei que foi melhor do jeito que foi. Eu não reescreveria, senão nunca aprenderia.

Tudo que levei de 2014 ficará gravado no meu coração até que ele deixe de bater. A incrível amizade com a Prof.ª Cuca, nossos momentos alegres, outros mais melancólicos, os tabletes de chocolate que dividíamos, os abraços, as risadas, as nossas piadas. Nessas horas a diferença de idade era apenas um detalhe insignificante.

Sarah também estava ingressando no segundo ano do Ensino Médio e acreditava que iria cursar Engenharia de Alimentos, já o Teodoro queria qualquer curso que não tivesse Português, enquanto o Frederico demonstrava-se plenamente indeciso.

Eles não acreditavam que eu não tivesse amigos na escola.

― Poxa Lelê, você é simpática, legal, animada. Esse povo do teu colégio é idiota. ― disse a Sarah que andava colada comigo.

― Pelo menos você tem uma amiga, a professora. Ela parece ser muito legal. ― pontuou Teodoro me oferecendo Halls preto, era o único que ele gostava, já a Sarah preferia o azul e eu o verde. Frederico aceitava qualquer um, menos o de hortelã.

Pensei que meus novos amigos achariam uma estupidez que minha melhor amiga tivesse o dobro da minha idade, quase o triplo. Eles já gostavam da Cuca e queriam saber quando o bebê iria nascer.

― Entre fevereiro e março, ou seja, vou ter que encarar aquele covil de cobras inteiramente sozinha.

― Já pensou em estudar à tarde? ― sugeriu Frederico. ― Isso pode ajudar.

― Duvido que todos os meninos do mundo achem essas duas otárias às deusas da beleza. ― Sarah é muito sincera, o tipo de amiga que te dá bronca mesmo.

Rodeada de pessoas falsas por tanto tempo, a sinceridade me assustou um pouco. Nem todos são verdadeiros, tanto é que eu pensava ter amigos e me vi abandonada por todos aqueles a quem amava, encontrando em quem menos esperava um grande tesouro. Sem ela eu não teria alternativa a não ser encarar tudo. No entanto, a ideia do Frederico soou muito pertinente, eu não havia jamais pensado nisso.


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