Aquilo que se Chama de Irritante escrita por ally_albarn


Capítulo 7
A tal de Raquel




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Eu me senti enjoada naquele momento. Saí correndo e disparei para o banheiro, errando novamente a porta e quase entrando no mesmo quarto de antes. Vomitei na hora certa dentro do vaso. Me senti um nojo. Levantei, tropecei em uma garota dormindo ao chão, lavei minha boca na pia, voltei para baixo, fui para a rua e liguei para meu pai me buscar.

Ele até me perguntou sobre a festa, mas eu não comentei muito, disse apenas “foi divertido”, e ele não insistiu. Chegamos em casa, eu tomei um banho, escovei bem os dentes e dormi. Acordei chorando, mas eu não entendia o porque. Não fazia sentido. Afinal, era isso que Andrew queria, não era?

Passei o fim de semana inteiro comendo sorvete e vendo TV. Segunda-feira já estava com olheiras imensas.

Andrew me esperava na nossa esquina, como sempre. Ele quis saber porque eu tinha olheiras, e eu apenas disse que dormi muito tarde.

-Foi embora sem me avisar...

Queria que eu interrompesse sua diversão?

-Desculpe, não sabia que você queria que eu avisasse.

-Não tem problema. Me diverti muito! E você?

-Aham.

-Acredita que eu quase consegui traça a Barbara?

-Como assim, quase?

-É que bem na hora a Raquel entrou. E sabe que você tinha razão? Ela olhou para a gente com uma cara de ódio! Eu fui atrás dela, não sei porque. Ta, mentira, eu ainda gosto dela. É terrível isso, pois eu estava louco pra transar com a Barbara. Mas no fim ela me desculpou, a gente ficou, e eu quase levei ela pra cama também. Ia ser tão divertido ficar com as duas ao mesmo tempo! Mas a Raquel é das difíceis, é virgem ainda e não quer perder tão cedo. Pelo menos é o que ela diz. Foi difícil ficar com ela na primeira vez, mas eu sabia que ela era apaixonadinha por mim. Sabe, teve uma vez...

Ele continuou falando, mas eu nem escutei mais. Algo fez meu humor mudar, mas eu nem sabia o que.

Jenny tinha faltado a aula, e eu estava completamente sozinha. Mas, por incrível que pareça, a tal de Raquel foi simpática comigo e passamos o recreio juntas, eu, ela, Andrew e Barbara. Aquela Barbie se achava demais! E, por incrível que pareça, Andrew gostava disso. Raquel e eu apenas a olhava falar e gritar e rir e fazer escândalos, e o garoto só faltava bater palmas. Até que a magrinha me chamou para ir no banheiro.

Ela começou a se olhar no espelho, então virou o rosto para mim, séria.

-Eu não sei como ele suporta aquela loira oxigenada!

-A Barbie?

-Barbie, gostei. –Começamos a rir.

-Andrew me explicou sobre você e ele.

-Explicou o que??

-Que vocês ficaram amigos depois de uma aposta.

-Ah. Bem, mais ou menos.

-Ele é um idiota de ficar apostando esse tipo de coisa.

Não sei porque, mas eu acho que vi apenas o vislumbre de um sorriso no rosto dela...

Voltamos para a aula, e dessa vez o trabalho era de dupla. Andrew puxou sua mesa correndo para perto da minha, antes que qualquer uma das duas abrisse a boca. Se virou para elas e disse:

-Façam vocês duas aí que eu faço com a Larissinha pra ela não ficar sozinha.

-E os guris?

-Que tem eles?

-Não vai fazer com eles?

-Eles que se virem!

Fizemos o trabalho direitinho. Ele era hiperativo em aula, era engraçado. Estávamos indo para casa, quando novamente ele me chamou a atenção no meio da faladagem:

-Larissinha, porque você me chama de Andrew? Porque não me chama de Andy ou qualquer outra coisa?

-Porque... não sei. Não gosto de Andy.

-Porque?

-Vai me achar idiota...

-Fala Larissinha. Prometo não rir.

-Andy me lembra a garotinha de Peter Pan.

-A Wendy?

-Sim...

-Haha, pior! O que sugere então?

-Eu não sei... porque quer tanto que eu te dê um outro apelido? Andrew já não está bom?

-Eu quero um apelido seu, Larissinha! Olha, só pra você não reclamar, eu vou começar a te chamar de Sasá, que você acha?

-Nunca me chamaram de Sasá, apenas Sah...

-Então, que tu acha? Pode me chamar de... Dedé! Que você acha? Só minha avó me chamava de Dedé, ela sempre queria ser diferente de todo mundo. Você parece ser a minha falecida avó, querendo ser diferente de todos.

-Eu não quero ser diferente dos outros. Vamos trocar de assunto, por favor?

-Ah, desculpa. Mas então, me chama de Dedé? Eu adoro Dedé! Imagina, Sasá e Dedé! Combina, vai dizer!

-Chega Andrew.

-Dedé.

-Dedé!!

-Isso, agora está melhor! Minha Sasá!

Eu nem acreditava nisso, mas o que eu iria fazer? Andrew era teimoso feito burro! Epa. “Dedé” era muito teimoso.

Quando chegamos na esquina, ele me abraçou forte, mais forte que os outros que ele já me tinha me dado. Ele estava muito feliz, e eu não sabia o por que. Se afastando, ele beijou minha bochecha e disse “Te amo Sasá” e foi embora. Como se dizer que ama uma pessoa fosse como uma despedida normal. Esse guri é doido!


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Notas finais do capítulo

Esses dois que só me dão trabalho u-u' -q