Não conseguia me conter, e estava cansada de tanto chorar. Cada gesto que um deles fazia me deixava mole e com vontade de chorar até derreter – coisa ridícula de se falar, mas era como eu me sentia.

Enfim, não sei se vocês perceberam, mas deixei de comentar sobre duas pessoas: Bárbara e Raquel. Não deixei de falar porque quis, foi simplesmente porque deixei de notar nelas. E, por causa disso, não notei como viraram amigas.

A duplinha estava cada vez mais unida. E só percebi quando começaram a me olhar de cara feia novamente. Não comentei com ninguém, pois não sabia que seria algo muito importante. Mas era importante, pois eu acabei levando.

Era aula de química, e uma grande merda aconteceu. Eu, como uma pessoa super infeliz, estava bem ao lado de Raquel quando ela derrubou um copo de vidro no laboratório de ciências, e quando o professor perguntou, disse que eu que a tinha empurrado. Como não tinha prestado atenção no que eu estava fazendo na hora, achei que tinha realmente esbarrado nela sem querer, pedi desculpas e disse que limparia a sala depois, como era o castigo de quem bagunçava. Grande erro.

Na verdade tinha sido tudo armação, e quando eu estava sozinha, Raquel e Bárbara apareceram, prontas pra quebrar a minha cara.

-Soube que Andrew anda realmente apaixonado. – Disse a Barbie.

-E sabemos que é de você. – Continuou Raquel.

Eu me senti em um filme antigo de mafiosos, dois caras de terninhos com risca de giz, chapeuzinho, bigode e armas escondidas nas calças, prontos pra atirar no patife que armou contra o plano deles, ou que fez muito mal o serviço. Sem saber o que fazer, eu apenas gaguejava.

-E-eu não s-sei do que vocês tão falando!

-Claro que sabe, todo mundo já percebeu como vocês tão amiguinhos! – Barbie chegava cada vez mais perto.

-M-mas somos só amigos! E você não disse que ele tinha broxado na sua frente?? E desde quando vocês são amigas? – Francamente, meu estado era triste, pois ou eu gaguejava, ou eu falava rápido demais a ponto de não saber se alguém tinha entendido o que eu havia dito.

-É, mas sabemos também que seria sua primeira vez. E concordamos que, se ele fizer com nós duas ao mesmo tempo, não vai ter homem que consiga broxar na nossa frente. – Barbie estava tão perto que eu sentia seu hálito, e o cheiro não era nada agradável.

-E-eu não preciso saber disso. Eu não quero saber disso!

-Porque, vai ficar com ciuminho? – Perguntou Raquel. Seus olhos estavam estranhos, meio dilatados, forçados, algo assim.

-Eu.. eu não vou ficar com ele! Eu estou com David!

-David? Que David?

-David? – Uma voz masculina viera de trás das garotas, séria e desolada. Era Andrew.

-Andrew. – Eu o chamei.

-Andrew! – As duas gritaram ao mesmo tempo, olhando para ele como se estivessem a ponto de... gritar, pular, correr, algo estranho mesmo. Mas quem correu fui eu.

-Desculpa Andrew, mas eu escolhi o David. – Nesse momento saí correndo.

Não olhei para trás, mas não escutei passos nem vozes depois que comecei a correr. Só parei quando cheguei em casa. Não havia mais nada o que fazer, apenas dizer a David que eu o amava.