Bem, e aí David foi tirar satisfação comigo.

Claro que ele não foi estupido de ir atrás de mim naquele segundo. Ao invés disso, esperou até a nossa próxima aula e falou.

-Você estava me espionando? - perguntei incrédula.

-Não!...sim... - Acho que ele só se deu conta do que tinha feito quando eu perguntei, porque sua expressão mudou completamente.

-David, eu entendo o que esteja sentindo, mas olha. Eu não fiquei com Andrew, ele até teve chance de me beijar, mas-

-Ele tentou te beijar? - Disse ele, levantando da cadeira.

-Mas - eu continuei, fingindo que não tinha sido interrompida - ele foi gentil, pensou em como eu tava na situação e não fez nada que não deveria.

-Acho bom mesmo - Ele sentou novamente.

-O fato é que você não deveria se intrometer, já não tem mais esse direito, sabia? E Andrew não sabe que estamos dando um tempo.

-Não sabe?

-Não.

-Hunff, melhor.

-Desde quando é tão ciumento?

-Desde o dia em que soube que alguém poderia te roubar de mim.

-Ok, ok, chega desse romantismo, Romeu.

-Desculpe, falo essas coisas quando fico nervoso perto de você.

-Tá perdoado. Agora: aula.

-Certo, certo.

E começamos minha aula de Harpa.

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Duas semanas foram, e nada de decidir quem era... bem, quem eu gostava. Era tão esquisito pensar que eu estava amando... Larissa, coração de pedra, como Jenny já me chamou, estava amando? Deus o livre se eu comentasse isso com Jenny, ela iria me encomodar pro resto da vida dizendo coisas do tipo "Larissa finalmente amoleceu seu coração, eu disse que um dia isso aconteceria" e bla bla.

Estranhei até que nenhum dos dois tentou me pressionar. Nenhuma pergunta constrangedora, nenhuma conversa além daquelas, nada nada. Confesso que demorou até Andrew dizer algo.

-E aí, Sasá, tá dificil essa escolha? - Me perguntou no meio do caminho e no meio das conversas inacabáveis de Andrew.

-Já disse, Dedé, não sei. Não fique me pressionando.

-Mas eu mal perguntei.

-Mas tá pressionando.

-Ok, ok, desculpa.

Continuamos o caminho, dessa vez em silêncio. Na esquina, Andrew me beijou a mão.

-Adiós, minha donzela. - E se foi.

Eu olhei espantada, não entendendo qual era a moral daquilo. E Andrew repetiu nos próximos três dias a mesma coisa, até que comentei com Jenny.

-Ah, é assim filha, os dois vão te tratar como se fosse uma raínha. É só passar um tempo que eles voltam a ser os monstrinhos de sempre.

-É mesmo?

-É sim - concordou com a cabeça Jenny.

-Pensando assim, acho que você tem razão.

-Eu sempre tenho - Ela sorriu.

-Então eu já sei o que vou fazer.

-Sabe?

-Sim. Vou enrolar. Até eles voltarem ao normal. Quando voltarem, aí eu decido.

-Tem certeza?

-Absoluta.

-Então boa sorte.

-Porque?

-Não sei. Pode demorar. Ou não, né. São homens.

-É, homens - E rimos juntas.