Aquilo que se Chama de Irritante escrita por ally_albarn
Bem, minha vida continuou inútil. Ah, esqueci de mencionar sobre as duas garotinhas briguentas: levaram suspensão por três dias. Eu achei estranho, porque não um dia ou uma semana? Mas não vou discutir com o colégio, então...
O fato é que elas voltaram na quinta-feira. Na verdade apenas Raquel voltou. Bárbara só voltou na segunda seguinte. E no dia que Raquel voltou, ela me pediu desculpas:
-Fui tão estúpida... Não deveria ter brigado com aquela Barbie por causa do Andrew. Nem por causa de você. Barbie me forçou, eu não podia ter feito nada diferente.
Ótimo, a garota estava botando toda a culpa em Bárbara. E eu acho que não deveria ter dito meu apelido secreto da Barbie para ela. Afinal, era secreto!
-Oi Dedé! – Disse ela ao ver Andrew.
-Ei, porque me chamou de Dedé? – Perguntou ele, com as sobrancelhas juntas.
-Ué, porque o tempo todo tu reclama com a Sasá que é pra chamar você de Dedé, e não de Andrew.
-Mas esse é o apelido da Sasá pra mim, não de você. Só a Larissa tem permissão de me chamar assim.
Fiquei SUPER encabulada ao ouvir aquilo, e não sabia onde me enfiar.
-Desculpa Andrew, não pensei que ela tivesse seu apelido reservado.
-E o apelido também, é apenas meu, não pode chamar ela de Sasá, a não ser que ela deixa. Você deixa ela te chamar de Sasá, Sasá?
-P-por mim tanto faz.
-Sasá, olha pra cá vai. Diz que esse apelido é só pra mim, vai, diz pra ela.
O idiota do Andrew chegou com o rosto bem pertinho do meu, pra fingir que estava sussurrando, só para Raquel ficar enciumada. Ainda bem que não percebeu minha cara totalmente vermelha.
-Tá Andrew, como você quiser.
-Viu, viu! Só eu posso chamar ela de Sasá. E é Dedé, não Andrew.
Raquel revirou os olhos, e eu, retomando minha feição, disse:
-E a Jenny também. Só vocês dois me chamam de Sasá.
-Tá, com a Jenny eu deixo, já que ela é sua melhor amiga. Mas só nós dois.
Desta vez fui eu que revirei os olhos. Raquel, como não tinha mais nada pra dizer, apenas saiu dali.
Começou a aula, e, em meio de sussurros, contei para Jenny o que aconteceu. Ela se deliciava rindo. Até que o professor nos xingou e paramos de falar.
Segunda e Barbara chegaram, de um jeito bem ruim. Ela simplesmente grudou em mim, não deixando Raquel nem Jenny, que não tinha nada a ver, chegar perto de nós. Só Andrew.
Como mulher gosta de um banheiro, nunca vi coisa parecida! Barbara me puxou para o banheiro feminino para se olhar no espelho, e começou a conversar comigo sobre Andrew. O que não era nenhuma novidade nessa altura do campeonato (que campeonato? O “Quem dá para Andrew primeiro”!! – Credo, que horror!):
-Sinceramente, eu não sei porque briguei com Raquel por causa dele. – Eu pensei que ela diria a mesma coisa que Raquel, mas não – tá na cara que ele prefere a mim do que aquela vadia escrota.
Fiquei meio sem graça ao ouvir o “vadia escrota”. Um “escrota” até vai, mas “vadia” também?
-Sabe, eu fiquei pensando sobre aquilo que o Andy disse – “Loiras pensam?” foi o que eu pensei. – E acho que eu aceitaria fazer o que ele disse, mas não com a Raquel.
-Fazer o que?
-Você sabe, você estava junto.
Fiquei quieta, pois não lembrava de quase nenhuma besteira que ele dizia.
-Então... eu queria dizer uma coisa pra você... e... bem, promete não ficar assustada nem rir?
Fiquei preocupada com aquilo, mas prometi.
-Então... eu percebi que Andy gosta de você. Mais do que as outras garotas. Na verdade, acho que a primeira sou eu, depois é você e depois a putinha da Raquel, das gurias que ele mais gosta do colégio. Então, pensando nisso... quem sabe... talvez... nós três, sabe...
Ela ficou quieta, esperando a minha resposta. E eu, bem tonta, não entendi.
-O que?
-Você sabe... eu, você e o Andy...
Então eu entendi.
-Ta brincando comigo, não tá?
-Hm... não.
Eu fiquei boquiaberta com aquilo. Tinha que ser brincadeira! Eu fiquei esperando que ela gritasse “PRIMEIRO DE ABRIL” E a Raquel e o Andrew saíssem de um dos banheiros, mas não, eram apenas eu e Barbie, uma encarando a outra, ela esperando a minha resposta e eu esperando um buraco surgir em nossos pés. Vendo que nada ia acontecer, virei o rosto e saí do banheiro.
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