Storm escrita por O Espinho Carmesim


Capítulo 4
O Livro azul




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               Já estava ali a algumas horas, mas nem fazia questão de sentir o dia passar. Na realidade, Lilibeth não queria mesmo era ter o desprazer de voltar para casa. Deitou-se na relva para olhar o céu, pois dentro da flores negra, ninguém se atreveria a entrar e muito mesmo procurar o riacho sagrado.

                Apesar de não estar feliz por retornar a Helsinquia, e muito menos em conhecer os fulanos que por lá andavam, sentia em seu coração pesadamente que as duas únicas vezes que vira o senhor élfico, foram o suficiente para lhe trazer desconforto a alma.  Porque razão aquele homem, que podia ser uma farsa tremenda, eraquem lhe andava na mente?

 Com a aproximação do festival da Lua Azul, todas as noites, o grande salão de  Helsinquia se enchia de seu povo, todos com os melhores trajes que possuíam para poder admirar o anoitecer e a mágica que a lua traria. Os antigos acreditavam que era nesse tempo que toda a magia do mundo antigo podia ser liberada e até mesmo usada pelos mortais. Lilibeth nunca acreditou nisso, e sempre julgou muito tolos os que se deixam levar pelo amor que a lua apresentava.

Já era noite alta quando ouviu os violinos do baile tocar, olhando as estrelas sentiu desconforto, como se estivesse sendo vigiada. Olhou para os lados e decidiu que era hora de voltar.

Levantou-se do chão e saiu dali, quando saiu das margens da florestas, avistou o salão, com tochas acessas, casais e grupos conversando alegremente, bebendo e celebrando, sorriu e baixou a cabeça, não de se demorou a entrar.

Passou como uma sombra por todos, vestida de negro do pescoço aos pés, quase não foi notada, entrou no salão e buscou as sombras das laterais. Mas a sensação não lhe deixava em paz, era pesada e forte.

Sem demoras, alcançou o pé das escadarias, quando Cedric lhe puxou pela mão com delicadeza e lhe tirou uma folha seca dos cabelos:

— onde você foi o dia todo? Estava preocupado com você!

— ora, Cedric.. – ela sorriu soltando a mão e demonstrando não ter gostado daquilo – eu sei me cuidar sozinha, não se preocupe

— Disso sei. Mas são tempos estranhos Lilibeth - o viking lançou olhar desconfiado para todos – estava com quem?

— Cedric!

— é só uma pergunta... vamos! – riu – algum guerreiro dos nossos?

— Vá procurar uma jovem para dançar e se embebedar! Alias...busque uma noiva! Já passou da hora de ter herdeiros senhor. Boa noite! – se enraiveceu e subiu as escadas sem olhar  para trás.

Cedric riu alto, divertido e continuou a celebrar a noite, juntando-se aos homens que dançavam em círculo danças típicas de seu povo. Os elfos ali presentes sentiam-se de certa forma incomodados com a forma extravagante de festejar do povo, assemelhavam-se aos anões quando batiam os pés no chão.

Lilibeth não havia entendido o posicionamento de Cedric, nunca havia sido tão tolo quanto naquele momento. E porquê?  Soltou os cabelos longos, estavam sujos de terra, musgo de arvores e folhas secas, que caiam a medida que eram soltos. Tratou e tomar um banho. Era bom ouvir as risadas e palmas nos andares debaixo, fizeram-na relembrar de tempos passados. Mesmo que não quisesse tomar parte na comemoração.

 Quando a noite adentrou a madrugada, maioria das pessoas deixaram o grande salão e o som foi dando lugar a um silencio quase profundo. Ela estava sentada na cama, lendo seus poemas quando o som do piano que tocava baixo ressoou sem incomodar os ouvidos já cansados do festejo.

Na certeza de que quase todos já dormiam, levantou-se e abriu a grande janela que dava vistas para a sacada de madeira e pedras, deixou a fresca brisa entrar, sentiu tocarem-lhe os cabelos úmidos. Era tentador o sabor da liberdade. Sentiu falta de casa ao saborear a brisa de olhos fechados.  

Olhou para o céu, admirada. O céus de Helsinquia estavam iluminados pela enorme quantidade de pontos brilhantes, uma noite esplêndida. Era o que sabia amar: a solidão e a noite de estrelas.

 Apoiou-se no parapeito da sacada para admira-las, nem mesmo se deu o trabalho de cobrir a camisola que usava. Sorria sozinha, e ao som da música, começou a balançar-se docemente, ao som quase inaudível do piano.  E em seu momento de pura fantasia bucólica notou que no gramado, de frente ao parapeito alguém caminhava olhando para o alto e a olhava fixamente,  o que a fez  tremer e enrubescer de vergonha.

Lá embaixo, agora imóvel, estava Thranduil, sem sorrir, sem nenhuma expressão visível. Se não fosse a brisa nos cabelos brancos, poderia  se dizer que era uma estátua. Lilibeth sentiu medo. Porque razão aquele homem estava andando na noite sozinho e porque estava ali olhando para ela?

Sentiu um arrepio horrível, como o sopro da morte, e em reflexo, correu para dentro do quarto batendo as portas. Não sabia o que fazer. Abaixou-se e apagou a luz da vela. Quando tudo tornou-se escuro, se esgueirou até a beira da cortina, mas ele já não estava mais ali.

— eu só posso ser louca! – fechou os olhos suspirando aliviada. – Hail! Não tinha ninguém... – começou a rir de si mesma, e levantando-se, foi para a cama conversando sozinha – Lilibeth... mesmo que fosse real, porque ele? E se ele for o “grande” Thranduil?  Que loucura...  

Deitou-se na cama e cobriu-se com a manta, dormir não foi possível, uma vez que não conseguia parar de pensar nos acontecimentos do dia. Nunca passou tanto tempo pensando numa pessoa. Sem sono esperou que o silencio se apoderasse de tudo.

 Quando sentiu que podia, levantou-se sem fazer um único ruído. Pegou o roupão verde, vestiu e abriu a porta do quarto. Espiou e certificou-se de que a passagem era livre.

 Quase inalditivelmente, caminhou na ponta dos pés, com frio na barriga e medo de ser vista, como criança. se apressou até a biblioteca.

Ali chegando, entrou e trancou a porta, sem quase ruído fazer, ao virar-se, ficou maravilhada, pois as luzes que ali estavam de manhã, iluminavam o lugar, com  esperança vaga, caminhou até a mesa, que agora, sustentava livros sobre  Valhalla, e riu-se:

— é mais louco que eu... – e passando os olhos sobre a mesa, viu num canto, um pequeno livro, de capa azul marinho.- ué... – pegou o livro – eu não conheço você... – abriu o livro, tinha escrita antiga.

— mas..o que é isso? – Lilibeth estranhou. Conhecia quase tudo o que estava ali, mas não aquele livro. – Magica da lua azul? Mas.. não faz sentido... não existe essa magia.

Sentou-se ali sozinha, na poltrona, e quando percebeu, lendo de forma apressada, passava os olhos por trechos do livro que trazia informações sobre rituais místicos de magia.

Inesperadamente, bateu os olhos numa página,  que em linguagem morta, não compreendia bem o teor das informações, mas citava um ritual, em que possivelmente pela força da lua era possível abrir portais para tempos remotos ou locais remotos, mas que haviam riscos mal conhecidos em perturbar o passado.

—luz azul? – sussurrou espantada – o Cedric... então é verdade... – estava estarrecida.

                O que mais lhe chamou a atenção, é que, mesmo sem entender daquela linguagem, descreviam grandes luzeiros perdidos, como um tipo de fogo, que em contato com a luz da lua azul, poderiam abrir estes portais.

— porque aquele elfo estava lendo isso? – perguntou a si mesma. – Talvez ele tenha feito isso...

— Então finalmente encontrou a resposta?  - Lilibeth se assustou de tal forma que pulou da cadeira, quando foi gritar sentiu a mão enorme tapar-lhe a boca. – calma menina! Eu não vou lhe fazer mal algum. – ele disse sussurrando – eu preciso lhe falar certas coisas, mas não pode confiar em mais ninguém, me entende?

Lilibeth tinha os olhos arregalados e o medo lhe era essência, concordou, mais por medo que por simpatia. Quando ele removeu a mão dos lábios da moça, Thranduil fez sinal de silencio.  E sentou-se sobre a mesa,  então ele, que trazia na outra mão uma taça de cristal com vinho, bebeu do mesmo e olhou as pequenas garrafas sobre a mesa e elas diminuíram a intensidade de seu brilho.

— peço perdão. – disse quase sem ser ouvido – fui rude. Mas estive errado. Fiz o que você aconselhou. – disse calmamente – Valhalla... você sabe, não existe. É uma esperança tola, estupida... uma promessa vazia na escuridão da vida dos mortais.

— eu concordo.  Mas... o que tem Valhalla com isso? Você vai me matar? – entrou em um pânico contido.

— Ora! Não seja tola! – franziu as sobrancelhas – porque faria isso?

— Porque me seguiu. E eu sei que tem me seguido o dia inteiro!

— eu?

— sim! E eu sei disso!

— não. Não teria motivos para isso... – ele sorriu arrogante – Lilibeth... nem todos aqui são o que parecem. Você não pode ver as coisas que eu vejo. Apesar de insolente e quase morta... você não tem um espirito de crueldades...

— insolente?  olha quem fala! O rei da prepotência! – ela estava começando a ter ódio daquela situação de coação.

— e sem nenhum controle sobre as emoções... – riu – chega a ser infame..

— olha só quem fala!

— Chega!  olhe... encontrei isto. Esperei pelo vinho que ordenei que me trouxesse, lembra-se? Bem... como deveria saber... mortais não tem boa memória.. fui eu mesmo atrás do meu vinho. Pois meu filho, tem passado os dias dele aqui, obstinado em achar nosso retorno... não o encontro em canto algum. – do nada aquele elfo pareceu finalmente ter vida e falar como se conhecesse a moça.

— até onde eu sei, não sou sua subalterna... – respondeu sentindo-se ofendida.

—é uma verdade. – ele olhou para o vazio – perdão outra vez. Não sou acostumado a lidar com mortais...

— percebe-se!

— de qualquer forma... – esticou uma taça vazia – vinho?

— Olha... – ela fechou o livro e passou os dedos sobre os olhos, como quem não acredita naquilo – você me coagiu para me oferecer vinho?

— não. – ele esboçou ironia no olhar, soltou a taça sobre a mesa, levantou-se e de postura ereta, a olhou com frieza, colocando as mãos para trás do corpo, e começou a caminhar em torno dela.  – Eu sabia que iria voltar para sua sepultura a qualquer hora. Então decidi entrega-lhe o livro e ouvir o que sabe sobre isso...  – Apontou o livro.

Foi quando o enorme homem, que mantinha as mãos atrás do corpo, as segurando nas costas, num movimento brusco, se abaixou, aproximando o rosto do rosto de Lilibeth e olhando fixamente em seus olhos disse:

— muito menos eu sou seu subalterno ou qualquer mortal que você pense que pode domar. Eu tenho eras de vivencias, e não tolero essa sua forma de ser . – a olhou como se pudesse enxergar toda a ascendência dela nos olhos escuros e a amedrontando continuou - estou farto da falsidade e corrupção deste lar. Não suporto este espaço e quanto antes puder ir embora daqui, melhor será. Consegue entender?  Eu matei feras do norte, malditas, mas preferiria conviver com cada uma delas do que com as almas que encontrei neste lugar de mortes!

— Uau! muito obrigada pelo elogio oh, Rei dos eflos cinzentos! – o ódio se manifestou nos olhos de Lilibeth.

— Mas não me refiro a você. Você ..eu esperava um ser menos ... – por um minuto buscou a palavra certa mas ignorou, suspirou e disse – vejo que posso confiar em você. Tem algo estranho em você, para uma mortal...

— melhorou muito, quem sabe daqui a 4 outras eras eu comece a me sentir confortável.. – debochou e afastou o rosto para trás – sabe, eu realmente odeio gente que se aproxima assim de mim... por favor, me dê espaço.

—Lilibeth... – mudou o tom da voz – não consegue entender? Foi uma bruxaria que creio nem um valar teria coragem de conjurar que nos trouxe, mas não entendo o porquê..

— você está insinuando que alguém aqui fez uma bruxaria para trazer você?

—eu estou dizendo.  Quando fui buscar o vinho, não achei quem pudesse me servir, estava lendo as bobagens sobre a tal  Valhalla, fui até o que pensei ser uma adega.

— é uma adega.. lá embaixo..

— parece ser...

—é.

— cale-se!

— mas porque você é tão ...assim?

— porque estou falando o que sei,  e você atrapalha...

— eu não consigo dormir de medo, sou ofendida e ainda atrapalho?

 - e muito! Nem sei porque tolero... mas você precisa escutar!  – foi quando de maneira inesperada, ajoelhou-se e sentou-se ao pé da cadeira onde  Lilibeth estava sentada, o que foi mais desconfortante – eu mesmo peguei o vinho, e quando estava saindo dali, vi sangue no chão e fui ver de onde vinha e porque, acabei encontrando uma porta. Aberta... nela uma mesa, com um baú, este livro e isso... – Thranduil abriu a mão.  Notando o olhar de  Lilibeth, indagou: - você conhece isso?

— bem, sim. Conheço. é claro... – Lilibeth esticou a mão para apanhar da mão dele a pedra reluzente – isto estava lá?

— como conhece isso? – ele estava em dúvidas. – aliás, eu vi quando chegou que você tem um anel, onde está? Quem lhe deu aquela joia?

—  eu conheço sim! É uma gema branca de Lasgalen...  meu pai..  bem...ele dizia que uma vez foram estrelas, mas que vieram para nossas mãos, quando o elfos foram embora de midgard..ou terra-média, se você preferir – ela pegou na mão a pedra e tentou olhar através dela, parecia uma criança encantada com um brinquedo novo– eu conheço bem esta peça, pertenceu aos meus pais por um tempo, e seria hoje: minha, pois era uma herança. mas isso é um passado sepultado.

— pertencia a sua mãe?  - achou curioso – Lasgalen era de meu povo! São minhas por direito.   As gemas brancas todas, eu dei a minha mulher, mas os anões roubaram de mim...

— Thranduil, não quero ser rude...  – ela tirou os olhos da pedra e olhou para ele que estava triste, parecia perdido – talvez, em eras atrás...elas tivessem mesmo pertencido a você. Pelo menos é o que os livros contam, mas  isso foi quando os elfos ainda viviam por estas terras.  Isso já não é tão comum assim... porque já... fazem

—eras... – ele completou a fala.

— sim, eras. E de alguma forma nos pertence agora. Mas se você jurar que não vai me matar... – tentou ser simpática – eu lhe dou está de volta. Cuide dela pela eternidade que você durar. Mas não deixe o Cedric ver jamais!

 Ele sorriu ainda com o olhar perdido  - porque  o Cedric? O que ele tem a ver com algo que não lhe pertence?

—não pertence a ele  - ela tinha lagrima nos olhos e admirava a pedra bruta – eu não sei até que ponto conhece minha sorte... – olhou para o elfo e disse –  agora, pertence a casa de  Helsinquia. Mas creio que nem ele saiba onde você achou isso, então fique com ela.

— E o pedaço que traz nas mãos? – ele a olhou fixamente.

— Qual pedaço? – devolveu a pedra e olhou as próprias mãos, e viu o anel que tinha na mão, bem feito, discreto e adornado com um quadrado bem talhado na prata pura com 49 minúsculos pontos de brilhantes de lasgalen – nossa! vocês elfos realmente enxergam bem! Eu não lembrava mais... – riu da própria ignorância. – mas...são só pedras, o que tem de tão importante nisso?

— pedras? Não! Tem poder sobre nós.  São todas da mesma origem, a mesma estrela reluzente. E não podem ser dissociadas,  se carrega nas mãos uma delas.. então todas  lhe pertencem agora, mesmo que  as tenham obtido de alguma forma obscura...

— não roubamos nada. Não somos anões e elfos.  – disse desapontada. – tenha mais respeito quando falar comigo.

— Compreensível. De qualquer forma, não é meu desejo que morra, não por essa razão.  – respondeu seco. – O que deve saber é que não se pode possuir uma única parte delas. Se tem uma parte ..seja como for, todas as gemas atendem pelo mesmo mestre e usaram essa parte para abrir o portal de luz azul..

— como você sabe?

— porque está neste livro! – ele riu – você não leu? É claro!

— eu não entendo das línguas antigas..

— falou minha língua ontem...

— porque admiro os elfos – sentiu o rosto aquecer com o enrubescer – por isso aprendi poucas coisas sozinha... – e desviou o olhar. – mas sou limitada...

— não vi isso. – ele se levantou com a pedra na mão. – Lilibeth..porque deixou o trono? Sabe que não deveria ter feito isso... um rei ou rainha tem que governar e seguir seus destinos..

— não disseram nada sobre mim?

— devem ter falado, não me foi interessante ouvir.

— Hum... – concordou. – porque seria agora?

— preciso entender em que mãos lasgalen está...

— Bom... eu sou uma maldição viva. – riu sem jeito – meu pai, o grande  Siggurd... morreu tentando me salvar de assassinos, que diziam que o brilho dos meus cabelos enfeitiçou a eles, e que fez parte de seus homens morreram... – ficou demasiadamente pesada – até alegam que o ultimo dragão do sul surgiu por minha causa... que a antiga “doença do ouro” o atraiu sobre mim... e.. – riu constrangida ao perceber o olhar do elfo – eu não sou bonita... nem feita de ouro... logo...é uma idiotice.. mas custou a vida e a paz de meu pai...

— você não é feia. Mas sofrerá o efeito do tempo... morrerá logo.

— nossa! Obrigada! – sorriu.

 - eu digo a verdade.

— tudo bem... bom.. – ela achou que deveria ser breve – bom...depois disso, um dia, minha mãe decidiu que Helsinquia não era mais o lugar de alegria dela... voltou para seu outro reino, deixando isso aqui para mim. E eu... eu vi muitos morrerem em guerra com a cidade vermelha... então ... forjei minha morte.

— mas como pode estar aqui se está morta?

— eu fugi para longe. E só voltei porque o único que sabia que eu estou viva, que tinha essa certeza era Cedric. – e se levantou – ele disse que tinha amigos estimados que precisam de ajuda, mas vejo que o amigo mais interessado em voltar p ara casa já achou metade da resposta... como posso ajudar?

— há algum erro nisso.

— eu não sei... como assim? – notou que ele estava pensativo.

— Bom, de fato sua ajuda foi inútil até agora. – ele respondeu – mas quem abriu o portal precisou da luz de lasgalen para tal feito... Lilibeth... alguma outra pessoa sabe que você possui esta pedra nas suas mãos?

— todos.

— todos?

— ué...sim. é uma joia de família..

—tire das mãos! – esticou a mão. – eu não vou te matar.  Mas se morrer tomarei para mim as pedras. Enquanto estiver aqui, tem minha palavra de que não roubarei nada. Mas se lhe perguntarem desta pedra diga que deixou aqui, quando deixou esse lar?

— e posso saber porque?

— porque quem conjurou isso conhece o poder delas. E sabe o que significam... eu preciso saber porque abriram o portal para nós elfos.

— Thranduil... – ela ficou pensativa – existe de fato algo que eu possa ajudar?  - e pensativa disse – será que você não veio parar aqui, por causa delas?

 - como assim?

— bom... pertenceram a você uma vez, e a sua esposa... logo... você disse que elas respondem ao mesmo mestre sempre.. – eles se olharam, como se se entendessem perfeitamente – talvez a resposta seja sua esposa... onde ela estava quando veio para cá?

— morta. – ficou frio, inacessível, duro, porém, dolorido – minha esposa morreu quando meu filho nasceu.

— meus sentimentos... não quis causar dor – Lilibeth sentiu uma faca em seu coração porque sabia a dor que a morte causava. – acho melhor eu ir embora... e conversamos depois... me perdoe...

— a morte é parte da vida. – respondeu com secura na voz – ela nunca recebeu o presente que mandei fazer, porque os malditos anões nos roubaram.

— Thranduil. Entendo seu ódio, mas eles não são ladrões...

— descende de anões também, lilibeth? – a olhou com desprezo – porque os defende?

— não! – ela se magoou – apenas conheço alguns poucos e são justos. Mas não respondo por todos eles e muito menos por aqueles que lhe causaram desentendimento. Então.. lasgalen ainda pertence a você... – ela terminou tentando fugir do assunto – então...já sabemos que é por isso que você está aqui. Juro.. que descobrirei como pode voltar.. mas preciso de sua palavra

— minha palavra? – ele estranhou. – você é uma humana complexa sabia?

— vou entender como elogio, esquisito, mas elogio... – riu-se sem jeito – prometa-me que não falar de nada disso com absolutamente ninguém. Amanhã voltarei aqui, e bom você é um elfo, não é mesmo?

 Ele a olhou como se ela fosse perturbada por algum problema imaginário, obviamente ele era um elfo teleri! O elfo a observada determinado a entender o que quer que ela dissesse:

— sim, eu sou. Sou um rei elfo. – meneou a cabeça. – fico feliz que tenha percebido.

— sim! – ela riu – amanhã, eu irei para a floresta negra. Até onde eu sei...só eu não temo a floresta, ninguém mais entra ali. Não mortais. Logo... entrarei e irei para a clareira, onde há um riacho. Vá para lá, você é um elfo, não terá problemas para me encontrar.

— creio que será fácil. Farei isso... – ele viu boa vontade na moça – tem minha eterna amizade e consideração. Mas nunca abandone o que lhe é dado pelo destino. Guardarei suas joias, quando souber a reposta de meu enigma, as devolverei antes de partir.

— Não! – ela sorriu e tocou o antebraço do elfo o olhando nos olhos – dei de presente a um amigo. Não aceito devolução. É símbolo de nossa amizade e assim deve permanecer, protegida para sempre. Por hora... eu vou embora, amanhã nos vemos, senhor da floresta. – fez breve reverencia sorrindo com compaixão.

— muito bem, senhora de Helsinquia.– ele a reverenciou.- farei isso...

— ótimo! Estamos acertados então – ela disse saindo pelo corredor de livros, quando foi puxada pela mão com força.

                Thranduil por alguma razão a puxou com tanta força contra o próprio corpo que ambos de bateram violentamente. Ele a abraçou com força e de maneira apaixonada, o que foi assustador para  Lilibeth, afinal, não era todos os dias que alguém enorme e estranho fazia isso, ficou imóvel quando escutou ao pé do ouvido.

— que a benção dos Valar a proteja! – em sussurro a voz pareceu um encanto. – vá e descanse, obrigada por manter a luz da vida nos seus olhos. – ele a olhou nos olhos e a soltou.

— bem... – ela estava desconcertada, colocou os cabelos para trás da orelha e riu intimidada, caminhando devagar para trás – obrigada... mas não me assuste mais..

— perdão... – ele sorriu, e voltou para a mesa, pegando o livro para si – não quis assustar. Nem sei porque fiz isso, mas que os Valar te protejam.


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