Storm escrita por O Espinho Carmesim


Capítulo 2
A arrogância e o cansaço




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Em seu intimo, desejava ter poderes, principalmente o de desaparecer. Mas era inevitável.

Ali estava e não existia outra saída exceto encarrar a situação. Ergueu o branco rosto, e o olhos. Ao reparar nas gentes que ali se encontravam, esboçou certo espanto, eram de fato gentes estranhas. Nunca tinha visto determinados rostos, vestes e estaturas.

No fundo do salão,  estava uma grande mesa de madeira avermelhada. Era adornada com enormes castiçais e velas, mesmo que em plena luz do dia. A mesa, repleta de frutas frescas e comida, bem como haviam homens e mulheres sentados, conversavam. Alguns poucos – e extremamente estranhos ao imaginário de Lilibeth eram calados. Um apreciava o vinho, mas não se podia ver a face. Somente longos cabelos lisos e brancos. E as mãos, enormes, imponentes, adornada de joias de prata pura e pedras.

Até mesmo a musica parecia errada ali. Era quase sonolenta, um tanto irritante aos ouvidos de quem estava afoita como era o caso da jovem. Na ponta da mesa, estava Cedric – o mestre do lar. Era também de origem nórdica como Lilibeth, mas diferentemente dela, era um homem realmente grande.

Sua barba era longa, trançada e adornada como um grande rei Vikinks com ouro amarelo e puro. Os longos cabelos loiros, caiam ondulados por seus ombros e quase tocavam o chão enquanto sentado.  Os olhos eram azuis como o ceu em dia de manha de verão e a pele branca ao ponto de se avermelhar ao mínimo sinal de calor.

Bebia seu hidromel, e conversava. Vestia uma camisa simples marrom, e em sua mão enorme, possuía um anel. Parecia obra de anões mitológicos de tão bem feito com uma única pedra – vermelha ao centro. Cedric era de fato uma figura rara e imponente.

Mas ao iniciar o grande murmúrio com a entrada de Nazira, franziu o cenho, e despreocupadamente deixou a conversa para se atentar ao que estava ocorrendo ali. Os demais, prontamente olharam na mesma direção.  Menos o grande homem de cabelos brancos. Manteve-se de costas e conversando calmamente com um outro, este mais simples até no vestir e de cabelos negros.

— Ora! Digam-me que murmúrio todo é este? -  a voz roca ressou pelo salão e todos num passe de magica se calaram, abrindo passagem aos três que andavam.

— Cedric! – altiva respondeu Nazira, que mantinha uma postura quase que de bailarina clássica – O murmúrio sempre existirá nos salões de Helsinquia. Isso não é novidade meu senhor... a novidade... é essa moça. Diz que veio ao seu encontro por convite seu... – Nazira soltou as mãos, e estendeu uma delas na lateral do corto, dando vista a jovem que vinha com Harold.

Todos se esticavam, tentavam entender quem era. Riam, pois... ninguém simplesmente entrava ali para falar com o grande mestre, muito menos uma jovem naquelas vestes. Porém, Cedric ficou pasmo. As mãos estendidas sobre a mesa ...naqueles primeiros segundos, parecia feito de mármores branco, estupefato, com uma esbaforida sorriu incrédulo.

— não pode ser! ...eu não acredito que voc... – ele se levantou prontamente, feliz.

Naqueles dois metros de homem, via-se alegria de uma criança ao realizar um desejo. Passou a mão pela barba, e sem tirar os olhos da moça, estendeu a mão aos que à mesa estavame  riu alto:

— A ajuda que pedi chegou senhores! – deu a volta a mesa e caminhou feliz a te a jovem. – Lilibeth! Por onde esteve ? porque não mandou um mensageiro para avisar que viria mesmo?

 Indagou alegre e foi quando viu a tristeza no semblante dela, e principalmente, observou que ainda segurando no braço dela estava a mão de Harold, agora assustado ao ouvir a fala de seu mestre. Que sem saber ao certo o que fazer a soltou.

Ora, foi então que fatidicamente se ouviu murmúrios, ao invés de risos, as pessoas cobriam as bocas para falar, olhavam incrédulas. Lilibeth entendeu a vista para Harold ao ser solta e esboçou encabulado sorriso de agradecimento,  voltou a vista para  Cedric e respondeu quase inalditivelmente:

— Cedric...você me chamou, disse que precisava de mim.. e eu não tenho mensageiro algum. Sabe bem disso. Vim como pude. Espero não me demorar por aqui. – Encarou os olhos do grande guerreiro e logo baixou a vista. Envergonhada por ser centro de atenções.

— Sim! Eu te chamei, Este lar é seu. Mais seu que meu, é a verdade.  Mas.. Diga-me Nazira...porque a trouxeram assim? Desde quando se dá este tratamento a quem nós é familiar?

— Bem... senhor... – Nazira estava aliviada. Parecia muito feliz e disse – eu não tenho medo de dizer, que estávamos em dúvida.  Ela disse quem era e porque veio. E eu vi a joia que ela sustenta... mas, confesso senhor, que, não podia acreditar que seria ela mesma, não depois desse longo tempo..

— Isso não importa a ninguém! – ele disse com a de corte. – Venha Lilibeth, - estendeu a mão.

— esse lar não é meu e tão pouco me pertence Cedric. Você sabe disso. – Lilibeth ignorou os demais e estendeu a mão ao antigo amigo que sentiu o pesar em suas palavras. – eu escolhi ir embora, e não pretendo me demorar aqui. Portanto, seja breve. Farei meu possível e partirei.

                As palavras cortaram o coração do nobre, que gentilmente a conduziu ate a mesa onde estava sentado. Olhou para o salão e gritou:

—Por hoje, não haverá nenhuma atividade neste salão. Estão todos dispensados até o dia de amanha. – olhou para Lilibet que encarava discretamente os que estavam a mesa. Eram todas estranhíssimas figuras. E Cedric continuou – Nazira?!

— Sim, meu senhor..

— Se apresse, arrume o quarto para Lilibeth. Roupas..o que for necessário. O melhor que tivermos.

—é para já senhor. – Nazira era mulher simpática, e muito prestativa correu para fazer o que havia sido solicitado.

Quando ficaram Cedric, Lilibeth e os demais, ele puxou a cadeira diante de si, e sinalizou que ela deveria sentar-se dizendo:

— Senhores... eu disse que poderia achar uma ajuda. Aqui esta ela. Lilibeth é a pessoa mais indicada para esta ajuda.  – Falava agora em tom baixo. Como se fosse algo secreto e perigoso. O que fez lilibeth se preocupar. – Mas não sei até que ponto poderá ajuda-los... e se poderá de fato... é incerto...

— E no que é que eu devo ajudar, afinal?

— Lilibeth... – disse sentando-se na cadeira da ponta da mesa, continuou o se servir de vinho e lançar o copo para ela o deslizando sobre a mesa.  – você ainda sabe que amanha incia-se o festival da lua azul não é?

— sim, sei...

— pois bem... há três semanas atrás, isso ..Helsinquia era um lugar comum...

— comum Cedric? – e riu-se sozinha. Era como se ambos estivessem a sos à mesa – um mistério isso aqui ser um “lugar comum”!

— Lilibeth!

— Desculpe, irmão. Prossiga.

— muito bem... tudo aqui começou com uma chuva..que por razões ínfimas, tornou-se tempestade...e com ela, vieram grandes raios. Raios terríveis e que com eles, além dos estrondos, grandes luzes azuis se alastravam nos céus...

— você me chamou aqui por problemas com as chuvas?

— não!  - riram-se ambos – não. Te chamei, porque com estes raios... perdi homens lá fora. Não pelos raios ou forças da natureza... mas porque, segundo foi visto, saíram grandes feras montadas por demônios destas luzes. Contra elas...saíram grandes guerreiros, de armaduras douradas e pratas. Muitos não resistiram.

Lilibeth franziu o cenho, ajeitou-se na cadeira e olhou seriamente para o amigo.

— como assim... “perdeu homens” ? Que homens e porquê? Que história absurda é essa Cedric?

— Aconteceu como estou dizendo. UM dia após esse episódio, me bateu a porta... o senhor dos elfos das florestas de Mirkwood... – disse ele apontando o dedo ao fim da mesa.

Lilibeth sorriu imediatamente, e bebeu do vinho olhando para a direção apontada.

Era impossível crer naquilo. Elfos? Já não eram vistos pela terra há muitas eras. Muito menos os reis deles. Portanto, de permitiu rir, mas olhou na direção que Cedric apontava seriamente.

Ao fim da mesa, grandes figuras imponentes estavam sentados, todos homens, eram 5. DE fato, belos homens. Mas um deles, era diferente dos demais. Possuía muitas joias nas mãos, um ar de superior e de fato, parecia jovem, mas de uma forma esquisita, como se tivesse visto as fundações da terra ter sido criada.

Ao ser visto, esboçou sorriso, com ar de pendência. E mesmo que educadamente, de forma fria ergueu sua taça e fez reverencia com a cabeça. Os olhos eram de um azul profundo e claros, seus cabelos caiam-lhe impecavelmente sobre os largos ombros sobre um tecido diferente, de tom de prata. Que aos olhos, podiam facilmente ser dito que era prata em forma de tecido. Nenhuma palavra foi dita. Ao seu lado, outro , mais irritado e desconfortável que agradável. De vestes verde-folha mais simples. Tentou sorrir, mas parecia incomodado com tudo ali.

— Lilibeth..este é Thranduil, rei da floresta das Trevas e seu filho Legolas. Vierame são meus hospedes ate que se descubra o que houve e como vieram para aqui... – disse Cedric notando que simpatia não foi algo reciproco entre os olhares à mesa. – Ao lado do Rei.. esta  Haldir. De Lorién... apareceu por nossas terras há uma semana de forma similar. E ali... os elfos da floresta Ellirion e Thamior.  – olhou para Lilibeth que tentava segurar o riso.

— E cá estou eu! Chapeuzinho vermelho! – riu simpaticamente e divertidamente como a anos não se permitia fazer.

— Lilibeth!

— oi?! Cedric... você realmente quer que eu acredite nisso?  - ria apontando os senhores que mantinham-se calados e quase imóveis. – só porque eles fizeram os cabelos e não sei bem como cobriram as orelhas.. espera que eu caia nisso? Conte-me outra coisa!

— Lilibeth... foi por isso que a chamei ..porque conhece todos eles de sua biblioteca. E quem sabe pode explicar o que esta havendo...

 - Cedric... – Lilibeth mudou a expressão de divertida para seria. Quase irritada, afastou a cadeira, bebeu todo o vinho de uma única vez e ao sorver a bebida, degusta-la, sentiu os sabores da terra e da fruta lhe correrem pelo sangue. Eram sabores a muito esquecidos e saboreou. Abriu os olhos castanhos novamente e disse encarando o amigo – Deixei minha paz de espirito para vir te ajudar... deixei meu lar, e você pede a seus colegas tão estupidos para se prestarem a isto? Existem coisas ..que deveriam ser proibidas, sabia? 

Olhou novamente para os elfos e rindo disse:

Elen silá lúmenn omentielvo, Thranduil! ( Uma estrela brilha sobre a hora do nosso encontro.) -  riu-se outra vez. E reverenciando tal belo homem completou olhando os demais – Mae Govannen Haldir.. Legolas, Thamior und Elliron.  – riu-se novamente, tomou a taça entre os dedos e saiu caminhando. Dando as costas e dizendo – eu vou dormir, preciso dormir e amanha retomo meu destino, aqui não piso mais.

Quando ouviram o élfico perfeito ser proferido, os olhos se encheram de alegria. Os elfos a mesa sentiram como se houvessem encontrado algo muito preciosos e necessário naquelas palavras.

O rei, ajeitou a postura a mesa, estreitou o olhar sobre a moça e olhou para  Cedric e a moça alternadamente, como quem busca entender a possibilidade daquilo.

Be iest lîn! ( como você quiser!) – Disse altivo  Thranduil. Nai tiruvantel ai varuvantel i Valar tielianna nu vilya. (Que os Valar protejam vocês em seu caminho sob o céu).

Lilibeth escutou a voz grave e bela, pronunciar perfeitamente todas as palavras como que  domina bem o idioma, já morto. Achou estranhou virou-se e riu para aquele que julgava um homem. Estendeu a taça que logo foi cheia novamente de vinho e disse:

— ora, ora! Quanto trabalho para me convencer de ficar aqui...até élfico ensinou a eles?  - parecia admirada – Cedric meu amigo, desta fez se superou!

— não foi ensinado  nada à eles. Nada do que já não tenham domínio. Eles são quem são. Só querem voltar para seus reinos... 

— e eu para minha casa!

— Posso entender você cara mortal. Pois minha alma deseja retornar aos meus domínios, tanto quanto a sua aos seus. Eu sou quem sou. Não uma farsa.

 - hum hum! – riu-se escutando a calma voz falar.

— Então, mostre respeito a um rei, pois eu o sou. A luz nos trouxe sem assim desejar-mos e eu mesmo não acho respostas sobre isso e como retornar, seu mestre disse que existia a possiblidade de grande estudiosa nos guiar nisso, portanto, lhe peço pessoalmente..se souber nossa reposta, nos dê e nos livre destes anões barulhentos!

— anões?! – ela se espantou e riu, pois a única criatura nada alta ali era ela mesma. Ironicamente buscou coma vista qualquer coisa que pudesse parecer um anão – devem ser realmente muito pequenos, pois não consigo ver nenhum deles aqui!

— o que você não pode ver... eu posso escutar. E os ruídos são terríveis aos meus ouvidos.

— sei...acostume-se então.  Se você...elfo é bem vindo em Helsinquia, porque eles não seriam?  - Lilibeth nunca suportou determinados diálogos na vida, e como não acreditava naquilo tudo, decidiu que deveria apenas ir embora e responder com clareza – e sobre mestres... eu não tenho mestres caro senhor élfico. Eu sou o meu senhor. Eu sou eu. Não respondo a ninguém. Só a mim mesma... e se deseja tanto voltar para casa... espere a tal luz voltar e veja o que acontece!

— Cedric...essa é a jovem delicada e doce de que falou? A jovem admirável que podia ajudar? – riu 0 homem servindo-se de mais vinho – talvez, com os orcs que matamos, ela fosse jeitosa. Não com a nobreza..

— Thranduil! – disse Cedric irritado – respeite a nossa princesa! Se Helsinquia ainda existe, é por conta dos feitos do pai dela! Não meus ou de minha família. Mas do sangue dela. E você Lilibeth...

Lilibeth já estava na escadaria, virou-se para os que a mesa estavam e disse:

— pois não?

— o que houve com seu espirito ? porque tão seca assim? Custa ouvir e tentar entender...tentar ponderar com delicadeza que antes era como seus olhos?

 - Cedric...estou exausta... eu não sou uma... – apontou os elfos e sorriu – eu não sou uma elfa... eu preciso descansar. Quem sabe amanha eu possa rever tudo... mas preciso me retirar. Obrigada por me entender...

Ergueu as sobrancelhas em negação pela cara que Thranduil fez ao ouvir “princesa” riu e negou com a cabeça algo a si mesma e tornou a subir os degrais, dizendo:

— boa noite senhores elfos e homens. Amanha se me permitem continuarei. Por hoje me basta tudo... e quanto a você senhor da floresta... – olhou por cima do ombro e disse – Eu sei quem e como sou. Se decidir ajudar.. será por meu gosto, não por seu capricho. Tenham ótima estadia... mas tenha também tato para falar. Eu não vivo sob suas leis e nem com medo de suas penalidades. E aqui... aqui não é Mirkwood...

— Eu sei muito bem disso senhorita. E fico contente que o saiba também! – disse com ironia ameaçadora. Sorveu da bebida e riu, achando certa graça ver a moça desaparecer nas escadas.

— tem temperamento difícil sua princesa...Cedric ...

— ah meu amigo.. você não imagina o quanto! – riu Cedric alto e voltaram a ter outras conversas.

Thranduil manteve-se calado, olhando a escadaria, porém atento aos diálogos. Mas logo voltou a falar com Haldir em sua língua, enquanto Legolas e os demais conversavam com Cedric.


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