Descobrindo Sombras escrita por Lucy Devens


Capítulo 4
Dopamina




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Fiz de tudo para me sentir confortável nas roupas que Vanilla me fez vestir: Uma blusa regata preta, uma saia tubinho vermelha e sapatilhas pretas. As sapatilhas ela me deixou escolher, eu não iria conseguir passar a noite toda de salto alto como elas estavam fazendo.

Nilla escolheu um vestido branco que combinava com sua personalidade dócil e Ronnie optou por jeans flare e um corset. Diria que estávamos bem vestidas para uma festa em uma fraternidade.

Entramos na Irman Kappa com o pé direito, a música estava alto e parecia reverberar no meu corpo. As pessoas jogavam jogos com bebidas, dançavam encima de mesas e algumas estavam só de roupas íntimas e estavam molhadas, deduzi que vinham da piscina que tinha atras da casa.

— UHUUUL - Gritou Vanilla - Assim que vamos começar nosso ano, ele vai ser sensacional!!

Percebi que ela estava feliz, seus pensamentos eram bom e sua energia era contagiante. Fiquei feliz por ela. Até eu me virar e ver um conhecido. Era o homem do metrô; O que ele estava fazendo ali?

— Mey? - Ronnie me puxou de volta para a realidade - Você está bem?

— Eu... - tentei pronunciar algo, mas não conseguia dizer nada - Eu...

Ronnie viu que eu olhava em direção ao rapaz e sorriu para mim.

— Já entendi - Disse ela e me deu uma piscadela - Boa sorte.

— Ronnie, espera...

Mas já era tarde demais. Ela e Nilla já se misturavam pela multidão da casa e as perdi de vista. Olhei para o homem misterioso mais uma vez e dessa vez seus olhos estavam em mim.Quando seus olhos encontraram o meus eu senti um algo no meu corpo, como se eu tivesse levado um choque, meus dedos formigavam. Ele estava se aproximando, eu podia ver.
Respirei fundo e fui em outra direção.

— Mey!!! - Uma voz mais ou menos conhecida me encontrou.

Era Roland, um garoto que estava na minha aula de Psicanálise. o único amigo que consegui fazer nessa aula, ele usava dreadlocks longos em seus cabelos negros e cumpridos, fiquei aliviada em ver um rosto conhecido naquele meio. Percebi que ele estava jogando pingue-pongue de cerveja e resolvi me misturar.

— Vou ser sua próxima parceira na próxima rodada - Anunciei.

— Então vem aqui agora, porque a rodada está começando.

Tentei disfarçar e dar uma olhada e ver se o homem de olhos vermelhos estava por perto. Não estava. Pensei que fosse me sentir aliviada, mas percebi que esperava que ele ainda estivesse la me olhando.

Durante o jogo Roland acertava muitas e eu errava a grande maioria. O casal que jogava contra nós dois eram muito bons. Percebi que comecei a ficar meio tonta depois do sexto copo de cerveja.

— Vamos ter que treinar melhor esse jogo, hein Mey. - Roland sorriu

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Perdi a conta de quantos shots eu havia dado, quantos rounds de pingue pongue havia jogado. Quando dei por mim, estava sentada no sofá e minha cabeça rodava. Não sabia se as pessoas estavam conversando comigo ou se estavam pensando.

— Hey, eu estou falando com você - Disse um garoto do primeiro ano que estava sentado ao meu lado

— É, isso ai - Apontei meu dedo para ele, tentando manter um foco. - Ah, foda-se - Tentei me levantar do sofá.

Quando levantei percebi que estava ainda mais bêbada do que eu pensava estar.

Fui a procura das minhas amigas. Nada delas na piscina, nada delas na cozinha, nada delas nos banheiros. Resolvi sair para tomar um ar na frente da casa, o som ia diminuindo, os pensamentos também, andei até que as coisas ficassem em um nível aceitável. Era bom ficar longe das pessoas m alguns momentos, principalmente quando ficava confusa. Respirei fundo e fechei os olhos aproveitando um momento de paz.

— Está me evitando? - Disse uma vez grossa me fazendo pular de susto.

— Mas que...

— Desculpe - Sorriu.

Então percebi quem era. Era o moço de olhos vermelhos, o moço do metrô. Felizmente havia álcool suficiente no meu sangue para não estranhar qualquer sensação bizarra que ele fazia eu sentir.

— Não estou te evitando - Menti e depois ri da minha própria mentira. É claro que eu estava.

Ele deu um sorriso para mim e eu senti algo derretendo em mim. Poderia ficar olhando seu sorriso por horas, por dias...

Não, eu não podia. Balancei a cabeça para evitar esse pensamento.

— Eu sou John - Anunciou ele.

— Tipo John Travolta?

— É - ele deu risada - Pode ser tipo isso.

— Eu sou Mey Anabelle - Estendi a mão para cumprimentá-lo, mas tropecei nos meus próprios pés.

Eu iria dar de cara com o chão se ele não tivesse me segurado. De novo. Seu rosto estava a centímetros do meu, senti sua respiração perto de mim.

— Você está bem, Mey?

— Sabe John, você tem que parar de ficar me resgatando desse jeito.

Ele me puxou para o colo dele e fiquei ainda mais tonta.

— Eu preciso ir pra casa - Eu disse com a voz sonolenta. O álcool estava me consumindo, sentia que poderia apagar a qualquer momento.

— Quer que eu te leve? - John sussurrou.

Apenas fiz que sim com a cabeça e me permiti desmaiar em seus braços, como sentia que iria fazer desde a primeira vez que eu o vi.

Não sabia se era efeito da droga ou se era dopamina falando, mas eu soube que não poderia mais evitá-lo.


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Notas finais do capítulo

Algum comentário? Ideias? Dicas? :3



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