Descobrindo Sombras escrita por Lucy Devens


Capítulo 5
Estranhamento




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Demorei alguns dias para me recuperar de vez da ressaca depois daquela festa na fraternidade. A minha sorte foi que eu consegui me recuperar bem a tempo das aulas começarem de fato. Ainda mais quando eu decidi que minha grade curricular teria matérias ainda mais difíceis do que eu achei que poderia ter.

Anatomia e Fisiologia II era a primeiríssima aula. Assim que eu acordei na segunda de manhã, fui correndo para o chuveiro -antes que qualquer outra pessoa pudesse me encontrar-, tomei um bom banho e me arrumei para a aula. Fiquei feliz de ver que o verão já havia acabado e agora eu poderia usar apenas calça jeans e moletom, sem nenhum julgamento. Fiquei ainda mais feliz quando vi Roland me esperando na porta da minha sala com um grande café em mãos.

— Café preto, longo e sem açúcar - Ele disse e me entregou o café.

A sensação do calor nos meuis dedos gelados foi incrível.

— Obrigada, Roland. Você sempre me salva

— Talvez se você colocasse um pouco de açúcar no seu café, seu humor matinal seria um pouco melhor.

Eu apenas revirei os olhos

— Ou não... - Ele abriu a porta da sala.

Fomos para os assentos bem no meio do auditório. Eu gostava das primeiras aulas, pois eram sempre as aulas em que as pessoas chegavam atrasadas ou dormiam e não tinham tempo para ficar pensando em seus problemas. Eram as aulas em que eu podia me concentrar melhor. Aos poucos a sala foi enchendo. Até que eu vi um homem de cabelos pretos sentar no canto na frente.

Quase engasguei com o meu café.

— Oh, Oh - Disse Roland - Esse não é aquele cara que te levou para o seu dormitório na sexta?

— Como você saberia disso, Roland? Você devia estar mais bêbado do que eu - Tentei disfarçar.

Ele apensar riu um pouco e continuou olhando para ele. Tentei ver o que ele estava pensando. Se eu poderia pressentir um pouco de ciúmes ou algo do tipo, mas não. Os pensamentos de Roland eram sempre tão confusos que na maioria das vezes eu não me dava o trabalho de entender o que se passava naquela cabeça.

— John Ionahee- Meu amigo se pronunciou finalmente - Pós graduação.

— Pós? Então o que será que ele faz numa aula de graduação? - Eu indaguei mais para mim mesma do que para o meu amigo

— Acho que é uma ótima desculpa para você puxar um assunto com ele.

Eu tentei não corar e tomei o ultimo longo gole do meu café.

John olhou de soslaio para nós. Mas ele não sorriu, não acenou, não fez nada. Só voltou a se concentrar nas suas coisas.

Por maios que eu não gostasse de admitir, aquilo me fisgou. Uma parte de mim queria que ele pudesse sorrir para que eu pudesse falar com ele, enquanto outra parte gritava que eu devia correr o mais longe possível. Por sorte o professor entrou na aula e eu não me dei o luxo de ficar pensando sobre aquilo.

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Finalmente as aulas do dia estavam quase chegando ao fim. A minha última aula era Antropologia e Cultura do Egito Antigo. Uma aula que eu sentia que poderia me acrescentar muito e também a aula mais esperada. Lembro de tentar de tudo para conseguir que essa fosse uma das aulas que eu pudesse assistir de manhã, mas acabei com ela no último horário.

Cheguei o mais rápido que pude na sala e escolhi um assento isolado, para que os pensamentos dos outros não fossem me atrapalhar tanto.

— Ansiosa para a aula? - Disse uma voz masculina.

Era um homem loiro de olhos verdes. Qualquer garota poderia se derreter no mesmo instante por aquele homem, mas eu não. Na verdade, eu me senti muito estranha quando olhei para ele, como se algo dentro de mim gritasse para ficar longe, que ele representava perigo.

Não confie nele, eu disse ´para mim mesma, sem saber a razão.

—Lucio Hank - Disse ele e estendeu a mão - É bom ver que terei alunos aplicados nessa aula.

Eu apertei a mão dele e me esforcei muito para não tremer no processo. Assim que nossas mãos nos tocaram eu vi uma imagem. Era eu, mas parecia outra pessoa. Eu com os cabelos longos e com as pontas loiras, sorrindo na frente de uma praia. Recolhi a mão rapidamente. Por que ele já me imaginaria assim? Ainda mais sendo um professor.

— Mey Anabelle Stone - Foi tudo o que eu pude dizer.

Logo a sala foi enchendo e ele voltou para a sua posição de professor. Ele começou a aula de uma maneira bem introdutória, explicando um pouco sobre quem ele era e como as aulas dele iriam funcionar. Era um professor novo no campus. Não pude evitar em pensar em John, que também era novo no campus. Mas que tipo de ano seria esse?


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