As Coisas Improváveis Sobre Nós. escrita por Lua B


Capítulo 11
Ação de Graças.


Notas iniciais do capítulo

Olha só quem voltou dez anos depois com um capitulo novo para vocês?

Desculpa pelo sumiço gente, aconteceu um monte de coisa e mesmo eu tendo terminado de escrever não estava conseguindo postar!

Vou tentar ser mais presente agora, prometo! :p



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— Prontos?- Sam perguntou.

—Espera aí. - Steve falou e foi até a janela e abriu as cortinas - Pronto.

—Bucky?

—Pronto. - Bucky respondeu depois de procurar a música que queria no celular.

Os três subiram em cima da cama de Lana, que estava ferrada no sono, com Xenophilius dormindo quase em cima de sua cabeça, e Bucky apertou o play.

—We’re no strangers to love. You know the rules and so do I. A full commitment's what I'm thinking of you wouldn't get this from any other guy.I just want to tell you how I'm feeling. Gotta make you understand…

Lana se remexeu na cama, mas, não acordou.

Sam, Steve e Bucky começaram a cantar a plenos pulmões.

—Never gonna give you up, never gonna let you down! Never gonna run around and desert you. Never gonna make you cry, never gonna tell a lie, never gonna say goodbye. Never gonna tell a lie and hurt you!!!

—Qual é a porra do problema de vocês?!!!! - Lana gritou abrindo os olhos.

—Acorda! Reunião de emergência! - Sam exclamou pulando da cama dela.

Lana se sentou na cama, mais alerta.

—O que aconteceu? Vocês finalmente mataram alguém e eu vou ter que ajudar a esconder o corpo? - ela perguntou.

—Você parece animada demais com isso. - Bucky comentou em tom preocupado, ainda de pé em cima da cama dela, com a musica no ultimo volume.

—Eu? Claro que não! Imagina…

—A gente tem que resolver o que vai fazer de Ação de Graças - Steve falou em um tom neutro e o coração de Lana acelerou.

—E precisa ser a essa hora da madrugada?!

—É meio-dia! - Steve retrucou - E a gente já estava começando a achar que você estava em coma!

Lana riu, mais por alívio por Steve estar lhe tratando normalmente do que por qualquer outro motivo.

—Urgh, tá bom vai! Deixa eu trocar de roupa e escovar os dentes e já vou!

—Tá bom, mas, não volta a dormir! - Bucky exclamou pulando de sua cama.

—Eu não ia voltar a dormir!

—Uhum, sei! - ele retrucou e pegou Xenophilius no colo - Vou levar o gato só para que você não se agarre com ele e volte a dormir.

—Golpe baixo, Bucky!

—É a vida, querida. - ele piscou e deixou o quarto rindo. Sam o acompanhou, mas, Steve ficou. Lana abraçou os próprios joelhos e olhou para ele.

—Não fica assim. - ele disse - Vamos esquecer o que aconteceu e voltar ao que éramos antes, ok?

Eu não quero esquecer, ela pensou.

—Ok. - ela falou e sorriu - Agora deixa eu me vestir, Steve, antes que o Bucky me impeça de ver meu gato para o resto da vida! 

Steve riu e a deixou sozinha, encostando a porta ao sair. Lana suspirou e saiu da cama, se arrastando até o banheiro e vendo a bagunça que estava. Sua cabeça doía um pouco por causa de toda a cerveja da noite passada, seu rosto estava todo manchado da maquiagem que não havia tirado e seu cabelo parecia mais um ninho de rato, com os cachos amassados e apontado para todos os lados.

Lana apareceu na sala alguns minutos depois e encontrou os três sentados no sofá, esperando por ela. Xenophilius havia conseguido se libertar de Bucky e ocupava seu lugar de sempre em cima da geladeira.

—Pronto, podem falar. - ela disse se sentando ao lado de Bucky no sofá.

—Então, a gente precisa decidir o que vai fazer para o dia de Ação de Graças. - Steve falou.

—O que vocês sempre fazem nesse dia? - Lana perguntou.

—A gente sempre passa aqui e nossos pais vem almoçar com a gente. - Sam contou - Você vai passar com a gente também, né?

Lana concordou com a cabeça.

—Claro que vou! É meu primeiro Dia de Ação de Graças morando aqui, depois do Halloween que vocês organizaram vou passar todos os feriados que puder aqui!

—Então vamos dividir nossas tarefas. Bucky, como sempre, você fica responsável pelas bebidas. - Steve orientou e Bucky comemorou - Sam, você fica responsável pela decoração e organização.

—O que você tem que organizar? - Lana perguntou a Sam.

—Nossas mães sempre dormem aqui - Sam contou e Bucky soltou um “porque elas sempre bebem demais!” - Aí, nós dormimos na sala e elas dormem nos nossos quartos.

—Vocês são muito filhinhos da mamãe! - Lana riu.

—Por que? Você não é? - Bucky retrucou.

—Minha mãe e eu não nos damos muito bem e ela não passaria o feriado comigo se eu chamasse… - Lana contou, ao invés de olhares de pena, os três lhe olharam de maneira compreensiva - Acho que vou falar com minha ex-madrasta. Acho que ela vai gostar de vir… 

—Certo. - Steve falou em tom ameno - Agora, nós temos que ir no mercado hoje para poder comprar tudo, as coisas sempre são mais vazias no começo do mês…

—Espera aí, você não falou o que eu vou ter que fazer! - Lana notou.

Steve pareceu desconcertado.

—Ah, é que bom… Você não sabe cozinhar, sabe? Não sobra nada para você fazer, a não ser que você ajude o Bucky com as bebidas…

—Eu não sei fazer comidas salgadas, - Lana o corrigiu - mas, sei fazer coisas doces! Eu posso cuidar das sobremesas!

—Eu quem faço as sobremesas! - Steve exclamou.

—E o peru, o pure de batata, a lasanha e todo o resto? - Lana perguntou ofendida.

—Sim! Eu cuido da cozinha!

—Ah, qual é Steve, deixa de ser controlador! Eu faço as sobremesas!

—Não precisa, Lana…

—Para de frescura, Capitão, eu faço as sobremesas e fim de conversa! - ela sabia muito bem o efeito que chamar Steve de capitão tinha e como esperado, ele corou e cruzou as pernas.

—Tá bom, vai… Meu Deus, como você é teimosa!

Lana lhe deu um sorriso convencido.

—Eu sei.

********************

Se para os garotos o Halloween era um feriado para se divertir, o Dia de Ação de Graças era organizado com a rigidez de um quartel. Malditos militares, Lana pensou enquanto caminhava junto de Bucky no mercado relativamente vazio, já que era domingo a tarde.

Steve - que parecia que nunca ia largar as atitudes de Capitão - havia os divididos em duplas para que agilizassem as compras. Ele e Sam ficaram responsáveis pelo peru e os ingredientes dos pratos salgados, além das coisas para casa enquanto Bucky e Lana ficaram responsáveis por comprar os ingredientes para as sobremesas e as bebidas. E se não era apenas o lado mais controlador e rígido de Steve que Lana estava descobrindo, ela também estava conhecendo um lado que não sabia que Bucky tinha.

O lado pão duro.

Os dois só faltavam brigar em cada prateleira em que paravam. Se Lana queria pegar algum ingrediente de uma marca tradicional ou que custava um pouco mais caro, Bucky sempre conseguia encontrar a versão genérica e barata. Eram marcas que ela nunca tinha visto na vida e toda vez que Bucky pegava alguma dessas marcas, ela disfarçadamente trocava por uma marca que gostava.

—Você acha que eu nao to vendo você trocar as coisas no carrinho, né? - Bucky perguntou quando Lana trocou a lata de creme de avelã que ele havia pegado por Nutella. 

—Então para de pegar essas marcas que eu nunca vi! Desde quando você é tão mão de vaca?

—Desde quando você pode pagar menos pelas coisas, ué!

—Ah, faça me o favor, né Bucky? A gente pode muito bem pagar pelos produtos bons, pode abrir a mão!

—Vocês já pegaram tudo?- Steve perguntou aparecendo no corredor junto de Sam.

—Eu teria pegado se o Bucky não ficasse pegando essa marcas ruins.

—Bucky, a gente já falou sobre isso, para de ser mão de vaca! - Sam falou em tom cansado.

—Mas, essas coisas são tão baratas! - Bucky retrucou.

—To tendo um flashback de quando você resolveu fazer compras no brechó e trouxe um monte de tranqueiras para dentro de casa.

—Mas, eram tão baratas aquelas coisas! Se você tivesse me deixado arrumar a casa ia ter ficado legal!

—Em defesa do Bucky, coisas de brechó são legais, tá Sam? - Lana interviu.

—Obrigado, Lana.

—Não se empolga não, você ainda é mão de vaca e a gente não vai levar essas coisas! A gente vai levar o que eu peguei!

Steve bufou.

—Da para as crianças pararem de brigar? Eu devia ter deixado vocês dois em casa, vocês são pior que meus alunos… - ele resmungou - A gente vai levar os dois, para o caso de as sobremesas não derem certo…

—Como é que é?! - Lana exclamou ofendida.

—Só to dizendo para a gente levar para o caso de acontecer algum imprevisto…

—Você acha que eu não vou conseguir fazer as sobremesas, não é?

—Eu só quero que as coisas fiquem perfeitas, tá bom? - Steve retrucou sem se abalar.

—Te garanto que você nunca comeu nada tão bom quanto minha sobremesa! - Lana exclamou fazendo Bucky e Sam caírem. O rosto dela ardeu entendo porque os dois estavam rindo e ela desviou o olhar.

Steve limpou a garganta.

—Tá bom quinta série, para de gracinha! - ele exclamou -Agora vamos que a gente tem que terminar de fazer as compras! 

Lana nunca se importou de verdade com o Dia de Ação de Graças, mesmo comemorando todos os anos, já que quando morava com sua mãe, ela nunca comemorava. E quando se mudou para a quase do pai, com 15 anos, Libby e o pai preparavam apenas o peru e compravam todo o resto pronto, já que nenhum dos dois nunca tinha paciência para o feriado. Mas, agora morando com os garotos, ela via o quanto eles gostavam da ideia de se reunir junto da família em volta de uma mesa farta, com música, sorrisos e todas aquelas coisas típicas de comercial de margarina.

Quem parecia levar o feriado mais a série era Steve e isso já estava começando a dar nos nervos de Lana

Primeiro porque ele supervisionava tudo, e ficou doidinho com Bucky quando ele disse que só compraria as bebidas na semana do feriado. Se eu sair para comprar bebidas hoje vou tomar tudo de uma vez e você vai ter que me aturar bêbado por uma semana, Steven!, Bucky gritou certa noite.

Além de ficar no pé de Bucky, Steve não saia do pé dela. Toda vez que eles estavam falando sobre o jantar Steve sempre perguntava o que Lana ia preparar e se ela ia preparar na mesma hora em que ele estivesse preparando o jantar para que ele pudesse ajudá-la e se ela tinha conferido se todos os ingredientes que ia precisar estavam certos e se ela sabia o que estava fazendo. Lana sabia que ele estava fazendo aquilo não por causa do que havia acontecido entre eles, mas, porque ele estava genuinamente ansioso para o feriado.

O único que parecia estar livre de Steve sendo um pé no saco era Sam, Lana não entendia como, mas, todas as vezes que Steve começava a perguntar algo para Sam, ele simplesmente olhava para Steve e o loiro mudava o alvo da conversa, preferindo encher o saco de Lana e Bucky.

Então para tentar se livrar de Steve, na noite antes do Dia de Ação de Graças, ela esperou todos irem dormir para poder preparar as sobremesas em paz.

Lana havia feito uma lista de sobremesas que iria preparar. Ela iria fazer um bolo de chocolate com doce de leite, pavê de prestígio e chocolate, torta de morango em caldas e cheesecake de abóbora e caramelo.

Ela preparou primeiro o bolo, fazendo a massa e enquanto deixava o bolo no forno, preparou o recheio e a cobertura para colocar por cima quando estivesse pronto. Depois, ela fez a massa da torta e do cheesecake que seriam dos mesmos ingredientes, então ela só precisaria colocar em formas diferentes.

—O que você está fazendo? - Steve perguntou, estava encostado na parede da sala, usando apenas uma regata branca e calça de moletom que prendia folgadamente em sua cintura. Lana não sabia a quanto tempo ele estava a observando e quase pulou de susto ao ouvir a voz dele.

—Sobremesas. - ela respondeu voltando a cortar morangos.

—São cinco da manhã. - Steve retrucou se sentando na bancada de frente para ela.

—Eu sei, mas, quero acabar logo para ajudar o Sam com a decoração amanhã.

Ela sentiu a mão de Steve sob a sua e parou e olhou para ele.

—É só por isso? - ele perguntou olhando para ela com aqueles olhos azuis.

Lana suspirou.

—É porque você tá sendo um pé no saco sobre esse feriado e quero fazer as coisas sem ter você fumegando no meu pescoço. E também porque ia ficar uma bagunça a gente cozinhando tudo ao mesmo tempo.

—Desculpe. - Steve pediu com um sorriso triste.

—Tudo bem, minha vontade de te assassinar já passou. Mas, por que você está tão ansioso para esse jantar, hein? Qual a graça?

—Não tem graça, eu nunca gostei dele na verdade, sempre gostei do Natal.

—Então por que a paranóia? Você fica assim todo ano? - Lana tirou o bolo do forno e colocou em um cima da mesa e voltou a cortar os morangos.

—Minha mãe vem para o jantar, por isso a paranóia.

Lana franziu a testa, sem tirar os olhos do que estava fazendo.

—Vamos dizer que se você acha que eu sou mandão, ela é dez vezes pior!

—E é possível? - Steve olhou para ela ofendido - Brincadeira, Steve!

—É bem possível! Esse é o único feriado que passo com ela e toda vez ela critica tudo que eu faço, então… Bom, por isso que eu exagero um pouco.

—Como assim ela te critica? Ela é cega por acaso?

Steve riu.

—Tô falando sério, Steve! Quero dizer, olhe só para você! - Lana exclamou, havia terminado de cortar os morangos e começou a cortar a abóbora que usaria para a torta. Steve olhou para ela com expectativa - Você é uma das pessoas mais legais que eu conheço, sério, acho que o caminhão do estereótipo de cara legal passou por você umas dez vezes! Tô falando sério, Steve, você parece saído de um livro da Rainbow Rowell!

—Lana, eu não sou perfeito… - Steve a interrompeu.

—Eu sei que não é, ninguém é, mas, existem boas pessoas e pessoas ruins. E você com certeza é uma boa pessoa multiplicada por pelo menos dez. 

—Obrigado, Lana.

—Só falei a verdade, Steve. - Lana sorriu tentando cortar a abóbora, sem sucesso.

—Daqui aqui, deixa que eu corto - Steve falou e o entregou a abóbora e a faca, ele começou a cortar fruta - E seus pais? Você nunca fala deles.

Lana suspirou começando a preparar a calda da torta de morango.

—É que é uma história meio longa, Steve. - ela desconversou.

—Sou todo ouvidos.

Lana não respondeu imediatamente, tentando pensar em uma maneira simples de explicar sobre sua família. Desde que se entendia por gente, nunca havia tido uma família normal e depois de ter de explicar isso para cada uma das pessoas que se aproximava mais dela, ela havia cansado e simplesmente parado de tocar no assunto.

—Basicamente, minha mãe sempre foi muito religiosa. Até ai nada contra, ela era católica quando meus pais se casaram e eu cresci na igreja católica, tipo, até coroinha do padre eu fui!

—Você tomava o vinho da missa atrás do altar? - Steve zoou.

—Uma vez só! - Lana riu - E eu era criança, só fiz porque os outros coroinhas falaram para eu fazer!

—Eu não acredito!

—É verdade! Aí o padre pegou a gente e fez a gente confessar e rezar dez Ave Marias depois.

—Olha você sendo pecadora desde pequena! - Steve riu, ele cortou toda a abóbora em pedaços pequenos e se levantou - Mas, então o que aconteceu depois que você pecou?

Lana revirou os olhos e tentou pegar o prato da mão dele.

—Eu que vou fazer, Steve pode deixar! - ela olhou feio para ele e Steve desistiu voltando a se sentar enquanto ela voltava a preparar a calda da torta. Ele olhou para ela curioso e ela voltou a contar sobre sua família - Bom, ai meus pais se divorciaram quando eu tinha uns dez anos e minha mãe entrou em uma crise existencial. Foi meio que um “Comer, Rezar e Amar” que deu errado. Ela começou a conhecer diversas religiões e me fazia frequentar vários cultos, espírita, evangélico, religião africana e um monte de coisas, até que ela conheceu um cara que é testemunha de Jeová e resolveu levar ele para morar conosco, só que o cara é super tosco, mas, não esse tipo de tosco, calma! - ela acrescentou porque Steve tinha feito cara de preocupação - Ele só é tosco e super machista, ficava dizendo que minha mãe e eu tínhamos que cuidar da casa e todas essas coisas e minha mãe resolveu se casar com ele. E antes disso, eu não tinha problema nenhum com ela indo em um monte de cultos e conhecendo outras religiões, até que eu aprendi bastante com isso, mas, o problema é que para você se casar com uma testemunha de Jeová a pessoa ou se converte ou a pessoa que faz parte do culto acaba sendo rejeitada pelo resto da comunidade deles.

“Resumindo, minha mãe aceitou se converter a religião dele e eles se casaram, só que eu ia ter que me converter também e é complicado, porque além de toda aquela coisa de não comemorar aniversários e feriados eu não ia poder ir para a faculdade e ia ter que seguir as regras deles. Meu pai ficou revoltado com isso e me levou para morar com ele e com a Libby, que era mulher dele na época, minha mãe aceitou passar minha guarda total para ele e parou de falar comigo quando eu virei legista, porque para ela e o marido é um absurdo uma mulher ser médica, ainda mais médica de gente morta”.

Steve olhava para ela surpreso e Lana sorriu, era sempre essa a reação que ela contava aquela história e era uma das razões pelas quais ela a guardava para si mesma, mas, contar aquilo a Steve não a incomodou tanto quanto incomodou contar a Julian quando os dois começaram a namorar.

—Uau, eu não sei nem o que dizer depois disso! Não posso nem imaginar como deve ter sido viver assim… - ele falou por fim observando-a trabalhar na torta de morango.

Ela deu de ombros.

—Eu era criança, não tinha muita noção do que estava acontecendo, só comecei a estranhar quando o marido dela começou a me proibir de ler livros de ficção. Li Harry Potter escondida porque a edição que eu tinha ele literalmente queimou. - Lana disse ainda surpresa por estar contando aquilo com tanta facilidade para ele.

—Como assim? - Steve perguntou impressionado.

—Pois é! - Lana riu - Mas, a Libby é completamente diferente, você vai ver. Ela é um amor de pessoa, o completo oposto da minha mãe.

—E o seu pai?

—O que tem ele?

—Ele não vem?

—Você só quer conhecer meu pai para chamar ele de capeta, né Steve? - Steve discordou com um aceno de cabeça - Ele não vem, liguei para ele quando a gente começou a se organizar e ele disse que ia para o Kansas com a nova namorada dele, então só a Libby que vem… E você, Steve?

—O que tem eu?

—E o seu pai? Ele não vem?

—Meu pai morreu quando eu era adolescente. - Steve contou em um tom mais triste - E minha mãe sempre trabalhou então eu praticamente fui criado pela mãe do Bucky.

—Eu sinto muito, Steve. - Lana falou.

—Tudo bem, já faz tempo… A gente sempre acaba se acostumando.

Lana assentiu, voltando a se concentrar nas sobremesas. Steve a observava montar a torta com atenção. Já passava das seis da manhã e o céu começava a clarear, Lana começou a bocejar, o cansaço de estar acordada a quase vinte quatro horas começando a ficar visível. Steve sugeriu que ela parasse e fosse dormir, mas, Lana se recusou. Ele se ofereceu para ajudar, mas, Lana mandou “ele sentar a bunda na cadeira e ficar de boa” então Steve resolveu preparar café para os dois.

Enquanto ela terminava o recheio do bolo, Steve resolveu começar a preparar os legumes, descascando e os colocando para cozinhar. Lana acabou cedendo e aceitando a ajuda de Steve. Logo, os dois entraram em um sistema que parecia ensaiado de tão sincronizado. Enquanto um estava concentrado em algum dos alimentos o outro separava ingredientes e conferia a receita.

A única sobremesa que faltava era o pavê e Steve conseguiu fazer Lana confiar nele para preparar o doce enquanto ela se sentava no sofá para terminar sua xícara de café.

—Já vou te ajudar, ok? - ela falou se encostando no sofá e abraçando uma almofada.

—Sem pressa. - Steve retrucou, já separando os ingredientes do pavê, de costas para a sala.

Cinco minutos depois, notando que Lana estava quieta demais, ele se virou que ela havia pegado no sono, a cabeça encostada no braço do sofá e a caneca de café ainda quente na mão,a instantes de cair no chão. Ele correu até ela e colocou a caneca na mesa de centro, depois foi até o próprio quarto, pegou um dos cobertores de cima da sua cama e a cobriu.

Rindo consigo mesmo porque Lana falava durante o sono, ele voltou para a cozinha para começar os preparativos do jantar daquela noite.

**********

Já passava do meio-dia quando Lana acordou, o barulho de movimento vindo de todos os lugares. Bucky entrou carregando uma caixa de bebidas que depositou em cima da bancada enquanto Sam passava por ela com algumas decorações de outono, como flores e folhas artificiais amarelas, umas duas velas aromáticas, taças e pratos.

—Por que vocês não acordaram, gente? - ela reclamou se sentando e esfregando os olhos.

—Porque você já fez toda a sua parte. - Sam respondeu.

—E aquele cheesecake de abóbora está uma delícia! - Bucky comentou.

Lana se sentiu mais acordada na mesma hora.

—Você mexeu no cheesecake, Bucky Barnes? É para o almoço!

—Calma, estressada, nem dá para reparar! - Bucky riu, voltando a colocar garrafas na geladeira.

—Eu vou te matar!

—Talvez amanhã, mas, hoje é dia de dar graças, não de assassinatos!

—Talvez a gente devesse dar graças no seu velório, isso sim! - Lana bufou apesar de não estar realmente irritada. Ela deixou Bucky rindo da cara dela e foi para o quarto se vestir. Sam, Bucky e Steve usavam suéteres e jeans, então ela acabou vestindo a mesma coisa. Os quatro ridiculamente combinando.

A primeira a chegar foi a mãe de Sam e ela era provavelmente uma das mulheres mais legais que Lana já tinha visto. Ela tinha a pele negra como Sam, os cabelos cacheados e volumosos na altura dos ombros, brincos largos e roupas pretas como se estivesse a caminho de um show de rock.

—Sam! - ela exclamou e o puxou para um abraço. Ela abraçou Steve e Bucky de maneira afetuosa também e se virou para Lana - Você deve ser a Lana, Sam me falou sobre você! - Ela foi até Lana e a abraçou rapidamente - Adorei seu cabelo, a propósito!

—Obrigado, senhora Wilson. - Lana sorriu.

—Pode me chamar de Angela, que besteira!

A segunda a chegar foi a mãe de Bucky e depois da mãe de Sam, Lana nem sabia o que esperar dela, mas, se surpreendeu também. Winifred Barnes era uma mulher de meia-idade que parecia o perfil perfeito de mãe, daquelas que de só de olhar você já sabia que ela tinha uma família grande, provavelmente uma casa no subúrbio, um cachorro, um gato e um passarinho. Ela era baixa, com cabelos e olhos castanhos e um sorriso acolhedor que fez Lana querer abraçar ela ainda mais. Apesar de ela ter sido gentil com Lana, ela notou que Winifred pareceu um tanto surpreendida se por seus cabelos ainda verde-água ou pelo desenho das fases da lua que ela tinha tatuado na parte de trás do braço e que era visível por causa da manga arregaçada de seu suéter, ela não tinha certeza.

Libby chegou logo em seguida, e Lana, que já estava começando a ficar desconfortável com a presença das mães dos meninos - ela não era muito boa com mães - ficou tão aliviada ao vê-la que a abraçou por mais tempo do que esperava. Tudo sobre Libby a lembrava de casa e aconchego e flores, porque havia um jardim enorme na casa do pai e Lana passava a maior parte dos seus dias nele quando criança. Libby era tão baixa quanto Winifred, com cabelos loiros já brancos em algumas partes, ela era toda colares enormes, saia comprida com estampa floral, botas e casaco xadrez.

—Eu estava com tanta saudades de você, Lana! - Libby exclamou, ela era escocesa e mesmo morando há anos fora de seu país não tinha perdido o sotaque - Amei seu cabelo! Sempre falei que verde combinava com você! Ah, eu trouxe alguns donuts e também  fiz mais daquelas velas perfumadas que você tanto gosta, tem de baunilha e canela, lavanda, pinho, blueberry…

—Obrigado, mãe! - Lana agradeceu pegando as caixas que a madrasta lhe entregava, ela chamava a outra de mãe desde que havia ido morar com ela. Libby trabalhava com artesanato desde que Lana a conhecia e seu novo vício eram as velas perfumadas que eram tão boas quanto as de lojas - Libby, esses são Steve, Sam e Bucky, meus amigos e esses são os pais deles…

—Meu Deus, você não me disse que seus amigos eram tão bonitos… - Libby sussurrou para Lana depois de cumprimentar a todos - Bem melhor do que morar com a Darcy…

—Mãe! - Lana exclamou em tom repreensivo, apesar de sorrir.

—To só falando a verdade! - Libby retrucou, Lana preferiu desconversar e indicou o sofá onde elas se sentaram próximas a mãe de Sam.

—Sua mãe não vem, querido? - Winifred perguntou a Steve.

—Ela vai se atrasar, mas, já está vindo, tia. - Steve respondeu enquanto a mãe de Sam escolhia um filme na TV.

A mãe de Bucky fez cara feia e resmungou algo sobre a mãe de Steve estar sempre atrasada.

—Vocês são parentes? - Libby perguntou a Winifred pegando uma taça de vinho que Sam estava servindo.

—Steve é como um filho para mim, eu vi esse menino crescer. - Winifred contou. Lana viu Bucky revirar os olhos - Ele e Bucky são amigos desde pequenos.

—Isso é tão bom de se ver! - Libby exclamou animada - Lana sempre foi meio anti-social, nunca teve muitos amigos…

—Com Sam foi diferente, o doido do pai dele pagava as crianças para bater nele para ele aprender a lutar, então as crianças do bairro acabaram sempre ficando por perto. - Angela  contou.

—Mãe! - Sam exclamou envergonhado.

—Com Steve era diferente, eu me lembro que o Bucky sempre tirava ele das brigas e os dois chegavam em casa imundos de ficarem rolando no chão com os outros moleques. - Winifred contou fazendo Bucky e Steve se encolheram um pouco de vergonha. - Os dois iam correndo para minha casa para que a mãe do Steve não soubesse que ele estava se metendo em confusão.

—A Lana sempre foi tranquila - Libby contou porque tinha que ser a vez de contar alguma coisa embaraçosa sobre ela - até que uma vez eu fui chamada na escola porque ela se vestiu como um professor que não gostava para o Halloween e quase foi suspensa.

—Foi mesmo? - foi Sam quem perguntou em tom de riso.

—Cala a boca, Sam, senão eu não preciso que me paguem para te bater! - Lana retrucou com o rosto vermelho.

As três mulheres começaram a entrar em um caminho de nostalgia e nenhum dos quatro sabia o que dizer enquanto elas contavam sobre as infâncias dos filhos. Lana pelo menos ficou sabendo que Bucky havia aprendido a falar palavrões quando era muito pequeno e matava os pais de vergonha todas as vezes que alguém lhe dava bom dia e ele respondia “vai se foder”. Steve, depois de brigar com Bucky em uma festa do pijama na casa de Winifred, tentou fugir pela janela e acabou ficando preso de cabeça para baixo no cercado, com o cachorro do vizinho mastigando seus cabelos enquanto ele chorava e gritava por socorro enquanto Bucky tirava fotos e ria. Sam quando pequeno, fez a avó chamar um padre para benzer a casa porque depois de assistir “O Exorcista” escondido, ele subia até o sótão e ficava lá por horas falando sozinho, até que a avó perguntou com quem ele conversava e ele disse que conversava com “Odete”, que era a antiga dona da casa e havia morrido após cair das escadas do sótão.

Em troca, os três escutaram sem conter o riso Libby contar sobre quando Lana se escondia embaixo da cama ao dormir, porque depois de ter assististido Planeta dos Macacos com o pai e ficar horrorizada com os animais dominando os humanos, seu pai ainda contou que tais macacos viviam dentro da caixa d’água da casa e que levariam Lana se ela não parasse de contar para as crianças da escola que o Papai Noel não existia e que era uma mentira inventada pela indústria capitalista, coisa que ela tinha escutado a própria Libby dizer ao pai certa vez.

Angela contava sobre quando Sam  teve uma fase em que só se comunicava cantando e quase levou todo mundo em casa a loucura quando a campainha tocou.

—Acho que é a minha mãe. - Steve falou se levantando para atender.

—E isso lá são horas? - Winifred resmungou.

—Mãe! - Bucky exclamou.

—O que? Já está quase na hora do almoço! - Winifred retrucou no momento em que Steve voltava a sala acompanhado da mãe.

Lana nunca havia realmente parado para pensar em como a mãe de Steve deveria ser, mas, olhando para a mulher parada olhando para todos, ela com certeza não poderia ter imaginado uma pessoa diferente daquela.

Sarah Rogers era alta, mesmo usando botas sem salto ela ficava da altura do filho. Tinha os cabelos loiros e os olhos azuis iguais aos de Steve também, mas, havia ali uma certa frieza ou reserva, que não havia nos do filho.

Ela cumprimentou Sam, Bucky e Angela com sorriso mais acalentadores do que o “oi” frio que deu a Winifred e seu olhar parou em Lana e Libby, as duas o completo oposto da mulher de terninho sob medida e garrafa de vinho que provavelmente custava o olho da cara.

—Mãe, essas são a Lana e a madrasta dela, Libby. - Steve introduziu, Lana estendeu a mão para cumprimentar Sarah e a outra respondeu um tanto hesitante. Libby se limitou a acenar e Lana sabia que a madrasta estava provavelmente julgando a outra internamente, Sarah e Libby eram o completo oposto uma da outra.

—Prazer, Lana. Você não me falou dela, Steve. Você é namorada de algum dos meninos? - Sarah perguntou a ela.

—Nao, eu moro aqui. - Lana respondeu - Faz uns três meses já.

Sarah olhou de maneira acusadora para o filho.

—Você não me falou sobre isso.

—Falei sim, mãe. Da última vez que nos falamos.

—Vocês têm conversado bastante? - Winifred se intrometeu e o clima ficou pesado na sala, Sarah praticamente perfurou a outra com o olhar.

—A gente conversa sim, tia. - Steve respondeu.

—Então como você não sabia que Lana estava morando aqui? Steve e Bucky me contaram antes mesmo de ela se mudar. - Winifred respondeu.

—Sério? - Lana perguntou curiosa.

Sam pigarreou interrompendo a conversa.

—Que tal irmos almoçar? - ele sugeriu - Só estávamos esperando a senhora, senhora Rogers.

—Já te falei para me chamar de Sarah, Sam! - Sarah respondeu mais amena - Seu filho é sempre tão educado, Angela!

Angela se limitou a sorrir e todos seguiram para a cozinha, onde os quatro colocaram a mesa enquanto suas mães se sentavam distantes uma da outra. Depois de colocarem tudo, Lana se sentou em uma das pontas da mesa, ficando próxima a Libby e Sarah, enquanto Winifred e Angela se sentava entre Bucky e Sam e Steve se sentava na outra ponta.

—Vamos dar graças. - Winifred falou - Por que não começa, Lana?

—Err… Eu não sou muito boa com essas coisas, deixa os meninos começarem… - Lana desconversou.

—Na verdade, cada um diz uma coisa pela qual é grata, querida. - Angela contou.

—Ah, okay… Ta bom, vamos lá… - Lana pigarreou olhando de Bucky para Steve e Sam. Os três haviam segurado as mãos das pessoas que estavam ao seu lado e todos fecharam os olhos esperando que ela começasse. - Hum… Obrigado pelos amigos que encontrei esse ano nos momentos mais improváveis da minha vida…

Ela abriu os olhos e viu que os três sorriam para ela.

—Agora vocês gente!

A próxima foi Libby, que agradeceu “as energias do universo por estarem sempre conspirando para que coisas boas acontecessem”. Winifred e Angela agradeceram pela família e pelos filhos que estavam “trilhando bons caminhos”, Sarah agradeceu pelas “oportunidades da vida” e Sam, Bucky e Steve agradeceram pelos amigos e pelas coisas improváveis que aconteceram naquele ano, repetindo o pequeno discurso de Lana.

—As coisas improváveis sobre nós. - Steve falou com um sorriso meio “Gatsby” erguendo sua taça de vinho.

Lana sorriu e ergueu a própria taça brindando junto dos outros.

—Agora a gente pode comer, né? - Bucky perguntou - To desmaiando já!

Eles riram e sem cerimônia, Bucky cortou o peru e o serviu para todos. Os oito comeram em silêncio por alguns minutos saboreando a comida que Steve havia preparado e que estava maravilhosa.

—Você colocou manjericão nesse tempero? - Sarah perguntou ao filho - Está salgado demais!

Lana viu Steve corar um pouco, mas, enfiou um garfo cheio de comida na boca para não ter que responder e sentiu o sangue ferver. Pelo visto, ela não tinha sido a unica porque Winifred lançou um olhar feio a Sarah e sorriu para Steve.

—Está tudo maravilhoso, querido!

—Obrigado, tia. - Steve agradeceu de boca cheia.

—Espere até a sobremesa então, mãe! - Bucky exclamou de boca cheia também - Tem um cheesecake de abóbora que está maravilhoso!

—Você não comeu mais do cheesecake, comeu? - Lana perguntou a ele com um olhar assassino.

—Claro que não! Sai daqui, Xenophilius! - Bucky desconversou cutucando algo embaixo da mesa.

—Ah, muito obrigado, esperto, agora ele está em cima de mim! - Sam resmungou apontando para o gato que havia subido em seu colo e estendia a patinha para o prato de Sam.

—Desde quando vocês tem um gato? - Angela perguntou surpresa, fazendo carinho na cabeça dele.

—Desde que a Lana se mudou. - Sam respondeu a mãe.

—Ainda bem que você trouxe ele com você. Só a Deusa para saber o que Darcy iria fazer com ele, aquela desnaturada… - Libby comentou e Lana concordou com a cabeça.

—Não sabia que você tinha começado a gostar de gatos, filho. - Angela ia comentando com o filho - Lembra que quando você era pequeno você ficava tacando pedra nos gatos da vizinhança?

—Como é? - Lana quase engasgou com a comida.

—Sam odiava gatos!

—Eu ainda não gosto de gatos, com exceção desse aqui… - Sam respondeu fazendo carinho da cabeça de Xenophilius.

—E então, Lana, com o que você trabalha? - Sarah perguntou a ela.

—Eu trabalho com o Sam.- Lana respondeu.

—Então você é policial?

—Lana é médica. - Libby respondeu toda orgulhosa antes que Lana pudesse responder.

—É mesmo? Então como você trabalha com Sam?

—Medicina Forense. - Lana respondeu - Sou assistente do médico legista.

Houve um silêncio na mesa enquanto as outras mães processavam a informação.

—Isso é muito interessante… - Winifred comentou para surpresa de Lana - Você deve ter estudado muito…

—Sim, foram seis anos de faculdade e pós graduação, terminei de estudar no ano passado. - Lana comentou.

—Uau, - Sarah falou - isso é muito bom, não esperava que você fosse formada em medicina. Achei que fosse artista ou algo do tipo… Mas, isso quer dizer que você ganha mais do que eles nao é? Isso é muito bom, apesar de ser raro mesmo nos dias e hoje…

—Mãe, por favor! - Steve pediu envergonhado. Lana nao respondeu porque nao sabia o que dizer. Era verdade que ela provavelmente ganhasse mais do que os três por ano, mas, eles pareciam ter um acordo silencioso e ela não perguntava quanto eles ganhavam e eles não perguntavam o quanto ela ganhava.

—E você, Bucky? Ainda trabalhando na mecanica? - Sarah perguntou a ele em um tom critico e Steve e Winifred fizeram cara feia. Bucky deu de ombros, sem parecer se importar.

—Sim. Na verdade, eu sou o dono da mecanica, Sarah. Mas, acho que você ja sabia disso. - ele falou dando o assunto por encerrado.

—Mãe, por favor! - Steve pediu mais uma vez - Vamos falar sobre outra coisa, por favor?

Angela aproveitou a deixa para falar sobre a Black Friday e o que lojas pretendia visitar naquele ano, para surpresa de Lana, Libby - que nunca tinha participado da Black Friday - entrou animada na conversa e as duas passaram o resto do jantar combinando em que lojas iriam enquanto Winifred e Sarah começaram uma conversa educada sobre amenidades, diminuindo a tensão entre elas. Depois que todos terminaram de comer e Lana serviu a sobremesa, eles foram se sentar na sala mais uma vez na sala para assistir ao desfile na TV.

Libby sugeriu que abrissem a caixa de donuts e todas as mães se serviram. Lana e os meninos estavam tão cheios que não conseguiram nem olhar para o doce. Quando o desfile acabou, Angela mudou de canal até encontrar um filme na TV e eles se juntaram para assistir Os Miseráveis.

 O filme não estava nem nos cinco minutos quando eles começaram a considerar que aquela talvez não tenha sido a melhor escolha de filme. Winifred havia sido a primeira a cair no choro quando o padre impede que Jean Valjean fosse preso e Lana e Sam a seguiram quando Anne Hathaway começa a cantar “I dreamed a dream”.

—Por que a gente tá assistindo esse filme mesmo? - Bucky perguntou com a voz carregada.

Lana deu de ombros.

—Eu não sei, mas, esse filme é tão triste! - ela secou os olhos e apoiou a cabeça no ombro de Steve.

Ele acariciou sua cabeça, suspirando e ela soube que ele estava emocionado também.

Todos assistiam ao filme em um silêncio carregado de suspiros e lenços quando Libby, Angela e Sarah caíram na risada que não era nada engraçada.

—Mãe, do que você está rindo? - Lana perguntou chocada a Libby - Eles estão morrendo!

—Eu sei. É tão triste! - Libby falou e caiu na risada.

—Isso é triste demais! - Sarah falou secando as lágrimas - Por que a gente ta assistindo sofrimento? A gente já não sofre o suficiente?

Angela concordou rindo.

—Que monte de besteira! - ela exclamou e secou as lágrimas.

Vendo as reações das mães dos amigos, Bucky olhou hesitante para a própria mãe, esperando que ela estivesse rindo também, mas, ela devorava os ultimos donuts da caixa.

—Mãe? - Bucky perguntou.

Winifred olhou para ele sem cupa e deu de ombros.

—O que? Eu to com fome!

—A gente acabou de almoçar!

—E dai? Sua mãe não pode mais ter fome não, meu filho? Só você pode comer? 

Os quatro olharam para ela chocados, mas, as outras mães caíram na risada.

—Senhora Wilkins… - Sam começou.

—Parker. - Libby corrigiu com um sorriso bobo - Não tenho mais o nome do pai da Lana, graças a Deusa! Sem ofensas, querida.

Lana franziu a testa para ela, mas, não respondeu.

—Libby, - Sam se corrigiu - onde você comprou esses donuts?

—Na loja ali na esquina. Achei um milagre eles estarem abertos hoje, mas, me atenderam super bem.

Sam, Steve, Bucky e Lana se entreolharam.

—Do que são esses donuts, mãe? - Lana perguntou.

—Chocolate - foi Angela quem respondeu - Mas, nunca tinha comido esse tipo de chocolate antes!

—Mãe…? - Lana olhou para Libby, sem reação.

—O que, filha?Eles perguntaram se eu queria um especial de Ação de Graças e eu disse que sim!

Lana cobriu o rosto com a mão, tentando conter o riso.

—Mãe, ele quis dizer maconha. Você comprou uma caixa de donuts com maconha!

Winifred engasgou e quase cuspiu tudo.

—Sua maluca! Você me drogou! - ela exclamou indignada.

—Ah, larga de ser paranóica, Winnie! - foi Sarah quem exclamou - Você está precisando desestressar um pouco, isso sim! Por que você não vai comprar mais donuts para nós?

—Mãe, não! - Steve exclamou sério - Eu não acredito que sua mãe drogou minha mãe!

—Ela não sabia, tá?! - Lana retrucou defensiva - E sua mãe não é nenhuma santa! Não vem brigar com a minha mãe não!

—Mãe! - Bucky chamou, a câmera do celular virada para ela - O que você ta achando do filme?

Winifred caiu na risada.

—Eu estou achando muito triste! A gente devia assistir 50 Tons de Cinza, pelo menos o Christian Grey é gatinho!

—Eu bem que queria que ele me algemasse daquele jeito! - Angela exclamou com um sorriso malicioso.

—Ah, pelo amor de Deus, mãe! - Sam exclamou quase tapando os ouvidos.

—Deixa de ser puritano, Sam! Até parece que você nunca fez isso!

—Eu não vou falar da minha vida sexual com você! - ele retrucou envergonhado.

—Eu queria dar uns pegas no Idris Elba. - Sarah comentou - Aquele sim é homem!

Steve grunhiu e cobriu o rosto com as mãos.

—Por que você está cobrindo o rosto filho? Eu tinha que ouvir você e as garotas que você levava para casa quando morava comigo e nao falava nada, então agora você vai ouvir eu falar do ser humano perfeito que é o Idris Elba! - Sarah apontou um dedo acusatório para o filho.

—Eu quero morrer. - Steve resmungou ainda cobrindo o rosto, as pontas de suas orelhas haviam ficado vermelhas.      

—Olha, ta passando Ninfomaníaca! - Libby exclamou animada, estava com o controle da TV na mão, conferindo os outros canais - Vocês ja viram? É muito bom!

—Nunca vi! Põe lá! Tire desse sofrimento! - Winifred pediu animada.

—Não! - Bucky exclamou na mesma hora.

Lana olhava dos garotos para as mães sem saber o que dizer, um sorriso se formando.

—Você não vai falar nada? - Sam perguntou a ela, indignado - Sua mãe tá assistindo Ninfomaníaca!

—Qual é o problema? - Lana retrucou - Os dois filmes são muito bons, tá? E não falam só de sexo, falam da liberdade sexual da mulher.

—Lana! - Steve exclamou.

—O que? Só porque elas são mães, não quer dizer que elas não sejam mulheres também, não é mãe? - Lana perguntou a Libby que concordou com a cabeça.

—Eu gosto dela, Steve. - Sarah falou apontando para Lana - Finalmente você encontrou uma moça com o pensamento certo!

Steve grunhiu e cobriu o rosto de novo.

—Me dá isso aqui! - Angela exclamou tirando o controle das mãos de Libby e colocando em Ninfomaníaca bem na cena em que a personagem principal fazia sexo oral em um homem dentro de um trem.

—Nossa, eu nunca fiz no trem! - Sarah comentou assistindo interessada.

—Não tem nada demais… - Winifred respondeu - É melhor no carro…

—O lugar mais doido que eu fiz foi no escritório. - Sarah contou feliz.

Bucky tapou os ouvidos.

—Tá, isso é demais para mim… - Sam resmungou e se levantou quando Angela começou a contar sobre um encontro que teve no Tinder.

Steve e Bucky o acompanharam e Lana os seguiu, apesar de a conversa no sofá estar se tornando interessante e irreal ao mesmo tempo.

—Isso é demais para mim! - Sam repetiu quando Lana fechou a porta do quarto dele. O quarto de Sam era uma bagunça organizada, a cama queen size com algumas roupas jogadas e as paredes com algumas fotos.

—Ah, para gente, deixa elas serem felizes! - Lana defendeu recebendo olhares acusadores.

—Nossas mães estão doidas, assistindo Ninfomaníaca no Dia de Ação de Graças, conversando sobre sexo. - Bucky falou.

—Tá, eu sei que isso é muito irreal e com certeza não era o jeito que eu esperava que a gente fosse passar o nosso feriado, mas… Deixa elas , gente! Quando deve ter sido a última vez que elas se divertiram? Libby passa a maior parte dos dias sozinha, fazendo velas aromáticas e cuidando do jardim e a mãe de vocês parecem estar tão estressadas quanto elas.

—Tá, então o que você sugere que a gente faça? - Steve perguntou cruzando os braços, visivelmente frustrado.

—Vamos deixar elas quietas na sala, contato que elas não saiam doidonas desse jeito não tem problema. Elas não deve ter comido tanto, logo passa o efeito e vai ficar tudo bem!

—Você tá falando sério?  Bucky perguntou.

—Você tem alguma ideia melhor? - Lana retrucou cruzando os braços.

—E onde a gente vai ficar, espertinha?

—Aqui mesmo. Ou no meu quarto, se quiserem… É bom que a gente termina a segunda temporada de American Horror Story.

—Tá bom! - Bucky concordou - Mas, eu vou te chamar de Lana Banana o tempo todo!

—E nós vamos cantar Dominique também! - Steve acrescentou.

Lana bufou.

—Tá bom vai!

Os quatro saíram do quarto de Sam e fizeram uma parada na cozinha onde pegaram pratos, duas garrafas do vinho que Bucky havia comprado, metade da comida do jantar e foram para o quarto de Lana enquanto as mães não tiravam os olhos da TV.

—Acho que eu nunca vou superar isso. - Steve comentou olhando para mãe.

—Bem vindo ao clube. - Sam respondeu com um suspiro enquanto as mães caíam na risada e comentavam como o Shia LaBeouf não era de se jogar fora.

*****************

Já passava da meia noite quando os quatro finalmente saíram do quarto e Libby, Winifred, Angela e Sarah estavam dormindo no sofá, diversas travessas e pratos do jantar espalhados pela mesa de centro. 

—Nossas mães oficialmente ficaram loucas no dia de Ação de Graças e comeram toda a nossa comida. Eu não sonhei isso. É oficial? - Sam perguntou olhando indignado para as quatro.

—Infelizmente sim, Sam. - Steve falou lhe dando tapinhas no ombro.

—O que a gente faz agora? Acorda elas? - Lana perguntou.

—Não, é melhor deixar elas dormirem… - Bucky respondeu.

—Mas, e a Black Friday?

—Você quer que elas vão para a Black Friday doidonas desse jeito?

—Há essa hora a larica já deve ter passado, Bucky… Eu acho…

—É melhor a gente deixar elas aqui, por segurança. - Steve falou - A gente compra alguma coisa para elas, as lojas já devem estar lotadas mesmo…

Lana acabou concordando e os quatro foram aproveitar a loucura da Black Friday. A lista de Lana não era muito grande, já que ela odiava tumulto e ter que ir a lojas para fazer compras, por isso eles se separaram ao chegar ao shopping. Lana e Bucky foram para um lado e Steve e Sam para o outro. Os dois foram primeiro em uma loja de equipamentos esportivos para que Bucky comprasse alguns itens para corrida, depois eles foram em uma loja de cultura pop onde nenhum dos dois conseguiu se controlar, comprando alguns bonequinhos e outros itens, Lana escolheu o presente de Bucky naquela loja sem que ele visse e depois eles seguiram para a livraria, que era o lugar onde ela mais estava ansiosa para entrar e Bucky quase ficou doido tendo que andar de um lado para o outro da loja enquanto Lana encontrava mais e mais promoções.

Depois de irem a todas as lojas que queriam, os dois encontraram Steve e Sam na praça de alimentação lotada. Os dois com menos sacolas do que eles.

—Desde quando você gosta tanto da Barnes & Noble? - Sam perguntou a Bucky.

—Essas sacolas são todas da Becky Bloom aqui. - Bucky respondeu. Ele carregava três sacolas da livraria e Lana segurava outras três, além das sacolas das outras lojas.

—Meu Deus, para quem você comprou tantos livros assim? - Sam perguntou a ela.

—Para mim, ué!

A manhã já estava na metade quando eles voltaram para casa, carregando suas sacolas e grandes copos de café, além de café para as mães. As quatro estavam acordadas quando eles chegaram e organizavam a cozinha e a sala.

—Seus ingratos, foram na Black Friday sem nós, né? - Angela comentou.

—A gente não vai conversar sobre ontem? - Sam perguntou, ignorando a reclamação da mãe.

—Não, não vamos. - Winifred respondeu.

—Eu achei que foi divertido! - Sarah comentou mais animada do que Lana a tinha visto, meio drogada - Não esperava que Ninfomaníaca fosse acabar daquele jeito!

—Ai meu Deus… - Steve murmurou respirando fundo.

—Vamos fingir que isso aconteceu, tá bom? E se você contar para o seu pai, eu te mato, James! - Winifred exclamou.

Bucky teve a decência de conter o riso e concordar com a cabeça.

—Bom, nós já vamos. - Libby falou, abraçando Lana - Você fica bem, ok? E apareça mais!

—Pode deixar, mãe… - Lana sorriu.

Enquanto Libby se despedia dos garotos, Lana foi abraçada por Angela.

—Sam sempre falou bem de você. - ela disse - Fico muito feliz de ter te conhecido.

—É, eu gostei de você. Continue ganhando mais que eles e colocando as ordens por aqui. -  Sarah emendou a abraçando em seguida e lhe dando uma piscadela.

—Obrigado, Sarah! - Lana exclamou tão surpresa que foi difícil não ficar de queixo caído.

—Sarah está certa, pelo menos uma vez na vida. Os meninos estão bem mudados. - Winifred comentou também abraçando Lana -  Você vem passar o Natal conosco, não vem?Os meninos sempre passam lá em casa, quero te ver lá também!

—Eu adoraria, obrigado, Winifred! - Lana agradeceu ainda mais surpresa.

Os quatro acompanharam as mães até a entrada do prédio. Winifred e Libby pegaram um taxi juntas e Sarah resolveu dar uma carona para Angela.

—E então, o que fazemos agora? - Sam perguntou observando os carros em que as quatro estavam sumir de vista.

—Agora a gente arruma a casa para o Natal. - Steve falou com o olhar distante.

—Você está de brincadeira com a minha cara, não está? - Lana explodiu - Não é nem dezembro ainda!

—Se você achava que Steve era paranóico antes, espere até ele começar a montar a árvore. - Bucky comentou e os três caíram na risada enquanto Lana bufava, cheia de estresse antecipado.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam do capitulo? O que estão achando de Lana e Steve? :33

Me contem o que estão achando e o que esperam que aconteça que eu adoro ler a opinião de vocês! E prometo que vou postar mais logo! ♥



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