Valentia e Doçura escrita por Amorecida


Capítulo 8
Fora da bolha de amargura


Notas iniciais do capítulo

Olá docinhos, estão bem ?
Sejam bem vindos a mais um capítulo!

Finalmente o primeiro dia de aula rs
Vou deixar um link no final ♥
Não deixem de comentar, quero saber o que estão achando e também quero saber se vocês têm sugestões.

Enfim, boa leitura! Espero muito que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/718509/chapter/8

 

P.O.V.  Alice 

 

Meus pais ficaram realmente contentes ao saber que eu estava fazendo amigos. Eu entendo pois, a vida toda, seus olhos amorosos me observaram completamente solitária, ainda mais quando Miguel veio a falecer. 

Na manhã do dia 19, levantei às 10:00h, compensando o fato de ter dormido muito mal na noite anterior. Fiz minha higiene matinal e parei, em frente ao espelho, não via mais uma garota derrotada, mas sim uma que venceria e faria todos sentirem orgulho de mim, principalmente meu irmão. 

Quem eu fui não é quem eu serei. 

 

Decidindo isso, sorri perante meu reflexo. Tomei café e entrei em minha conta no orkut, não havia nenhuma novidade, pra variar. Dei uma conferida em meus jogos e depois comecei a me arrumar. Tomei um banho demorado e lavei meus cabelos com shampoo de chocolate. Ao sair, me sequei e abri o guarda roupa. Como será a roupa ideal para um primeiro dia na faculdade ?

Dane-se! Sem delongas optei por uma camiseta simples cinza, uma calça azul clara e meu tênis vans preto. Passei protetor solar nos braços e rosto, e fiz um delineado fino. Coloquei um colar comprido com pingente de cruz e enfiei alguns anéis em meus dedos gordinhos. Em seguida arrumei minha mochila, coloquei guarda-chuva, um caderno, um pequeno estojo, fone de ouvido, minha carteira e celular. Saí de casa mais tarde, 12:15h. E a ansiedade tomou conta de mim. 

O ônibus não demorou muito para chegar, paguei a passagem e sentei perto da janela, apertei os fones no ouvido ao som de " Violet Hill". Enquanto eu me perdia em meus devaneios, meu coração pareceu se acalmar. Quando cheguei fiquei assustada com a quantidade de gente que tinha. Avistei Bruna e Rafael conversando no corredor da minha sala. Decidi não atrapalhar os pombinhos e, ainda com os fones no ouvido, sentei em meu lugar.

Logo, uma mulher mais velha adentrou a sala, vestia roupa social. Seu nome era Rosana e nesse semestre ela seria nossa professora de Desenho Artístico em Design Gráfico, o qual seriam 117h de aulas. Ela se apresentou e começou a iniciar a aula. Rafael bateu na porta e pediu licença, sentou-se no lugar dele. Depois dele, chegaram mais 3 atrasados. Quando a sala pareceu estar completa, passei os olhos por ela. Haviam mais ou menos 70 alunos.

— Oi Alice, tudo bom ? — Rafael cumprimentou-me com a voz baixa.

— Sim, e você ? — Perguntei, já sabendo da resposta.

— Estou ótimo! — murmurou, sorrindo.

Sorri também, começava agora a torcer por eles. A primeira disciplina foi tranquila. Rosana parecia ser uma ótima professora, muito culta, prática e simpática. Ficamos com ela duas aulas seguidas. Ela passou a cada um uma folha pequena, que era o cronograma de sua disciplina, estavam anotadas as aulas, datas importantes e alguns conteúdos. 

A disciplina seguinte foi de Fundamentos da Linguagem Visual, com 73h naquele semestre. Era com um professor hippie chamado Gael. Justo em sua aula, meu sutiã abriu. Ele era simples, com alças e fecho atrás, fiquei com os braços rígidos ao lado do corpo, para que a parte da frente não se mexesse. Por que essas coisas sempre acontecem comigo ?

Desengonçada, saí da sala e fui aos banheiros. Encontrei diversas garotas se maquiando lá dentro. Senti seus olhos cheios de sombra colorida e rímel em minhas costas, enquanto eu me dirigia à última cabine. Voltei à sala em poucos minutos. 

— Você tá legal ? — Perguntou Rafael, virando-se para me olhar — Você saiu toda dura, está com dor ? 

— Estou bem, é que... — Como era constrangedor falar dessas coisas, pensei comigo mesma. — meu sutiã abriu.

— Ah tá, ér... eu posso ficar com você e Bruna no intervalo ?

— Claro!

Rafael sorriu, eu também, mas meu sorriso desapareceu quando comecei a me imaginar segurando vela, vela não, uma tocha gigantesca. Eu torcia pelos dois, mas seria bom ter mais alguém na rodinha de amigos. Quando o intervalo chegou, Bruna nos esperava encostada na parede do corredor.

— Vai ficar com a gente Rafael ?

— Por você tudo bem ?

— Claro — e então ela lançou um sorriso reluzente para ele.

Nenhum de nós tinha muito dinheiro. Fomos em direção a praça de alimentação do campus para ver se achávamos alguma coisa barata e que pudesse enganar a fome. Era um espaço amplo, nas laterais grandes e limpas janelas davam à vista para um dos jardins, floridos, no meio de setembro. Haviam muitas mesas, todas em granito acinzentado e as cadeiras eram de ferro com pequenos acolchoados azuis. Tudo naquela faculdade era muito azul, afinal, eram as cores de seu Brasão. Mais a frente, estavam os restaurantes; Havia uma bomboniére pequenina intitulada " O baleiro" lá haviam doces e guloseimas de todos os tipos. Não era o que queríamos afinal, chicletes não substituem um almoço. Ao lado dela uma salgateria chamada "Kituutss". Pastéis, pensei comigo mesma.

— O que acham de comermos pastel ? — perguntei. 

— Perfeito — Bruna concordou.

— Se for mais de... hmmm... — Rafael contava algumas moedas em sua mão — R$4,65 eu vou ficar no cigarro mesmo.

— Você fuma ? — Bruna indagou, parecia frustada.

— Sim, vou morrer cedo, por isso você deveria me beijar logo — retrucou ele, rispidamente.

— Não diga isso... E você Alice ? — Bruna se virou pra mim, com expressão divertida.

— Ahn eu não curto essas coisas, mas eu gosto de cheirar o vidro do álcool quando vou passar pano na minha estante.

Os dois riram, ou melhor, gargalharam. Bruna precisou se apoiar em Rafael. Eu era tão lenta que não havia percebido o que tinha acontecido para que rissem tanto, olhei em volta. Alguns olhos encaravam-nos.

— Você é hilária!

— Ahn ? — Passei rápido a mão pelo rosto para verificar se estava sujo.

— Você é tão inocente, creio que seus pais não gostariam que andasse comigo. — Rafael disse , ainda rindo. 

— Ah. 

Os dois riram novamente enquanto fomos até a salgateria, os pastéis eram R$ 4,00. Eu e Bruna pedimos de queijo e Rafael de carne. Sentamos em uma mesa perto das Janelas. Eu fiquei tão feliz por tê-los ali comigo.

— Alice — Rafael chamou-me.

— Sim ?

— Você namora ?

Senti meu rosto esquentar, eu odiava responder perguntas assim. Elas sempre me constrangiam. 

— N-não — gaguejei e balancei a cabeça freneticamente.

— E você Bruna ?

— Também não — Ela suspirou.

— O que duas garotas lindas como vocês fazem sem namorado ?

— Eu tive excesso de amores errados — adiantou-se Bruna. — A gente se engana muito com as definições de amor.

— Eu nunca, nunca encontrei alguém — Baixei o olhar e dei uma mordida grande no pastel, sentindo o queijo esticar-se.

— Isso é bom. A pessoa certa vai aparecer — Ela apertou minha mão. — E quanto a você, Rafa ? — Bruna virou-se para ele.

— Bom, eu já me apaixonei, muitas vezes, já levei e dei pés na bunda — Ele dizia com a boca cheia. — Essas coisas são inevitáveis. Mas eu não deixei de acreditar que minha alma gêmea existe, ainda mais quando ela tem um perfume tão cheiroso assim — Rafael dá um longo suspiro perto do pescoço de Bruna.

Ela arregalou os olhos e espremeu os lábios, em seguida mordeu o pastel. Ainda mastigando, soltou:

— Esse pastel é delicioso né ?

— Aham — concordei.

— Vou fumar um pouco. Até mais. 

Rafael foi para o jardim. Eu e Bruna conversamos mais um pouco, em seguida fomos para nossas respectivas salas.  Naquela tarde, minha classe visitou o Atêlie do campus, com a professora de Fundamentos da História da Arte que se chamava Silvia, ou Cida, algo assim. Lá fizemos alguns desenhos e colagens e revivemos, através de slides, acontecimentos importantes para a História da Arte. Eu amava tudo aquilo. Nunca me senti tão realizada. Era exatamente aquilo que eu queria aprender. Era exatamente com aquilo que eu queria trabalhar, futuramente.

Era exatamente aquilo que eu queria. 

No pequeno tempo de intervalo entre as aulas, Bruna veio até mim e me disse que não poderia ir embora junto comigo. A vó dela havia sofrido um acidente em casa, parece que torceu o tornozelo e estava no Hospital. Depois que saísse do campus, Bruna iria direto para lá. Eu compreendi e desejei que a vó dela ficasse bem logo.

Minha última aula, com um professor baixinho e careca chamado Carlos, foi de Teoria e Prática da cor. Ele era um pouco carrancudo, a cada palavra que ele dizia, uma onda de cansaço mostrava-se impregnada nele. Passou-nos uma pequena pesquisa, que prometi a mim mesma, faria ainda aquela semana. Dei um aceno a Rafael e fui embora. Eram 18h40, o pôr-do-sol já havia dado Adeus. Agora, nuvens cinzentas preenchiam o belo céu escuro. Passei em um pequeno bar na esquina contrária da faculdade. Peguei uma garrafa d'água, dei grandes goladas e segui rumo ao ponto de ônibus.

Quando passei pela árvore de meu sonho, ouvi uma voz masculina, aveludada, e linda falar comigo. O som de suas cordas vocais vinha de cima. Seria um anjo ?

— CUIDADO!! — A voz era linda até berrando.

Então senti algo meio pesado cair em cima de mim. No meio de minha cabeça. Cambaleei, um pouco assustada. O que fora aquilo ? 
A voz era de um anjo, e ele quis me proteger. Como anjos fazem.

Olhei para o chão, e vi meu agressor. Uma goiaba. Redonda. Não pesava mais do que 200 gramas. Eu me impressionava a cada dia mais com o quão exagerada eu poderia ser. " Francamente Alice, era só uma goiaba, nem doeu. "

Então o anjo desceu da árvore. Usava jeans e camiseta. Tinha barba, e o que me pareceram, os olhos castanhos mais lindos que já vi.

— Foi mal, de verdade, você está bem ? —perguntou-me.

— S-sim. Estão maduras ?

— Uhum. Quer algumas ?— Ele estendeu uma sacola, cheia de goiabas. 

— Sim, vou ficar com essa malandrinha — Eu disse, pegando a danada que tinha me atingido.

—  Enfim, desculpa de novo pelo susto, e pela pancada — Ele sorriu e coçou a cabeça. Seus olhos se apertaram quando ele sorriu. 

— Não foi nada.

Então ele foi embora, de costas para mim. Tinha ombros largos. Anjos frequentam a academia, pensei. Quando cheguei em casa, mandei uma mensagem à Bruna, perguntando se a vó dela estava bem e mandei uma à Murilo, para perguntar como Caio estava. O clima em casa estava, diferente. Papai e Mamãe sorriam, mais que o normal. Eu também. Depois que jantei, lavei e dei uma mordida na goiaba. Sorri enquanto mastigava. Pensei em quando eu estava presa na bolha da amargura e agora, solta no mundo real.

" Chega de reclamar do vento, é hora de soltar pipa. " 

 

 

 

 

 

 

 




 

 

 

 

 



 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram ? Comentem.
Não gostaram ? Comentem também.
KKKK por favor gente.

Link da música ==> https://youtu.be/IakDItZ7f7Q?t=66

Obrigada por ler! Beijinhos e até o próximo capítulo! ♡



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Valentia e Doçura" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.